The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 26
Vilã




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Um barulho chato e contínuo permanecia no quarto. Lembrava-me um gotejar infinito, daquele tipo enlouquecedor. Abri meus olhos para a exaustão; mal conseguia manter as pálpebras separadas. Reconheci de onde vinha o som – o aparelho media a freqüência de meus batimentos cardíacos. Olhei para baixo sem mover a cabeça, e vi minha perna esquerda engessada. Varri o resto do quarto com os olhos, passando eles pela televisão, a mesa, o frigobar e o sofá, onde meu namorado me encarava com certa preocupação. Assim que me viu acordada, ele suspirou e apoiou as mãos nas coxas para ficar em pé. Andou até mim, sentou na beirada da cama, e beijou minha testa.
- Oi. – Edward segurou minha mão. Um clima estranho invadiu o quarto. – Tente ficar parada, está bem? – Ele completou, carinhoso.
Encarei seus olhos por longos minutos.
- O que aconteceu? – Perguntei. Aquela voz nem parecia minha.
- Você bateu o carro. - Um flash de lembranças passou por minha mente. Vi outra vez o rosto de Tanya, enquanto ainda estava abraçada a ele, e minha cabeça doeu. – Fez uma tomografia quando chegou aqui, você teve um traumatismo, mas bem pequeno. Vai melhorar tão rápido quanto a perna. – Edward tentou sorrir, mas eu o conhecia bem o bastante para saber que não estava bem. Eu queria sentir pena dele, mas só um sentimento me invadiu por completo.
- Onde ela está? – Perguntei, séria. Ele me olhou com a mesma expressão.
- Ela foi embora.
- É, eu acho bom mesmo.
Ele ficou em silêncio, e me perguntei por um segundo se fora grossa demais. O celular de Edward tocou e o mesmo suspirou, ficando em pé.
- Só um segundo. O restaurante está uma loucura hoje e alguns fornecedores acabaram atrasando... – Ele disse, atendendo com relutância. O Dr. Cullen entrou, sorrindo para mim enquanto fechava a porta com a mão livre. Seu filho saiu sem nos olhar.
- Que bom que já acordou. Como está? – Carlisle pendurou o prontuário, esbanjando simpatia. Aquela foi a primeira vez em que reparei nos mínimos fios brancos saindo de seu cabelo louro.
- Bem. – Ele se aproximou e ergueu minhas pálpebras, olhando dentro de meus olhos com uma espécie de lanterna. Incomodava.
- Consegue se lembrar de tudo, no acidente? – Esticou um dedo e me pediu para seguir com os olhos. Obedeci, sentindo uma espécie de náusea e confusão.
- Lembro de ver o carro na minha frente... Mas não da batida. E então, acordei aqui.
Ele assentiu, colocando as mãos nos bolsos sem deixar de me olhar.
- É normal sentir-se um pouco desorientada, ou com dores de cabeça. Não é provável que aja nenhum sangramento, o traumatismo foi leve, ainda bem. – Ele franziu a testa.
- Quando vou poder ir embora? – Perguntei, ansiosa.
- Tudo depende do andamento da sua melhora, Bella.
Suspirei, afundando um pouco mais a cabeça no travesseiro. Não estava exatamente deitada, e muito menos sentada. Todas as posições possíveis são desconfortáveis quando se está numa cama de hospital.
- Sei que é ruim, mas você sairá daqui nova em folha se garantirmos que não haverá nenhuma sequela. – Carlisle tentou me animar.
Edward abriu a porta. Eles se entreolharam e sorriram, mas só um pouquinho. Carlisle deu um tapa amistoso no ombro de seu filho, e saiu, não sem antes se despedir de mim com um sorriso estonteante. Meu namorado sentou novamente na beirada da cama, pegando minhas mãos.
– Está muito brava comigo?
Franzi a testa.
- Não... Não, não estou. Estamos bem. Não é?
Ele ficou em silêncio, brincando com meus dedos. Eu me arrisquei a sentar na cama, lhe dando um selinho para que me olhasse. Funcionou.
- Está triste. – Observei.
- Não deveria ter feito isso. É culpa minha. Devia ter consultado você primeiro. Foi uma idiotice. Olha onde você está, agora.
- A culpa não é sua...
Ele mexeu a cabeça, negando, novamente olhando nossas mãos.
- Não está triste só por causa disso. Aconteceu alguma coisa? – Perguntei.
Ele ergueu a cabeça e franziu a testa.
- Você me conhece bem demais. – Edward riu pela primeira vez, me aliviando. Olhou algum ponto atrás de mim, tentando encontrar as palavras certas. – Você ligou para a Universidade de Washington. E eles vieram falar comigo.
Ergui as sobrancelhas e ofeguei, apertando seus dedos nos meus.
- Eles foram? E aí? – Cessei minha animação ao ver seu semblante. – Eu... Não deveria ter feito isso?
- Não. Quero dizer, seria bom se fosse como o planejado. Mas o homem que me encontrou não estava representando a Universidade; só ele mesmo.
Franzi a testa, confusa.
- Ele não me ofereceu uma vaga como aluno. Ele quer ser meu... Produtor. Ou algo do tipo. Disse que quer usar meu talento, que eu posso me tornar um profissional famoso.
- Isso... É ruim? – Perguntei, cautelosa.
Agora ele olhava diretamente em meus olhos.
- Ele quer que eu conte sobre minha doença.
- O q... – Parei, ficando inquieta na cama. – Por que ele faria isso? Você vai aceitar?
Edward deu os ombros, pensativo.
- Não faço idéia. Ele me deu o tempo que eu precisar para pensar. Pode ser minha única chance de seguir com a música, mas há um preço muito alto a se pagar. – Ele mordeu o lábio inferior. – Acha que vale a pena?
- Eu não sei. Não sei, mesmo. Você conseguiria conviver com isso? – Perguntei, acariciando sua bochecha. – Com todas as pessoas na rua olhando pra você e sabendo seu segredo?
Ele parou, piscando algumas vezes com uma expressão indecifrável no rosto.
Eu estava prestes a dizer alguma coisa, a lhe dar a opinião que estava precisando.
Foi quando ouvimos uma batida na porta.
Havia várias pessoas que poderiam ter batido. Eu não tinha tantos amigos assim em Forks, mas era um numero considerável. Conhecidos parecem brotar quando você adoece – acho que gostam de assistir a desgraça alheia. De todos os habitantes daquela pequenina e verde cidade, ou até mesmo do estado de Washington, aquele rosto é o único que eu nunca imaginaria aparecer ali. E que menos desejava estar vendo. Tanya.
- Posso entrar? – Ela perguntou, com a porta entreaberta. Sua voz cortou meus ouvidos como unhas descendo por um quadro negro. Ah, que garota insuportável. E linda. Droga, ela era linda, mesmo em um estado tão deplorável por conta de sua doença.
- Olá, Tanya. – Edward respondeu, educado e melancólico ao mesmo tempo.
- Oi. Oi... Bella. – Ela disse, tentando sorrir para mim. Forcei um sorriso um pouco irônico demais. – Já está melhor?
- Estou, sim. – Respondi, deixando minha mão e a de Edward entrelaçadas.
Tanya sorriu um pouco mais. Seus dentes estavam enfraquecidos, eu podia ver de longe.
- Que bom. Eu vim porque... Gostaria de falar com você.
Edward ergueu as sobrancelhas, mas ela não estava olhando para ele.
- É? – Soltei um riso nervoso, olhando de canto para meu namorado.
A garota se virou para ele, dando os ombros.
- Se importa? – Perguntou. “Não, não, não.” Tentei sussurrar para ele, tentei apertar sua mão, mas ele saiu quase correndo do quarto. Cullen idiota. Passei a mão por meu cabelo sem saber exatamente o que fazer (só então senti a faixa que envolvia minha cabeça).
Tanya olhou em volta antes de puxar uma cadeira e colocá-la próxima ao meu leito. Sentou-se e cruzou as longas pernas; ela era alta, um dia fora ainda mais bonita quando não era tão magra.
- Como posso começar? – Perguntou quase para si mesma, mexendo as mãos uma na outra em sinal de nervosismo. – Acho que... Devo me desculpar, primeiramente.
Fiquei imóvel, encarando seu rosto sem nenhuma expressão em meu rosto.
- Eu não sabia que Edward estava em uma relação com alguém. Alias, não tinha idéia de como estava sua vida. Não me passou pela cabeça voltar aqui para reatarmos nem nada parecido, ainda mais... – Ela suspirou. – Acho que não há razão para lhe esconder algo, certo? Olhe pra mim. Eu pareço com ele? – Ela riu sem nenhum humor na voz. – Os cuidados com a doença e o apoio das pessoas a nossa volta nem podem ser comparados. Eu estou desistindo. Acho que vir até aqui foi uma maneira de me certificar que ao menos alguém que amei poderá ter um futuro diferente do meu.
Processei a informação por tempo demais. “Eu estou desistindo.” Não, ela não tinha nada a ver com Edward. Ele ao menos parecia saudável. Já Tanya... Era possível sentir pena só de olhar para seu rosto. O que ela pretendia ali? Ela queria se certificar de que seu ex-namorado estava bem - provavelmente se sentia culpada. Mas eu não via nenhum motivo para estar conversando comigo.
- Mesmo sem ter convivido com Edward nesses 2 anos em que ele luta contra a Aids, eu o entendo. – Ela balançou a cabeça negativamente, num gesto de desapontamento. - Ele tem pena de si mesmo. Não é? – Eu simplesmente assenti. – Eu sei. Eu compreendo.
Meus dentes trincaram. Essa parte eu sabia. Eles passavam pelo mesmo problema, um entendia o outro, o mesmo blá blá blá de sempre. O que ela estava fazendo ali? Eu queria entendê-la, queria ver o lado dela na historia, mas só conseguia imaginar minhas mãos batendo a cabeça dela na parede.
- Eu vim me desculpar. E... Pedir algo a você.
Esperei. Será que deveria dizer alguma coisa? Eu conseguiria abrir a boca para falar algo que não fosse uma ofensa?
- Eu não tenho a mesma vida que Edward. – Ela continuou. - Eu não tive o mesmo apoio que ele, e não tive nenhum motivo para lutar. Talvez seja por isso que desisti. Ou não. Não sei! A verdade, Bella, é que ele precisa de você. Eu não sei mais quanto tempo terei na Terra, e serei que será menos ainda na vida de vocês. Por isso, estou lhe pedindo, para que parte da minha culpa desapareça. Não o abandone. Ele vai pedir que faça isso, ele vai acreditar que isso é melhor pra você, mas não o faça.
Ela disse a ultima frase devagar, olhando diretamente em meus olhos.
- Eu nunca faria isso. – Eu falei pela primeira vez, firme. – Ele precisa de mim.
Tanya assentiu, arrumando as mãos no colo.
- Sabe, eu trabalhava como secretária em uma empresa de Seattle, ano passado. Fiquei lá por alguns meses. Eu ainda tomava meus remédios da maneira correta, e não tinha a aparência que tenho hoje. Eu me interessava por muitos caras de lá, e muitos sentiam o mesmo por mim, mas eu tinha medo de ter qualquer relação com algum deles. Era uma questão de respeitá-los, de qualquer forma. – Ela fez uma pequena pausa. – Um dia, eu passei mal. É algo normal, estando com Edward o tempo todo você deve saber. Eu fui para o hospital e descobriram sobre minha doença. Voltei para a empresa uma semana depois, mais ou menos. Eu passei um ultimo dia lá. Ele só me demitiu quando estava prestes a ir embora. Durante dois anos que convivi com a Aids, aquele dia foi o pior. Nem sequer falavam comigo. Eu almocei sozinha – as pessoas nas outras mesas ficavam o tempo todo me olhando de canto e cochichando. Uma hora eu usei o banheiro, e as outras garotas passaram a usar o do outro andar, ou até o masculino, mas nunca chegavam perto. Algumas vezes ouvi elas falando baixinho e se perguntando se eu era lésbica. – Tanya riu baixinho, novamente sem humor. – É triste, não é? A ignorância das pessoas. Acho que nunca vou me esquecer. O jeito como me olhavam, ou como tinham medo de pegar o telefone ou algum papel da minha mão. Eu tentei entrar na Justiça, alegar que não podiam me demitir por um motivo desses. Mas eles conseguiram alegar que foi por justa causa. – Deu os ombros. – É até engraçado. Talvez considerassem preconceito se demitissem uma lésbica.
Eu pisquei algumas vezes, e só então reparei que meus olhos estavam cheias d’agua. Minha raiva continuava. Uma boa parte de mim queria odiar Tanya, odiar o que fez à pessoa que eu mais amava. Mas uma parte bem pequena começava a surgir conforme ela falava, um lado meu que queria ajudá-la e que entendia o que estava passando como se também tivesse o mesmo problema.
- Ah, se Edward enxergasse a sorte que tem... – Ela completou com um suspiro. Ficou um tempo em silêncio, pensativa, até olhar para o relógio delicado que usava no pulso. – Ah, Bella, já está na minha hora! Eu marquei com minha irmã às 10 horas, e... Não acho que seja uma boa topar com Alice.
Não entendi realmente o que ela quis dizer, mas não tive coragem para perguntar. Eu queria que ela fosse embora, e estava evitando ao máximo prolongar o assunto.
- Espero que fique bem logo. – Disse Tanya, já indo em direção à porta. – E pense no meu pedido. – Ela sorriu, mas só um pouquinho.
Eu assenti e tentei sorrir de volta. Desta vez, o gesto foi sincero – só não foi mais convincente porque minha cabeça pesava demais para tal esforço. Ela saiu e fechou a porta. Os poucos segundos sozinha no quarto foram, de certa forma, perturbadores. Eu conseguira naquela rápida conversa ter mais do que pena dela. Ia além de compaixão, também. Talvez Tanya não fosse a vilã da minha historia, como um dia acreditei.
A porta se abriu e eu me remexi na cama, ansiosa para que o rosto de Edward aparecesse ali. Mas não era ele quem entrava no quarto.
- Oi, Bells! – Jacob sorriu como uma criança, sem preocupações, como se nem mesmo entendesse o que estava acontecendo comigo. Ele trazia um buquê de lírios nas mãos - simples, mas encantador. – Como vai essa força?
Eu ri, e pareceu que todo peso desapareceu de meus ombros. Ele sempre fazia isso comigo.
- Estou bem.
Ele se aproximou e me entregou o buquê. Eu cheirei automaticamente, sorrindo enquanto Jacob sentava ao meu lado e analisava o quarto.
- Cara... Não gosto de hospitais.
- Já estou me acostumando. – Soltei sem pensar, absorta as flores. Ergui os olhos alguns segundos depois, e o vi me encarando com a testa franzida. – Porque... Estou internada. – Completei.
Ele riu baixinho, e eu suspirei de alivio.
- Ah, você não vai ficar por muito tempo. Eu falei com Carlisle lá fora. – Deu os ombros, e então ficou em silêncio. – O Cullen... Não gostou muito de me ver aqui. – Ele franziu a testa. – Vocês voltaram? – Perguntou, sem rodeios.
Eu não consegui esconder meu sorriso.
- Foi... Repentino. A picape quebrou, e eu... Fui dormir na casa dele, com Alice. Mas aí... – Dei os ombros. Eu não conseguia decifrar a expressão no rosto do garoto quileute.
Jacob ficou pensativo por alguns segundos, e então mudou de assunto.
- Eu estou me encarregando da sua picape. Ficou estourada. Sério... Vai dar trabalho.
- Eu vou te pagar.
- Não, não precisa! Eu não quero, e meu pai também não aceitaria.
Ele ficou inquieto; o silencio que seguiu pareceu incomodá-lo. Segurou minha mão e, acariciando as costas dela, não parava de olhar para a porta.
- Qualquer hora ele entra aqui e me expulsa.
- Não. – Respondi, rindo. – Ele não faria isso. Ele sabe que você me faz bem. – Confessei.
- Ele te faz bem? – Jacob perguntou, me encarando com seriedade. Franzi a testa com a pergunta obvia. – Nunca vou esquecer de como você ficou quando terminaram, Bella. Nunca. E nunca vou deixar de acreditar que algum dia vai acontecer de novo, e...
- Já sei. – Suspirei, cortando o que dizia antes que a conversa ficasse pesada. Tarde demais. – E você nunca faria o mesmo comigo...
Ele ficou quieto enquanto observava nossas mãos.
- Você se arrepende? – Perguntou.
Ergui as sobrancelhas.
- Daquela noite? – Jacob completou, voltando a olhar em meus olhos.
Balancei a cabeça em negativo, retribuindo seu olhar sério. Aos poucos, ele ficou triste, e meu coração se apertou.
- Eu não me arrependo. Não mesmo. Quero dizer... Aconteceu. E eu... De modo nenhum quero que se sinta mal e... Usado. Entende?
Ele assentiu, e eu pensei muito bem nas palavras antes de continuar.
- O que era para acontecer, aconteceu. Eu estava triste, você apareceu, e dormimos juntos. Mas você é você. É especial demais pra mim. Não é só um cara qualquer que eu usei pra suprir minha carência quando Edward me deixou. Eu amo você...
Sorri, me sentindo um pouco estranha por falar de meus sentimentos tão abertamente. Não era algo comum, mas foi bom. Jacob sorriu de volta. Poderia ter sido um momento incrível. Iríamos nos abraçar, falar mais algumas palavras bonitas um para o outro, e rir da primeira piada boba que ele faria.
Poderia ter sido muito bom. Se não fosse por Edward na porta, enfurecido, quase quebrando a maçaneta tal era a força que usava para segurá-la.


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Notas finais do capítulo

Ta aí, um capítulo pequeno porém intrigante né gente? ^^
Primeiramente quero agradecer a todos que vem comentando, graças a Deus eu to dando conta de responder algums comentários, tem muita gente começando a ler a fic agora e comenta em capítulos antigos, eu quero dizer muito obrigada mesmo e eu leio todos, só não tenho muito tempo de responder os comentários de capítulos anteriores, mesmo por que se não fica tudo meio confuso pra mim.
Bom, hoje eu quero deixar uma dica muito legal pra você. Esses dias pela net a Carol achou um site muito legal que tem vários depoimentos de pessoas que são portadoras da AIDs ou que ja conviveram com alguém que teve e achamos muito legal deixar ele aqui, eu acho que vale muito a pena dar uma olhada em pelo menos alguns dos depoimentos, vão ver que tem bastante coisa parecida com a fic (sinal de que não escrevemos nenhuma besteira atá agora...uffa, hehe ^^)
Enfim, o site é http://www.abcdaids.com.br/depoimentos.htm, espero que gostem e pra terminar a nota desse capítulo deixo vocês com uma notícia da Revista Despertai!, Novembro de 2004 que é triste mas é verdade. Beijos a todos vocês e até o próximo capítulo ^^


“As terapias com ARVs (anti-retrovirais) estão disponíveis em países ricos. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que, em alguns países em desenvolvimento, apenas 5% dos que precisam desses medicamentos têm acesso a eles. Representantes das Nações Unidas chegaram a ponto de escrever essa disparidade como “séria injustiça” e “obscenidade grotesca do mundo moderno”.
As terapias não estão disponíveis a todos os cidadãos de um mesmo país. The Globe and Mail relata que 1 em 3 canadenses que morreram de Aids nunca foram tratados com ARVs. Embora os medicamentos estejam disponíveis gratuitamente no Canadá, determinados grupos foram desconsiderados. Esse mesmo jornal continua dizendo que “as pessoas que não recebem tratamento adequado são as que mais precisam dele: aborígenes, mulheres e pobres.” O jornal The Guardian citou as palavras de uma mãe africana soropositiva: “Eu não entendo. Por que esses homens brancos que fazem sexo com homens continuam vivendo e eu tenho de morrer?”
A resposta para sua pergunta está no fator econômico da produção e distribuição dos medicamentos. O preço médio de uma terapia anti-retroviral tríplice nos EUA e na Europa fica entre 10 mil e 15 mil dólares por ano. (...) Mesmo que fosse distribuída uma quantidade suficiente de ARVs nos países em desenvolvimento, outros obstáculos ainda teriam de ser superados. Alguns medicamentos só podem ser tomados com água limpa e se a pessoa estiver bem alimentada, mas milhares de pessoas ao redor do mundo nem sempre têm o que comer. Outro aspecto é que o coquetel (não raro 20 ou mais comprimidos) precisa ser administrado na hora correta (em média 2 ou 3 vezes por dia), mas muitos pacientes nem possuem um relógio. Além do mais, as terapias combinadas precisam ser ajustadas de acordo com o estado de saúde do paciente, mas o problema é que existe uma falta incrível de médicos em muitos países. Obviamente, distribuir ARVs em países em desenvolvimento será um obstáculo difícil de transpor.” Revista Despertai!, Novembro de 2004.