Don't tell your homies
Don't tell your mama
Don't tell your girlfriends
That'll start some drama

- Você não pode contar isso pra ninguém! Nem pra sua mãe, amigas... Ninguém! – Justin falou me encarando de perto.

- Eu não vou contar! Prometo – falei novamente.

Ela começou a andar de um lado pro outro na pequena salinha.

- Foi um erro, Justin. As pessoas cometem erros! – falei já sentindo um bolo na garganta.

- Não! Não, não! – ele se aproximou e acariciou meu rosto – Não foi um erro! Eu adorei! Eu gosto de você, é só que... Eu não posso!

Ele fechou os olhos frustrado. Abaixei o rosto e apertei os lábios. Justin levantou meu rosto selando nossos lábios pela segunda vez naquele dia.

Beijar Justin era... inexplicável! Uma sensação maravilhosa! O melhor beijo do mundo, te leva nas nuvens! Mas acabou cedo demais.

- Vamos, eles já devem ter saído da sala.

Saímos da sala dos funcionários e ficamos na porta do cinema.

- Onde vocês estavam? Sam, você perdeu o final! Foi tão lindo! Apareceu o Justin pequenininho falando “Bye, I love you” Own – Amy disse fechando os olhos – Você era tão fofinho!

Justin riu da cara dela e eu sorri.

- Depois eu assisto outra vez – falei simplesmente.

- Alguém além de nós ta com fome? – As gêmeas falaram.

- Nós temos que ir – Justin falou.

- Mas já? – Amy perguntou triste.

- É, só viemos para assistir o filme com vocês. Agora temos que voltar, logo começa minha turnê...

- Ah – Amy disse toda desanimada.

- Ah, qual é! Ele vai voltar! Nos vemos em Setembro, Justin! – falei tentando animar e abraçando ele.

- Já tá confirmado? É em Setembro? – Amy deu pulinhos.

Revirei os olhos.

- Não sabemos ainda, mas eu aviso vocês primeiro, podem deixar – Justin sorriu pra nós.

- Legal conhecer vocês meninas. Espero vê-las novamente – Chris disse sorrindo para Clara.

- É, espero mesmo – Clara concordou.

Lara deu um tapa na cabeça dela que a olhou com raiva.

- Se controla – Lara sussurrou. Alto demais, colega.

- Tu é boba ou quer um real? – Clara disse passando a mão na cabeça

- Tem um real ai? – Lara pegou a bolsa da irmã.

- Tá, chega! – falei.

- Espera! Justin, autografa o livro da Sam! – Amy falou.

- É o que? – perguntei.

- Lembra que você trouxe seu livro? – ela me olhou e pegou minha bolsa.

- Ah é! – Tirei a bolsa da mão dela e peguei o livro.

Justin abriu o livro na primeira página e escreveu acho que um texto lá! É sério, eu dei uma olhadinha rápida, ocupou a primeira página inteira.

Depois Amy anotou o celular de todo mundo e também nos fez tirar fotos com eles. Não que eu não tenha gostado.

- Brigada! Vocês são demais e lindos – ela disse.

Clara revirou os olhos e Lara riu.

- Er... obrigado – responderam sem jeito.

Depois das despedidas, fomos comer alguma coisa.

- Não esqueçam que a gente tem que voltar...

- Antes das sete, tá bom, blá blá blá. Eu não me importo nenhum pouco de ficar pra fora daquele lugar. Dormir na rua deve ser melhor – murmurei.

- Bem que meus pais podiam adotar vocês. Assim viveríamos as 4 lá em casa, sozinhas! Já pensou que sonho? – Amy disse com os olhos brilhando.

- To pensando em fugir pra lá... – comentei.

- Tá. Amy, para de dar ideia pra essa louca! – Lara revirou os olhos.

- A ideia até que não é tão ruim – Clara murmurou e Lara deu um tapa na cabeça dela.

- Não viaja!

Tudo bem, então nós comemos, andamos mais um pouco e voltamos para o orfanato. É, eu fui abandonada, os pais da Clara e da Lara morreram e a Amy... Bom, a Amy é milionária, tem uma casa, mas os pais vivem fora. Resumindo, ela mora sozinha. Ou melhor, com o gato que eu dei pra ela.

- Tchau, meninas! Até amanhã – Amy disse.

- Até amanhã – murmuramos desanimadas.

Caminhamos em direção ao orfanato.

- 19h00min em ponto senhoritas. Vocês estão com sorte – Lili, a secretária da entrada disse.

Ela era a pessoa mais legal de lá. Ela e a cozinheira. Lili era uma senhora de quase 80 anos, mas com aparência de 50. Ela era um amor. A cozinheira, dona Francisca, era uma cozinheira de mão cheia. A melhor da cidade e adorava as crianças do orfanato, sempre cozinhando bolos e fazendo doces para nós. Ela também já foi órfã.

Agora, se formos falar das duas faxineiras, a “Feia e Fedorenta”, como as chamávamos, nos odiavam. Se chamavam na verdade Dona Rita e Dona Helena, duas velhas rabugentas. A dona do lugar era pior de todas. Senhorita Gigi. Usava esse nome para parecer mais nova, na verdade se chama Gianna. Tinha plástica no corpo inteiro e muito dinheiro. Um minuto de atraso e ela nos prendia numa sala escura e sem janelas. Assustador para as pequenas, natural para nós, que podíamos ter castigos piores.

Lili sorriu e nos levou para nossos quartos.

- Logo é o jantar, estejam prontas na hora e não falem nada como da última vez – ela disse – Dona Rita vem aí. Por favor, sejam educadas. Vocês nem vão ficar mais tanto tempo aqui.

- Graças a Deus – murmurei – Não que seja por você, Lili. Nós amamos você, mas é que...

- Tudo bem, querida, eu entendo – ela disse e saiu e logo a Fedorenta entrou.

- Olá queridinhas, parece que dessa vez vocês decidiram respeitar o horário – ela parou na porta. Os olhos negros fitando cada uma de nós – É bom continuarem assim, ou ficarão aqui mais 2 anos.

- E isso aqui é por acaso uma prisão? – Clara disse e Lara a repreendeu com um olhar.

- Clarinha, minha linda.

- Larga de ser falsa, sua...

- Clara, por favor! – Lara disse apertando o braço dela.

- Cuide da selvagem da sua irmã, Lara. Ela está querendo soltar as asinhas – Fedorenta disse e saiu batendo a porta.

- Você está louca? Quer ficar mais 2 anos aqui? – Lara disse encarando a irmã.

- Bruxa!

- Não insulte as pobres bruxas – falei sentando em minha cama.

- Tá, desculpa, Sam. Demônia! É mentira dela! Por lei, saímos daqui esse ano! E eu estou cansada dela! – Clara se jogou na cama dela.

- Só a respeite por enquanto. São só alguns meses – falei escolhendo um livro para ler até a hora do jantar.

- Quatro meses! Ainda bem! Você até que tem sorte, Sam. Vai sair daqui em mais ou menos um mês.

- Eu vou para a casa da Amy e vocês me encontram lá! – sorri para as gêmeas.

Elas sorriram com os olhos brilhando.

- E aí seremos livres – Clara jogou os braços para o alto – Já pensou? Vai ser perfeito! Vamos poder ir para onde quisermos...

- Opa, opa! Segura as pontas, gêmea! – Lara disse prendendo o cabelo loiro – Nós só vamos morar com a Amy. Não quer dizer que vamos virar irmãs dela e teremos tudo como ela.

- Os pais dela são legais, eles vão dar dinheiro pra gente sim – Clara disse e eu ri.

- Até parece. Vamos ter que trabalhar – falei.

- E em Julho... – Clara começou.

- Nós finalmente vamos... – Lara disse animada.

- Pra Los Angeles! – terminei a frase.

- O nosso paraíso!

- Sonho de consumo!

Nós ríamos e imaginávamos nosso futuro.

É, daqui a alguns meses, nós quatro teríamos 16 anos e poderíamos viajar para Los Angeles. Sair do Brasil e ficar um ano lá. Planejávamos isso desde sempre.

Nós finalmente seríamos livres!