Skip Beat - a Revolta do Príncipe escrita por Mirytie


Capítulo 42
Capítulo 42 - Encharcada


Notas iniciais do capítulo

Enjoy ^^



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A chuva continuava a cair sem sinais de querer abrandar.

Os atores estavam abrigados numa tenda improvisada, enquanto esperavam as próximas ordens do diretor que falava acesamente com os agentes. Alguns protestavam porque não queriam que os seus clientes fossem expostos a tais condições. Tora fazia parte deles mesmo depois de Kyoko dizer que não tinha importância.

- Você sabe o que está a pedir!? – exclamou Tora quando lhe deram uma oportunidade de falar – A Kyoko vai ter de cantar amanhã! Vai chegar-se à frente se ela tiver de cancelar por ter uma constipação?

- Afinal ela é atriz ou cantora!? – contrapôs o diretor com pouca paciência para aquilo tudo – São nestas alturas que ela tem de decidir!

- O que é que quer dizer? – perguntou Tora sem desistir.

- Estou a dizer que já fui muito bom em dar-lhe o dia de folga, amanhã! – gritou o diretor – Se continuar assim, posso facilmente substitui-la!

Com uma cara pouco satisfeita, Tora virou costas e voltou para junto de Ren, Kyoko e Yashiro.

- O que é que se passou? – perguntou Kyoko preocupada.

- Nada. Ele estava só a fazer bluff. – respondeu Tora com cara de poucos amigos – Por enquanto, vais ter de fazer as cenas. Eu vou telefonar para a LME.

- É melhor não. – aconselhou Yashiro – O diretor pode não estar a fazer bluff.

Tora olhou durante um bocado para Yashiro, enquanto pensava. Talvez ele tivesse razão. Por outro lado, se a Kyoko não conseguisse cantar no dia seguinte, a culpa seria dele. Sabia que, se telefonasse para a LME, o presidente daria imediatamente a ordem. No entanto…e se Yashiro estivesse a falar a sério? Afinal, ele estava naquele meio há mais tempo do que ele.

- As cenas vão ser pequenas. – disse Ren interrompendo os pensamentos de Tora – E eu vou estar atento ao estado dela.

- Eu não sou nenhum bebé! – protestou Kyoko que tinha o casaco de Ren vestido porque tinha-se esquecido de levar alguma quente na noite anterior.

- Não te preocupes. – disse Ren para Tora depois de pegar num guarda-chuva – Eu não vou tirar isto de cima dela até dizerem “ação”.

Tora suspirou mas teve de conformar-se. Não queria ser a causa para o despedimento dela. Olhou para o lado e viu que os outros agentes também já tinham dispersado para a beira dos respetivos clientes. Aquele diretor não era para brincadeiras.

- Está bem. – disse Tora, finalmente.

 Tal como Ren estava ao lado da sua namorada, também Sho estava ao lado de Chiori que corava, embaraçada por ele estar com o braço por cima dos ombros dela com a desculpa de estar com frio.

“Se sabias que ia estar frio devias ter-te vestido melhor” dissera ela mas ele apenas a apertara com mais força e respondera “Isto funciona melhor”.

Afinal, pensava que iam fingir não serem mais do que colegas.

- A primeira cena vai ser com o Iori e a Emi. – informou o diretor. Como tinha obrigado os atores a andarem à chuva, não disse nada quando Kyoko acompanhou Ren com o guarda-chuva e Sho acompanhou Chiori com o casaco dele por cima da cabeça dos dois.

- Não tens de fazer isto, sabias? – murmurou Chiori com a cara vermelha.

- Se ficares constipada depois não te posso beijar. – murmurou Sho rindo quando abriu a boca em choque – Vamos despachar isto, está bem?

- Isto vai ser assim. – começou o diretor quando os dois pararam à sua frente – A Emi acabou de ouvir que a Ileina vai casar com o Taú e está preocupada com o irmão. Portanto… - ele virou-se e apontou para o portão da universidade – Chiori, tu vens a correr dali até chegares aqui e veres que o teu irmão tinha acabado…vocês sabem as cenas! – disse o diretor, cansado de explicar – Ren, tu podes ficar com o guarda-chuva. Afinal, vieste trabalhar e por isso tinhas o guarda-chuva contigo.

Ambos anuíram com a cabeça. Chiori saiu da universidade sempre acompanhada por Sho que a abrigava e Ren entrou no edifício depois de devolver Kyoko ao abrigo.

- Odeio quando há namorados em cena. – suspirou o diretor antes de gritar ação – Ação!

“Emi entrou na universidade a correr e a ofegar e parou no meio do pátio, olhando em volta, à procura do irmão. Tinha os cabelos a pingar, as roupas ensopadas e provavelmente ia ficar doente por ter vindo a correr de casa até ali mas isso não importava.

Nada disso importava!

- Como é que ela pode casar-se com o Taú! – gritou Emi com os olhos fechados como se estivesse a tentar libertar-se da fúria.

- Emi?

Emi abriu os olhos e viu o irmão com um guarda-chuva preto na mão. Provavelmente tinha acabado de leccionar.

- Onii-san! – gritou Emi correndo para os braços do irmão.

- O que é que estás aqui a fazer? – perguntou Iori passando-lhe uma mão pelo cabelo – Estás encharcada!

- Nii-san! – continuou Chiori afastando-se – Eu soube do casamento!

Então Iori sorriu mas a expressão era de sofrimento. – Não precisas de te preocupar com isso.

- Mas tu…

- Eu sou o professor dela. – completou Iori olhando com um olhar severo para ela – Só um professor e nada mais, percebido?

- Isso não…

- Percebido, Emi!? – insistiu Iori mais bruscamente.

Emi encolheu as sobrancelhas com o ar de quem estava prestes a chorar por isso Iori fez-lhe festinhas na cabeça.

- E que tal irmos para casa, agora? – sugeriu Iori começando a dirigir-se para o portão.”

- Corta! – gritou o diretor, contente com a cena – Próxima cena: Ileina e Taú.

Kyoko e Sho aproximaram-se do diretor e, depois de chamar a atenção a Sho que observava Chiori, começou a explicar a cena.

Como pedido, Sho e Kyoko foram para dentro de edifício e esperaram que a campainha que o realizador tinha trazido tocasse. Cinco segundos depois, saíram mas, antes sequer de Kyoko ter tempo de dizer a primeira fala…

- Corta! – gritou o diretor assustando Kyoko – De mãos dadas, por favor!

Tal como pedido, eles voltaram para dentro e desta vez, quando a campainha falsa tocou, eles saíram de mãos dadas, mas nem deram três passos.

- Corta! – gritou o diretor novamente – Que tipo de expressão é essa, Sho!? Não pareces apaixonado pela Ileina!

Depois de receberem as indicações, voltaram para dentro, saíram de mãos dadas quando a campainha tocou e, finalmente chegaram a meio do pátio.

“Ileina parou de repente a meio do caminho do portão. Tinham-se esquecido do guarda-chuva mas não era isso que estava na sua mente, agora.

Bruscamente, arrancou a sua mão da dele e olhou-o com a raiva que se tinha acumulado durante o dia todo.

- Como é que foste capaz de contar à escola toda que nós íamos casar!? – exclamou ela à beira das lágrimas – E logo na aula do professor Iori!

- É a verdade! Porque é que nós haveríamos de esconde-la?...”

- Corta! – gritou o diretor interrompendo a cena e surpreendendo toda a gente – Sho, achas que o teu tom de voz foi apropriado?

Voltar atrás. Recomeçar.

- Corta!

Voltar atrás! Recomeçar!

- Corta!

Voltar atrás!! Recomeçar!!

- Corta! – gritou o diretor e só não se aproximou porque sentia presenças malignas em volta de Kyoko – Sho, a tua expressão continua mal. Pareces aborrecido e não apaixonado! Vamos outra vez!

Voltar atrás!!! Recomeçar!!!

- Corta! Vira os olhos para ela, Sho! – disse dessa vez – Tu estás chateado por ela ter mencionado o professor Iori!

Voltar atrás!!! Recomeçar!!!

- Corta! Arranja o colarinho do teu casaco, Sho!

Voltar atrás!!! Recomeçar!!!

- Corta! – o diretor olhou em volta – Eles estão demasiado molhados para quem acaba de sair da escola…se calhar era melhor fazermos isto no sábado.

Voltar…No…SÁBADO!!!!!?

- Não! – o grito de Kyoko ouviu-se pela universidade inteira – Vamos fazer isto agora e vamos fazer isto bem!!!

O diretor olhava para ela, perplexo. Ninguém falava assim com ele desde a sua infância. – Menina, o que é que disse? – perguntou ele num tom ameaçador.

- Eu disse que vamos acabar esta cena a-go-ra! – Kyoko podia estar a entrar no inferno de livre vontade mas não ia deixar que alguém arruinasse aquilo que estava planeado para sábado. Com todos os demóniozinhos à sua volta, ela olhou para Sho, que deu um saltinho no mesmo momento – Estamos a fazer isto há mais de duas horas! A minha pele está a ficar enrugada por causa da chuva! Fazes o favor de fingires que és um ator e representares como deve ser!?

Sho anuiu com a cabeça no mesmo segundo e engoliu em seco. O que quer que fosse que ela tinha planeado, era suficientemente importante para desafiar o homem que podia despedi-la.

Voltaram a entrar na faculdade, Kyoko suspirou fundo para entrar na personagem, enquanto duas ajudantes limpavam-na e a Sho o melhor que podiam. Quando acabaram, Kyoko estendeu a mão para Sho e sorriu com determinação.

- Estás pronto? – perguntou.

- Não podia estar mais. – respondeu Sho dando-lhe a mão.

Dessa vez, o diretor só gritou “Corta!” no fim da cena que demorou cerca de meia-hora a filmar.

Ainda à chuva, depois de sair da personagem, Kyoko levou as mãos aos olhos para os limpar e sorriu, satisfeita. Viu Tora a correr para ela com um par de toalhas e Ren logo atrás com o largo guarda-chuva.

Quando ela espirrou, os rodeantes olharam para ela como se estivessem horrorizados.

- Eu estou bem. – garantiu Kyoko quando Ren parou ao lado dela.

Mais um espirro.

Sousuke espirrou.

- Estás constipado? – perguntou o amigo por pura curiosidade.

- É só um resfriado. – corrigiu Sousuke.

Era hora de intervalo e, mesmo assim, eles não podiam deixar a sala. Não que Sousuke se importasse. Estava frio lá fora e ele tinha uma vista privilegiada para o pátio, do sitio onde estava.

- Há pouco tempo ouvi alguém a gritar “Não”. – comentou uma das raparigas irritantes que seguiam-no sempre – A principio parecia a voz da Marisa. – a rapariga riu-se – Mas não sei se ela conseguiria entoar um “Não” sem desafinar.

O grupo de raparigas que obviamente era liderado pela anterior, começaram-se a rir como se aquilo fosse uma grande piada.

- Foi a Kyoko. – murmurou Sousuke e as raparigas calaram-se imediatamente.

- Ouvi dizer que ela vai gravar um programa para a MTV, amanhã. – começou uma.

- Ouvi dizer que ela está grávida do Tsuruga-san e é por isso que ele está com ela. – continuou outra.

Era assim que começava, pensou Sousuke revirando os olhos. Os rumores incomodavam-no tanto que às vezes acabavam em dores de cabeça.

Sem conseguir ouvir mais murmurinhos, Sousuke saiu para o corredor, fechou a porta atrás de si e encostou-se a ela.

Era estritamente proibido sair da sala a não para situações urgentes e Sousuke considerava aquilo uma situação urgente. Bem, não ia aproximar-se do pátio e isso era o mais importante, certo?

Com súbita curiosidade, Sousuke caminhou mais um pouco e prostrou-se diante de uma das janelas do corredor que tinha vista parcial para o pátio. Dali não conseguia vê-la. Só a um grupo de pessoas que carregavam toalhas, secadores e outras engenhocas de um lado para o outro.

Tinha de se aproximar. Afinal, eles não estavam a filmar por isso não incomodaria, mesmo se passasse por lá. Decidiu que ia só dar uma espreitadela e voltar quando eles começassem a filmar, com a desculpa de que tinha ido à casa-de-banho.

No entanto, estava prestes a esconder-se atrás de uma estátua quando o viu…e quando ele o viu a ele.

- Hei, tu!

Sousuke quase o ignorou mas como é que alguém poderia ignorar o Ren Tsuruga?

- Sim?

- Podes indicar-me o caminho para a cafetaria? – pediu Ren com sinceridade.

- Claro! – acedeu Sousuke num tom alegre demais para a ocasião.

E falso demais, pensou Ren. Era um azar ter dado logo com ele mas a prioridade não era essa.

- Então…vai sempre em frente. – começou Sousuke – Depois, quando chegar ao fundo tem uma porta à esquerda por onde tem de entrar. Vai sempre até encontrar a terceira porta à direita. E está na cafetaria.

- Oh, obrigada pela ajuda. – agradeceu Ren.

- Não tem de quê. – respondeu Sousuke.

Sousuke jurava que estava prestes a voltar para a sala quando ouviu…

- Kyoko! – chamou Ren abanando a mão no ar.

Ela aproximou-se com o nariz meio avermelhado, uma toalha na cabeça, outra em cima dos ombros e o casaco de Ren por cima de tudo.

- Já sei onde é a cafetaria. – disse Ren fazendo uma festinha na cara de Kyoko que parecia verdadeiramente miserável e digna de pena – Queres que eu te prepare um chocolate quente.

Os olhos dela brilharam. Por muitas vezes que ela tentasse preparar o chocolate quente, nada se comparava ao que Ren fazia!

- Sim! – exclamou ela, super contente…e depois olhou para trás – Sou…

- E que tal irmos! – interrompeu Ren porque ela tinha estado prestes a dizer o nome de Sousuke – O diretor vai ficar zangado se demorarmos muito.

- Querem saber… - disse Sousuke sem os deixar fugir – Porque é que eu não vos acompanho? Para ter a certeza de que não se perdem.


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Notas finais do capítulo

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