Narrado por Hermione:

Sempre imaginei que,casada,teria uma pequena,mas confortável e acolhedora,casa.O exato contrário dessa.Nem sei se "isso" era uma casa,a palavra mais ideal seria Mansão.Suspirei.Também imaginava que iria casar com um príncipe,e ao invés disso,atualmente estava casada com a Fera.

"Será que pode ser como a Bela e a Fera?Será que,com um beijo,ele se transformará no meu príncipe?"

Tremi só de me pensar beijando Malfoy,e era algo ridículo,porque provavelmente meses atrás eu já havia feito isso.Fiquei imaginando por um instante,que gosto aqueles lábios poderiam ter.

"Hermione!Não seja idiota,que nem Ele!"

Dei esse sermão a mim mesma,mentalmente.Quase cuspi todo o chá que estava bebendo,por ter pensado em algo tão ridículo e perturbador.

Olhei para o grande relógio antigo,de madeira como a mesa.6:30.

Me sentia desconfortável nesse ambiente.Não era nem um pouco familiar.Era definitivamente hostíl.Que nem o dono.

Que nem sequer tinha vindo me buscar.

Que nem sequer tinha me recebido.

Que nem se quer tinha me visto desde que chegara.

Por enquanto...

Suspirei.Na enorme mesa,só havia dois pratos,um em cada ponta.Tão distantes que teria que mandar uma coruja para se comunicar.

Mas esse não havia sido um problema,já que Malfoy não tinha nem aparecido para jantar.

Já mais tarde,deitada em minha cama.

Olhos fechados,com os longos cílios que tremiam levemente.

Tinha vontade de chorar,de tirar toda essa tensão de mim.

Mas eu não faria isso.

Eu era uma gryffindor.Uma corajosa e orgulhosa gryffindor.

----

Narrado por Draco.

O veritaserum já estava quase pronto.Mais umas horas e estaria perfeito para fazer o maldito abrir a boca.

A mente concentrada em gestos frequentes.

Medir o próximo ingrediente.Em misturar os líquidos,que se usados em modos errados,podiam até ser venenos poderosos.Tudo isso para a pocão ficar perfeita.

Preocupações inúteis,para um profissional das poções como Draco Malfoy.

Mas qualquer coisa era boa para manter a mente ocupada.Para desviar certos pensamentos.

Pensamentos com olhos dourados e macios cachos castanhos.

Íris falsas e enganadoras.Que enganaram um predador,loiro,com olhos cinzas,que caiu como um patinho.

O barulho dos pequenos cacos de vidro que caíram no chão o obligaram a abaixar o olhar na mão ensanguentada,onde até um momento atrás estava uma ampola vazia.

A raiva era muita,demais.

Como no dia em que ela tinha partido.