The Cullens escrita por Nina Guglielmelli, mulleriana


Capítulo 27
Cachorro




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Jacob se virou para olhar. Sua mão ainda estava em uma das minhas e, com a livre, eu segurava o buquê que me dera junto ao peito. Meu cérebro lutava em cogitar se deveria ou não soltar os dedos do quileute.
- Edward... – Consegui murmurar. Eu fiquei inquieta na cama, esquecendo minha perna e tentando levantar, mas Jacob me segurou. – Edward, eu...
- Você dormiu com ele? – Eu não sabia se era exatamente uma pergunta, ou ele estava repetindo em voz alta o que ouvira. Minha única certeza era de que nunca vira tantos sentimentos ao mesmo tempo passando por seus olhos, todos sobrepostos por uma raiva incontrolável.
- Eu... Eu... – Droga, pare de gaguejar, fale com ele! – Nós havíamos terminado, e eu estava mal... Aconteceu! – Virei para meu amigo. - Jacob, nos deixe sozinhos, por favor. – Pedi calmamente, empurrando seu peito com cuidado. Ele me olhou com bastante mágoa, o que me deixou ainda pior. O que era, agora? Eu precisaria escolher um lado? – Por favor! – Pedi novamente, ansiosa.
- Acho melhor... Acho melhor não... Ele está nervoso, Bella. - Ele sussurrou, mas Edward tinha uma ótima audição.
Meu namorado deu alguns passos a frente, cego de raiva.
- Você não ouviu o que ela disse? Quer que eu te tire daqui? – Ameaçou.
- Não. Eu sei fazer isso sozinho. – Jacob levantou, encarando-o.
Os dois se encararam por alguns segundos e tomaram caminhos opostos. Jacob saiu do quarto e bateu a porta com força. Edward andou até perto da minha cama e voltou, várias vezes, sem saber exatamente o que fazer. Eu deveria dizer alguma coisa?
- Eu entendo porque está assim... – Arrisquei.
- Não. Não estou puto pelos motivos que está pensando, Bella. Também. Mas há muitas razões, e eu... Estou falando! ME OUÇA. – Ele disse quando abri a boca para rebater. Cruzei os braços em silêncio, sentindo meu sangue subir com sua grosseria. Ele me encarou por alguns segundos, e então voltou a andar. Para minha surpresa, não disse mais nada.
- Qual é o motivo, afinal? – Falei, agora quase tão brava quanto ele.
- Você quer saber? – Ele parou perto da cama, usando o tom irônico que eu mais odiava. Retruquei. Nossas vozes se misturaram, e eu não entendia mais nada. Só gritava, xingando de volta as ofensas que ele soltava. – O PROBLEMA, BELLA, NÃO É VOCÊ TER TRANSADO COM O PRIMEIRO CARA QUE APARECEU ALGUNS DIAS DEPOIS DE TERMINARMOS! Ah, não. Espera. Como foi mesmo que você disse? Ele não é um “cara qualquer”. Ele é especial, e você o ama. Não é?
- Pára de usar esse tom comigo! – Apontei um dedo pro rosto dele.
- NÃO FUJA DO ASSUNTO! – Ele rebateu.
- NÃO GRITA COMIGO, CULLEN, EU NÃO ESTOU GRITANDO COM VOCÊ!
- EU USO O TOM QUE EU QUISER, E QUANDO EU FALAR, VOCÊ CALA A BOCA E ME ESCUTA!
- COMO É? – Franzi a testa, falando cada vez mais alto. – O QUE FOI QUE DISSE? QUEM VOCÊ PENSA QUE É PRA FALAR ASSIM COMIGO?
A porta do quarto abriu com tanta força que a maçaneta bateu na parede. Nós dois viramos o rosto, e só então reparei como estávamos próximos. Voltei as mãos para o meu colo.
- Isso aqui é um hospital. – A enfermeira rechonchuda alertou, entredentes. Ela me analisou e então pegou o prontuário, lendo com as sobrancelhas franzidas. – O que está fazendo nessa discussão toda, senhorita Swan? Acha que um trauma no crânio é brincadeira?
Edward suspirou, mudando totalmente o seu semblante.
- Ela já está melhorando. A batida foi forte, mas não o suficiente para uma grande fratura.
A mulher ergueu a cabeça e o encarou, cruzando os braços.
- Ah, desculpe, Cullen. Não sabia que havia freqüentado a escola de Medicina.
- Não, não o fiz. E nem você.
A enfermeira encarou Edward como se fosse atirar em sua cabeça. Colocou o prontuário no lugar e se dirigiu até a porta sem dizer uma única palavra. Fechou-a com força depois que saiu.
Um silêncio muito ruim perdurou no quarto. Esfreguei meus dedos uns nos outros, olhando para eles. Senti Edward se mexer ao meu lado após longos minutos.
- Você entende como é? – Ele perguntou quase em um murmúrio. – Entende, Bella? Entende o que é pra mim saber que estar com você oferece riscos a sua saúde, e então existe alguém lá fora que pode ficar com você sem nenhum problema?
- O que... – Tentei retrucar, com a testa franzida. Como ele podia pensar assim? – Então, acha que Jacob é uma ameaça a você, porque não é saudável?
- Ameaça? Eu lá tenho medo daquele pirralho? – Ele colocou as mãos na cintura e revirou os olhos, andando ansioso pelo quarto enquanto falava. – Mas, bem, desculpe! É assim que me sinto!
Fiquei quieta enquanto ele não conseguia parar nem por um segundo.
- Está bravo comigo? – Murmurei.
Ele suspirou e pensou um pouco, se aproximando de mim.
- Não estou... Bravo. Estou... Não sei. Isso é estranho pra mim, Bella, eu… - Edward respirou fundo, dando um pequeno soco na parede antes de olhar para mim com uma expressão estranha. – Preciso de um tempo. Está bem? – Indagou com a voz baixa, mal olhando em meus olhos.
Eu me encolhi automaticamente, com minhas costas apoiadas no travesseiro. Ele deu as costas para mim e saiu do quarto. Afundei o rosto nas mãos quando várias lágrimas começaram a cair.




                                                       ***



Passei exatamente uma semana naquele inferno que alguns chamavam “hospital de Forks”. Recebia visitas com freqüência, principalmente de Alice. Emmett finalmente conseguira permissão para entrar lá, e levava alguns de seus mais novos amigos para me ver, também. Mas nem isso me animava. A comida era horrível, a cama era desconfortável, o dia passava arrastado no mais profundo tédio e meu namorado raramente falava comigo.
Falar talvez fosse o termo errado, porque Edward adorava conversar comigo. Ele nunca usou a ironia com tanta freqüência na vida do que naqueles sete dias. Toda vez que abríamos a boca, era pra brigar. Ainda assim, ele cuidava de mim com extremo cuidado, e fazia de tudo para não deixar o quarto.
Quando Carlisle disse que podia ir para casa, literalmente pulei da cama, esquecendo minha perna engessada. Edward me colocou numa cadeira de rodas e arrumou minha mala enquanto eu observava, impotente.
- Vou ter que comer sua comida por um tempo? – Fiz uma careta forçada. Eu gostava do que ele fazia, e ele sabia disso o suficiente para não ficar chateado com uma brincadeira.
Mesmo assim, não sorriu. Continuou colocando minhas roupas e itens de higiene dentro da mala; eu já estava de banho tomado e com roupas limpas – me sentia fresca, aquecida e feliz. Mas não era suficiente, não com que ele me tratando daquele jeito.
- Venha cá. – Murmurei, puxando sua camisa quando passou perto da cadeira. Puxei ele para perto e fiz nossos lábios se encontrarem. Edward relutou, mas então retribuiu o beijo por um tempo curto demais. Afastou-se e voltou às suas tarefas como se nada tivesse acontecido.
Apoiei o cotovelo na cadeira e o rosto na mão, suspirando longamente. Fechei os olhos por bastante tempo, só ouvindo ele se mexer pelo quarto. Até que o senti colocar a mochila em meu colo com cuidado e empurrar a cadeira de rodas para a saída do quarto.
Fui guiada pelo corredor, encontrando alguns enfermeiros com quem já havia me acostumado e me despedindo rapidamente deles. Logo estávamos no estacionamento. Esperei enquanto ele guardava a mochila e então me pegava no colo para me colocar no banco do passageiro. A tristeza em seus olhos me cortava como diversas agulhas sendo colocadas bem devagarzinho em meu coração.
Passei as mãos pelo rosto, tentando ignorar as lágrimas que vinham. Ele demorou um pouco, provavelmente guardando a cadeira de rodas, e então entrou no carro. Eu precisava arrumar algum jeito de quebrar aquele silêncio.
- Finalmente, não é? – Suspirei, soltando uma risada nervosa.
Ele manobrou na direção da rua e, assim que saímos, já paramos em um semáforo. Esperei que falasse algo, ou ligasse o rádio, mas continuou imóvel, encarando sua frente. Muitos minutos se passaram.
Respirei fundo e escorreguei pelo banco, pulando novamente para me ajeitar.
- Eu desisto! – Exclamei, jogando as mãos para o alto. Ele me olhou com a testa franzida. – Desisto de te entender! Se não está bravo, por que está assim comigo?
- Não estou bravo. Realmente.
- Então por que está tão estranho?
Ele respirou fundo, arrumando a mão esticada até o volante.
- Eu só... – Começou a dizer, sem me olhar. Sua testa se franziu e eu tive que olhar para a mesma direção que ele.
Já estávamos na rua da casa de Charlie; eu sabia que ele estava em casa aquela hora. Estava com saudades, ele só fora me ver uma vez por causa de seu trabalho. Minha picape estava estacionada na frente da escadaria, e as plantas estavam começando a murchar.
Mas não era isso que meu namorado encarava.
Um garoto alto, de pele morena, estava parado próximo ao meu carro. Assim que nos viu, ele se mexeu, mas seus braços continuaram cruzados junto ao peito. Edward estacionou do outro lado da rua.
- Espere aí. – Ele me disse. O que mais eu poderia fazer?
Ele saiu e arrumou o casaco no corpo enquanto se aproximava de Jacob. Abaixei a janela do carro para ouvir melhor.


Edward’s POV.


- Qual é o problema, Black? – Quase gritei, chegando perto dele. – Foi expulso de La Push?
- Eu soube que Bella receberia alta hoje. Queria vê-la.
- Ah, você queria?
Sorri para ele, um misto de ironia com falsidade. Ele ergueu as sobrancelhas, prestes a sorrir de volta da mesma maneira. Foi quando meu punho fechado acertou em cheio seu nariz.

(Jacob Black – The Mitch Hansen Band http://www.youtube.com/watch?v=TRyTbwnGM34 )

Jacob Black
She's not coming back
(Ela não vai voltar)

La Push has come to shove
(La Push veio para empurrar)
And she's through with you
(E ela acabou com você)

Can't you see
(Você não vê?)

You're just a dog to me
(Você não passa de um cachorro pra mim)

If you come near her again
(Se você chegar perto dela mais uma vez)

I'll eat you too
(Acabo com você, tambem)


First you missed her
(Primeiro você sentia falta dela)

Then you kissed her
(Depois a beijou)

I'm just watching
(Estou só observando)

You think you're fine
(Você acha que está bem)

I'm waiting
(Estou esperando)

Contemplating
(Contemplando)

Don't you screw up
(Não faça nada errado)

Or you're mine
(Ou você é meu)


You're nothing but a dog, 
(Você não passa de um cachorro)
Nothing but a dog, nothing but a dog
(Nada mais que um cão)

And it's time for you to face the truth
(E está na hora de encarar a verdade)

You're nothing but a dog
(Você não passa de um cachorro)

Nothing but a dog, nothing but a dog
(Nada mais que um cachorro)

And she's still way too good for you
(E, além disso, ela é boa demais pra você)

Watch your back cause who knows what I'll do
(Tome cuidado; quem sabe o que vou fazer?)
Jacob Black I've got my eye on you
(Jacob Black, estou de olho em você)


The other day
(Outro dia)

I thought I heard you say
(Pensei ter ouvido você dizer)

May the best man win
(“Que o melhor homem vença”)

But I see through your ploy
(Mas eu vejo além da sua ilusão)

You might think
(Você talvez pense)

That you are on the brink
(Que está na iminência)

Of winning her love
(De ganhar o amor dela)

But you are just a boy
(Mas você é só um garoto)


You were there to save her life
(Você estava lá para salvar a vida dela)

When I was far away
(Quando eu estava longe)

Differences aside and
(Deixemos as diferenças de lado)

I'll say thank you anyway
(Eu te agradeço, de qualquer forma)

The bigger man will shake your hand
(O maior homem vai apertar sua mão)

And pretty soon you'll see
(E logo você verá)

In your mind you're kissing her
(Em sua cabeça, você está beijando-a)

In life she's kissing me
(Mas na verdade sou eu quem ela beija)


Ouvi Bella gritar atrás de nós, mas não me virei. Ele abaixou com as mãos no rosto, mas nem mesmo sangrou. Fracote. Esperei que me olhasse novamente para continuar. Ele mal parecia acreditar que eu fizera aquilo.
- Eu te disse pra ficar longe dela, Jacob. Eu te avisei.
Eu podia ver a raiva em seus olhos, mas provavelmente não era mais do que nos meus. Ele ergueu uma mão para revidar o soco, mas fui mais rápido e segurei seu pulso. Quando conseguiu se soltar, empurrou meu peito, e eu tentei fazê-lo ir para trás com nossas testas coladas.
- Não ouse tocar nela outra vez. Não ouse nem mesmo ficar no mesmo ambiente que ela... – Ameacei, entredentes. Ele empurrou minha testa de volta, colocando as mãos em meus ombros.
- Ou o quê? – Perguntou da mesma maneira que eu.
Consegui contê-lo; afastei seus dedos de mim e fui com a cabeça para trás. Nossos rostos continuaram próximos, mas agora não nos tocávamos.
- Eu posso acabar com você. Eu vou. Isso é uma promessa, e eu vou cumprir se souber que você tentou se aproximar dela outra vez. Não me subestime, está ouvindo?
Ele riu, e meu sangue se elevou até minhas orelhas.
- Você vive ameaçando, não é? Mas até agora não vi nada. Eu levei sua garota pra cama, e nem isso foi suficiente pra você se mexer. Por que eu teria medo? Você nem mesmo é homem suficiente pra...
Eu não pensei. Minha mão já havia socado seu rosto. Desviei quando Jacob tentou revidar e, quando vi, estávamos nos atracando ali mesmo. Eu socava tudo o que via – aquilo era provavelmente suas costelas – e seus socos violentos em meu corpo não me fariam parar. Eu abaixei e joguei minha cabeça contra seu abdômen, fazendo-o ir ao chão. Um soco perto da minha nuca me desorientou, mas não parei. Não iria parar. Suas palavras ainda ecoavam em meus ouvidos, junto com os gritos de Bella no carro.
Ouvi Charlie se aproximar. Não sei exatamente o que disse, mas era sua voz. Ele apartou a briga e começou a dizer algumas palavras que soavam como outra língua para mim. Fiquei ereto novamente, e vi o rosto de Jacob. O ódio tomou conta de todo o meu corpo quando nossos olhos se encontraram. Dei-lhe um último soco, com força suficiente para que dessa vez jorrasse sangue de suas narinas.
- EU DISSE CHEGA! – Charlie estava vermelho, se colocando entre nós.
- EU DEIXEI BEM CLARO AGORA? – Perguntei aos berros, ignorando meu sogro entre nós. – CHEGA PERTO DELA DE NOVO, E VAMOS VER QUEM É HOMEM PRA ALGUMA COISA AQUI!
Jacob tentou rebater o que eu dizia, e nossas vozes se misturaram em uma discussão infantil. O grito de Charlie a seguir conseguiu sobrepor nossas vozes e trazer o silêncio de volta.
- MAIS UMA PALAVRA, E VÃO PASSAR A NOITE NA CADEIA!
Nós ficamos parados, arfando, encarando os olhos um do outro por cima do ombro de Charlie. Ele esperou alguns segundos de silêncio para prosseguir, parcialmente calmo.
- Não quero saber a razão disso. Mas não é com essa violência que irão entender suas diferenças, e eu realmente...
- Há mesmo muitas diferenças entre nós. – Jacob provocou com a mão no nariz, e eu soltei uma espécie de rosnado. – E uma razão muito boa, mesmo...
- SEU DESGRAÇADO! – Comecei, tentando avançar para cima dele novamente.
A paciência de Charlie se esgotou naquele segundo. E eu me arrependeria das minhas ultimas palavras durante toda a noite, dividindo a minúscula cela com Jacob Black.


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Notas finais do capítulo

Desta vez é a Carol que vos fala, porque Nina fez questão que eu viesse me apresentar. Oi! UHAUHAUH Falar de mim realmente eu não vou, tá tudo no meu perfil, e eu to mega orgulhosa dele. *-* Quem quiser, leia. Não sei se vocês viram, mas eu respondi algumas reviews... Conhecendo a preguiça da minha co-autora, agora vai ser que vou responder sempre.
Mas, enfim. A música do capítulo é da Mitch Hansen Band, e eu faço questão de divulgar eles aqui! Adoro todas as músicas, mas minha preferida é "Lullaby", recomendo pra quem quiser ouvir. Tem sobre vários personagens de Crepúsculo, vários acontecimentos de todos os livros, e em vários pontos de vista.
Por último, e não menos importante, eu queria divulgar minha outra fic aqui: http://fanfiction.com.br/historia/150117/Eclipse_-_A_Luta. É one-shot, e eu particularmente acho muito fofa.

Bem, é isso. Espero pra ver o que vocês acharam desse capítulo. Obrigada como sempre pelo entusiasmo com nossa história!