Mais... perto...

  Quando cheguei em casa, papai nem perguntou aonde eu tinha ido. Dei graças também quando ele não notou as roupas.

  Eu estava agora no meu quarto, e não tinha nada para fazer. Já tinha feito todo o dever de casa, já tinha ligado para Avril, conversado com June, arrumado a roupa de amanhã...

  Só restava dormir.

  Me virei para o lado e fechei os olhos.

  Mas a real era que eu estava sem um pingo de sono, então eu fiquei rolando na cama até o telefone tocar. Pensei que fosse meu celular, ate a ficha cair e eu lembrar-me que ele estava descarregado.

  Me levantei e fui até a sala, atendendo.

-Alô?

-Oi, sedução.

  Mas que merda é essa...?!

-Brian?

-Se você me chamar de Syn ganha um biscoito...

  Franzi a testa, e me lembrei de falar mais baixo.

-Você está bêbado?

-Mas ainda estou sexy!

  Meu deus, não podia acreditar que estava no telefone ás onze horas com um bêbado...

-Liss? Olha, você tem que parar de ficar telefonando para as suas amiguinhas...

-Vai encher outro, Chad!

  Gritei, nervosa. Por que diabos Brian estava me ligando? Falando nisso, de onde ele tinha conseguido o meu telefone?!

-Brian, sei lá o que você está pensando, só sei que vou desligar; tchau.

-Ah, não vai nããããããããão! Vem me buscar, vem.

-EU VOU É...!

  Me lembrei novamente de que Chad estava na cozinha, e papai no quarto. Respirei fundo, colocando a mão na testa e fechando os olhos.

-Olha, não posso te ajudar, e mesmo se pudesse, não o faria.

-Por favor, Liss.

-Não! E pare de me chamar de Liss, não te dou essas confianças.

-Tá... Nós podemos fazer um trato.

  Ele se enrolou completamente, atropelando palavras e com a voz balançando. Quão bêbado ele estava?

-O que?

-Se você vi-vi-vier me buscar, eu paro de sacanear você.

  Foi uma desgraça quando ele falou “sacanear”.

-Promete?

  Perguntei, já me imaginando do lado de um bêbado.

-Palavra de escoteiro.

-Ah, vai se ferrar... Fala logo onde você está, Brian.

-Me chama de Syn, vai.

-Eu sou é acertar um tapa na sua cara quando chegar aí, seu sem vergonha!

-Cuida do heim, eu posso gostar.

  Bufei, e engoli a seco quando papai saiu do quarto para a cozinha.

-Olha, gata, eu não sei onde eu to não...

  Escutei vozes e gritaria, alem de musica de boate, ao fundo.

-É grande e tem luzes doidonas...

-Cara, eu vou para o Céu... Tá, é uma que tem um letreiro grande e em néon?

-É.

  Pelo incrível que pareça, não há muitas boates assim.

-O moleque doido aqui disse que se chama Cho’s alguma coisa.

-Tá, vai para fora e me espera.

-Ok...

  Escutei-o bater em algo e pedir desculpa, e depois desligar. Fui para o quarto e vesti um short qualquer, e uma blusa do Epica.

-Pai, vou ir buscar um trabalho na casa da June!

-A essa hora?

-É!

  E sai correndo, antes que ele perguntasse algo.

  Ele tinha a maior sorte, já que meu carro tinha voltado do concerto hoje.

  Fui até o estacionamento e entrei no carro, ligado e manobrando. Em poucos minutos eu já estava lá. Saí do carro e fui procurar por Brian.

-Tudo isso lá em casa, heim...

  Dei o dedo do meio para o babaca que disse isso, e continuei a procurá-lo.

-Vem cá, gatinha.

  Alguém me agarrou pelo braço, puxando-me.

-Da licença.

  Disse, puxando meu braço.

-Veja, Mike! Ela é esquentadinha.

-Adoro as que são assim.

  Ótimo.

-Não toca em mim!

  Gritei, batendo na mão do cara. Ele era enorme e forte, mas nem por isso eu tinha ficado com medo. Já tinha batido em bem maiores que ele.

-Vamos nos divertir um pouco, heim...

  Aí ele foi acertado por um punho bem no queixo, e caiu para trás. Só tive a reação de gritar e tampar a cara com as mãos.

  Depois eu reconheci aquelas tatuagens, e fiquei boquiaberta.

-SYN?!

-Tá me chamando assim agora, é?

  Perguntou, cambaleando. Arregalei os olhos para o outro garoto que vinha na direção dele.

-Syn! AH MEU DEEEEEEEUS!

  Gritei, empurrando-o para o lado. O soco do cara foi com tudo no vento, sem acertar ninguém. Aos poucos o babacas iam se aproximando para ver, gritando “briga!”.

-Nunca mais encoste naquela menina, ok?

  Disse, e acertou mais um soco.

-Ah, meu deus, entra no carro logo!

  Eu gritei pra ele, puxando-o e jogando-o no bando enquanto os caras estavam no chão. Acelerei, apertando o volante.

-VOCÊ É MALUCO, OU IDIOTA MESMO?

-Não grita comigo.

-É UM BEBADO SENSÍVEL, AGORA?!

  Respirei fundo, tentando me controlar.

-Adoro quando você fica com raiva. É sexy.

-É sexy, é?

  Ele assentiu.

  Dei um beliscão em seu braço que o fez grunhir, e depois disse:

-Isso também é sexy?! Por que eu acho que não!

-É, e você tem razão!

  Disse, me encarando de rabo de olho. Chegamos rapidamente em casa. Estacionei o carro e ele saiu primeiro, encostando-se na porta. Sai e quando passei por ele, Brian me puxou pela blusa e me colocou rapidamente contra o carro, me prendendo.

-Está maluco?! Vamos, Brian, me solta.

-Eu poderia, se quisesse.

-Brian Elwin Haner, se você não me soltar, eu juro que dou um chute bem no seu soldado, para que ela NUNCA MAIS funcione, ok?

-Está discutindo o futuro dos seus filhos.

-AI, SEU NOJENTO! Dá licença, Brian.

  Exigi, de testa franzida, empurrando-o.

-Vai dizer que não ficou nervosa quando eles vieram me bater?

  Engoli a seco, tentando arrumar uma explicação. NÃO, eu não tinha ficado nervosa, apenas... Tá, eu fiquei nervosa, mas não por ele.

-Não fiquei nervosa por você, seu convencido.

-Tá, vou fingir que acredito.

-Espaço, agora, por favor.

-Tá nervosa?

-Sim, quer dizer, não... Não, eu to nervosa... QUER DIZER, er...

-Shhhh...

  Disse, suspendendo-me do chão e me sentando no capô do carro, o rosto perto do meu.

-Não precisa ser tão difícil assim.

  Cada vez mais... perto...