Já estava com Misa há uma semana; e não achava uma brecha para fugir ou me livrar dela e de Remu.

– Raito, Misa quer ir à praia com você. – Ela disse sorridente.

– Não.

– Por quê?!

– Melhor eu não sair...

– Você vai! – Ela gritou – Ou eu te mato!

– Certo, eu vou. – Espero do fundo do meu coração que ela se afogue e morra.

– Raito ama Misa! – Ela concluiu e saiu pulando pela casa.

– C-claro – que não. A única pessoa que eu amo não merece nem ser comparado com essa menina.

Enquanto Misa se arrumava, eu pensava em Ryuuzaki; que saudade daquele detetive viciado em doces, saudade do cheiro de açúcar, dos seus beijos e abraços que me deixavam tão calmo.

Estava perdido em meus pensamentos quando Remu apareceu na minha frente, me encarando.

– O que quer? – Perguntei.

– Não faça nada com ela ou eu mato ele. – Mas o que? Todo mundo me ameaçando, como se eu fosse me intimidar com isso! Eu era mais esperto.

– Não farei nada com a sua preciosa Misa. – Falei com deboche.

– Estou de olho em você, Yagami Raito. – Então ela saiu para ir atrás de Misa.

Ótimo, Remu ia ficar me vigiando... Mas, isso não me faria desistir. Só preciso me livrar delas para encontrar Ryuuzaki e ficarmos juntos novamente.

– Raito-kun! Misa está pronta! – A loira gritou atrás de mim. Como ela é rápida! – Vamos.

– Certo. – De novo, achei melhor ter ficado no presídio.

L POV

– Ryuuzaki, estão aqui os papéis que você pediu. – Watari me entregou algumas páginas, que rapidamente comecei a ler. Tudo inútil.

– Ótimo Watari, agora, me traga mais açúcar. – Pedi.

– Vou ter que sair para comprar mais, você acabou com todo o açúcar. – Ele pegava seu casaco para sair.

 – Eu acabei com o açúcar? Então não tinha muito. – Voltei para o computador, estava relendo a matéria sobre a chacina no presídio. A polícia engoliu a história sobre Raito estar sendo controlado pelo tal de Mikami, mas, isso não fazia o menor sentido. Raito era Kira, isso é um fato. Mikami seria então o segundo Kira, mas, se ele estava ameaçando Raito que se entregou para protegê-lo, isso não fazia sentido também; nada fazia sentido... Cadê o meu açúcar quando eu preciso?

Tentei achar uma solução e a única que me ocorria era que alguém estava ameaçando Raito de alguma maneira que provocou a sua rendição, provavelmente, o segundo Kira. Mas, outra pessoa não queria isso e foi até libertar Raito, esse é o Mikami, que tem os dons de Kira também, ou seja, há três Kiras: Raito, desconhecido e Mikami. O segundo é o que está com Raito, se não ele já estaria aqui. Agora, quem é essa pessoa?

– Preciso de açúcar! – Falei sozinho. – Muito açúcar.

Mikami POV

O médico preparava a seringa com o veneno para me matar enquanto eu ficava sentado quietinho em uma cadeira nada confortável, amarrado.

Será que tudo o que eu fiz valeu a pena para acabar aqui? Não importa, foi tudo pelo meu Deus. É apenas um pequeno sacrifício pelo bem do mundo e serei lembrado por Raito eternamente.

O médico se aproximou de mim com a seringa cheia de um líquido amarelo.

– Está pronto Kira? – Ele perguntou sarcástico.

– Claro, será uma honra. – Sorri.

Ele injetou a agulha no meu braço sem o mínimo de cuidado. A ardência no meu braço foi imediata, se espalhando pelo meu corpo. Eu estava queimando e era uma sensação horrível, será que eu ia para o céu? Talvez. Não tive muito tempo para refletir sobre isso, pois a dor aumentou.

Não vi minha vida passar diante de mim, mas vi rostos de pessoas que eu gostava; minha mãe, meu pai, alguns amigos e é claro Kira, mas, esse não foi o ultimo rosto que vi, havia o de uma garota loira. Eu conhecia aquele rosto, pois o vi com freqüência nos últimos dias antes de ser preso.

Quando vi o rosto dela, me senti feliz como não tinha ficado nem ao ver o de Kira. Me acalmei e parei de contorcer na cadeira. Eu acabara de descobrir que, devido aos últimos acontecimentos, criei um sentimento por ela e, só agora, diante da morte, eu percebi que havia me apaixonado por Misa. Que idiota fui de só perceber agora.

Uma pontada no coração me fez gritar de dor e eu fui perdendo as forças enquanto tudo ficava escuro...

Raito POV

Misa estava dando um mergulho, enquanto – eu e Remu – a observávamos na beira da água. Estávamos em uma praia distante, que eu nem sabia que existia, e eu, finalmente, havia pensado em um plano para fugir delas. Era bem simples e eu colocaria em prática ainda hoje.

– Raito-kun! Misa quer sua companhia aqui! – A loira gritou ainda dentro da água.

– Estou indo. – Essa menina me paga, quem ela acha que é para me fazer entrar nessa água gelada em um dia frio?

Fui para o lado de Misa sorrindo, começaria a atuar agora mesmo.

– Misa está contente de ter Raito aqui. – Ela me deu um beijo e, mesmo que aquilo não me desse o mínimo de prazer, retribuí. Fingi que estava gostando e ela se animou; nunca havia dado um beijo desse nela.

– Também estou feliz, Misa. – Disse quando nos separamos arfando.

Ela ficou tão feliz que passou o resto do passeio dizendo que eu sou lindo e que ela me ama. Nada que eu já não soubesse. E, finalmente, quando já a tinha agradado o suficiente, disse o que faltava para concluir meu plano perfeito.

– Amor? – A chamei com muito esforço.

– Raito chamou Misa de amor? – Ela quase teve uma parada cardíaca.

- Sim, chamei. – Sorri. – Tenho uma coisa para te pedir.

– Tudo o que você quiser! – Consegui, como sempre.

L POV

– Deus, se você existe, porque faz isso comigo? – Falei sozinho. Watari ainda não havia voltado com o meu açúcar e não havia nem um doce no QG. – Preciso de açúcar.

Fui até a cozinha pela milésima vez a procura de doces. Foi então que achei um vidro de remédio – que era do Raito. Ele estava com tosse e, para me vingar, fiz ele tomar remédio. O que não deu certo, porque ele achava normal.

Pinguei um pouco de xarope no meu dedo e provei... Era doce. Em uma atitude impensada, coloquei o vidro na boca e virei, tomando tudo. Agora que eu já tinha um pouco de açúcar no corpo, poderia voltar a investigar o paradeiro de Raito.