17 de Novembro de 1978

“Querida Lily,

É o segundo dia sem falar contigo mas parece muito mais tempo. Sei que é estúpido pensar assim mas sinto-me responsável por estares nesta situação. Se ao menos eu estivesse mais atento com a vassoura pronta para te apanhar caso algo de mau acontecesse… Mas não pensei que pudesse acontecer isto. Não me passou pela cabeça.

Aqui fora da enfermaria está tudo como sempre. As aulas continuam, mas a tua presença faz-nos falta a todos. Sabes uma coisa? Parece que é errado sorrir quando tu estás numa situação tão má. Os Gryffindor do 7ºano andam todos macambúzios…

Vai ser uma alegria quando saíres daí como nova!

Com amor,

J.”

“Querida Lily,

Tenho imensas coisas para te contar! Nem sei por onde começar… Talvez pelas más notícias?

A Madame Pomfrey descobriu que tens uma luxação no braço e está agora a tratar de ti. Fi-la prometer que vais ficar óptima, espero bem que ela cumpra a promessa. Ela disse-me também que já se vêem melhoras significativas em ti mas que provavelmente ainda não é hoje que vais acordar.

Não sei bem em que ordem te contar o resto mas pronto…

O James, o Sirius, o Frank e o Remus (até o Remus) deram uma tareia ao Malfoy e a alguns dos amiguinhos. O Malfoy ficou negro, literalmente. Sei que se estivesses acordada irias dizer que a violência não leva a lado nenhum ou algo do género mas neste caso leva a uma satisfação óptima, ainda que isso não possa remediar o que ele fez. Até a McGonagall lhes deu uma detenção menos severa do que o que seria de esperar! O Malfoy esteve cá para cuidar dos ferimentos mas a Madame Pomfrey só lhe lançava olhares de raiva e foi bruta e pouco prestável com ele, correndo-o para fora da enfermaria logo de seguida. Bem feita!

Ah, e já fui falar com a Amy! Primeiro ela disse-me que ele era boa pessoa e que já lhe tinha dito que ia deixar a Narcissa para ficar com ela. Ficámos a falar e eu disse-lhe que eles nunca se iriam separar porque era um casamento arranjado entre famílias de sangue puro para assegurar uma “linhagem e descendência digna”. Disse-lhe que ela estava a ser usada por ele e que eu não sabia que tipo de pessoa ele era com ela mas que isso não correspondia à realidade (o que tinha sido demonstrado no jogo de Quidditch). Ela percebeu o que eu lhe queria dizer e acabou por concordar com o plano, de modo que assim que estiveres boa para andares a fazer de espia pelo castelo, podemos avançar com isto tudo.

Nós ficamos cegos por nos apaixonarmos? É que parece estranho o facto dela não ter conseguido perceber que o Malfoy que ela conhecia e o Malfoy que os outros conheciam eram pessoas diferntes… Não percebo. Aliás, não sei como ela pode gostar daquele idiota depois de ter gostado de mim. É que nem se compara =P

Com amor,

J.”

“Querida Lily,

Hoje estive a ver-te à tarde e pareceu que por um segundo a tua mão apertou a minha. Talvez tenha sido minha imaginação, não sei bem…

De qualquer das formas, não conseguia adormecer por isso vim ter contigo à enfermaria. Se a Madame Pomfrey me apanha proíbe-me de te ir visitar mas acho que vale a pena correr o risco.

Pareces estar tão serena, a dormir. A tua presença acalma-me, estou a reparar agora. Comecei a ficar com sono mas sei que isso se vai esmorecer se me for embora. O melhor mesmo é ficar aqui contigo. Vou deitar-me numa maca ao lado da tua.

Boa noite minha querida,

J.”

 18 de Novembro de 1978

“Querida Lily,

Acordar de manhã com a tua mão na minha é uma das melhores sensações do mundo. Infelizmente tive de me ir embora antes que a Madame Pomfrey acordasse e me expulsasse.

As aulas da manhã foram completamente monótonas. Estou cansado apesar de ter dormido a noite toda. Hoje vou visitar-te logo depois do almoço… Ainda falta tanto… O tempo passa cada vez mais devagar quando queremos que passe mais depressa, não é?

Com amor,

J.”

“Querida Lily,

Vi o Malfoy à bocado e ele ainda coxeia. Sei que isto não é nada de importante mas fez-me ficar mais feliz.

Quando fui à enfermaria à pouco quase pulei de alegria porque não te via, pensei que já tinhas acordado. Afinal, tinham-te mudado de maca por uma razão qualquer estúpida. E eu que pensei que seria hoje… É o terceiro dia em que estás inconsciente! Porque é que ainda não acordaste?

Estou sem inspiração para escrever mais.

Com amor,

J.”

“Querida Lily,

Acabei de jantar agora e por mais infeliz que pareça a ideia vou para o dormitório tentar adormecer, para ver se isto não passa de um pesadelo.

Boa noite minha querida,

J.”

“Querido J,

Sei que já é tarde e provavelmente já estás a dormir mas não consegui ir para a cama sem antes de te escrever esta carta. Pelo que eu já soube hoje é dia 18 de Novembro e eu estou a a dormir desde dia 15 depois do Malfoy me ter empurrado da vassoura. Acordei à cerca de três horas deitada numa maca da enfermaria.

Logo depois do jantar apareceram o Sirius, a Lene, a Mary, o Remus, a Alice e o Frank para me visitar. Eles não faziam ideia de que eu estava acordada e fizeram uma festa quando me viram. Contaram-me as novidades todas, por isso eu sabia da maior parte das coisas mesmo antes de abrir as tuas cartas.

O James e o Amos não me vieram visitar, não sei porquê… Talvez não soubessem que eu estava acordada. De certeza que foi isso.

Não vou conseguir responder a todas as tuas cartas senão ficaria acordada o resto da noite e apesar de eu ter dormido muito continuo cansada…

Quero só agradecer-te por seres tão querido para mim. Ninguém tem tanta sorte como eu por ter os amigos que tenho. Ninguém tem tanta sorte em te ter como eu. Quero agradecer-te por teres estado comigo, por me teres segurado a mão e por me teres escrito mesmo sabendo que eu não estava bem ali, mesmo sabendo que naquele momento eu me parecia mais com uma morta-viva do que comigo mesma.

Ainda estou na enfermaria, a Madame Pomfrey só me deixa sair amanhã de manhã para garantir que está tudo bem.

Quem me dera poder velar pelo teu sono como tu fizeste comigo. Um dia, talvez… Bons sonhos, dorme bem.

Gosto muito de ti,

Lily."