Flor Negra escrita por Julia


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Admito que vocês têm o total direito de me mandar diretamente para Hades pela demora com que posto os capítulos. Eu compreenderia perfeitamente se Thanatos viesse atrás de mim com algum tipo de intimação que diga "levada ao Tártaro por não postar o final da história". Mas mesmo assim eu gostaria de esclarecer de uma vez por todas o que me fez ficar longe do mito de Hades e Perséfone por tanto tempo: Meu nome é Julia, eu tenho 16 anos e eu perdi a minha mãe no final do ano passado, ela se tratava contra um câncer por um ano e veio a falecer em novembro de 2012. Eu não senti a menor vontade de escrever depois disso, principalmente um mito que trabalhava tanto com a questão da morte, o perdão, a felicidade, mas principalmente o amor. Achei justo voltar a escrevê-lo apenas quando conseguisse sentir tudo isso novamente, então depois de sentir a morte, perdoar tudo que havia acontecido entre mim e uma pessoa, conseguir ser ao menos um pouco feliz, e por fim, amar de novo, eu voltei a escrever o mito de Hades e Perséfone. Agradeço a todos pela imensa paciência. E apenas um conselho: mudem, mudem mesmo, mas façam isso por vocês e não pelos outros.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/133414/chapter/10

   Palácio de Hades – Hades.

    A Deusa caminhou assustada ao lado de Hades. Ele não havia tentado qualquer ato desrespeitoso contra ela, mas a proximidade do temível deus do submundo ainda penetrava e gelava os ossos de Córe.

    Hades usava uma capa longa e negra como a própria morte que o fazia parecer ainda maior e mais assustador em contraste com a jovem deusa que vestia uma túnica de ceda rosada.

   - Córe – Hades chamou a deusa, seu nome dançava nos lábios dele como uma faca de dois gumes, de um lado a devoção e o amor e do outro o horror pela rejeição.

   - Hades – Córe, respondeu, afastando-se quando ele fez e menção de toca-la.

      O deus do submundo suspirou, nunca em toda sua existência ele havia sentido tamanha dor do que aquela que estava sentindo com o desgosto de Córe em estar ao seu lado, se ele não soubesse a verdade, se não tivesse plena certeza de que tudo aquilo não passava de uma das artimanhas de Deméter, ele permitiria que ela partisse.

      Mesmo que aquilo significasse que uma parte de seu coração também partiria com ela.

   - O senhor disse que tinha algo para me mostrar – a voz suave da deusa chegou até os ouvidos de Hades e ele despertou imediatamente de seu torpor angustiado.

   - Eu tenho. Me acompanhe – ele pediu gentilmente e guiou Córe até uma das planícies mais afastadas do Tártaro.

    Aquela seria sua prova de amor à Córe.

     Hades a levou entre alguns arbustos e depois permitiu que ela mesma explorasse o local. A alegria da deusa preencheu seus olhos quando ela viu a pequena surpresa que lhe fora reservada. Um jardim. Um belo jardim as margens do inferno onde Hades tratou de cultivar ao menos uma flor de cada canto do mundo mortal e do Olimpo, colocando-as em vasos esculpidos em ouro e cravejados com as mais belas pedras do submundo. Tudo aquilo para sua doce amada.

     - É lindo, senhor – Córe murmurou e lhe lançou um sorriso jovial, um dos mesmos que o haviam encantado.

    - Espero que você goste, querida.

    - Eu adorei, é perfeito – aquelas palavras, simples mas ao mesmo tempo repletas de amor deram a Hades esperança.

     

    Jardim do Submundo – Córe.

    Ela estava maravilhada, seus olhos capturavam a beleza de cada uma das flores enquanto suas narinas enchiam-se daquele doce perfume.

    Córe se sentia em casa, não no Olimpo, não no palácio de Deméter. Mas em casa, em meio as flores. Algo dentro dela começou a queimar, um calor familiar e aconchegante. Uma chama que ela havia sentido antes.

    Algo que a fazia crer – que por mais estúpida que fosse a ideia – Hades poderia não ser totalmente mau.

   Talvez ela pudesse até amá-lo.

   Talvez ela pudesse ser feliz com ele.

   - Há algo mais – a voz de Hades a fez deixar seus devaneios e prestar a atenção nele.

     Córe se moveu de maneira quase automática na direção que ele apontava, em poucos instantes estava no meio do jardim, encarando uma árvore repleta de suculentas romãs.

   Ela não pode conter a si mesma e pegou uma delas, Hades pareceu satisfeito pois não a impediu de nada. A deusa contornou o fruto com seus dedos e o abriu, em seguida, com extrema cautela, levou alguns grãos do fruto aos seus lábios.

   Ela nunca havia sentido nada parecido. Não era o sabor, nem mesmo a textura. Mas no momento em que pos o fruto na boca algo dentro dela se partiu, a sombra que a circundava desde que chegará ao Submundo se desfez. E ela olhou para Hades.

   Ah, Hades, o belo deus que a havia conquistado até sua mãe lançar um feitiço que a fizera esquecer de seu amor por ele.

   Córe se sentiu terrivelmente mal por isso, mesmo sem querer havia machucado o coração de seu amado. Ela deixou o fruto cair no chão no instante que os olhos de Hades encontraram os seus, e quando ela fitou os olhos cristalinos dele teve plena certeza de que o deus ainda a amava.

   Da mesma forma que ela o amava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Flor Negra" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.