Salvation escrita por MilaBravomila


Capítulo 5
Capítulo 5




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É claro que eu não contei a ninguém sobre o meu encontro com o Ser Alado. Estava havendo uma guerra lá fora. A cada dia, mais vampiros desapareciam e as gangues estavam se confrontando para assumir o poder. Eu evitava sair de casa. Desisti de sair da cidade depois de ouvir que um casal de vampiros que tentou fugir foi assassinado. É certo que não havia nenhum nome no poder da região ainda, mas havia os que governavam indiretamente.

Com um Anjo a solta, as ordens eram para que os vampiros ficassem e o capturassem a todo custo. Era perigo para nós, ter um Anjo por perto, mas era muito mais perigoso para ele ficar aqui, com tantos o caçando.

Ele ficava camuflado entre os humanos, indetectável, e era esperto. Ele estava agindo com cautela e sabedoria. Depois de Soxx ele estava caçando aos líderes e com isso estava desestruturando o sistema. Quatro vampiros de alto escalão já estavam desaparecidos e a população estava receosa.

Eu não podia nem sequer pensar em dizer a eles que eu conhecia a identidade do Ser Alado, pois assim eu ficaria no meio de tudo. Eu não queria isso. Então, fiquei monitorando a situação o mais afastada que podia. Através dos poucos vampiros que eu me relacionava, fiquei por dentro das coisas. Duas semanas depois eu já não aguentava mais aquilo. Estava me sentindo uma prisioneira dentro da minha própria casa.

Coloquei minha meia preta, uma mini-saia também preta e botas cano curto com salto. Vesti uma gola alta marrom e pus o casaco por cima. A maquiagem pesada com bastante lápis e rímel para realçar meus olhos verdes e o cabelo eu arrumei sacudindo a cabeça para frente e para trás, como se estivesse em um show de rock. Isso trazia um volume sexy ao meu cabelo liso.

Saí para a noite. Passei por duas boates que estavam desanimadas pro meu gosto e tentei a terceira. Lá estava melhor, apesar do nível dos frequentadores um pouco baixo demais. Bebi duas garrafas de ice e fui dançar na pista. Hoje a noite eu queria beber, dançar e transar com um cara bem dotado. Foda-se, eu queria viver.

A música tocava alto e a batida eletrônica deu lugar ao black. Avistei minha vítima de longe, ou melhor, minhas vítimas. Estavam sentados no bar com uma garrafa de vodka e duas magrelas dançando para cada um. Eram humanos e jovens, como eu gostava. Caminhei pela multidão de corpos suados e quando cheguei perto o bastante para que fosse percebida pelos rapazes, dancei da maneira mais sensual que podia.

Eles logo esqueceram as pobres humanas que ainda tentavam chamar a atenção, mas elas não podiam competir com meu charme vampírico, nem com meus olhos verdes. Eu ía dançando e me aproximando deles, capturando-os, prendendo-os. Eu vi o desejo em seus olhos e senti o cheiro familiar da excitação vindo até mim.

Eu já estava dançando no meio dos dois que estavam babando por mim quando falei.

- Por que a gente não vai pra um lugar mais reservado, meninos?

Eles se entreolharam e não hesitaram em aceitar. Fui na frente, guiando-os para fora dali. Saímos da espelunca para a noite fria e assim que ambos passaram pela porta, eu passei a mão delicadamente em suas partes, seduzindo-os, mostrando-os o que estava por vir.

Como crianças, eles me seguiram, provavelmente fantasiando suas vontades mais pervertidas. Como eu não pretendia deixa-los com vida, levei-os para casa. Mal entramos na sala e o mais alto, um loiro gostoso com pose de militar já veio me agarrar. Aceitei. Então esse era o que tinha pegada. O segundo veio depois passando a mão em meu corpo enquanto eu beijava o primeiro ferozmente. Gostei. As mãos dele eram grandes e quentes.

Eles estavam tão enfeitiçados que nem repararam na temperatura do meu corpo, um pouco abaixo do normal. Continuamos as carícias e logo eu estava nua com os dois humanos trabalhando em mim. Eu gostava disso, de atenção. Transar com vampiros era geralmente um saco porque eles são muito violentos e possessivos, nunca te deixam a vontade.

Os humanos me idolatravam tanto me deixavam fazer o que eu quisesse e disso eu gostava muito. O ritmo aumentou e eu estava em um frenesi louco sentindo-os me possuir de várias maneiras. Instintivamente lambi os lábios e olhei para a jugular do loiro sobre mim. Minha boca salivou com a antecipação. O maior prazer de todos para um vampiro era se alimentar durante o ato sexual. O êxtase era quase infinito.

De repente, ouvi um barulho alto vindo do corredor. Imediatamente eu levantei, deixando o sêmen do loiro escorrer pelo tapete. Dobrei o corpo e pus as mãos para frente. Do corredor escuro surgiu uma figura alta, apontando uma espada em minha direção. Era o Anjo.

Eu soltei um rosnado alto e mostrei os dentes. Odiava ser surpreendida, ainda mais por um Anjo ameaçando minha não-vida.

- Vocês dois, saiam.

A voz dele soou como uma ordem e os dois rapazes saíram do ardente transe em que estavam. De tão assustados, nem cataram as roupas e cambalearam até a porta da frente.

Do meu peito, saiu um rugido ainda mais alto. Como assim, minha presa indo embora? Saltei graciosamente sobre ambos e aterrissei em frente a porta principal, evitando que passassem.

- Vão a algum lugar, rapazes? – perguntei na voz rouca que saía do peito.

Eles gritaram e se encolheram com medo. Eu dei um passo a frente, visando a suculenta artéria do moreno, que estava mais próximo, mas senti uma ardência no peito. A espada de Gabriel estava enterrada a centímetros de atingir meu coração. A dor era alucinante e eu soltei um grito de horror. Não pude evitar que os humanos saíssem às pressas de minha casa.

O Ser Alado estava na minha frente com o braço esticado e sua espada cravada em meu peito. O tapete manchado com meu próprio sangue.

A despeito da dor que sentia, olhei fundo nos olhos azuis escuros e brilhantes.

- Eu não sabia que Anjos também mentiam. – minha voz quase inaudível pela agonia.

- Não mentimos. – ele disse ainda de pé mantendo a espada dentro de mim.

- Então porque voltou para me matar?

- Não vim matar você, vim salvar a vida deles.

Dizendo isso ele puxou a espada de uma vez, me fazendo soltar um novo grito de dor. Nunca tinha sentido algo tão afiado e a única dor maior que essa tinha sido a da transformação. Eu caí no chão, sobre a poça de sangue. A respiração ofegante. Vi o Anjo andar calmamente de um lado para o outro perto de mim. Minha cabeça rodava e eu não estava entendendo coisa alguma.

Foi algum tempo depois que o corte em meu peito parou de sangrar, mas a dor permanecia. O Ser Alado ainda teve a ousadia de sentar no meu sofá para me observar.

- Como entrou aqui? – perguntei ainda respirando com dificuldade. Todos os meus sentidos latejando perigo.

- Ao contrário de você, eu não preciso de permissão para entrar nas casas.

- Como sabia onde eu moro?

- Segui você. Estava tão distraída pela luxúria que nem percebeu minha aproximação.

Nessa hora eu olhei pra ele. Sem dúvida era um lindo homem, mas pra mim, apenas sinalizava cuidado. Ele me olhava com o azul penetrante e, apesar de ter recolhido sua espada, eu sabia que estava tanto em alerta quanto eu.

- O que faz aqui?

Eu levantei e limpei um pouco do excesso de sangue. De relance, vi que o azul brilhou mais um pouco ao me ver. De fato, eu estava nua, e com sangue pelo corpo, mas ainda havia os traços da sedução em mim.

- Gosta do que vê, Anjo?

Sorri maliciosa e uma parte de mim pensou que ter sexo com ele deveria ser uma sensação incrível. Mas é claro, meus instintos de proteção eram maiores, perdiam apenas para meu humor negro.

Ele não respondeu ficou apenas me fitando impassível.

- Você acabou com a minha festa, espero que tenha em mente uma compensação.

- Quero que me fale sobre Julius.

Eu o encarei e qualquer traço de humor despencou da minha cara, assim como qualquer tesão remanescente.

- Julius? – perguntei arqueando as sobrancelhas.

Julius era um nome forte entre os vampiros. Era delegado de duas áreas próximas e era conhecidamente o maior rival de Soxx. Esse Anjo estava jogando alto, muito alto.

- Julius é poderoso. – comecei – É o delegado de uma área próxima tão grande quanto esta de Soxx. Os dois guerrearam no passado por território. Dizem que depois de seu feito, ele queira tentar tomar esta área e ampliar seu domínio.

O Anjo levantou, pegou a manta que eu usava para enfeitar o sofá e jogou-a em minha direção.

- Vista-se. Julius está aqui e você vai me ajudar a me aproximar dele.

Agarrei a manta e o encarei desacreditada.

- Além de Anjo é burro? Você acha mesmo que eu vou me meter nessa? Ajudar um Ser Alado a matar um dos mais poderosos vampiros da região? Esqueça.

Ele andou até mim e nem se importou com o grunhido que soltei em advertência.

- Isso não é um pedido, você não tem opção.

Eu o encarei de volta.

- Sério? E com ordens de quem, de Deus?

Minha voz de deboche foi mais que sarcástica. Eu não poderia nem em sonho fazer o que ele queria, e não iria fazer. Sem me dar tempo para defesa ele cravou novamente a espada em meu peito, no mesmo lugar de antes. A maldita espada que surgia e sumia do nada, estava mais uma vez me fazendo sangrar em agonia.

Eu deitei no chão, pois a dor era alucinante. Enquanto me retorcia no tapete encharcado, ele disse:

- Não diga o nome Dele em vão.


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