Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 6
O conto de terror dos Cachinhos Ruivinhos




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5. O conto de terror dos Cachinhos Ruivinhos

Saímos da sala dele antes que ele nos chamasse novamente e passamos quase correndo pela secretária sem nome. Descemos os degraus correndo, não dando com nenhum inspetor.

- E agora? – Alice perguntou.

- Agora? Agora que eu quero tirar essa roupa que está me deixando roxa de frio.

Nós seguimos para fora do prédio onde ficavam as salas e fomos para o ginásio.

- Foi difícil. – disse.

- Quase que ele não dá o braço a torcer. Só depois que você citou as palavras “disputa”, “conflito” e “duelo” que ele aceitou. – bufei. – Até parece que veio do exército, onde o prazer deles é vê os outros brigando.

- Loucura do Hell não se discute.

- Não tem nem como.

- Não mesmo. – ela riu. – Mas foi uma boa estratégia pra fazer nosso jornal.

- É, foi. – concordei. – Agora me diz, como você sabia?

- Bem... Sabe que Tio Aro é louco, certo? – perguntou e eu assenti. – Então...

Entramos no vestiário feminino, e eu segui para o meu armário. Alice sentou em um banquinho que tinha ali, puxando as pernas para cima e as abraçando.

- Mas o que é que tem seu tio Aro doidão?

- Ele foi a uma dessa... Como é o nome? Ah, agora esqueci, mas é aquele lugar que você aposta em um lutador no ringue. Então ele viu o Sr. Hell lá, torcendo, gritando, escandalizando. Mas...

- Mas... – a incentivei a continuar enquanto colocava a calça jeans.

- Ele não estava no meio das pessoas.

- E onde estava? No camarote?

- Não. Ele tinha uma vista mais... Privilegiada.

- Como? Sentado no meio do ringue?

- Sentado não. Ele era o juiz.

Parei de colocar a blusa no meio do caminho, com ela tampando minha visão.

O diretor Hell, o homem com cara de sou da paz, mas que é um filho da puta de um espectador barraqueiro era juiz em um desses lugares de luta livre? O Sr. Hell, aquele cujo nome significa inferno ou atormentador? O Hell gordinho e baixinho? Nãaaaao. Não pode ser. Não dá pra acreditar. Mas pensando bem, ou melhor, imaginando bem, ele até que combina com aquela roupa preta e branca listrada, a gravatinha borboleta e um olho roxo sem querer. Ou um dente faltando. Talvez todos aqueles dentes sejam falsos, já que quando ele vai separar os brutamontes ele deve levar uns soquinhos aqui e uns chutezinhos ali.

- Bella? – Alice puxou minha blusa com força pra baixo, me deixando enxergar novamente. – Você está bem?

- Seu tio Aro só é doido, não é?

- Er... É. – ela me encarou confusa.

- Ele não é míope, certo?

- Acho que não, já que sabe onde fica a geladeira lá em casa.

- Ok... – murmurei para mim mesma. – Então é por isso que o nosso diretor gosta de briga?

- Sim. E adora assistir de camarote ou ficar beeeem perto.

- Hum. Isso explica o porquê de toda vez ter briga no corredor e ele só olha ao invés de berrar mandando ir pra detenção. Ou como ele gosta de colocar os nerds perto dos populares. Ou melhor, quando ele apareceu com um olho roxo e todo mundo falou que ele tinha apanhado da mulher, mas ele falou que foi o filho que lhe acertou uma bola de beisebol ali.

- Além de varias outras coisas.

- E nós nunca desconfiamos.

- É. Nunca.

Sentamos no banco e ficamos ali. Tudo bem que ainda tínhamos aula, mas quem liga? Ninguém vai nos pegar aqui. E podemos inventar qualquer desculpa idiota para qualquer inspetor idiota. Eles sempre caem nas desculpas mais esfarrapadas que já existiu. Vindas de quem? Bom, vamos tirar os nerds, porque eles não matam aula. E os populares, já que são todos bem inteligentes. Também os briguentos porque eles não ficam assim, na moleza do vestiário. Sobrando os esportistas, que é a prova concreta de que correr de mais ou pular de mais acaba com o cérebro. Por isso, seja que nem eu, uma sedentária e previna seu cérebro de perder alguns por cento dos dozes que você tem. Como Emmett, que já deve ter perdido a metade e estar gastando à outra.

- Como vamos falar com o pessoal do outro jornal? – Alice perguntou.

- Não sei. Mas acho que deveríamos levar seu irmão.

- Edward?

- Não. Esse ai não presta pra nada a não ser tirar foto. – fiz pouco caso com a mão.

- Não fala assim. – ela me encarou indignada, mas dava para vê que era teatro. – Edward serve sim para mais uma coisa.

- O que?

- Ué... Me trazer pra escola quando Carlisle tira meu carro. Carregar minhas sacolas de compra quando o ameaço. E...

- Isso só vai ajudar você. Então ainda sim para mim ele não presta pra nada.

- Ok. Tirando isso ele não presta mesmo.

- Viu? Até você concorda. E olha que é irmã, em? – sorri com isso. – Só que eu estava falando do Emmett.

- E no que ele vai ajudar? Aquele lá não presta também.

- Talvez. Mas ele pode ameaçar aquelas pessoas felizes-por-não-muito-tempo a nos dar todo o jornal.

- Boa... – ela olhou para algum ponto da parede.

Imaginei Emmett segurando aquele Eric Nerd Yorkie pela camisa e o mandando pedir pinico. Rosa, de preferência. Então depois eu uso aquelas armas de torturar o mandando falar para o diretor que ele e seu grupo desistiram do jornal e ele seria só nosso, facilitando o meu trabalho e me dando mais chances de sair mais cedo dessa loucura toda.

- Nós temos que chamar o seu irmão.

- Sim, mas depois. Agora ele deve estar na aula e eu não quero atrapalhar um momento desses.

- Ou ele deve estar em algum banheiro com Rosalie fazendo se sabe lá o que.

- Ylsa não deixaria. Ela tem ciúmes do meu irmão.

- Ah, é. Verdade. – revirei os olhos pelo meu deslize. – Então vamos ter que esperar o sino tocar.

Ficamos em silêncio, algo muito raro pra Alice tanto quanto é pra Nessie. Ela se mexia e remexia no banco, com certeza estava pensando em algo. Quando o sino tocou avisando que finalmente estávamos livres das aulas, nós levantamos e fomos para o estacionamento onde encontraríamos o Emmett. Eu fiquei ao lado da Alice perto do Volvo do Edward, que estava estacionado ao lado do Jipp vermelho do Emm. Os dois já vinham para cá, acompanhados do Jasper e da Rosalie, namorada do Emmett.

Eles eram um dos poucos que se enturmavam com outras pessoas de outros grupos. Alice disse que quando eles se mudaram para cá de Chicago, cada um seguiu para um lado, e no almoço ela viu que cada um dos seus irmãos tinham se juntado a grupos diferentes. Emmett estava nos esportistas porque ele, no outro colégio, tinha sido um jogador de futebol-americano, conseguindo, aqui na FHS ser o capitão do time. Edward já era dos populares, ele sempre foi. E Alice, com seu jeitinho... paty, também ficou com os populares, até me conhecer.

Foi entrando no time da escola que Emmett e Rosalie se conheceram, tendo seus mais novos... Amor adolescente. Foi mais ou menos uma semana pra eles ficarem juntos, e logo era o Casal 20 do colégio. E todos concordavam que eles faziam um belo par principalmente por que Emmett tinha conseguido amolecer o coração de Rosalie.

Jasper chegou aqui faz pouco tempo, por isso de Alice não saber o nome dele. A primeira pessoa que ele pegou amizade foi Edward e então Jasper se tornou um dos populares. Eu nunca tinha reparado nele, mesmo estando na mesma aula de espanhol.

- Meninas. – Nessie apareceu do nada, nos assustando. – O que estão fazendo paradas aqui?

- Esperando o Emmett. – falei. – E você?

- Estava indo para o meu carro. – ela deu de ombros. – O que deu com o diretor?

- Foi uma luta bem difícil e quase que nós perdemos – Alice começou. – Mas eu tinha uma carta na manga, algo que fez nosso querido diretor aceitar outro jornal.

- Como assim outro? Quer dizer que não vai tirar esse jornal idiota?

- Não. – suspirei. – Quero dizer, não ainda. Vai ser tipo uma competição pra vê qual jornal é melhor, o que ira decidir qual fica com a salinha.

- Wow! – Nessie exclamou animada. – Então vamos ter que trabalhar para ganhar?

- Isso mesmo. Só que não vamos fazer muito esforço. – Alice fez pouco caso. – Já está ganho.

- Com esse jornal ruinzinho já está mesmo. – ela concordou.

- Oi, meninas. – Emmett chegou sorridente. – E então, como foi com o diretor?

- Foi... – Alice me olhou. – Meio difícil, ele não queria dar o braço a torcer.

- Não adiantou nem a carinha? – Edward perguntou.

- Não, nem isso o comoveu. – respondi. – Ele era duro na queda.

- Isso quer dizer que não deu certo? – Jasper perguntou com uma careta.

Eu e Alice nos encaramos, ela com cara de tristeza e eu com um sorriso. Qual é? Se eu fizesse que estava triste logo sacariam que deu tudo certo, então tinha que demonstrar o contrario deles, assim como o Edward, que tinha um sorriso enorme no rosto.

- Bem... – comecei. – O Diretor Hell é um pão-duro assumido, e assim não queria liberar uma renda para nós... E – continuei antes que perguntassem. – Não queria tirar o precioso jornal dele, o Jornal FHS era como sua vida.

- Vidinha de merda... – Nessie cantarolou fazendo os outros rirem.

- MAS... – Alice interferiu. – Eu toquei no assunto que ele mais gosta e...

- E...? – os outros incentivaram.

- NÓS CONSEGUIMOS! – ela gritou muito animada. – TUTS, TUTS, CONSEGUIMOS!

Bom, como posso descrever a situação? A pior parte dela, claro. Alice, aquela anã com molas no tênis, começou a dançar no meio do estacionamento, sendo acompanhado por Emmett e por Renesmee. Não era uma dança tipo de boate ou essas coisas, era uma dança... Esquisita. Meio que inventada na hora. Todos no estacionamento, e quando digo todos é tooooodos mesmo, encaravam aquela cena constrangedora. Rosalie tentava se esconder nos cabelos dourados dela, Jasper olhava para algum canto como se estivesse paralisado, Edward tinha um sorrisinho nervoso e de vergonha, falando com quem passava e comentava. E eu simplesmente me virei de costas para aquilo e fingir que não sabia o que acontecia nas minhas costas.

- Já acabou? – Rosalie perguntou.

- Já... Ufa. – Emmett suspirou. Todos voltaram ao normal ou que parece normal. – Então quer dizer que conseguimos?

- Aham. – Alice assentiu freneticamente. – Mas tem uma coisa.

- Que coisa? – Edward perguntou desconfiado.

- Bem... O diretor cedeu, só que teremos que... “competir” – ela fez as aspas com as mãos. – Com o outro jornal... Se é que posso chamar aquilo de jornal.

- Então vai tipo haver uma disputa? – Jasper perguntou e nós duas assentimos. – Já está ganho.

Ele e a Alice combinaram frase. E eles tem a mesma confiança em si. Legal, duas pessoas impulsivas. Não que Jasper seja hiperativo, ele não parece ser isso, mas com certeza age igual a Alice. Dá pra vê que ele faz as coisas por impulso.

- E quando nós começamos? – Emmett sorriu muitoooo animado. – Não vejo a hora de contar a todos o que sei.

- O que você sabe? – Nessie perguntou curiosa demais e rápido demais e nós a encaramos. – Quero dizer, não que eu seja uma fofoqueira, mas... – ela soltou um risinho nervoso. – É bom saber o que acontece no seu colégio... Sabe, ficar atenta as coisas... E... E... AH, PAREM DE ME OLHAR ASSIM!

- Ok, esquece o surto dela. – falei chamando a atenção para mim. – Nós já podemos soltar a primeira edição semana que vem. O que significa que temos uma semana. Mas...

- Sempre tem um mas. – Jasper revirou os olhos.

- A culpa não é minha, ok? – me defendi. – O diretor nos deu a “missão” de falar com as pessoas do outro jornal.

- Como?! – Nessie me encarou perplexa. – Nós vamos ter que falar com aquelas pessoas antipáticas.

- Ah, elas não são tão antipáticas assim. – Alice falou calmamente.

- Não?! – Nessie se virou para ela. – E quando eles fecharam váaaarias vezes à porta na cara das pessoas? Ou quando expulsaram o pobre do Clarck da salinha porque ele queria um jornal? – ela agarrou Alice pela blusa. – Ele... Só... Queria... Um... JORNAL! A droga do jornal deles!

- Tudo bem, Nessie. – a segurei pelo ombro. – Não precisa surtar com isso. Sabemos que eles são antipáticos, ok?

- Ok. – ela suspirou e soltou a Alice. – Só foi o meu medo atacando novamente. Desculpa.

- Medo? – Rosalie ergueu uma sobrancelha. – Você tem medo daquelas pessoas?

- Bem... – Nessie riu nervosamente. – Eles uma vez quiseram me matar com uma caneta porque eu peguei um jornal na salinha pra limpar a cola que eu tinha jogado na menina.

- O que? – os outros, tirando Alice e eu, olharam para ela espantados.

- É uma longa história idiota. – disse.

- Não. Não é. – Alice interferiu. – Tudo aconteceu na Forks High School, onde os alunos eram vistos como capetas e os professores como monstros.

- Alice! – a repreendi.

- Desculpa, me descontrolei. – ela riu. – Nessie queria se vingar de uma garota, então decidiu colocar cola no cabelo dela.

- A garota colou chiclete no cabelo dela no pré. – expliquei o porquê da vingança.

- E ela só decide se vingar agora? – Rosalie perguntou confusa.

- Foi. – dei de ombros. – A menina sumiu e Nessie só a encontrou quando mudou pra cá.

- Ah. – eles fizeram.

- Então... – Alice chamou a atenção para si novamente. – No corredor, quando todos estavam na sala de aula assistindo seus professores chatos falar. Nessie estava caminhando pelo corredor, com um tubo de cola na mão porque estava fazendo um trabalho na aula de Artes. Ela andava calmamente, até vê Ela. A garota que acabou com seus cachinhos ruivos porque sua mãe teve que cortá-los.

- Eles eram tão bonitinhos. – Nessie falou com a voz chorosa.

- Então, num ato impensado...

- Epa ai, Alice, foi bem pensado, ok? – a cortei. – Nessie a seguiu até o corredor da salinha do jornal. E olha que elas estavam perto do laboratório de química.

- Ah, tanto faz. – ela balançou a mão. – Nessie pegou o tubo de cola, abriu a tampa, se aproximou da menina sorrateiramente e...

- E... – os outros a incentivaram a continuar.

Não acredito que eles estavam mesmo interessados naquela historinha de cachinhos ruivinhos da Nessie. Tudo bem que era triste, porque uma criança de bochechas rosadas e cabelos todo cheio de cachinhos ruivinhos é a coisa mais fofa e vê-la chorando é de quebrar o coração. Não que eu tivesse visto Nessie chorando, porque naquela época eu estava no meu pré resolvendo meus enormes problemas de crianças problemáticas e anti-sociais. Quais são os problemas? Bem... Tentar tirar o chiclete do próprio cabelo. Ou cola, ou arrumar o cabelo porque cortaram ele e essas coisas maldosas que crianças encapetadas fazem.

- E virou o tubo de cola no cabelo da menina! – Alice falou quebrando o suspense já imaginado.

- Que cor era o cabelo da menina? – Rosalie perguntou.

- Era preto mesmo. – Alice deu de ombros. – Só o que Nessie não esperava era que a menina conseguisse desviar quando percebesse a cola no cabelo. Então sujou todo o chão do corredor. A garota correu gritando e Nessie ficou ali, com toda a sujeira pra limpar.

- Então, num ato de desespero para não ser pega por algum inspetor... – continuei pela Alice. Claro, essa era a minha parte favorita. – Nessie entrou na primeira porta que tinha papel, essa sendo a Salinha do Jornal. Ela pegou um... Tem nome aquilo? – perguntei. – Bem, não importa. – cortei quem ia responder. – Ela pegou um daqueles papéis e colocou em cima da cola, mas na mesma hora Eric Yorkie apareceu e viu. Então, com a caneta que estava atrás da orelha...

- A caneta era daqueles de ponta fina. – Nessie contou e estremeceu ao lembrar.

- Ele veio como o carinha do pânico apontando aquela faca para a vitima. Nessie não pensou duas vezes antes de sair correndo e gritando igual a uma louca. O que ela é, da pra vê.

- HEY!

- Por onde ela corria parecia aparecer mais pessoas do jornal. Ângela Webber, Camylli Sanders, George Nedd. E todos com uma caneta de ponta fina, que fura até pele. O que eles bem queriam.

- E quando eles estavam perto de cometer o assassinato e acabar com a vida da doce garota inocente – Alice continuou. – O Diretor Hell apareceu, e mesmo que seus instintos e vontades mandassem ele deixar o tal assassinato acontecer... Ele não fez! Pois depois teria que se resolver com os pais da garota.

- A história acaba assim: - falei. – A garota do chiclete ficou com cola no cabelo, o diretor com vontade de ver um assassinato, os “jornaleiros” com vontade de cometer o assassinato com a caneta do mal, e Renesmee com trauma.

- E o papel colado no chão. – Nessie terminou.

- Noffa! – Emmett disse com a mão na boca. – Que história horripilante. Olha, até me arrepiei. – ele mostrou o braço e por mais idiota que pareça, ele estava arrepiado.

- Interessante. – Jasper falou.

- O conto de terror dos Cachinhos Ruivinhos. – Edward brincou e nós rimos.

- Ok, agora quem vai falar com os antipáticos? – Rosalie perguntou.


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