Deitada de lado na confortável cama coberta por um lençól rosado. Sakura agarrava seu travesseiro com força, escondendo do nariz à barriga com ele, enquanto mantinha suas coxas pressionadas ali. Tinha ficado quieta desde a sua última conversação com o conde. Seus olhos tremiam lentamente, e piscavam-os poucas vezes que o normal.
         Se eu sou tão orgulhosa, insensível, decidida e hiperativa, por que me sinto tão mal? Por que pareço me importar com o Sa? Ahhhhh!
         Esfregou o rosto no travesseiro, dando uma leve mordida em uma parte qualquer dele.
         Ficar com o conde me faz esquecer do Sa, acho que estou sendo muito injusta com os dois. Preciso dizer a verdade para ambos, com certeza entenderão.
         Virou-se ao outro lado, fechando os olhos rapidamente.
         Bem, agora pra dormir vai ser difícil...
         Na mesma hora, dormiu.








                                                 (...)










         Arrependida, Sakura resolvera voltar à mansão naquela manhã. Estava um pouco envergonhada, contudo, já dentro do imenso jardim, não queria voltar atrás.
         Shino regava algumas tulipas por ali, não percebera a presença da rosada no "Eden", e nem daria atenção se percebesse. Contudo, a jovem chegou nele do mesmo jeito.
         - Escuta, Shino. O condinho tá aqui?
         - Huh. - o rapaz não deu a mínima, e distanciou-se.
         - Ahhhh... tá, entendi... - sorriu sem graça. Indo até a mansão, e entrando. - Conde, eu... - parou de falar ao ver o conde descendo a escada junto de Karin enquanto riam. Os dois estavam bem arrumados, parecia que iam sair. O rapaz só percebeu a presença da rosada quando desceu a escada totalmente.
         - Sakura? O que fazes aqui? - perguntou, ainda sorrindo.
         - Er... - olhou para baixo, pensando no que ia responder. - Eu só vim aqui dar um oi... - se aproximou dele, dando-lhe um empurrão com a mão esquerda enquanto olhou para ele com um sorriso sem graça. O rapaz a estranhava enquanto tentava não cair no chão, a mesma não parecia estar legal, principalmente por aquele sorriso forçado. Logo após disso, a moça saiu da mansão, fechando a porta lentamente, se escorando ali.
         Ele sempre se preocupou comigo, mas por que sorria daquela forma?
         Estou me sentindo péssima. Não deveria ter voltando atrás no dia da viagem.
         Desencostou da porta, saindo do local completamente. Resolveu ir ao restaurante onde encontrou o conde, queria poder lembrar coisas engraçadas para esquecer das coisas ruins. O local não tinha tanta movimentação, estava agradável para Sakura poder pensar.
         - Posso anotar o seu pedido, senhorita? - perguntou um garçom, enquanto Sakura sentava em um lugar qualquer.
         - Um vinho, ok? - respondeu ela, piscando para ele.
         - Já trago, senhorita. Com licença. - disse ele, saindo do local.
         Cereija olhava o céu pela janela enquanto pensava.
         Há computadores aqui, mas não estou com vontade de usá-lo hoje. E isso por causa do conde. Não gosto daquela garota. Não mesmo. Ela me dá nos nervos. E ele também!
         - Aqui está. - o garçom chegou até ela, colocando a taça na mesa.
         - Obrigada. - puxou a taça mais para perto.
         Se o conde estivesse aqui, eu iria dar uma bofetada tão grande que ele nunca mais esqueceria.
         - Aquele foi a saudação mais estranha que já me destes.
         - Hein? - Sakura se assustou quando viu o conde sentado na mesma mesa que ela.
         - Calma.
         - Me seguiu?
         - Não. Resolvi dar uma passada aqui, pois foi onde nos conhecemos. - sorriu para ela.
         - Humph! Nem me impressiono mais com suas "aparições". - virou o rosto, voltando a olhar o céu pela janela.
         - Falando assim, me faz parecer um monstro ou um fantasma - sorriu ele. -, mas, olha, e-
         - Sabe, a maioria das pessoas costumam dizer que o dia só é lindo quando se tem sol e céu azul. E sempre reclamam quando o céu está parcialmente ou totalmente nublado e, além disso, nunca, mais nunca pode chover. Me pergunto do porquê não vão morar num deserto. - riu ela. - Meus dias favoritos são aqueles onde o céu está nublado, mas com aquele cinza bem clarinho. Também adoro quando garoa lentamente, assim fica um dia bem chiquérrimo. - o céu estava do jeito que Sakura descrevera, nublado com um cinza bem claro. Sasuke sorriu, e se levantou, pegando em uma das mãos de Sakura, puxando-a. - O que foi? - perguntou ela, sem saber para onde ele queria levá-la.
         - Não se preocupe. Vamos só aqui fora.
         - Mas eu não paguei a minha bebida, conde.
         - Já deixei o dinheiro na mesa sem que percebesses. - disse ele.
         - Imprevisível como sempre. - arqueou uma sobrancelha. Finalmente, saíram do restaurante. Sasuke olhava o céu, enquanto Sakura acompanhou o olhar do rapaz, focando seu olhar no céu. - Neve...
         - Eu amo a neve. - disse o rapaz. - Quando pequeno, brincava de fazer bonecos de neve com mamãe.
         - Ela... morreu? - perguntou ela.
         - Morreu. Mas não quero falar disso, me desculpe.
         - Eu quem peço desculpas.
         - Mesmo assim, me desculpe pelo ocorrido na mansão. Eu sei que não gostas da Karin, mas também tenho carinho por ela, e nem por isso deixo de me preocupar contigo. Sem falar que fiquei feliz em saber que se preocupa comigo. - sorriu ele, olhando pra ela.
         - Não me preocupo. - virou o rosto.
         - Seu super empurrão não diz isso.
         - Tá, tá. Chega, conde! - exclamou ela, enquanto Sasuke ria alto.
         - Quer esperar um pouco para podermos fazer um boneco de neve? - perguntou ele.
         - Definitivamente não. - respondeu ela, se distanciando do restaurante.
         - Ei, espera. - chamou-a em voz alta, seguindo-a.
         - Não me siga, oras.
         - Por quê? Estávamos tão bem ainda à pouco.
         - Blá, blá.
         - Quer ir em um lugar de Londres que nunca fostes? - perguntou ele, parando de seguí-la. A garota deu mais alguns cinco passos, parando em seguida.
         - Que lugar? - perguntou Sakura, curiosa.
         - Venha comigo. - estendeu a mão para ela, enquanto a mesma virava, indo em direção dele. Porém, parou no meio do caminho ao ver o policial que a caçava nos EUA passando por ali de moto.
         - E-Er... v-vamos logo, sim? - sorriu sem graça, puxando ele pelo braço.
         - Espera... nem sabes o caminho. - disse ele.
         - Então guie-me, mas depressa. - disse ela.
         - Nossa! O que deu em ti? - perguntou ele, curioso.
         - Nada, nada.
~       Isso está ficando sério. Com certeza, alguém sabe sobre minha identidade secreta. Mas quem?







                                                 (...)










        
         O jovem Uchiha guiou-a até o lugar onde ela nunca fora. Era uma ponte onde o rio fluia lentamente(ou não) sob a mesma. Aquela água refletia, de forma trêmula, a neve que caía e, apesar de não ter a Lua cheia como Sasuke queria, estava encantado. Especialmente por poder ver parte da cidade dali, e também por perceber como Sakura estava impressionada.
         - Como é linda ver daqui... - disse Sakura, segurando-se no muro enquanto tirava os calcanhares do solo.
         - Sabia que não viestes aqui. - sorriu. - Costumava vim aqui com mamãe sempre que tinha Lua cheia, mas, depois que ela se foi... costumo vim aqui quando quero pensar nela, lembrar os melhores momentos... - Sakura não olhou para ele, mas ouvia atentamente cada palavra que ele dizia. - Ela se foi quando eu ainda era pequeno e, desde então, é um pouco difícil continuar vivendo.
         - Sua mãe, pelo menos, cuidou de você até o fim. Já a minha me abandonou. Sempre me levou e buscou na escola, mas um dia, ela me levou e nunca mais voltou para me buscar. - a rosada estendeu a mão, tampando a Lua de sua visão. - Contudo, ainda assim, continuo vivendo com muita força. Eu poderia ter desistido da vida naqueles dias difíceis, mas eu não desisti. E se sua mãe cuidou de você até quando pode, foi porque ela queria que você se tornasse um grande homem. - disse ela, ouvindo Sasuke suspirar.
         - Ahhh, Sakura... - abraçou ela com força. - O que fazer sem ti? - o abraço foi retribuído alguns segundos depois.
         - Não diga is-
         # VRRRRR #
         O celular do bolso da calça da rosada vibrara, interrompendo o abraço dos dois.
         - Quem será? - perguntou Sasuke.
         - Eu não sei. - pegou o celular, atendendo. - Oi?
         - Sakura? - perguntou.
         - Sim, quem fala?
         - É o Itachi, precis-
         - Como conseguiu meu número?
         - Ahh, isso não importa! Onde você está?
         - Estou aqui em uma ponte com o conde, por quê? - perguntou ela. Sasuke fazia mímica com os lábios perguntando quem era, mas a garota ignorava-o.
         - Ah, ótimo! Coloca no viva-voz, queria falar com os dois mesmo.
         - Ok. - e assim ela fez.
         - Gente, preciso falar algo para vocês. Venham até a mansão.
         - Não, venha você até aqui. - disse a garota.
         - Concordo com ela, Itachi. - disse Sasuke.
         - Mas é que eu não sei bem onde fica a ponte que você ficava com a mam... - Itachi calou-se na mesma hora. - Quer dizer, não sei onde fica a ponte, patrão.
         - Itachi, nos encontramos no restaurante "My deep love core", ok? - perguntou ela. - Bye. - desligou.
         - Por que fez isso, Sakura? - perguntou o conde.
         - Eu tenho certeza que ele vai vim e, quando ele chegar, os dois vão me dizer a verdade. Por que isso me cheira mal. - puxou ela pela orelha.
         - Ai, ai! - acompanhou-a apulso.
         - Idiota.
         E assim foi, Sakura e Sasuke esperaram pelo Itachi no restaurante, bem no fundo. O empregado chegou bem rápido, e foi logo chegando no casal.
         - Tive que vim correndo. - disse Itachi, sentando-se à mesa.
         - Que lindo, adorei sua franja jogada pro lado esquerdo, e o seu cabelo por dentro do cachecól. Tá chique. - disse Sakura, sorrindo.
         - Obrigado, obrigado.
         - Anda, me conte. - disse Sakura, cruzando as pernas e os braços.
         - Bem, gente. Eu achei quatro passagens para Buenos Aires, e achei que poderia ir vocês - Itachi contou nos dedos, enquanto Sakura concordava com a cabeça lentamente, e socava os cantos da boca com a língua. -, Naruto e... - Sakura arregalou os olhos, fingindo estar bem impressionada enquanto continuava com as mesmas ações. - eu. - sorriu Itachi. Sakura continuou concordando por mais uns segundos, parando.
         - Ahhh, que legal! Mas não me contou ainda. - disse Sakura.
         - O quê? Eu já contei o que tinha de contar. - falou Itachi.
         - Não, não disse. - levantou da cadeira, andando em volta de Sasuke e Itachi. - Antes estava em dúvida, depois achei que era minha imaginação, mas, agora, eu tenho certeza. - disse Sakura.
         - Do quê? - perguntou Sasuke, olhando para Itachi.
         - Que vocês dois são irmãos. - parou de andar, pondo as mãos na mesa. - Eu tenho certeza disso!
         - D-De onde tirastes isso, Sak-
         - Cala a boca, conde. - disse Sakura, o interrompendo. - Vocês são irmãos, não são?
         - É claro que... - Itachi iria dizer não, mas interrompeu-se, olhando para baixo. Sakura olhou para o conde, e ele fez o mesmo que o irmão. A rosada se aproximou do conde, dando-lhe uma bofetada.
         - Tenho certeza que você que queria esconder isso, conde. Não sei porque ter vergonha dele, se ambos são tão bonitos. Estou desapontada. - disse ela, indo em direção da saída. Todavia, parara na metade do caminho quando Sasuke se levantou com tudo, começando a falar em voz alta.
         - Não digas coisas que não sabe! A sua pessoa não sabe de nada! - o rapaz chamou a atenção de todos no restaurante, mas não deu a mínima, e apenas se aproximou de Sakura, pegando nos ombros desta, balançando-a. - Foi por causa dele que mamãe morreu! - disse Sasuke, deixando lágrimas escorrerem pelo rosto.
         - Conde... - Sakura entristeceu-se na mesma hora, mas não deixou de ficar confusa com a situação.
         Itachi mantinha sua cabeça baixa, queria se defender, mas preferiu calar-se naquele momento. Não queria ficar mal com seu irmão, a pessoa que ele mais ama.
         - Mas como isso? - pessoas perguntavam para outras pessoas no restaurante.
         - Aquele empregado é irmão do conde? Eu não acredito.
         - Isso vai causar polêmica...
         - Oh my God!
         Sasuke respirou fundo, abaixando a cabeça e levantando-a depois de dois segundos.
         - Agora não tem como esconder isso mais... - disse Sasuke, abaixando o tom de voz. Tentando dizer as coisas para que só Sakura ouvisse. - Sakura, eu... - ele não conseguiu terminar de falar. Por isso, saiu do local rapidamente, deixando a rosada e seu irmão ali.
~       O que está acontecendo? Nada faz sentido agora. Se Itachi foi o culpado de tudo, por que ele o tem como o empregado mais fiel? Por que ambos parecem se dar bem? E por que escondem isso? E agora tenho mais problemas para me preocupar... eles dois, o policial, o Sa...







                                                 (...)










        
         Enquanto isso, alguém vasculhava uma casa. Sim. Uma casa. E não era uma casa qualquer, mas sim a casa de Sakura. Esse alguém usava o mesmo sobretudo daquele dia, não esqueceu também de usar o capuz. Essa pessoa estava por ali já fazia algum tempo e, devido à isso, conseguiu achar, finalmente, o que queria: Os quadros superfamosos.
         Tinha passado em vários jornais sobre o roubo dos quadros, mas quase ninguém dara atenção para tal notícia. Pois nada podiam fazer, pois não tinham pistas nenhumas.
         Numa rápida movimentação da mão esquerda até o bolso, a pessoa pegara o celular.
         - Pode falar. - foi o que disse inicialmente. - Sim, Karin. Eu achei os quadros. Só precisamos confirmar ao Neji agora. Mas quero brincar mais um pouquinho. - disse a pessoa. - Sakura é mesmo aquela ladra dos Estados Unidos.








CONTINUA...