Eu já tinha saído do hospital. Um dos meus braços estava engessado por inteiro e eu não o conseguia mexer. Isso era ruim. Meu rosto tinha curativos e minha perna tinha um grande corte e eu a tinha raspado no asfalto em meio ao acidente. E agora, bom, eu estava discutindo com o Justin. De novo, eu acho.

- Era uma conversa particular, você não podia ficar na porta ouvindo tudo! – é. Eu gritava. – Isso é falta de educação! Você tinha que ter saído de lá!

- Eu não queria sair, caralho!

- Não fale palavrão, garoto! – apontei meu dedo indicador em seu rosto.

- O que é? Agora você é minha mãe?

- Cala boca, Justin! – gritei mais uma vez. Eu só não queria parecer fraca perto dele. Não queria que ele soubesse que eu ainda o amava. – Chega! Você é um idiota! E eu... Eu te odeio!

- Tem certeza que odeia? – ele riu sarcástico.

- Idiota. – murmurei.

- Me perdoa, Amyzinha? – ele disse se aproximando, agora com uma voz mais calma. Eu dei uma risadinha por ele ter me chamado de “Amyzinha”. Isso é idiota.

- Perdoar? Não acha que eu já fiz isso demais? Tanta e tantas vezes... – eu comecei gritando e depois minha voz foi ficando mais baixa. – e você sempre me magoava de novo e eu perdoava achando que poderia ser diferente, mas, não foi.

- Que droga Amy! Eu nunca tive a intenção de te magoar! – ele deu mais alguns passos até mim.

- Mas magoou ok? E duvido mesmo que não tinha intenção! Você é um cachorro, na verdade, até um cachorro é mais fi... – antes que eu pudesse terminar, ele me puxou pela cintura e me beijou. Sabe quando você não quer algo, mas, se vê tão envolvida naquilo que acaba cedendo? Exatamente assim. Eu me odiava por estar retribuindo aquilo, mas, seu beijo era tão viciante, Justin era carinhoso e bom... Ele era bom. Droga, Amy!

Não sei quanto tempo o beijo durou, apenas mais do que eu esperava. Bem mais. Na verdade, eu nem esperava beijá-lo. Eu queria e não queria, entende? Quando a imagem de Justin e Selena passou pela mente para estragar o momento, eu o empurrei, o separando de mim. Ficamos nos fitando vergonhosamente por uns instantes, até eu sair correndo dali.

- Desculpa, Amy... – senti ele segurar meu braço. – Mas, o que foi, hein? Por quê?

- Eu... Eu só não quero parecer fraca. – fitei o chão e falei baixo.

- Eu acho que você já foi forte por muito tempo.

Ele sorriu e foi impossível não sorrir junto dele.

                                                     ◘◘◘

Desci as escadas rapidamente e quando cheguei ao ultimo degrau, Justin parou em minha frente, praticamente me impedindo de andar.

- Vai sair? – ele me perguntou, olhando-me de cima a baixo. Eu assenti e ele continuou. – E vai me deixar aqui sozinho?

- Estou brava com você. – sorri sarcástica e passei por ele indo até a porta.

Suspirei e coloquei a mão na maçaneta. Ouvi ele me chamar, mas, ignorei. Passei a tarde inteira trancada no meu quarto, tentando evitá-lo e quando penso em sair, ele vem me encher. Mais que droga!

- E como foi à premiação? Ganhou alguma coisa? – eu disse sem tirar a mão da maçaneta. Eu havia me lembrado agora disso e como uma irmã educada, resolvi perguntar.

- Eu não fui a premiação. – ele deu um auto suspiro. Como assim ele não foi? Ele me disse tantas vezes que aquilo era tão importante e essa coisa toda.

- Porque não foi? – eu disse me virando pra ele. Justin estava de braços cruzados, me fitando.

Droga, ele estava totalmente lindo, com seu cabelo bagunçado, o que lhe deixava sexy. Cara, eu não o vi a tarde inteira. Ele estava meio abatido, e parecia que tinha chorado.

- Eu... Eu não fui por sua causa ok? – ele coçou a nuca e deu alguns passos até mim. – Você sofreu o acidente e achei que era melhor ficar com você. Queria estar ali quando acordasse. – o vi sorrir. Eu continuei seria. Ainda pensara que na verdade era mais que sua obrigação ter ficado comigo, aliás, ele foi o motivo de eu ter sofrido o acidente.

- Mas, você disse que era... Importante. – mordi o lábio inferior.

- Você era mais importante no momento, não acha? – ele ainda continuava sorrindo e tinha o poder de me conquistar... Ele tinha um poder sobre mim, praticamente indescritível.

- Eu não acredito que vou dizer isso, mas... Quer ir com a gente? – eu disse erguendo os ombros, praticamente torcendo pra ele dizer um não.

- Você vai sair com quem?

- Vou me encontrar com Chris e Luciana naquele lugar chamado shopping. – suspirei.

- Ótimo. Eu vou. Só... Me de um minuto. – ele disse levantando o dedo indicador e saindo da minha frente. – Vou pegar a chave do carro!

O ouvi gritar e não disse mais nada. Eu estava tentando ficar um pouco longe dele, admito. Eu só queria um tempo pra pensar em tudo isso e na minha burrada. Eu estava a ponto de desistir de tudo sabe? Mas, eu fiquei feliz em saber que Justin tinha deixado de ir a um lugar importante pra ficar comigo. Bom, ninguém nunca deixou de ir a um lugar por minha causa. Aliás, passei minha vida inteira dentro daquele orfanato, e às vezes penso, que minha vida lá era mais fácil. Ou talvez não.

Logo vi Justin passando por mim e indo até a porta. Me despertei de meus pensamentos e logo o segui ate o carro, antes de fechar a casa, claro.

O caminho até o shopping foi calmo, porém, totalmente silencioso. Justin só se dirigiu a mim no momento em que me pediu para pegar um CD no porta luvas. Fiquei ouvido apenas a musica soar, enquanto olhava a janela. Não era tão fácil esquecer ele e tudo que passamos juntos. Das promessas, dos beijos, das conversar jogadas fora e até dos sentimentos abertos. Era difícil esquecer que por um tempo ele não foi apenas meu irmão adotivo. Ele foi mais que isso. E poderia ser isso por um bom tempo. Pena que o destino não quis assim. Mas, eu nunca fui muito de acreditar em destinos.

Quando percebi, já estávamos no estacionamento do shopping. Saí rápido dali e entrei ao shopping, eu iria encontrar Chris e Luci na praça de alimentação.

- LUCIANA! – eu gritei e fui até ela a abraçando, assim que a vi.

- Ah, você nos preocupou garota! – ela disse e logo completou quando nos separamos do abraço. – Ficamos sabendo do acidente.

- É? Mas, agora já está tudo bem. – sorri pra ela e logo fitei Chris e o abracei também. – E você, Chris? Como está? – eu disse rindo.

- Eu to bem e... Então, Justin veio? – ele disse assim que nos separamos do abraço e foi até Justin lhe dando um aperto de mão.

- Conseguiu perdoar ele? – Lu veio até mim.

- Ainda não. – suspirei. – isso é difícil e ele... Ai, não sei. É difícil.

- Eu sei que é. Aliás, foi ele que praticamente causou o acidente, certo?

- É. Foi. – eu disse franzindo o cenho.

Luciana saiu dali e foi cumprimentar Justin. Logo fui até eles me juntando.

- O que acham de assistirmos um filme? – disse Chris.

- É uma boa! – Luciana sorriu radiante.

- Acho ótimo. – Justin se mostrava entusiasmado.

Eles olharam pra mim e eu apenas assenti calada. Fomos até a fila e compramos nosso ingresso pra próxima sessão. Íamos assistir a um filme de vampiros ou algo assim. Por incrível que pareça, não foram muitas pessoas até Justin pedindo autógrafos ou fotos. Eu me sentia um pouco tensa por ficar ao seu lado.

- Bom gente, encontro vocês na sala do cinema, eu já volto. – eu tentei sorrir e sai dali me dirigindo para o banheiro.

O banheiro estava vazio, o que me dava uma tristeza profunda. Me apoiei na pia de mármore olhando meu reflexo no espelho. Tudo estava meio confuso pra mim e eu queria realmente chorar. Fechei os olhos tentando trazer um pouco te paz a mim, mas, então, foi ai que os pensamentos começaram a encher minha mente.

- Amy? – ouvi uma voz... Masculina? – Você ta bem?

Me virei rápido abrindo os olhos e dei de cara com Justin. Ele estava com seu rosto encostado ao meu e eu podia sentir sua respiração. Eu ainda me apoiava na pia. Mas, que diabos esse menino ta fazendo aqui?

- O que ta fazendo no banheiro feminino? Trocou de sexo, é? – eu disse dando uma risadinha curta.

- Cala boca. – ele riu. – Eu vim atrás de você. Parece obvio, não?

- Cafajeste. – apontei meu dedo indicador em seu rosto. – Porque veio?

- Te conheço, Amy... Sabia que você não estava muito bem. – ele sorriu sarcástico.

- É, mas, você não pode ficar no banheiro feminino comigo, vamos sair daqui. – antes que eu pudesse sair dali, Justin segurou meu pulso, me prendendo ainda perto dele. Sabe como é ficar de cara a cara com Justin Bieber sentindo sua respiração e morrendo de vontade de agarrá-lo ali mesmo, mas ter que se controlar para parecer forte? Pois é. Essa é minha realidade.

- Não acha que mereço outra chance? – ele disse passando seu dedo indicador entre meus lábios. Esse menino sabia me chantagear.

- Não! – praticamente gritei. – O que você quer? Porque não vai com a sua Seleninha? – eu ri um pouco.

- Porque, eu não quero ela.

- E você acha o que? Que pode chegar aqui me chantagear, dizer que sente muito e que tudo vai ficar bem?

- Não. – ele fitava meus lábios. Fechei os olhos com força e logo os abri novamente. – Mas, acredito que você possa me dar uma segunda chance.

- Só nos seus sonhos. – eu ri sarcástica.

- Amy vingativa?

- Se você a chamar ela pode vir. – eu ergui os ombros e ri.

Justin me beijou rapidamente. Me deixando sem escolhas. Retribuir ou afastar? Ok. Fui levada pelo momento. Demorei um pouco, mas, logo resolvi retribuir o beijo. Sua língua pediu passagem e eu a dei. Senti meu corpo se arrepiar como uma corrente elétrica, e me sentia idiota por ter me dado por vencida. Justin levou uma de suas mãos até minha cintura, enquanto eu levava a minha até seus cabelos e lhe puxava levemente. Justin praticamente me inclinou pra trás e aprofundou o beijo o deixando mais... Quente, vamos dizer assim. Passei minhas mãos por baixo da sua camiseta, acariciando seu tórax e logo depois indo até suas costas e a arranhando. Me senti sortuda por ainda não ter ninguém no banheiro. Justin tirou a jaqueta que eu vestia, enquanto eu também me livrava da sua e a jogava em qualquer canto. Senti ele apertar minha cintura e então agarrei seu pescoço com força. Aquilo estava indo mais longe do que eu esperava. Justin parou um pouco o beijo por falta de ar, deu uma risada maliciosa e começou a beijar meu pescoço enquanto eu segurava sua cintura. Tudo tão inesperado.

- AAAAAAAAAAAAA, OH MEU DEUS! – ouvimos um grito e então, empurrei Justin rapidamente.

Olhei para a porta do banheiro e tinha uma senhora que aparentava ter 60 anos nos olhando incrédula e talvez assustada. Ela olhou pra Justin e fixou seus olhos nele paralisada. É, ele é famoso e está em um banheiro feminino, ainda mais se agarrando aqui com sua aparentemente irmãzinha adotiva.

- Hã... Foi mal, senhora... – Justin coçava a nuca vergonhoso e olhava pros lados, acho que procurando sua jaqueta.

- McCann... Senhora McCann... – a senhora disse ainda paralisada.

- Eu vou sair e... Bom, é isso. A gente se vê lá fora, Amy. – Justin me deu um selinho e pegou sua jaqueta que estava no chão.

- Minha neta é uma grande fã sua. – a velhinha disse... Dando um tapa na bunda de Justin? WHAT? Que velhinha abusada.

- ah... Eu... Hã... Manda um beijo pra ela. – Justin riu e a velhinha ficou o olhando de costas.

- Belo namorado o seu, tem sorte. – ela piscou pra mim.

- Ah, obrigado... Eu acho.

Sorri fraco, vesti minha jaqueta, ajeitei meu cabelo e logo sai dali. Nossa. O que seria se alguém ou um paparazzi tirasse fotos de Justin saindo de um banheiro feminino e logo após eu? Seria engraçado.