Shura se encaminhou até o jardim, que o pai dera de presente para Kurama, por sua obediência. Sempre que tinha problemas ou estava confuso ia pra lá. Passava quase todas as tardes sentado a beira do grande lago, de águas cristalinas.

Achou estranho entrar no recinto e não avistar Kurama, a raposa passava parte de seu tempo naquele local, cuidando de suas preciosas plantas.

O clima estava agradável, apesar do grande calor que fazia, havia uma brisa gostosa no local, que batia em seus cabelos os jogando para trás.

Sempre ficava impressionado com o que o pai podia fazer. Aquele local, apesar de ser dentro do grande castelo, que os protegiam, parecia uma parte do Makai, era como se ele estive em uma das grandes florestas do seu mundo, mas com certeza ali era bem mais seguro e bonito.

Ele se sentou a beira do lago e ficou por lá, pensando em tudo o que havia acontecido de uns tempos para cá, mais precisamente quando Kurama voltou para o palácio. Também pensava no que a raposa havia lhe falado. Será que seu pai seria tão falso a ponto de enganá-lo só para conseguir o poder total do Makai?

Shura não sabia o que fazer, muito menos no que pensar. Logo uma presença muito forte invadiu o jardim, assim como todo o palácio. A energia era cheia de ódio e vingança, o garoto ficou um pouco preocupado, ainda mais por que também sentia a presença do pai, que parecia confrontar-se com aquela energia extremamente sufocante.

Ele se levantou assustado e começou a andar em passos largos para fora do jardim, mas antes que atingisse a porta um cipó se enrolou a sua perna, fazendo-o cair.

Logo uma planta se levantou. Ela era enorme, Shura nunca tinha visto tal flor naquele lugar. Ela abriu sua boca e mostrou vários dentes afiados, por onde deslizavam um pouco de veneno.

Shura com um golpe forte se soltou da planta assassina, mas continuou parado. Ele se lembrava que Kurama havia lhe dito uma vez, que plantas carnívoras se guiam pelo calor emanado do corpo de sua vitima. Logo o garoto viu varias outras plantas como aquela, bem menores do que a que estava no meio do jardim, se levantar de pequenos brotos.

Ele olhou em volta e constatou que estava cercado. Não podia mais perder tempo. Agora o garoto sabia o que estava acontecendo. Kurama estava finalmente pondo sua vingança em ação, e pela energia que ele emanava, estava cheio de ódio e pronto para matar seu pai. Shura não podia deixar que isso acontecesse...

Yomi continuava preso na cama de Kurama. Os cipós que antes só o prendiam, agora apertavam seu corpo, fazendo pequenos cortes. Mesmo naquela situação e com um apequena desvantagem Yomi ainda sorria, o que deixava a raposa cada vez mais irritada.

“Me responda uma coisa Kitsune!”

Kurama apenas lançou um olhar malicioso para Yomi, aquele olhar que era tão conhecido pelo youkai de chifres.

“Como você conseguiu sua visão de volta?”

Kurama riu e se aproximou de Yomi.

“Eu já disse, você me deu tudo o que eu precisava. Eu só precisei cultivar a planta certa... A planta da cura, ela faz com que seu corpo volte a ser como era antes, você escolhe a onde quer voltar e ela te proporciona uma nova vida... E eu escolhi a época em que eu era mais forte, antes de te conhecer, antes da morte de Korunue...”

Agora Yomi entendia por que a raposa andava tão quieta e submissa. Foi um ótimo plano, mas ele não se renderia tão fácil. Queria sabe até onde o Kitsune conseguiria chegar. Yomi poderia se soltar a qualquer momento e tanto ele quanto Kurama sabia disso, mas ambos estavam esperando uma reação do outro para continuar. Um movimento errado podia por tudo a perder.

“Vamos parar com essa brincadeira Kurama... Quanto tempo você vai agüentar? Logo o efeito dessa planta vai acabar e você vai voltar a sua força normal e eu não vou hesitar em te matar. Eu não queria ter que fazer isso. Eu preciso de você, por tanto fique quietinho Kitsune...”

Kurama apenas manteve seu sorriso debochado, o que fez Yomi sentir um pouco de receio, mas não o demonstrou, continuando a sustentar sua expressão firme.

Shura ainda se mantinha parado. Tinha que pensar em algo, antes que aquelas plantas o devorassem. Em uma medida rápida, criou uma bola de energia entre suas mãos e lançou sobre as plantas e nesse exato momento elas começaram uma serie de ataques contra o garoto.

Shura tentava se esquivar mais era impossível. Logo ele foi surpreendido por uma planta que brotou do nada e fincou um espinho cheio de veneno sobre sua pele. Aos poucos o garoto foi perdendo sua velocidade e reflexos, ficando vulnerável aos ataques das plantas

Shura se encontrava estirado no chão cheio de arranhões e cortes pelo corpo. Um cipó mais grosso do que o anterior envolveu seu corpo e o suspendeu no ar. Shura já não tinha mais forças, estava prestes a ser morto por aquelas maquina assassinas criadas por Kurama.

Ele não podia se dar por vencido, tinha que conseguir sair daquele jardim e ajudar seu pai, que com certeza estava em mais apuros do que ele próprio.

O garoto juntou as poucas forças que ainda tinha e criou uma explosão tão poderosa que fez o jardim inteiro desaparecer, assim como uma boa parte do castelo que estava próxima a área.

O baque de sua própria energia fez o garoto ser arremessado sobre os escombros do próprio palácio que ainda caia...

“Shura!” – Yomi disse baixo ao sentir a energia do filho se expandir e logo em seguida desaparecer.

Kurama soltou uma gargalhada forte e logo após comentou.

“Acho que minhas crias deram conta de seu filho...” – ainda era possível ouvir os estrondos das partes do castelo que terminavam de ruir – “Agora é sua vez Yomi...”

Yomi olhou assustado para Kurama, ele não reconhecia sua raposa, não chegou a conhecer esse lado de Kurama, e tinha que admitir que aquilo era assustador.

Ele era um verdadeiro demônio, cheio de ódio e desejo de vingança...