Entre o ódio e o amor escrita por Teddie, Madu Alves


Capítulo 15
Sullivan e Johnson


Notas iniciais do capítulo

Aproveitem



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Charllote’s POV.

            Eu e Joe voltamos para casa no dia seguinte. Casa. É estranho como essa palavra tão curta pode ter vários significados. Eu nunca considerei o lugar onde cresci com meu pai, minha casa. Talvez por nunca me sentir tão reconfortada, tão amada, tão... tão em casa.

            Era diferente de Oxford, lá eu me sentia em casa. Eu me senti verdadeiramente amada, fiz amigos que eu sei que são para vida toda, cada um com seu jeito em especial. Katherine, Christopher, Thomas e Josephe.

            Não, não irei incluir Madeline na minha lista de amigos.

            Foi em Oxford também que eu me apaixonei. Como é cruel o amor, não? Esse sentimento devastador que muitas vezes nos deixa muito mal, mas somos masoquistas demais para nos separar dele. E era exatamente isso que eu sentia. Eu queria me desapegar desse amor, aquilo que me fazia ser tão dependente de Josephe. Mas o amor também é independente. Ele faz o que acha melhor para os nossos corações e depois nos deixa arrasado. O amor também nos proporciona o ciúme. E eu posso afirmar com toda certeza. O ciúme é a pior coisa do mundo. Logo depois da insegurança e desconfiança.         

            Infelizmente, fazia parte de mim ser insegura e desconfiada. Talvez tenha sito isso que acabou com meu namoro. Não, não foi o beijo em Peter. A quem eu quero enganar, foi isso sim. Junto, é claro, da minha desconfiança em relação à fidelidade do meu namorado.

            – O que tanto pensa Charllote? – Joe me tirou dos meus devaneios. Estávamos voando há uma hora para casa.

            É. Aquele lugar era a minha casa. Além do que, não tinha mais lugar nenhum para ir. Sem pai e sem mãe. Uma órfã.

            – Estou só pensando – Disse – Acho que vou ter que considerar você e aquele bando de esquisitos como minha família agora. – Ri sem humor.

            – Acho que todos nós sempre fomos uma família. A mais esquisita e favelada de todas, mas uma família. Quase irmãos – Ele refletiu olhando para o nada. Torci meu nariz para esse pensamento.

            – Não sei se quero Madeline como irmã

            – Você gosta dela. Mesmo sem admitir. E ela gosta de você. Lá no fundo, bem no fundo, mas bem no fundo mesmo tão no fundo que...

            – Já entendi Joe, lá no fundo. Não precisa terminar – Rimos e ficamos num silencio confortável. Eu poderia até dormir, estava exausta. Todas as noites eu chorava. Acredito que Joe pensava que era por meu pai. E parte era. Mas também era por ele. Por ele estar tão perto de mim e não poder beijá-lo e sentir o corpo dele ao meu. Ele sempre me consolava sem saber que era o causador da minha maior dor.

            Quando eu já estava cochilando Joe me fez uma pergunta que me paralisou por alguns momentos:

            – Charllote, já pensou em ir atrás de sua mãe?

            O que responder? Que sim? Que todo mês eu ia ver a lua cheia pensando se ela também olhava pensando em mim? E que no fim ela era só mais uma que largou o “amor da vida dela” só porque ele era pobre? Não. Não acho que eu gostaria de procurar uma mulher que eu admirei por tanto tempo, sabendo que ela era só mais uma interesseira. Que provavelmente agora já tinha uma família nova formada e que nem se importava com os pobres que ela largou na primeira oportunidade em Little Rock.

            Pensei em dizer tudo isso a Joe, mas tudo o que eu disse foi:

            – Não. E não quero voltar mais a esse assunto, por favor. – Minha voz fria fez Joe assentir e ficar calado – Estou tão cansada. Vou tentar descansar um pouco. Boa noite Joe – Me virei para a janela fiquei admirando o céu. As casas tão pequenas que eu não as conseguia ver. O mar também deveria estar ali embaixo em qualquer lugar. Eu adorava estar voando. Eu me sentia mais próxima do céu. E existe algo tão lindo quando o céu?

            Com meus pensamentos avoados, adormeci rapidamente.

            Acordei com alguém me sacudindo. Abri os olhos com dificuldade e encarei Joe já em pé pegando sua mochila e minha bagagem de mão.

            Esfreguei meus olhos, destravei meu cinto de segurança e peguei minha bagagem de mão com Joe. Saímos do aeroporto sem dizer nada, talvez por minha causa. Minha cara não estava das melhores e eu não estava muito para conversas. Eu só queria chegar em casa, tomar um banho e dormir. Quem precisa comer afinal?

            Pegamos um táxi e partimos para nossa casa. O motorista nos olhou estranho, eu também olharia. Uma morena cansada e um cara de óculos com cara de mendigo. Eu o amo muito, mas é a verdade. Eu quase ri desse meu pensamento. Quase. Ultimamente eu não andava rindo muito.

            O táxi rapidamente nos deixou na porta de nossa casa, Joe insistiu em pagar a viagem do táxi e depois de discutirmos sobre isso, eu acabei cedendo. Entramos juntos em casa e por incrível que pareça, antes de botarmos os pés dentro do nosso lar, suspiramos juntos. Pode parecer bobo, eu sei, mas para mim, pelo menos significava que ele estaria sempre comigo.

            Entramos em casa e eu me surpreendi. Nunca que eu pensaria em ver os outros quatro moradores daquela casa, rindo de pijamas, como velhos amigos. Até a Madeline. Todos pararam de rir automaticamente e nos olharam. Já eu olhei de relance para Joe e ele estava vermelho e parecia incomodado. Kate me olhou como se perguntasse “ele se foi?”, Thomas olhava para Joe como se dissesse “fez a coisa certa”, Christopher alternava seus olhares entre mim e Joe, provavelmente dizendo “seus safadinhos”. E Madeline?

            Bem, aquela lá foi embora assim que me viu, trocando olhares com Christopher. O que eu achei super estranho. Ela não o odiava? Bom, muita coisa havia mudado, afinal ela estava rindo com todos lá.

            – Oi gente – Murmurei e mal acabando de falar Kate veio correndo até mim e abraçou-me.

            – Sinto muito – Ela sussurrou

            – Não sinta – Sussurrei de volta – Se não se importam, vou tomar um banho e dormir, estou exausta – Sorri fraco para as pessoas que estavam ali e subir, mas antes, acenei discretamente para Joe, que assentiu tão discreto quanto.

            Subi as escadas da minha casa, passei pelo quarto de Madeline e dava para escutar baixinho um som de um rock bem melódico, em frente ao dela estava o de Thomas, passei pelo de Kate e do Joe, e no final do corredor ficava o meu.

            Peguei um pijama qualquer no meu armário e levei para o banheiro comigo, tomei um banho relaxante e me permiti chorar mais um pouco. Essas malditas lágrimas. Sempre que penso que já chorei o suficiente, elas vão lá e caem novamente.

            Acabei meu banho, me vesti e quando sai do meu quarto vi Joe, também com as roupas trocadas deitado na minha cama olhando para o teto. A cara de mendigo tinha sumido e ele estava ali, perfeito como sempre. Meu coração doeu ao pensar que ele não era mais meu e estava ali, tão perto de mim.

            Deitei do lado dele e ficamos nos encarando. Eu podia sentir que ele me queria tanto quanto eu o queria, mas eu não sei o que o impedia. Ele sabia que eu o amava. Maldito orgulho.

            Não sei ao certo como aconteceu, mas em um minuto eu estava o encarando e no outro estávamos quase nos beijando. Eu queria tanto aquilo. Mas Joe beijou minha testa e eu me senti muito frustrada. Joe virou novamente e ficou encarando o teto.

            – Como ficamos Joe? – Perguntei. Não aguentava ficar longe dele, era como se cada fibra do meu corpo implorasse por ele.


            – Não, sei Charlie. Nós dois nos magoamos nessa historia, talvez seja melhor sermos amigos, pelo menos por enquanto. – Meu rosto despencou. Minha cara de tacho deveria estar gigantesca. Tanto que evoluímos desde que terminamos, pensei que voltaríamos. Mas talvez sermos amigos poderia ser um grande passo para voltarmos.


            – Tudo bem, amigos – Ele estava olhando para o nada, não via meu rosto decepcionado, mas a decepção em minha voz estava quase palpável, ele não precisava ver mesmo.

            Virei para o outro lado e fechei os olhos. Antes de adormecer completamente, Joe me abraçou e sussurrou:

            – Eu te amo Charlie, eu te amo – Eu sorri internamente e não tardei a adormecer.

Katherine’s POV

            Vou resumir o que aconteceu desde que a Charlie chegou. Madeline foi para o quarto dela – sinceramente achei infantilidade dela sair quando Charllote chegou – e Christopher logo a seguiu, mas acho que foi para o quarto dele e não para o dela. Joe logo seguiu Charlie e esse eu acho que foi para o quarto dela.

            Esses dois. Tomara que eles tenham se acertado.

            E como tinha se tornado costume, eu e Thomas sobramos. Eu via que ele era afim da Madeline e essa aproximação dela com o Chris não o deixava legal. E eu como super-amiga animava-o

            – Vou deitar, boa noite Kate – Ele suspirou e se levantou.

            – Espera, eu vou contigo – Me levantei e o segui.

            Subimos as escadas conversando amenidades e quando ele entrou no quarto dele, eu entrei junto. Ele me olhou com cara de duvida e eu disse sorrindo:

            – Eu disse que ia vir contigo.

            Ficamos conversando e eu aproveitei para finalmente reparar no quarto dele. Era bagunçado. Tinha roupas para todos os lados, travesseiros no chão. Tênis em cima de mesas (?), mas era bem a cada do Thomas. Olhando bem, havia uma fotografia ao lado da cama. Rolei sobre a mesma até a ponta e peguei a fotografia. Era Thomas, uma senhora de cabelos castanhos e uma garota loira bem parecida com ele.

            – Minha irmã e minha mãe – Ouvi a voz dele ao meu lado e quase deixei a foto cair por causa do susto que levei.

            – Puta merda Thomas, quer me matar? – Briguei com ele, mas ai a ficha caiu – Você tem irmã?

            – Tenho, ela está nos EUA. Ela tem 23 e a gente se fala sempre. Com a minha mãe é mais complicado, mas falo com ela também – A voz dele ficou mais triste quando falou da mãe. Ela devia fazer muita falta pra ele.

            Eu quis perguntar sobre seu pai, mas como parecia que todo mundo nessa casa tinha problema com a família (estou falando da morte do pai da Charlie e do fato que o pai da Madeline veio aqui e a mãe não). É todo mundo mesmo.

            – Eu queria ter irmãos – Me virei para colocar a foto no lugar – Sempre me senti... – Calei-me quando virei de novo, Thomas estava mais perto do que eu imaginava.

            Eu nunca me senti assim. De verdade. Meus olhares se alternavam entre os de Thomas e seus lábios e ele fazia o mesmo. Nunca reparei como Thomas era bonito. Fui chegando mais perto e Thomas fez o mesmo, fechei os olhos esperando o beijo de Thomas.

            Foi ai que a imagem de John apareceu em minha mente. Levantei correndo, fazendo Thomas beijar seu travesseiro e antes de qualquer um falar algo, fui correndo para o meu quarto.

            Meu Deus. O que eu estava prestes a fazer?

            Para distrair minha mente, que não parava de pensar em Thomas, resolvi ligar para John. E não me ajudou muito

            – Alo? – Ele disse quando atendeu. Parecia mal humorado.

            – Oi meu amor, sou eu – Disse o mais fofa o possível.

            – Ah, oi Katherine – Ele disse apenas. Como assim?

            – Você está bem, John? – Perguntei.

            – Estou sim. Agora eu to ocupado, depois a gente se fala ok? Tchau – E desligou na minha cara.

            Maldito! Revirei-me algumas – milhões – de vezes na cama, e fiquei ouvindo musica, mais precisamente One Direction. Eles são tão perfeitos e suas musicas tão românticas.

            Ao som de Gotta be You e pensamentos em como John foi grosso e como o Thomas era bonito, eu adormeci.

            Christopher’s POV

            Eu me arrastava pelos corredores de Oxford. O primeiro período já estava quase acabando e tinha umas três matérias que se eu não estudasse bastante eu iria estar fodido. Não no sentido literal.

            Havia uma semana que a americana gostosa – que podemos chamar de Charlie – e o viadinho que foi atrás da mulher – Joe – voltaram, e com esse clima de “vamos fazer provas para não nos fodermos”, quase nunca nos encontrávamos, apenas pelos corredores de algumas matérias parecidas. Por exemplo: Eu sempre encontrava Charlie pelos corredores dos laboratórios. Madeline e Joe tinham matérias em comum, pelo fato do que eles fazerem serem semelhantes. Eu nunca via Kate ou Thomas. Acho que nem eles se viam, fazendo matérias tão distintas, não me surpreende tanto.

            Desabei na minha carteira, poucas pessoas estavam na sala, o professor não estava lá também. Aproveitei para mandar uma mensagem para Madeline

De: Gostosão
Para: Roqueira chata

To com sono, com fome e ainda tenho mais uma aula

            A resposta demorou um pouco, talvez ela estivesse em uma aula importante. A resposta... tão a cara dela

De: Madeline

Para: Garoto escroto

Foda-se.

            Sorri com a mensagem. O que era estranho. Quem sorri quando alguém diz ‘foda-se’ pra você? Eu sorrio, e ultimamente, eu andava sorrindo por qualquer coisa que Madeline dizia. Parece tão gay na minha mente.

            O professor de Patologia chegou rápido e eu não pude responder Madeline. Ele falava e falava e eu tratei de prestar atenção, era uma matéria que eu não ia muito bem. E eu não podia vacilar.

            Ok, eu tentei prestar atenção. O professor era o principal culpado, e eu vou explicar. Sabe quando alguém está com uma puta caganeira? E não pode cagar, ai fica fazendo careta? Então, meu professor estava assim. Ele secava o suor com um paninho nojento toda hora, e estava avoado. Até liberou a gente mais cedo.

            Sai rápido do prédio onde me encontrava e percorri o estacionamento com os olhos. A picape da Madeline ainda estava ali, eu teria carona para casa.

            Claro, porque eu não estava querendo sair cedo para ficar mais tempo com ela, eu queria carona. Só a carona porque eu era pobre e não tinha carro.

            Como também estava virando costume, me peguei pensando em Madeline, enquanto a esperava na caçamba de seu carro. Seus olhos azuis tempestuosos. Tão bonitos, tão tristes. No seu jeito, agressivo, mas ao mesmo tempo frágil e delicado.

            Eu estava claramente arrependido de querer apenas pegar ela, como eu fiz uma vez. Ela era muito mais do que maquiagem preta e bandas de rock. Ela era inteligente, agradável, engraçada e bonita. Ela era mais que bonita, ela era linda. A maquiagem escondia grande parte da beleza. A beleza que se concentrava grande parte por causa dos seus olhos. Tão bonitos.

            –Ta pensando em que? – Ouvi a voz dela em minha cabeça.

            – Em você – Respondi sem pensar, de olhos fechados.

            – O QUE? – Escutei ela gritar e pulei assustado, vendo ela me olhando indagadora.

            O botão vermelho ‘fodeu’ em minha cabeça piscava sem parar. Pensa em uma desculpa Chris, pensa em uma desculpa.

            – O que o que? – Perguntei

            – Você disse que estava pensando em mim – Ela me olhava ansiosa e desconfiada.

            – Disse?

            – Disse.

            – Tem certeza?

            – Tenho – Ela disse impaciente

            – Tem o que?

            – Certeza, Christopher

            – Certeza de que?

            – Chega, eu desisto, vamos logo que eu estou cansada – Sorri vitorioso e entrei no banco do carona.

            O caminho foi silencioso. Não um silencioso confortável, foi um silencioso tenso. Ela provavelmente devia estar pensando na merda que eu disse. Estou começando a pensar que eu falo merda com muita frequência. Logo a ruiva estacionou e pulou pra fora do carro, me deixando sozinho. Bati minha cabeça no apoio do banco.

            Eu não queria que ela ficasse chateada ou estranha comigo. Isso me incomodava e muito. E eu nem sabia o porquê.

            Sai do carro me arrastando, igual eu fiz nos corredores da faculdade. Eu estava acabado. Subi as escadas passando pelo quarto da Madeline, tirando uma resistência do útero – que eu não tenho – para não bater na porta dela. Eu estava virando um fraco.

            Entrei no meu quarto, o que ficava em frente ao de Charlie, me joguei na cama, e logo estava dormindo como se não o fizesse há dias.

            Acordei confuso. Que horas eram? Olhei meu celular, eram 06h47mim. Eu estava dormindo desde que horas? Para despertar completamente, tomei um banho relaxante e frio. Mentira foi quente mesmo. Vesti-me e me olhei no espelho, ajeitando meu cabelo.

            – Você é lindo, você é gostoso, você pega todo mundo bonitão, se eu fosse viado, eu te pegaria – Falei para meu reflexo.

            Eu não pegava todo mundo há muito tempo, parecia até que estava namorando. Mas namorar o vento é impossível. Estranhamente, veio a imagem de Madeline em meu cérebro. Isso foi estranho, mas eu me peguei pensando. Ela nunca namorara alguém como eu. Ela era independente, segura de si, e eu era alguém que me preocupava com quantas mulheres eu ia dormir.

            Isso me machucou por dentro e eu nem sabia o porquê. Eu sentia uma dor estranha ao pensar que Madeline nunca ficaria comigo.

            Bufei irritado pelos meus pensamentos estranhos e desci para confraternizar com o povo da casa. Quanta socialização! Só a Kate que estava ali, escutando música e desenhando alguma coisa. Sentei ao seu lado e olhei o que ela desenhava. Eram modelos de roupas e estavam muito bons. Kate olhos pra mim e retirou um dos fones de ouvidos.

            – O que quer Christopher? – Ele perguntou, parecia irritada.

            – Só socializar. O que você está ouvindo? – Imaginei que seria um rock pesado como Madeline escutava, mas era apenas mais uma dessas boybands. Mas não retirei o fone, estava com preguiça.

            – Não devia estar enchendo o saco da Madeline? – Ela perguntou com um sorriso malicioso. A música tinha acabado e outra começou. Era meio gay, mas era legal.

                           One Thing – One Direction

Madeline. Acho que ela não iria querer falar comigo.

Eu tentei ficar tranquilo

Mas quando eu estou te olhando

Não consigo ser corajoso

Porque você faz meu coração disparar

            – Que música é essa? –Perguntei. Estranhamente, eu estava me identificando com ela.

Me fez cair do céu

Você é minha Kryptonita

Continua me deixando fraco

É, congelado e sem respirar

            – One Thing dos meus lindos e maravilhosos do One Direction

            –É bem gay – Disse. Não ia a deixar pensar que eu gostei da musica de uns meninos sem talento.

            – Não escute então – Ela ia puxar o fone, mas eu o segurei em meu ouvido com meus dedos.

Alguém vai ter que ceder

Porque eu estou morrendo só para fazer você ver

Que eu preciso de você agora

Pois você tem aquela coisa

            Muita daquelas coisas me fazia pensar em Madeline. O jeito que eu ficava perto dela. Ela me fez mudar. Eu não pensava mais só em coisas fúteis. Ela tinha algo em especial.

Então saia, saia, saia da minha cabeça

E caia nos meus braços

Eu não sei o que é

Mas eu preciso daquela coisa

Que você tem, aquela coisa

            Eu queria que ela saísse da minha cabeça, porque não aguentava mais só ficar pensando nela o dia inteiro. Mas eu não queria que ela ficasse comigo? Queria?

            –Ai Madeline – Sussurei para mim mesmo, mas Kate escutou.

            – Você gosta dela não é? – Ela sorria para mim

            Olhei sem expressão para Kate. Eu estava sentindo algo forte por Madeline, mas era amor? Eu nunca fiquei apaixonado por alguém antes. Era assim o amor? Aquele sentimento que devasta o coração, e nos faz querer ficar perto da pessoa sempre? Que nos faz parecer idiotas? Eu não sabia. O que responder então? Que sim?

Agora eu estou escalando os muros

Mas você não nota

Que eu estou pirando

O dia todo e a noite toda

            É, eu estava ficando maluco.  Eu amava ou não Madeline? A resposta veio do nada em minha cabeça. Arranquei o fone de ouvido e me levantei do sofá. Kate me olhou confusa, eu sorri para ela e disse:

            – Eu preciso dizer que a amo. – Ela sorriu – Obrigada e para de escutar esses viadinhos – Ela fechou a cara e me deu dedo.

            Eu não liguei, apenas me virei e parti em direção ao quarto dela. Da garota que eu amava.

            Madeline’s POV

            Cheguei extremamente confusa em casa. Eu explico o porquê do confusa. Christopher confundiu minha mente toda ao dizer que estava pensando em mim. Eu estava pensando desnecessariamente nele desde que ficamos presos e quase nos beijamos. Coisa que eu ando desejando demais.

            Deixei Christopher no meu carro e fui para meu quarto direto, se eu tinha que esquecê-lo (não que eu pense nele), não posso ficar muito tempo em locais muito pequenos, sentindo eu cheiro que me acalmava, os olhos castanhos que me encantavam. Ok Madeline pare com isso.

            Tomei um bom banho quente para dissipar os pensamentos sobre Christopher. Não deu muito certo, mas ok. Coloquei uma roupa qualquer, coloquei um rock qualquer pra tocar e tentei fazer uns exercícios de Geometria Construtiva, tentei, pois em menos de 10 minutos estava dormindo em cima do caderno.

            Acordei assustada, estava escutando uns barulhos estranhos vindo do quarto ao lado. O de Joe. Mas que porra! Mal voltaram e já estavam naquela putaria de novo? Ah tomar no rabo. E eu não acordei mal humorada.

            Decidida a atrapalhar a coelhagem, sai do meu quarto batendo pé e entrei sem bater no quarto dele. E eu me surpreendi. Não. Charllote e Joe não estavam coelhando. Charlie estava sozinha ali, provavelmente tendo um pesadelo e gemia coisas desconexas. Eu deveria deixar a garota ali, sofrendo em seus sonhos, afinal, eu não gostava dela. Mas eu fiquei com pena e resolvi acorda-la.

            – Hey vadia, acorde – Chamei, sacudindo-a delicadamente. Ela acordou em sobressalto, me assustando também. Ela ofegava, e seus cabelos que estavam presos, estavam grudados em seu rosto.

            – Do que me chamou? –Ela perguntou indignada

            – Você escutou vadia. De nada por ter feito você sair de um pesadelo, eu sei que sou bem legal – Disse irônica.

            – Obrigada – Respondeu de má vontade.

            Eu deveria sair dali e ir embora. Mas algo me prendeu

            – Vem vadia, vamos ver uma coisa. – Disse, já me virando para ir embora

            – Por que eu iria com você?

            Que garota mais chata!

            – Tudo bem, volte a ter pesadelos ai – Antes de sair completamente do quarto de seu namorado ou ex, sei lá, ela me seguiu.

            Entramos em meu quarto em silencio, subi na segunda cama e puxei a pequena porta com a escadinha mal feita. Seus olhos esbugalharam-se e ela tratou de subir comigo. Ah, o meu “telhado” particular. As almofadas jogadas no chão e a hidromassagem (que me fazia gastar um pouco mais na hora de ajudar a pagar a conta de luz e água) deixavam tudo mais a minha cara. Ela olhou interrogativa para hidromassagem e eu dei de ombros .

            Sentei em uma almofada e ela sentou-se ao meu lado, ficamos observando o céu em silencio. A lua estava começando a brilhar no céu. Uma bela noite de lua cheia, sem nuvens, apenas a lua e as estrelas.

            Minha mente estava viajando, até que eu me lembrei de uma coisa.

Flashback on

            Eu estava olhando a paisagem do meu “telhado”, era tão belo as coisas a noite aqui em Oxford. Em Londres, pelo menos onde eu morava não conseguiria ver algo tão lindo. Olhei para nossa piscina e vi a americana chata olhando o céu como se fosse uma estátua.

            –Você não cansa? – Perguntei assim que desci e fui ver qual era a dela

            – São poucos os dias que posso vê-la. – Suspirou. – Não importa o quanto doa se for para vê-la não me interessa. – Suspirou novamente.

            Nossa! Aquilo era tão triste que chegava a ser deprimente.

            – E isso por quê? – Perguntei curiosa

            – Não importa. – Garota mais mal educada – Vá embora, por favor.

            Achei melhor deixa-la sozinha, todos nós tínhamos esse momento.

Flasback off

            Era uma das coisas que passavam batido no dia a dia. A lua brilhando no céu. E a vadia parecia adorar tanto aquilo, que eu tinha que dizer. Ela me impressionara.

            – Você não cansa? – Refiz a minha pergunta. Ela demorou certo tempo para responder, analisando a pergunta. Então me olhou assustada.

            – Era você? – Perguntou.

            – Aham, e você continua mal educada.

            – Você não entenderia. – Ela disse.

            – As vezes falar é bom, vadia. –Ri sem humor. Eu falando isso. Eu. Uma das pessoas que fugia do passado e não falava sobre ele com ninguém. Bem, falei uma vez com Christopher e me senti verdadeiramente melhor.

            Christopher. Era incrível como ele aparecia sempre em minha mente nos piores momentos. Ele podia ser idiota, arrogante, metido, com um ego gigantesco, mas ele me escutou e me fez sentir melhor.

            –Por que eu falaria com você? – Ela perguntou e eu senti um desprezo na voz dela.

            –Porque no momento, vadia – Olhei para ela que me encarava – Eu sou a única pessoa com quem você pode desabafar.

            Eu pensei que ela não falaria nada. Eu estava enganada. Logo ela começou a falar sobre como a mãe a abandonou e ela viveu com um pai que nunca se importou e ai ela veio para cá. E se apaixonou.

            Apaixonou-se. Eu havia me apaixonado uma vez e não fora legal. É claro que eu nunca mais iria me apaixonar de novo. Estranhamente, a imagem de Christopher veio em minha mente. Ela também nunca se apaixonaria, ele era do tipo que só pegava, sem compromissos e isso me entristeceu.

            E eu não sabia porque. Tentei pensar mais sobre isso. O jeito de Christopher me irritava muito, mas eu sabia que não viveria mais sem. Seu cheiro que me acalmava, eu me tornava a Madeline antiga perto dele.

            A resposta veio em minha cabeça tão rápido quanto à ejaculação do The Flash. Eu estava completamente apaixonada por aquele retardado. Levantei-me em um ímpeto, deixando a vadia assustada.

            – Onde você vai? –Ela perguntou enquanto eu já descia alguns degraus.

            –Não é da sua conta vadia, e quando terminar ai fecha direitinho a porta ok – Ela assentiu confusa.

            Eu estava com muita coragem para dizer ao Christopher que eu o amava. Mas coragem do que eu realmente possuía.

            Sai do meu quarto correndo e bati a testa em alguém indo ao chão. Que merda! A tal pessoa me ajudou a levantar, eu vi os olhos castanhos de Christopher me encarando intensos. Onde estava minha coragem agora? Respirei fundo, eu não podia adiar.

                – Eu te amo – Ele disse ao mesmo tempo em que eu disse:


            – Eu te odeio – Ele me olhou confuso e um pouco decepcionado, mas eu tratei de me retratar – Eu vou te explicar o porquê. Você é mimado, arrogante, metido, idiota, burro, ignorante. Eu te odeio porque você viu em mim, tudo aquilo que eu escondi desde que cheguei aqui. Tudo aquilo que eu não queria mostrar – Ele tentou falar, mas eu o cortei – Cala a boca, ainda to falando. Eu te odeio mesmo Christopher, mas eu me odeio mais, por não conseguir tirar esse sentimento de mim. O amor. Eu me odeio porque eu te amo – Reprimi umas lágrimas e aguardei Christopher dizer algo.


            Ele não disse nada, e isso me entristeceu. Ele devia me amar como amiga talvez e a idiota aqui fez um testamento. Quando eu ia voltar pro meu quarto, Christopher me pegou pelos braços e antes de qualquer reação minha, me beijou. 


            Dessa vez, não havia impedimentos. Cedi logo ao beijo. O primeiro que eu cedia sóbria ao Christopher e se dependesse de mim, seria o primeiro de muitos.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Hein leitores fanntasmas? Eu adoraria saber a opinião de vocês



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