Salvation escrita por MilaBravomila


Capítulo 4
Capítulo 4




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O Anjo andou na direção do vampiro e sua espada mirava o coração do outro.

- Me diga o que quero saber. – o Anjo ordenou. A voz dele era tão forte, tinha um poder enorme transmitido através dela. Me fez tremer.

O vampiro cuspiu no chão e a saliva vermelha indicava que ele não cederia ao Ser Alado a sua frente, que continuou.

- Me diga onde encontrá-lo.

- Eu não sei do que você está falando Ser Alado, e mesmo se eu soubesse, você não iria ouvir nada de mim.

O Anjo respirou fundo.

- Então que o Pai tenha piedade de sua alma.

Com um rápido movimento, ele decapitou o vampiro negro e seu sangue espirrou pela parede do beco. Meu corpo tremia e eu estava suprimindo um grunhido involuntário que queria sair do meu peito. Se emitisse qualquer som, ele me mataria.

Vi o Anjo passar a mão na espada, cuidadosamente limpando o sangue da lâmina. Ele a beijou e repentinamente, ela sumiu de vista. O rapaz se virou para a saída do beco, ignorando o corpo sem cabeça aos seus pés. Nós dois sabíamos que assim que o sol o tocasse, ele se desintegraria em cinzas. Era assim com as criaturas da noite.

O rapaz começou a caminhar para sair do beco e meu coração morto-vivo batia acelerado. Quando ele chegou na direção da caçamba de lixo parou. Suprimi mais um grunhido. Ele fechou os olhos, como se quisesse sentir o lugar e eu sabia que seria o meu fim.

O Anjo se aproximou e eu me encolhi na parede. Com um estrondo, a caçamba de lixo foi parar a metros de distância, me revelando completamente. Eu assumi a posição de ataque e o grunhido finalmente se libertou. Eu sabia que estava em desvantagem, encurralada ali na parede, mas a última esperança era eu me defender.

Ele estava empunhando novamente aquela espada afiada, que agora estava em minha direção. Eu o encarei, e os olhos azuis escuro estavam semicerrados.

- Quem é você, vampira? – ele perguntou na mesma voz autoritária de antes.

- Faz alguma diferença, Anjo? – perguntei com a voz controlada. Era um dom que eu tinha.

Ele inclinou a cabeça para um lado e respondeu:

- Na verdade, não.

Com um movimento rápido, ele veio com a lâmina em minha direção. Eu fiz o único movimento possível e me abaixei depressa. A espada fez um som alto quando bateu na parede, poucos centímetros acima da minha cabeça, arrancando alguns fios de cabelo.

Antes dele se recuperar, eu o ataquei. Empurrei com toda a minha força, que não era pouca, uma vez que a genética me favorecia. Mas ele era um Anjo, não um humano. Absorveu meu impacto com os músculos abdominais. Caí por cima dele e vi que a espada não estava em suas mãos, provavelmente tinha caído de seu domínio.

Mostrei os caninos levemente pontiagudos e nada ameaçadores para ele, numa reação normal de defesa. Infelizmente, as fêmeas não possuíam presas muito desenvolvidas, mas eram afiadas o suficiente para eu cravar em seu lindo pescocinho divino e drenar boas goladas de seu sangue forte, paralisando-o.

Fui em direção a sua garganta, mas parei a milímetros de alcança-la. Senti uma puta dor de cabeça naquele momento quando o cheiro dele me atingiu fortemente. Simplesmente, não pude atacá-lo.

Parei. Tudo foi tão rápido e inesperado. Primeiro eu tive a sorte de desviar do golpe fatal e depois de estar com a vantagem do ataque, e aí eu travei. Simplesmente fiz o que minha natureza jamais faria e hesitei.

Ele não me perdoou e me arremessou para longe. Bati a cabeça no muro, mesmo muro no qual o outro vampiro acabou de ser morto. O Anjo se recuperou rapidamente, e já estava de posse da espada mais uma vez e eu sabia que não teria uma segunda chance.

- Quem é você, vampira? – ele perguntou novamente, agora, claramente abalado pelo o que aconteceu.

- Me chamo Michaela. – respondi com a voz dolorida. Minha cabeça latejava e eu senti o sangue escorrer pela minha nuca.

- Por que não me atacou, Michaela? – ele perguntou apontando a espada na direção do meu peito.

A voz dele era exigente, mas eu sabia tanto quanto ele.

- Eu não sei. – respondi sincera.

Ele pareceu não acreditar e deu mais um passo em minha direção. A lâmina afiada tocou a parte superior do meu seio esquerdo.

- Eu não sei por que hesitei, Anjo, mas tenho certeza de que não fará o mesmo.

Ele me encarou e eu devolvi o olhar intenso. Algo nele era tão diferente. Desde o bar, quando eu apenas senti seu cheiro, percebi o quanto me abalou. E depois, eu hesitei quando não deveria e isso causaria minha morte, certamente.

- Eu me chamo Gabriel e não vou matá-la, Michaela.

Eu continuei encarando os olhos azuis, sem entender o teor de suas palavras.

- Você poupou minha vida, agora vou poupar a sua.

Dizendo isso ele fez sua espada desaparecer e eu já não senti a lâmina afiada sobre minha pele. Gabriel me encarou por mais meio segundo antes de virar e ir embora.


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Notas finais do capítulo

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