- Estão vendo isso? – Pattie jogou uma revista sobre a mesinha de centro a nossa frente. – E isso, e mais isso aqui? – ela jogou mais umas três revistas. Todas estavam com fotos minhas e de Justin na capa. Justin aparecia com a mão na minha bunda, me beijando, e... Ah, eu me sentia um pouco constrangida. Pattie nos dava uma bronca daquelas.

Não consegui ler muito bem o que estava escrito na capa. Parecia algo como: “realmente apenas irmãos?”, “irmãos? Mais que isso”, “conheça mais sobre a irmã adotiva de Justin que parece ter roubado o coração do cantor”. Algo assim. Apenas revirei os olhos ao ver aquilo.

- Ah, e tem mais... – Pattie pegou o controle da televisão e a ligou. Logo o apresentador de um programa começou a falar que Justin Bieber foi visto aparentemente beijando sua irmã adotiva e essa coisa toda. Mais fotos mostradas. – Viram? Sabem aonde isso vai dar? – Pattie se jogou no sofá a nossa frente.

- Mãe... Qual é, daqui a algum tempo não vão mais se lembrar disso. – Justin deu de ombros.

- Eu permiti isso... Não liguei de vocês namoraram, apesar de que Amy tinha que ser sua irmã, Justin. – ela cruzou as pernas e falava conosco tentando manter sua calma e postura. – Mas, não posso permitir que esses tipos de fotos se espalhem por aí. – ela apontou pras revistas.

- As fotos não estão tão ruins, nós só estamos... – Justin pegou uma das revistas e ficou a fitando por um tempo. – Bom, qualquer adolescente faz isso. – ele riu e me fitou. – Não é Amy? – apenas fiquei calada. Eu que ia saber? Vivi num orfanato a vida inteira, não sabia de nada.

- Você não é qualquer adolescente Justin! – a voz de Pattie ficou um pouco mais alta. Tínhamos feito algo tão grave assim? – Você é um exemplo pra milhões de pessoas por aí, o que acham que eles vão pensar quando virem fotos suas agarrando sua irmã adotiva em uma festa? Parecia bêbado! – Pattie apontou e o olhou, com os olhos estreitos. Parecia com raiva.

- Não sei pra que tanta polemica com essas fotos! – enterrou suas costas no sofá e bufou. Apenas dei uma risadinha curta.

- E você, Amy? – fitei Pattie. – Não tem nada a dizer? – ela se levantou.

- Ahn... Desculpa e não vai se repetir?! – mordi o lábio inferior. – Não mais em publico. Prometo. Se depender de mim... Não. – tentei sorrir e lhe passar um pouco de segurança, não sei se deu muito certo.

- Tudo bem. Só quero o melhor pra vocês dois. Não quero que fiquem com esse... Tipo de imagem. – ela suspirou e logo saiu da sala, um pouco apressada até a cozinha e pegando o telefone sem fio que antes estava sobre a estante.

Um silêncio repentino pairou pela sala. Fiquei pensando em tudo, nas coisas... A noite de ontem foi divertida, mas, parece que tudo divertido tem suas conseqüências. Não fizemos algo muito errado... Mas, eu sabia que as fãs do Justin se espelhavam nele em tudo e acho que esse não seria um bom exemplo a ser dado. Ainda mais que Justin havia mesmo bebido ontem à noite.

Fitei Justin que parecia pensativo ao meu lado. Ele deixava seus olhos percorrendo pela grande sala e eu somente suspirei, deixando aquele silencio mais sufocante ainda. Tantas mudanças, tantos erros, tantas lições aprendidas.

- Que droga! – Justin resmungou. – Eu não posso fazer nada! – o vi agarrar uma almofada.

- Claro... Claro que pode. – que coisa mais idiota, Amy. Ri comigo mesma.

- Não. Tudo que faço é errado! Parece que não posso errar! Tenho que ser perfeito o tempo todo... E eu não sou perfeito, sou como qualquer um... Normal. – ele fitava o nada e tinha sua respiração um pouco pesada.

- Heeey. – segurei seu rosto e o virei pra mim. – Não ligue pra isso... Deixe quieto. Sabemos que daqui a algumas semanas ninguém mais se lembrara disso. – tentei sorrir, e logo o vi sorrir junto de mim.

- Como você agüenta tudo isso? – ele jogou a almofada no outro sofá.

- Sei lá... Aprendi algumas coisas no orfanato. – ergui os ombros.

Ele riu pelo nariz, o que me fez rir junto. Beijei sua bochecha, enquanto o via brincar com seus dedos. Parecia entediado ou nervoso. Talvez os dois. Nunca entendi como Justin conseguia agüentar toda essa pressão. Ele tinha que fazer tudo pensar nas suas fãs... Imagino o medo que ele tinha de dar um passo errado e deixar mais de 14 milhões de pessoas decepcionadas. Parecia ser tão difícil e tão fácil ao mesmo tempo.

- Vamos dar uma saída, Amy? – ele se levantou e estendeu a mão.

- Hm... Acho melhor não Biebs, não devemos chamar mais atenção. – falei me referindo as revistas.

- Qual é, você sabe que odeio esse seu lado certinho e preocupado demais. – ele segurou minha mão, me puxando. – Só vamos ao shopping, tomar um sorvete. Por favor, to entediado. – ele fez beicinho e eu só ri.

- Tudo bem. – me levantei, torcendo o nariz. – Vou me trocar antes. – pisquei, enquanto desviava dele e andava até as escadas.

Fui até o meu quarto e coloquei uma roupa simples, afinal, não iríamos a nenhum lugar super chique, eu acho. Suspirei, ajeitei meu cabelo, passei um batonzinho e peguei meu celular. Nenhuma mensagem nem nada. Fazia tempo que eu não falava com Chaz, ele não me ligava nem nada. Será que ele havia ficado triste, bravo ou algo assim?

Balancei minha cabeça despistando meus pensamentos e logo desci, Justin me esperava no pé da escada. Sorriu ao me ver e apenas retribui o sorriso.

- Pronta? – perguntou e eu apenas assenti calada. – MÃE, VAMOS SAIR! – Justin gritou, em alguns segundos Pattie já estava a nossa frente.

- Não consigo mesmo segurar vocês em casa! – ela suspirou, mas, logo riu. – Tudo bem, só evitem chamar atenção! – ela acenou.

Rimos e logo saímos dali, entramos no carro e Justin começou a dirigir rumo ao shopping, que não ficava tão longe dali.

- Espero que não tenha muitas pessoas no shopping. – estiquei minha mão, ligando o radio do carro.

- Acho que não vai ter, ainda ta cedo. – ele apontou pro relógio, que marcavam 1 hora da tarde. Nem tão cedo.

Logo um silêncio se instalou ali, e só foi quebrado quando começou a tocar Wish you were here da Avril, e então, eu comecei a cantar, um pouco alto, admito. Mas, era só pra descontrair e chutar aquele silêncio idiota que estava ali. Justin me fitava com um sorriso meio debochado no rosto e eu apenas lhe dei língua.

- Você tem uma voz linda. – ele me roubou um selinho demorado.

- Mentiroso. – o empurrei de leve.

Rimos mais uma vez, e logo estávamos cantando a musica juntos. Eu adorava musica, principalmente essa. A música era uma das minhas únicas companheiras no orfanato. Eu tinha um pequeno radinho no meu quarto de lá, e todos os dias eu ficava a tarde toda apenas ouvindo musica, cantando e dançando loucamente enquanto ninguém estava por perto.

Resmunguei quando Justin desligou o som, mas, aí que percebi que havíamos chegado ao shopping. Dei um pulo do carro e corri do estacionamento até a porta de entrada, olhe pra trás e Justin estava logo atrás de mim.

- Não corra mais. Boba. – ele colocou as mãos no meu ombro, se apoiando.

- Af, seu molenga! – ri, tirando sua mão do meu ombro. – Vamos apostar uma corrida até a sorveteria? – o olhei desafiadora.

- Não! Vamos andar calmamente agora, ta legal? – ele riu, enquanto entrelaçava sua mão na minha e começávamos a andar pelos corredores do shopping.

- Eu quero! – fiz beicinho, enquanto apontava pra um vestido bonito em uma das vitrines.

- Sério? – Justin fez careta. Era um vestido rosa claro, com algumas estampas de florzinhas. Tinha uma rendinha e era rodado, tomara que caia e parecia que ficaria grudado no corpo. Mas, eu o achei mesmo muito fofo.

- Por favooooooooooor! – implorei.

- Vou ganhar o que com isso? – cruzou os braços.

- uma namorada-irmã, bonita? – pisquei os olhinhos, fazendo uma cara meiga. Ele riu.

- Tudo bem, vamos ver como você fica nele!

- EBAAAAAAAAA! – gritei, pulando em seus braços e lhe dando alguns beijinhos no rosto. Ele só riu.

- Sem chamar atenção, lembra? – praticamente sussurrou, enquanto me puxava pra dentro da loja.

A moça que nos atendeu, pareceu um pouco surpresa ao nos ver. Logo ela sorriu e nos perguntou o que desejávamos. Imediatamente apontei pro vestido que estava na vitrine e ela logo tratou de buscar um pra mim. Ela me entregou o vestido e eu corri pro provador, tirei minhas roupas, claro e o vesti.

- Justin? – abri a porta, o vendo ali sentado em uma cadeirinha. Ele apenas direcionou seu olhar a mim. – Me ajuda a fechar o zíper? – mordi os lábios, me sentindo um pouco envergonhada por pedir isso.

- C-Claro. – ele gaguejou, o que me fez rir.

Me virei de costas e ele logo veio até mim. Pude fitar nosso reflexo através do espelho, enquanto Justin fechava o zíper atrás do vestido. Ele respirou fundo e em questão de segundos meu zíper estava fechado.

- E então? Como fiquei? – rodei, enquanto percebia o olhar de Justin fixo em mim.

- Você ficou... Linda, minha pequena. – ele me puxou pela cintura, colando nosso corpo, o que arrancou uma risadinha de mim.

- Obrigado. – corei, enquanto sentia seus lábios se encostarem-se aos meus.

- Vão levar? – me separei do Justin quando ouvi a voz da vendedora. – Ah, me desculpem, eu não queria... – droga, agora ela ia contar pro mundo todo que viu Justin Bieber e Amy Mallette se beijando.

- Bom... Vamos levar sim. – Justin parecia sorrir. Sorri junto.

A moça assentiu. Logo tirei o vestido e coloquei minha roupa de volta. A mulher colocou o vestido em uma sacola, o pagamos e logo saímos daquela loja boba. Andamos mais um pouco e logo fomos ao Mc Donalds comprar um sorvete. Justin comprou um Sundae, enquanto eu me contentava com uma casquinha. Não que eu ligasse.

Nos sentamos em uma mesinha. Cada pessoa que passava ali nos fitava com os olhos arregalados, aquilo tava me deixando incomodada.

- Você ta toda lambuzada! – Justin riu, enquanto levava o pequeno guardanapo até minha boca e a limpava.

- Melhor agora, baby? – ri

- Bem melhor. Parece até minha irmãzinha Jazzy com esse sorvete. – ele revirava os olhos e ria.

- Idiota. – lhe dei língua.

- Seu idiota. – senti dar um beijo gelado na minha testa. Estremeci.

- Meu. – suspirei, enquanto voltava a tomar meu sorvete.

- Amy, quero... Quero que faça algo comigo... – ele disse meio nervoso.

- Eu não vou fazer nada com você! – disse meio irritada, pensando coisas maliciosas. Justin gargalhou.

- Não é o que você ta pensando. – riu mais ainda. – Quero só que cante comigo.

- Cantar com você? – franzi a testa.

- É. Você tem uma voz linda. Quero que cante comigo no primeiro show. – ele sorriu, seus olhos fitavam os meus.

- Claro. Sempre foi um sonho... Cantar para muitas pessoas. – sorri mais do que devia.

Minha vida é irreal.