- Espera, Amy!

Bati a porta de casa e entrei rapidamente, Justin vinha logo atrás de mim. Subi as escadas o mais rápido que podia. Não queria vê-lo, de novo.

- O que aconteceu? – Pattie disse parando no primeiro degrau, o que me fez parar no meio da escada e virar pra ela. Justin estava ao seu lado.

- Pergunte pro seu filho. – suspirei irritada.

Justin ergueu os ombros e Pattie o fitou com as mãos na cintura. Voltei a subir as escadas em direção ao meu quarto.

- Amy, qual é! – Justin dizia.

Logo cheguei ao meu quarto e tranquei a porta rapidamente. Porque a confusão? Justin é um aproveitador, manipulador, idiota e tarado. Primeiro, Selena ligou pra ele e há fotos dos dois por toda parte, não que eu seja ciumenta mas, ele disse que não estava com ela, segundo, bom, eu estava cedendo rápido demais! Tinha que me conter, me controlar! Justin não podia me ter quando quisesse, eu tinha que me fazer de difícil, sabe? Tivemos uma pequena briguinha no caminho pra cá. Perguntei algo como “Hey, e se namorássemos? Contaria a suas fãs como falava de Selena?” Foi uma pergunta básica, sem nada de mais. Ele me responde: “Não sei, Selena é famosa, enquanto você era de um orfanato”. Porque ele disse isso? Bom, não sei. Ele riu depois e eu fiquei... Triste. Não preciso que as pessoas joguem na minha cara o quão pobre e isolada eu sou. Ele disse que era apenas uma brincadeira, uma ironia. Mas, eu não entendo bem desse negocio de ironia.

Me joguei na cama e pressionei o travesseiro contra meu rosto, dando um grito abafado. Eu estava mais sensível ultimamente.

- Amy, não vamos começar isso de novo, né? – ouvi Justin gritar do outro lado da porta.

Suspirei auto e fitei o teto do quarto. Por um momento rápido, senti saudade de ver meu teto úmido e quase caindo do orfanato. Eu não sei por quê. Senti uma vontade imensa de ver minha amiga Megan novamente, que foi adotada há algum tempo antes de mim. Bem antes. Vivi minha vida inteira naquele orfanato e eu ainda não sabia como lidar com o mundo aqui fora. Ouvi Justin esmurrar a porta uma, duas, três vezes... Até que ele parou. Ouvi um silencio repentino, apenas quebrado pelos meus pequenos soluços. É. Eu chorava. Não sei por quê.

Às vezes eu sentia um aperto no peito e uma vontade imensa de chorar. Às vezes dava pra agüentar, outras vezes, nem tanto. Eu desabava em lagrimas por mais que eu quisesse ser forte.

Resolvi mandar uma mensagem para o Chaz, algo como: “O que acha de sairmos uma hora dessas?” Chaz me fazia sorrir às vezes... Ele era um bom amigo, um bom garoto.

Depois de um indescritível tempo, limpei minhas poucas lagrimas e caminhei até a porta. A abri e vi Justin sentado ali, em frente dela, com o rosto coberto por seu boné vermelho e ele segurava um porta retrato onde estava uma foto fofa de nós dois.  Me sentei ao seu lado, segurei seu queixo e ergui sua cabeça. Ele sorriu.

- E aí, o que ta fazendo aqui? – perguntei.

- Esperando a garota que eu sempre magôo abrir a porta. – ele deu uma risadinha. – Será que ela poderia me dar mais uma chance?

- Não. Ela já fez isso demais. – sorri fraco, mas, porem verdadeiramente.

- Amy, eu... Eu... – ele me fitava com os olhos marejados. – Eu quero ver você pegar seu celular de volta!

Ele disse rindo e saiu correndo dali pelo corredor. Oh, não... Não acredito que eu ia sair correndo atrás dele.

- Justin! Devolve, seu idiota! – me levantei rápido e fui atrás dele.

De repente, por um segundo, esqueci das minhas preocupações. Às vezes acho que sou... Bom... Qual o nome? Ah, sim, bipolar! 

- Vem pegar, gatinha! – ele disse rindo.

- Não sou um animal! – gritei rindo.

Corri o máximo até ele. Quando estávamos chegando ao fim do corredor, pulei em suas costas e nós dois caímos no chão e começamos a rir. Tomei meu celular dele, e então ele se virou pra mim ainda rindo. É, ainda estávamos no chão e eu... Estava por cima dele e isso não é legal.

- É... Conseguiu seu celular de volta, mulher maravilha. – ele ainda rindo.

- Não faça mais isso, superman. – eu ri

- Só se você me der um beijo.

- Cala boca. – eu ri

- Porque você não cala.

- Vou enfiar o celular na sua boca, pra calá-la. – sorri sarcástica.

Justin me deu um selinho um pouco longo. Logo me separei dando um tapa no seu ombro.

- Então, crianças... O que ta acontecendo aqui? – era Pattie.

- Hã... Justin tinha roubado meu celular. – levantei rindo, um pouco corada... Logo após ajudando Justin a levantar.

- Culpa é sempre minha! – ele ergueu os braços. Eu ri.

- Sempre. – o fitei.

- Ok, tudo bem... Vim chamar vocês para jantar. – Pattie abriu um sorriso, deixando sua expressão de reprovação pra trás.

- Ah, claro... – Sorri e olhei pro visor do meu celular, vendo que já era 21h.

Logo descemos até a cozinha para o jantar. Comemos silenciosos, sem nenhuma palavra, e depois, fui me deitar. Ninguém tocou em assunto nenhum... No que tinha acontecido, ou por que... Nem se quer lembramos-nos do que tinha acontecido no banheiro feminino do shopping e na velhinha tarada. Isso foi bem engraçado.