Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 36
Matei Meu Namorado!




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35. Matei Meu Namorado!

– Ela morreu? - ouvi alguém perguntar para assim aumentar o incomodo na minha cabeça.

Ela parecia que ia explodir. Doía demais, e eu só queria voltar a dormir. Eu tinha plena consciência de murmúrios a minha volta, além daquela voz alta que soou como um trovão aos meus ouvidos. E aos poucos, eu pude ir reconhecendo voz por voz. Como também Emmett repetir a mesma pergunta.

– Já disse que não, Emmett! - Edward respondeu com certa raiva na voz.

– Mas ela está pálida!

– Ela sempre foi pálida. - Rosalie murmurou. - E ela só desmaios, antes de perguntar novamente.

– Deixem ele quebrar o recorde de perguntar a mesma idiotice cinquenta vezes. - Alice brincou, mas ninguém riu.

– Porque? - Emmett perguntou. - Será que ela não gostou do Eddie pegá-la de jeito? - e a malicia presente no tom.

– Cala a boca. - Edward rosnou e ouvi risinhos. - Bella se assustou, foi por isso. Emoções demais...

– Será que devemos jogar água na cara dela? - Alice propôs.

– Não. - Edward novamente respondeu, e eu senti ele afagar meu rosto. - Daqui a pouco ela acorda. Lembra quando Emmett desmaiou por causa da barata e Carlisle disse para esperarmos...

– É verdade. - ela concordou.

– Foi legal aquele dia. - Emm disse e alguém bufou. Passou um minuto em puro silencio, até... - Mas... Tem certeza que ela não morreu?

– NÃO! - todos gritaram e foi como se eu levasse uma pancada forte na cabeça.

– Ugh. - gemi, levando a mão ao lugar que estava dolorido: que era toda a cabeça. - Calem a boca.

– Nossa, ela está viva! - Emmett exclamou.

– Não, sou uma zumbi.

– Ela não perde a ironia. - Edward brincou.

– Nunca, amor.

Abri um olho vendo que estava no quarto dele, e na cama dele. E também estava cercada por cinco pares de olhos: dois azuis e três verdes. Todos eles me olhavam como se eu fosse dar um ataque ou qualquer coisa, e eu só queria dormir para ver se aquela dor de cabeça passava. Eu não lembrava de ter batido ou feito qualquer coisa que me deixasse assim...

Falando em batida, eu me lembre do Tio Aro, que com toda certeza teria enormes motivos para ter dor de cabeça.

– Cadê Tio Aro? - perguntei do tal.

– Está lá em baixo, deitado no sofá. - Alice apareceu ao meu lado com um copo de água e uma aspirina na mão, para meu total deleite. - Toma. Sei que está com dor de cabeça.

– Obrigada. - agradeci, pegando o copo.

Coloquei o remédio debaixo da língua - para fazer efeito mais rápido - e tomei água toda sem parar para respirar. Quando terminei, olhei para o lado e todos continuavam me encarando com aquele olhar que como eu disse, fazia eu me sentir uma mutante mal feita. Pedi para Alice mais água - me sentindo constrangida com aqueles olhares - e a baixinha fez o que eu pedi rápido, voltando logo. Eu comecei a beber a água, dessa vez lentamente. Pelo fundo transparente do copo, eu olhei para Emmett, que deu um sorriso estranho.

– E então, Bella, como foi o sexo selvagem? - mexeu as sobrancelhas de modo sugestivo.

A pergunta inoportuna do animal me fez cuspir toda a água na cara da Alice, que me olhou mortalmente, enquanto limpava. Ignorei o olhar dela e me virei para o Emmett, que estava ao lado do Edward. Este que fazia uma careta, levantou e veio se sentar ao meu lado, empurrando Alice, que caiu no chão. Ela soltou um resmungo, mas ele nem se importou e pegou minha mão com a dele.

– É o que? - perguntei com a voz bem fininha.

– Eu já falei para ele que não estávamos em um sexo selvagem, que estávamos apenas... Conversando ou brigando, não sei, mas ele não acredita. - Edward revirou os olhos com uma expressão entediada. - Emmett tem essa mania de acreditar só em coisas legais.

– Eu vi com meus olhos. - Emmett apontou para os próprios olhos. - Vi vocês dois agarrados. E como são namorados... O que eu podia pensar?

– Que estávamos mesmo brigando. - falei, semicerrando os olhos na direção do Edward.

– Aham. - Emm deu aquele "Aham" falso. - Acredito.

– MAS É VERDADE! - Edward e eu gritamos.

– Ok, ok. - o gradão levantou as mãos como se rendesse.

– E isso me faz lembrar... - olhei para Edward. - Que eu ainda não te desculpei. - soltei minha mão da dele e o empurrei. - Você me deve desculpas.

– Eu?! - me olhou como se não acreditasse. - Eu não devo nada!

– Mas é claro que...

– Ow... Uh... O que aconteceu? - Tio Aro apareceu na porta, me cortando. Ele estava com uma mão na cabeça e uma expressão de dor. - Eu... Não me lembro de nada. Que horas vocês chegaram? E porque minha cabeça dói tanto?

– Er... Hum... Ahm... - Alice, Edward e eu nos encaramos.

– Tio Aro, senta aqui que eu vou pegar uma aspirina para você. - Alice o pegou pela mão e o puxou para a cama, enxotando o Edward e a mim, e tomando o copo da minha mão. - Espera um momentinho.

Ela correu para o banheiro que tinha no quarto. Eu me sentei no chão ao lado da Rosalie, para assim ficar afastado do Edward e do Emmett, e encostei minha cabeça na parede. Ela ainda doía, mas era uma dor que dava para suportar de olhos abertos.

– O que aconteceu? - Tio Aro perguntou como um choramingo. - Ninguém me respondeu ainda.

– Bem... - Edward começou, me encarando. - Tio, você estava na cozinha e... Escorregou no chão molhado. Isso, você escorregou. Bateu a cabeça e... Desmaiou.

Ah!– Tio Aro fez. - Que deslize meu.

– Mais você deslizou mesmo. - Emmett falou todo sorridente com a sua piada de duplo sentido.

– Yep. - Alice apareceu. - Eu fiquei muito assustada quando vi você no chão, Tio Aro. - lhe entregou o copo e o remédio. - Lhe disse que aquela torta de pêssego iria lhe causar um acidente. - ela olhou para mim e eu neguei com a cabeça.

Tio Aro tomou o remédio e ainda com uma careta, deitou na cama. Nós três - Alice, Edward e eu - nos encaramos, aliviados por ele acreditar. Emmett, Jasper e Rosalie com certeza não sabiam da história, porque nos olhavam confusos. O silêncio ali foi total, e a única coisa que o quebrou foi o ronco do Tio Aro.

– Ok, agora pode contar. - Jasper mandou.

Merda, ele era esperto, claro que não iria acreditar!

– Eu vim para cá porque vovó Swan estava doida e fazendo piadinha da minha vida intima, e quando cheguei Alice e eu começamos a conversar sobre a nossa vida intima, mas depois Edward chegou, e nós estávamos namorando quando Tony ligou e Edward começou a dar ataque de ciumes...

– Tio Aro queria comer a torta de pêssego da mamãe, e eu falei para ele não fazer aquilo, mas ele não me escutou e eu tive que bater na cabeça dele, só que um alien entrou no corpo do Tio e eu precisava tirá-lo dele pois não queria meu cabelo roxo...

– Eu até estava quieto no meu quarto depois de brigar com a Bella, só que essas duas loucas queriam o taco de beisebol, mas eu não podia deixar acontecer um assassinato aqui em casa, e por isso tentei impedir...

Nós três falávamos ao mesmo tempo, deixando os outros três confusos. Eu já nem reconhecia o que eu falava, e misturava as coisas com Alice, ficando ainda pior.

– CALA A BOCAAAAAA! - Rosalie gritou e nós nos calamos, ficando em silêncio novamente, e novamente ele sendo quebrado por Tio Aro. - Agora me expliquem o que a vida intima de vocês duas tem haver nessa história? E que coisa é essa de alien? Ou assassinato?

E novamente nós voltamos a falar ao mesmo tempo. Só conseguimos explicar quando ela mando a Alice, que praticamente fez a confusão toda, contar a história por nós três. A parte da varanda foi Edward quem explicou, para explicar por Irmão-seis-por-cento-de-cérebro que não estávamos prestes a fazer sexo selvagem. E sim, Emmett só usa seis por cento, de doze, do cérebro dele.

– E Bella, como assim sua avó está fazendo piadinhas da sua vida intima? - Rosalie perguntou.

Eu arregalei os olhos e olhei para Edward, que me olhava também, com as bochechas tingida de vermelho. Abaixei minha cabeça, olhando para minhas mãos, e sentindo logo as pontas das minhas orelhas ficarem extremamente quentes.

– Er... A velha está... De TPM por causa do Tio Aro, e... - passei a mão no pescoço. - Ela está procurando qualquer assunto para fazer... Piada, sabe...

– Mentira! - Emmett me cortou e lançou um olhar acusador para mim e para Edward. - Ela sabe o que vocês andaram fazendo...

– Cala a boca, Emmett! - Edward deu um tapa na cabeça do grandão, que resmungou. - Acho que já está na hora de pararmos de falar desse assunto maluco e fazermos algo de útil. - me olhou e eu suspirei em alivio. - O que vocês acham?

– Eu acho ótimo! - Jasper finalmente se pronunciou. - Vamos jogar videogame?

– Perfeito! - eu concordei rápido, querendo que a atenção se concentrasse agora só nesse assunto. - Que tal Guitar Hero?

– Guitar Hero? - Tio Aro acordou do nada. - Alguém aqui falou em jogar Guitar Hero?

– Eu falei. - Jasper disse.

– Legal! - ele pulou da cama e sorriu. - Cadê as guitarras para começarmos?

Edward levantou do lugar que estava e saiu do quarto, deixando nós sem entender. O quarto ficou silencioso até ouvirmos ele gritando o nome da Alice. A pequena se encolheu e correu para o lado do namorado, sentando no colo dele, e o abraçando, quase que o sufocando. Eu a olhei sem entender nada, afinal, o que Edward fora fazer lá em baixo e o que Alice fez para deixá-lo furioso? Levantei de onde estava e sai também do quarto, encontrando Edward no meio do corredor. Ele trazia na mão duas guitarras destruídas.

– Ela quem fez isso? - apontei para as coisas - que não podiam mais serem chamadas de guitarra - e olhei para Edward.

– Foi. - ele fez uma careta. - Acho que foi na hora que estava tentando matar tio Aro.

– Oh, merda. - mordi o lábio inferior. - Não podemos falar isso lá dentro, porque ele acha que caiu no chão da cozinha. E agora?

– Eu não sei. - ele soltou uma carranca e depois fez bico. - Minhas guitarras...

Sua expressão triste me fez ficar com dó dele, e eu até ia consolá-lo, sabe como é, encher de beijos, carinhos e falar que eu compraria outra, só que Edward Cullen não merecia isso! Que sofresse sem a namorada para deixá-lo feliz. Eu não era a malvada da história aqui, e sim ele. Malvado que quase me matou na varanda, e que não engolia o orgulho e me pedia desculpas.

Desculpe pela minha birra, mas eu estou magoada.

– Bem... - murmurei, me aproximando dele e tocando seu rosto. Edward sorriu, e eu retribui de forma doce. - Isso é problema seu. - dei duas batidinhas na sua bochecha e lhe dei as costas, sorrindo comigo mesma enquanto ele ficava de boca aberta.

Entrei no quarto e fui me sentar novamente ao lado da Rosalie, que estava com o cenho franzido e olhando para Emmett. Na verdades, todos ali no quarto o encarava da mesma forma, o que me deixou curiosa, mas eu não perguntei porque sabia que deveria ter saído merda da boca dele.

– Pessoal, não vai dar para jogarmos... - Edward entrou no quarto com uma expressão de enterro.

– Porque? - Emm perguntou desconfiado.

Alice levantou rápido, assustando o pobre do Jazz, e correu para o banheiro, batendo a porta com força. Ela sabia muito bem o que tinha feito, e eu até suspeitava que talvez fosse de propósito, porque Alice odiava quando ela tinha que se concentrar para desenhar e os meninos ficavam jogando com o volume alto. Ela também jogava de vez em quando, mas se não estivesse, odiava.

– Por causa disso. - Edward pegou as guitarras e mostrou para todos.

Emmett começou a chorar - sim, chorar - e Jasper estava de boca aberta. Rosalie os olhou sem entender, não sabendo o quão preciosas eram aquelas guitarras de videogame para os três. Tio Aro sentou na cama, triste que a nossa diversão tivesse ido pelos ares.

– Duvido agora o papai nos dará outras. - Emmett resmungou, limpando as lágrimas. - Ele disse que tínhamos que ser cuidadosos... - os três soltaram gemidos de desgosto.

Eu sabia bem dessa história de ser cuidadoso. Quase de três em três meses Carlisle comprava joystick novos para os meninos, porque eles quebravam ou jogando jogos de tiro, ou atacando um na cabeça do outro com raiva. É sério, um dia eu presenciei Edward de cima da escada acertar Emmett na cabeça porque ele tinha roubado no jogo de futebol. E também essas eram a terceira guitarras que eles quebravam. Aqueles meninos eram máquinas de destruição. Que descansem em paz todos os joysticks e guitarras que eles quebraram.

Eu mordi o lábio inferior para não rir da cena de desespero dos três, mas estava impossível. Apoiei minha cabeça no ombro da Rosalie e puxei o ar.

– E agora? - Jasper perguntou.

– Eu não sei. - os dois Cullens falaram.

– Como aconteceu isso? - Tio Aro finalmente perguntou a pior pergunta que ele podia fazer.

– Hm... Er... - Edward olhou para os lados. - Sabe Tio como Emmett e eu somos... E... Bem, você sabe!

Ah, que ótima explicação! Ele tinha fé que Tio Aro acreditasse nesse "você sabe"? Só meu namorado mesmo para duvidar da capacidade de pensar do próprio tio. Tudo bem que Tio Aro é lerdo, mas não tanto.

– É, eu sei. - Tio Aro confirmou e bati a mão na minha testa, desacreditada.

Edward me lançou um olhar de "E então, o que acha disso?" bem desafiador, e eu mostrei o dedo para ele.

– Mas e agora, o que vamos fazer? - Jasper perguntou.

Alice saiu do banheiro, com os olhos arregalados de medo, e se aproximou do namorado. Ela deveria ter ouvido a desculpa do irmão, mas eu tinha certeza que não estava livre do que estava por vir para ela.

– O óbvio, claro. - Tio Aro foi até a porta. - Eu vou sair, daqui a pouco volto.

Ele bateu a porta com força, e nós seis nos olhamos.

– Ele me assusta. - Rouss sussurro.

– A mim também. - Jasper, Alice e eu concordamos.

Ficamos em completo silencio, se encarando.

– Alguém aqui quer salgadinho? - Emmett perguntou e todos confirmamos, seguindo ele para o andar debaixo.

Nós descemos para a sala, com Alice presa no celular ligando para Nessie, e ficamos por ali, assistindo TV. Ou tentando, já que Emmett queria assistir desenho, Alice queria assistir a um desfile que acontecia em algum lugar, Rosalie queria assistir uma série e Jasper o filme que passava. E Edward e eu? Bom, meu namorado e eu estávamos sentados tentando - viu? TEN-TAN-DO - assistir alguma porcaria que eles colocassem, mas a cada segundo mudavam de canal. Todos em pé no meio da sala, tampando a visão da TV e ainda trocando o canal. Eu via o Tico e Teco passando, depois umas mulheres com roupas que lembravam animais, depois uns adolescentes numa festa, logo uma mulher saindo do poço e então voltava para o Tico e Teco, seguindo novamente essa ordem ou a desordem, como quiserem classificar. Para mim tanto faz já. Edward estava com a cabeça encostada na minha e suspirando a cada canal trocado.

– DEIXA LÁ. - Alice berrou para o Emmett.

– NÃO! VAMOS ASSISTIR TICO E TECO! - ele tomou o controle da mão dela e colocou no desenho.

– NADA DISSO, NÓS VAMOS É ASSISTIR GOSSIP GIRL! – Rosalie pegou o controle e pôs na tal série adolescente.

– Galera, o que é isso... - Jasper soltou um risinho. -, sejam mais inteligentes e COLOQUEM NO O CHAMADO! - gritou no fim pegando o controle e colocando no filme.

– Ihhh, Jasper, isso não adianta pro Emmett. – brinquei, mas só Edward e eu rimos.

– Isso mesmo! – Emmett concordou. – Agora coloca no TICO E TECO!

– Essa briga vai longe. – eu falei e Edward concordou com a cabeça.

Eu bufei e Edward suspirou.

– Quer ir fazer coisas mais produtivas? - sussurrou no meu ouvido.

– Eu já disse que estou com raiva de você. - deu uma cotovelada no estomago dele, o fazendo gemer de dor. - Vai fazer coisas produtivas com a desculpa que você não quer soltar.

Edward suspirou mais uma vez e resmungou algo como "você está sendo muito malvada comigo" que eu ignorei.

– Hey, Tico, eu encontrei a noz e...

– Agora Giselle Bütchen entra co...

– Parece que nossos anjinhos de Manhattan estã...

– Nós temos que encontrar a fita...

– Teco, cuidado!

– JÁ CHEGA! - me levantei e fui até a rodinha que eles tinham formado. - Que droga! - tomei o controle deles. - Não vamos assistir nenhum Tico e Teco. - Emmett primeiro arregalou os olhos, depois fez bico e os outros riram.

– Bem feito. - Alice falou.

– E também nenhuma magrela desfilando.

– Ahhh. - ela fez decepcionada.

– Rárá. - Rosalie riu sarcasticamente, cruzando os braços.

– Nenhum riquinho nova-iorquino muito menos. - ela fez bico igual ao Emmett.

– É isso mesmo, Bella. - Jasper apoiou. - Agora coloca no filme. - ele sentou no sofá e puxou Alice para sentar com ele.

– E não vamos assistir droga de filme de chamado. - completei e ele bufou. Sentei novamente ao lado do meu namorado e joguei o controle no colo dele. - Agora, Edward, escolhe alguma porcaria - que não seja o que eles queriam - e coloca para nós assistirmos. - todos me encararam perplexos.

– Puxa sacoooooo. - Emmett cantarolou e eu ataquei uma almofada nele.

– Não é puxa saco nada porque eu estou com raiva do seu irmão. - falei. - E só dei o controle para ele porque... Ah, porque eu não quero escolher nada.

– Aham... Sei. - fez, me olhando de soslaio.

Com raiva, mostrei meu dedo do meio para ele. Edward colocou em um filme de comédia que passava, e nós assistimos aquilo mesmo até o final. Com o tempo já tínhamos se ajeitado de todas as formas ali: Emmett deitou no chão com Rosalie do lado dele, Alice estava deitada no sofá com as pernas em cima das de Jasper, e eu e Edward estávamos deitados juntos.

– GALERINHAAAAAAAAAAAAAAAA, CHEGUEEEEEEEEEEEEEEI! - Tio Aro abriu a porta com força, batendo ela na parede e a fazendo voltar.

Tinha alguém ao lado dele, era a Renesmee com um sorriso misturado com uma careta. Ela praticamente correu até nós, sentando em cima do braço do sofá que a baixinha estava.

– Ah, não. - gememos baixinho pela chegada do Tio Aro.

Segundos depois Jake apareceu, com uma careta, que piorou ainda mais quando passou pelo Tio Aro. Ele parou atrás da namorada, lançando um olhar engraçado para nós.

– Oi galera. - Nessie nos cumprimentou baixinho, junto de Jake.

– Oi. - respondemos.

Tio Aro fechou a porta e veio até o meio da sala. Eu sentei, sendo acompanhada por Edward, olhando para o maluco.

– Eu vi a tristeza de vocês ao saber que as guitarras estavam quebradas, e...

– E...? - o incentivei.

– Fui no Walmart e comprei para vocês... - ele pegou duas sacolas que eu não percebi que carregava. - Mais duas guitarras!

Edward, Jasper e Emmett trocaram olhares felizes e foram ver as guitarras, que estavam novinhas, direto da caixa. Tinha também um kinect, e joysticks, em dobro. Os meninos comentavam animados sobre aquilo, incluindo Jake, que não sabia que as guitarras tinham sido quebradas pela Pixel. Esta estava com uma expressão de aliviada porque com toda certeza não precisaria tirar da mesada dela dinheiro para comprar, já que Tio Aro tinha feito aquilo. Agora eu dava pontos a desculpa de Edward.

– Porra! - Emmett exclamou feliz. - Tio, não precisava... - suas palavras eram falsas, claro.

– Mesmo assim fiz questão, porque vocês me lembram eu antigamente.

– Hã? - fizemos.

– Não fisicamente, porque eu era muito mais bonito. - ele se vangloriou. - Mas sobre gostar dos eletrônicos.

Mais bonito que Edward? Rá, impossível!

– E você ainda se lembra? - Rosalie perguntou.

– Claro que sim! - ele a olhou horrorizado, nos fazendo rir. - Eu adorava videogames. Nos anos 70, quando a Atari lançou o primeiro videogame, eu tinha meus dezessete anos, e como ainda não eramos ricos, eu joguei ele em um bar de Washington. Ah... O jogo Pong é o melhor jogo que já joguei na minha vida. Eu era viciado em jogar, e toda vez que recebia algum dinheiro dos trabalhos que fazia, eu ia jogar. Isso deixava a avó de vocês muito nervosa, e ela chegava a me proibir. Como castigo queria todo o meu dinheiro, sem me deixar nenhuma moedinha, então eu trabalhava mais, ganhava mais, mas só dava para ela a quantidade que ela achava que eu ganhava. Foi um ano vivendo assim... - ele suspirou, nostálgico. - Fazer coisas escondidas sãos as melhores.

– Você faz coisas as escondidas? - Emmett perguntou para mim, me olhando desconfiado.

– Claro! Até me prostituo escondido. Uso drogas também. Ah, Emmett, tem tanta coisa que eu faço escondido... - revirei os olhos, sentindo Edward me abraçar pelo ombro.

– Ela não está falando sério, está, Rose? - ele perguntou baixo para ela.

Emmett tinha essa estranha mania de achar que estava falando baixo, mas não estava, fazendo nós escutarmos suas perguntas idiotas.

– Não, Emm. Ela não está.

– Ufa. - ele suspirou aliviado. - Achei que tinha empurrado meu irmão para uma perdida.

Eu soltei um rosnado, fazendo os outros rirem.

– Mas continuando aqui... - Tio Aro chamou nossa atenção para ele. - É por isso que eu me vejo em vocês, porque eu também fazia coisas erradas, como vocês sempre quebram algo. Os pais de vocês não lhe dão dinheiro para comprar outras, a minha não me dava porque eu gastava muito, é quase a mesma coisa. - ele deu de ombros. - Ela descobriu o que eu fazia, e depois me obrigou a comprar leite com o dinheiro que ganhava a mais. Depois que eu comecei a tomar o leite que comprava, fiquei fascinado com a delicia que é o leite, e esqueci do videogame.

Ahhhh, então era dai que vinha todo aquela coisa de ser fã de leite. Caramba, um videogame mudou a vida dele, o fez trabalhar ainda mais... Que vida!

– Cara... Isso é tão legal... - falei, olhando para tio Aro. - Que aventura!

– Bella, você ficou louca? - Alice perguntou.

– Não, eu estou falando sério.

– Não é mesmo legal?! - Tio Aro me olhava feliz.

– Muito...

– Ótimo, então vai viver essa aventura para ver como é bom. - Jake falou rindo.

– E se eu for? - ergui uma sobrancelha. - Não iria achar ruim.

– Você é louca. - Jasper falou e os outros riram.

– Garota Alien. - Tio Aro murmurou, chamando a minha atenção.

– Er... O que? - perguntei.

– Seu novo apelido é Garota Alien. - ele deu de ombros como se fosse normal.

Espera... O que ele queria dizer com isso?

– COMO? – me levantei do sofá, mas Edward me puxou de volta. – Está me chamando de Alien?

– Não! – Tio Aro gargalhou. – É só que por você ser diferente parece que veio do outro mundo, pois todos é contra e você é a favor.

– Ótimo. – resmunguei me sentando novamente. – Agora sou um extraterrestre.

– Eu sempre duvidei disso. – Edward falou depois de muito tempo calado.

O olhei com a boca aberta, não acreditando no que tinha dito. Como meu próprio namorado, que dizia gostar de mim, podia me chamar de ET?! A porra do ET aqui era o Tio dele, não eu.

– Eu preferia você de boca fechada, inútil. – falei entre dentes para magoar mesmo, fazendo Aro gargalhar.

– Não liga pro meu sobrinho, Garota Alien. – ele colocou a mão no meu ombro. – Sabe pra que eu comprei as guitarras? – neguei com a cabeça. – Além de pra nós jogar, pra quebrar também.

Eu sorri com suas palavras, olhando para Edward.

– Nãooooooooooo. - ele choramingou, me abraçando. - Não pense nisso, Bella, por favor...

– Pensar em que? - me fiz de desentendida, empurrando ele.

– Ótimo, vai ter sexo selvagem de novo. - Emmett disse como se estivesse entediado.

– O que? - Tio Aro olhou para ele sem entender.

Eu abaixei minha cabeça, corando violentamente. Ninguém merecia esse garoto, porque ele tinha que ter uma boca grande e falar algo que nem estar fazendo eu estava. Agora, o namorado da minha avó estava pensando que eu e Edward tínhamos uma vida sexual ativa - muito ativa, como Emmett falava - e ia falar para vovó Swan, que como está irritada com tudo, vai começar com as piadinhas.

QUE ÓTIMO!

– É que Bella e Edward...

– Cala a boca, Emmett! - Edward o cortou, soltando um rosnado.

– Se eu não quiser eu não calo.

– Cala sim!

– Não calo!

– Cala sim!

– Calo não!

– Se você não calar eu corto a sua língua.

– Haha. - Emmett riu sarcasticamente. - Você vai cortar é...

– Shiu!

– ... Meu dedo que vou mostrar para você! - ele mostrou o dedo, fazendo nós todos gargalharmos.

– Cala a boca vocês dois. - Alice mandou. - Agora, vamos jogar logo porque eu quero dançar. Jasper, amorzinho, ligue o videogame para nós.

Jasper ligou o videogame e conectou nele o kinect, colocando o jogo de dança. Eu fiquei assistindo aquilo e rindo demais do pessoal dançando. Emmett era o mais hilário de todos, porque ele se sentia mesmo em um balada com passos ensaiados. A maior disputa foi Edward e Rosalie, porque os dois eram bons. Nessie e Jake também dançaram bem, juntos. Tio Aro era companheiro do Emmett, os dois juntos foram um desastre. Eu apenas assisti, não me atrevendo a fazer parte daquilo, porque eu sabia meus dons especiais de passar mico dançando - mesmo que nunca tenha dançado além do luau que era porque eu estava alegre demais. Até tentaram me fazer dançar, mas não conseguiram. Edward tentou fazer persuasão com beijo no pescoço, só que quando lhe dei um empurrão forte, ele desistiu me chamado de violenta. Isso fez Emmett dizer o pior comentando de todos:

– Se é agressiva aqui, imagina na cama...

O que fez eu lhe dar um chute na canela e puxar seus cabelos. Depois disso, ele não se referiu a mais nada nesse assunto. No final quando Rosalie ganhou com os maiores pontos, eles decidiram jogar Guitar Hero. Esse eu joguei, claro, e modéstia a parte, Tio Aro e eu eramos muito fodas juntos. Éramos uma dupla e tanto.

– Você está roubando! - Emmett apontou para o Edward depois de perder.

– Mas não tem como roubas. - Edward soltou com tédio.

– Não mesmo. - concordei.

– Claro, claro. - Alice revirou os olhos. - Agora, Bella, que tal um pouco de Guns N Roses?

– Fantástico! - exclamei, indo pegar a guitarra que estava com o Edward. - Coloca logo.

Eu e Alice também eramos boas rivais, tanto que o som saia muito bom. Allie começou a se sentir como uma guitarrista, inclinando o corpo, e isso me fazia gargalhar dela, resultando na minha derrota por distração. Queria revanche, mas Edward não deixou, falando que tinha chegado a nossa hora de jogarmos junto. E só avisando que uma coisa que eu nunca ia admitir em voz alta era que ele também é bom.

– Vamos lá, Garota Alien, mostra que você sabe! – Tio Aro falou. – Mostra o rock que tem em você.

Edward ligou o Home Teacher e deixou o volume bem alto. Escolheu a pior música de todas, sabe aquela que toca no final... A que tem que ser rápido com os dedos? Então, essa mesmo. A que tem oito minutos de duração? Ohhhh, você realmente a conhece. Ele sorriu de canto para mim, que eu retribui. A música começou e logo vieram as notas. Muitas notas. E rápidas. Agradecia por não estar no expert.

– Wow! - Emmett exclamou animado. - Isso que é ser rápido.

Eu sorri, não querendo me distrair novamente e perder. Errei duas ou trés notas apenas com a voz do Emmett. Os outros estavam em silêncio, apenas observando.

– Olha lá, Edward apanhando da Bella... - Jacob provocou depois de quase dois minutos de música.

– Cala a boca, Black. - Edward soltou, rindo.

– Ele não gosta de admitir que eu sou melhor que ele, Jake. - falei.

– Rá, que engraçadinha. - meu namorado soltou.

– Admita, Edward, que seu orgulho é muito grande que mesmo você errado... - parei para me concentrar porque a parte era muita, mas logo deu para aliviar. - você não pede desculpas.

– Eu não estou errado. Você que não se colocou no meu lugar...

– Não tenho como me colocar no lugar de um imbecil! - rosnei. - Que não acredita em mim.

– Eu acredito em você, só não gosto desse menino.

– Ele é meu amigo, e você tem que engolir ele, assim como engulo sua amizade com Tânia!

– Ele estão tendo uma discussão? - Tio Aro perguntou.

– Estão. - Alice quem respondeu. - Estão assim desde... Bem, desde umas horas.

– Eu não sou obrigado a engolir isso! - Edward rosnou.

– Então você não é obrigado a me engolir também! - pausei o jogo e me virei para ele. - Porque as coisas são assim, Edward. Se me quer, tem que querer também o que vem comigo. Da mesma forma que eu aceito o que vem com você, e sim, eu estou falando do seu irmão.

– AI! - Emmett resmungou, e os outros riram.

– Ele é da minha família.

– Não importa. - cruzei os braços. - Se for assim, Tony agora é meu irmão e você vai ter que aceitar.

– Eu já disse que não sou obrigado. - ele deu um passo a frente, ficando bem perto de mim. - Não gosto dele, tenho ciumes e é assim.

Argh, odeio ciumes!

– Não é assim não. - bati o pé. - Não quero que você goste dele, só quero que não fique tendo esses ataques de ciumes quando falar com meus amigos. E isso não é só questão da minha amizade, é também seu orgulho, que você não engole. Edward, você me quis depois de eu virar amiga do Tony e do Daniel, então sabe como são as coisas, e não pode mudar. Já bastava Renée me obrigar a fazer coisas que eu não queria, me deixando sem amigos por causa que era uma esquisita, e agora vem você? Se for mesmo assim, então...

– Não termine essa frase! - me cortou.

Engoli em seco as palavras que ia soltar sem querer, apenas por causa do calor do momento. Claro que eu não queria aquilo, e que também não ia dar fim ao nosso namoro por causa do Tony, mas eu queria fazer Edward entender que assim como ele tinhas as amigas dele, eu também queria ter os meus. E que não era só por causa disso que ia trai-lo ou deixá-lo, longe disso. Eu era loucamente apaixonada por ele, e nunca deixaria que uma coisa boba me afastasse dele, porque não queria sofrer, mas também não queria deixar meus amigos. Fora que eu queria ensinar para ele deixar de ser tão orgulhoso e aprender a pedir desculpas quando ele está errado, porque eu sabia fazer a minha parte. E sendo só eu a levantar a bandeira branca, isso uma hora não daria mais certo. Eu queria fazer dar certo, e ele também teria que querer a mesma coisa.

Eu também não tirava a razão dele de ficar assim, porque era seu primeiro ataque de ciumes. Admito que se visse ele falando que estava com saudades de uma amiga, também piraria, mas não iria desconfiar do seus sentimentos. Para mim dizer um "eu te amo" é como perder a virgindade, estar dando um passo grande, e se ele disse, eu acreditava. Agora vai tentar colocar isso na cabeça dura dele.

– OK! Já chega com isso! - Emmett falou, me tirando dos meus pensamentos. Ele levantou e parou entre nós. - Não vamos prolongar isso sendo que os dois estão nervosos. Agora, que tal jogarmos? Bella, me dá a sua guitarra.

Emmett pegou a guitarra da minha mão, só que eu a prendi com força.

– Eu não terminei de jogar ainda. - falei, desviando meus olhos de Edward, que ainda me encarava. - Então, cai fora, mané.

– Ah, nem vem! - Emmett bateu o pé no chão. - Vocês dois ficaram discutindo a relação enquanto podiam estar jogando. Acabou o tempo dos dois, agora é minha vez. - ele tentou puxar a guitarra.

– ESTÁ CERTO! - Tio Aro apoiou ele e eu revirei os olhos.

– Sai fora, Emmett! - puxei para o meu lado.

– Não, quem tem que sair fora é você.

Nós ficamos puxando a guitarra de um lado para o outro, como tinha acontecido com o taco de beisebol, só que agora eu estava contra Emmett. Ele puxava para ele, e eu puxava para mim. Edward saiu do que parecia ser um transe e veio se meter na briga, assim como Alice e Rosalie. Dessa vez a guitarra passava entre cinco mãos, não parando em nenhuma. Edward veio para o meu lado, tentando me ajudar. Teve uma hora que eu consegui puxar a guitarra para mim, e no impulso de puxar, eu a joguei para trás, só que ela bateu em algo, quebrando-a. Na mesma hora eu fechei os olhos, fazendo uma boa reza.

– Bella... - Alice murmurou.

– Não me diga que eu quebrei algo... - pedi ainda com os olhos fechados.

– Quem dera. - Jacob falou com a voz carregada de surpresa. - Você acertou o Edward.

– Edward? - chamei, mas não obtive resposta. - Edward, meu amor? Gatinho, fala comigo... - senti meu coração começar acelerar, mas ainda não abrir os olhos. - Não me diga que...

– BELLA, VOCÊ MATOU O EDWARD! - Jasper berrou e Nessie soluçou alto, começando a chorar.

Abri os olhos e me virei, encontrando meu namorado totalmente inconsciente no chão. Meu peito doeu ao olhar para ele ali, imóvel. Eu era uma assassina... Eu sou uma assassina... Eu matei meu namorado... OH MEU DEUS, EU MATEI MEU NAMORADO! Olhei para a arma mortal na minha mão, e a joguei longe porque a senti queimar minhas mãos. Todos me olhavam ali de olhos arregalados, assustados com minha ação. Olhei novamente para Edward, que não tinha se movido.

Será que eu conseguiria fugir?

Deus, todos estavam de prova, eu não podia mentir! Quando a policia chegasse aqui - meu paizinho lindo - eu ia ser presa.

– Bella ficou viúva. - Emmett murmurou, choroso. - Bella está viúva!

– Será que se escondermos o corpo ninguém vai perceber? - Tio Aro perguntou.

Eu já sentia as lágrimas, porque como Emmett disse, eu tinha ficado viúva. Nem casei e já estava viúva! Não tinha mais namoro de anos, nem casamento, nem filhos bagunceiros, muito menos netos... Porque eu matei a pessoa que faria tudo isso comigo. E sabe o que é pior? É que eu via o clipe da Lady Gaga ali todinho: ele tentando matá-la da varanda, e no final ela matando ele.

– Bella? - Alice me chamou. - Bella, você está...?

– Eu... Eu... - comecei a gaguejar. - AHHHHHHHHHHHHHHHH, EU MATEI MEU NAMORADO! EU MATEI! EU SOU UMA ASSASSINA! ELE MORREU! ELE MORREEEEEEEEEU! POR MINHA CAUSA. EU VOU SER PRESA! ISSO ESTÁ SENDO QUE NEM O CLIPE DA LADY GAGA! EU NÃO QUERO SER UMA LADY GAGA! EU ESTOU VIUVA! NÃOOOOOOOOOOOOO.

Posso dizer que depois do meu ataque de panico eu desmaiei, er... De novo? Eram muitas emoções, e bom, foi isso que aconteceu. Minha gritaria só cessou quando eu caí no chão também inconsciente, e só acordei depois de duas horas e com álcool. Minha cabeça latejava na parte de trás, talvez por causa da queda e eu deva ter batido. Eu não sabia, mas doía demais.

Abri lentamente meus olhos para evitar dores maiores, e dei com um teto que eu conhecia bem. Me virei para onde ouvia burburinhos, encontrando todos sentados como eu os tinha visto a primeira vez, só que dessa o Edward não estava ali, e sim Tio Aro. Olhei lentamente para o meu lado esquerdo, e arregalei os olhos ao constatar a pessoa que estava ao meu lado. Ele parecia dormir profundamente, um anjinho. E só tinha um pequeno e único problema em tudo aquilo, e era que Edward não estava dormindo, e sim morto, porque eu tinha matado ele! O que significa que... EU ESTAVA DEITADA AO LADO DO MEU NAMORADO DEFUNTO!

Joguei meu corpo para fora da cama, caindo de bunda e batendo a cabeça no chão. Eu sentia que ia ter um traumatismo craniano, porque hoje só Deus para me salvar mesmo.

– BELLA! - Alice correu até mim, sendo seguida por Nessie.

– Ow... Ugh... - gemi, levando a mão ao lugar. Odeio essa vida! Olhei para os outros e depois para a cama. - Ele... Guitarra... O que...? - arregalei os olhos. - EU MATEI O EDWARD! OH MEU DEUS, EU MATEI O MEU NAMORADO. EU NÃO QUERO SER PRESA. POR FAVOR, NÃO ME DENUNCIEM! EU PAGO O FUNERAL, O CAIXÃO, ATÉ A TERRA, MAS NÃO ME DENUNCIEM. SE QUISEREM, EU PEÇO PARA MEU PAI AJUDAR A ESCONDER O CORPO, MAS... NÃOOOOOOOOOOO.

– ALICE, ELA ESTÁ EM ESTADO DE CHOQUE. BATE NELA! - Rosalie gritou.

Alice me pegou pela blusa e me levantou. Ela olhou fundo nos meus olhos e ergueu uma sobrancelha.

– ISABELLA, PARA DE GRITAR QUE NEM UMA LOUCA E SE CONTROLA, MULHER!

– NÃOOOO. ELE MORREU! ELE MORREU! EU O MATEI. EU SOU UMA ASSASSINAAAAAAAA. EU QUERO MEU NAMORADOOOOOOOOOOO!

O barulho do tapa estalado ecoou pelo cômodo. Eu paralisei no lugar, com a mão aonde ela tinha batido. Alice soltou minha blusa e suspirou.

– Me desculpa. - pediu com sinceridade.

– Você me... BATEU?! ALICE, VOCÊ ME BATEU? AHHHH, PIXEL, VOCÊ ME BATEU! EU NÃO ACREDITOOOOO. AGORA TODOS VÃO ME BATER PORQUE EU MATEI O EDWARD! NÃO! NÃO ME BATEM, POR FAV...

– Façam ela... CALAR A PORRA DA BOCA! - o defunto levantou da cama muuuuuuuito furioso. - EU QUERO DORMIR!

– OMG! OMG! OMG! - eu comecei a pular no lugar, apontando para meu namorado defunto-de-poucos-minutos. - ELE ESTÁ VIVO! ELE VIROU ZUMBI! AGORA ELE VAI ME MATAR E ME JOGAR AONDE NINGUÉM POSSA ENCONTRAR O CORPO SÓ PRA SE VINGAR! OMG! OMG!

– CALA A BOCA, BELLA! - Edward zumbi veio até a mim e me pegou pelo braço. - CALA A BOCA! CALA.A.BOCA! CALAAAAAAAAAAA A BOCAAAAAAAAAAAAAA!

– OH MEU DEUS, ELE QUER ME MATAR! ELE QUER ME MATAR!

– NÃO, EU NÃO QUERO TE MATAR! - ele fez uma careta. - Eu só quero dormir...

– VIU?! VIU? ELE VAI ME MATAR DEPOIS DE DORMIR! ELE...

Bem... Como eu posso explicar o que aconteceu que me fez calar a boca? Eu vou tentar ao máximo detalhar. Edward me encarava com tanta, mais tanta raiva que até um olho dele tremia. Então, enquanto eu estava dando meu ataque de doida medrosa, ele me puxou com força e colou os lábios nos meus. Não, você não leu errado. Edward simplesmente me beijou, me calando da melhor forma. Não teve movimento nem nada, só foi um encosto de lábios. Várias descargas elétricas correram por todo o meu corpo, eu até podia imaginar elas passando pelas minhas veias iguais foguetes. Era a mesma sensação de todas as vezes que ele me beijava, e só estava intensificava por causa da ebulição de sentimentos e histerias que eu me encontrava.

– Melhor? - ele perguntou com a voz carinhosa ao se afastar, e eu apenas assenti. - Ótimo, agora eu posso dormir.

Edward voltou para a cama e deitou de costas para nós. Eu caí no chão, me sentindo uma completa idiota. Pelo ataque de pânico histérico que tive, e porque eu sempre ficava assim quando Edward me beijava.

– Bella? - Alice se ajoelhou ao meu lado. - Você, er... Está bem? - novamente apenas assenti.

– Caramba, nem nessas horas esses dois se largam. - Emmett falou malicioso, na minha direção.

– Não foi nada disso, Emmett. - Jasper disse com a voz entediada. - Ele acabou o choque dela lhe dando outro.

– Ah sim. - Emmett soltou um risinho.

– Então a Bella não quer ser uma Lady Gaga? - Jacob, como amor de pessoa que é, perguntou.

– Você nem sabe porque ela estava falando aquilo. - Rosalie disse.

– Claro que eu... Não sei. - ele suspirou derrotado. - Me explica?

– É porque no clipe Paparazzi o cara joga ela pela varanda, e Edward fez aquilo com ela.

– O QUE?! - Nessie e ele perguntaram juntos.

– Foi sem querer. - Edward murmurou.

– Então a Lady Gaga se vinga dele colocando veneno no chá e depois vai presa. Bella achou que ia acontecer o mesmo consigo, entendeu?

Eu abaixei a cabeça, triste e envergonhada. Não era para ter acontecido aquilo com a guitarra, foi uma coisa muito sem querer, mas que tinha me feito passar uma horrível vergonha. Esse dia estava sendo uma bagunça, eu vim na Alice para fugir de uma e entrei em outra bem pior.

– Foi sem querer o negocio da guitarra. - sussurrei.

– Sem querer ou não, aquilo foi Rock'N'Roll. - Tio Aro, que até agora estava muito quieto e não tinha se pronunciado, falou com um enorme sorriso nos lábios. - Garota Alien é das minhas.

– Cuidado para não ficar que nem ele no futuro. - Edward falou e todos riram, menos eu e Tio Aro.

– Vamos acabar com as brincadeiras por aqui. - Alice levantou e me puxou com ela, também puxando Nessie. - Rosalie, você vem?

– Claro. - a loira levantou em um pulo. - Emm, depois eu te encontro?

– Tudo bem.

– Aonde vamos? - eu perguntei, meio atônita ainda.

– Para o meu quarto. - a Pixel respondeu.

Eu olhei na direção do Edward, que ainda continuava deitado de costas para todos nós e senti meu peito se apertar.

Aquilo estava indo longe demais, eu tentava fazer Edward mudar algo e isso só estava nos trazendo problemas e mais brigas. Era como se estivéssemos voltado cinco meses atrás, quando brigávamos quase que diariamente, e eu não queria que nosso relacionamento desse um passo para trás, e sim para a frente. Estava fazendo papel de idiota e hipócrita ali, porque eu não queria que ninguém mais tentasse me fazer o que não sou, e ali estava eu tentando também mudar Edward. Ele era assim, eu o conhecia assim, e não seria da noite para o dia - ou em questão de horas - que ele ia deixar de ser o que é: um orgulhoso. Não podia mudar ninguém para se moldar a mim, porque eu não iria me moldar também. Eu tinha que aprender a conviver com aquilo, e fazer que seja algo que dê para conviver, ou vai acontecer o que eu menos quero nesse momento. Mudar pessoas nunca dá certo - não quando elas não querer serem mudadas - e isso faz qualquer relação ruir aos poucos, porque não é questão de mudar, é questão de você saber que a pessoa não te aceita realmente como você é.

E eu aceitava o Edward. E só agora percebia que não era só ele quem estava sendo o orgulhoso da história, era eu também, porque podia muito bem ficar sozinha com ele e iniciar uma conversa descente, sem agressão. Talvez fosse no sangue da minha família essa coisa de controlar as pessoas, e eu sempre tinha falado comigo mesmo que não iria fazer o que Renée fazia, e aqui estava eu, querendo transformar meu namorado em um protótipo perfeito, sendo que ele deveria ter seus defeitos. E o orgulho era um deles. Eu tinha que levar, esse era o ponto forte.

– Alice, eu não...

– AONDE ESTÁ A MINHA NETA?! - Vovó abriu a porta do quarto com força, olhando o para todos os cantos até seus olhos castanhos claros pararem em mim. - Oh minha bebê, vem cá!

Ela me puxou para seus braços, me apertando fortemente enquanto murmurava que eu não deveria ter saído de casa, perguntando se eu estava bem e se teríamos que sumir com o corpo. Eu não consegui falar nada enquanto ela me apertava e distribuía beijos pelo meu rosto. Disse que estava preocupada comigo, que Alice ligou avisando o que tinha acontecido, e que talvez iriam precisar dos meus documentos para me levarem ao médico. Exagerados...

– Eu estou bem, vovó. - falei quando ela me soltou.

– Que bom. - ela suspirou e olhou para Edward. - E você bonitão, ainda está vivo?

Edward soltou uma risada e fez um positivo com a mão, mas não virou para nós. Eu olhei para vovó novamente, ela estava com a cara fechada e olhava para o outro lado do quarto. Tio Aro estava com uma expressão emburrada também, e um bico enorme, fingindo que não tinha visto vovó Swan ali.

– Se tivesse dado leite a essa menina, com certeza ela não teria desmaiado. - ele falou como que para as paredes, mas eu sabia que era uma indireta direta para vovó.

– Ou talvez se você não bebesse leite, não deixaria que isso acontecesse. - ela resmungou, cruzando os braços.

– Não culpe o leite! - Tio Aro levantou em um pulo e veio até nós, me empurrando para o lado.

Tropecei e cai sentada na cama, olhando de olhos arregalados para os dois, que batiam de frente. Alice estava do outro lado, com uma careta, e eu sabia o que ela pensava: "Ah não, mais um casal discutindo a relação!", assim como todos no quarto.

– Eu culpo quem eu quiser, principalmente esse seu leite que te deixa assim...!

– Olha, Anne, eu não quero brigar... - ele suspirou teatralmente. - Mas se você começar a insultar o leite, a coisa vai longe!

– Ótimo, tenho o tempo todo do mundo.

Nós nos olhamos de olhos arregalados, sabendo como vovó era e também Tio Aro. Os dois tinham pontos fortes, gostavam de defender suas teorias, e com toda certeza iriam passar horas discutindo sobre o leite - como tinham feito no começo dessa briga. E isso não era nada bom para nossos ouvidos, porque já estava anoitecendo e daqui a pouco Carlisle e Esme iam chegar. E também que isso podia ser contagiante e logo Alice e Jasper, Rosalie e Emmett, e Nessie e Jake começassem também, arranjando algo para discutirem.

– Não, você não tem nada não. - eu me intrometi, ficando de pé. - Eu acho que essa briga de você está na hora de acabar.

– Bella, não se intrometa! - vovó falou para mim. - Isso não tem nada haver com você.

– Claro que tem. - Alice também se intrometeu. - Tem com todos nós desde o momento em que vocês começaram a descontar suas frustrações em nós.

– É isso ai. - Edward, Emmett e eu concordamos.

– É porque ele é tão idiota em achar que eu devo amar leite! - vovó torceu a boca como uma criança mimada. - Eu só gosto, isso não é o suficiente?

Olhamos para o Tio Aro, que negava com a cabeça.

– Você tem que gostar do mesmo tanto que eu gosto! Temos que ter gostos iguais.

– Você não é fã das Pussycat Dolls como eu sou, e nem por isso te obrigo!

Ok, dessa eu não sabia. Vovó é fã das Pussycat Dolls? Nossa, isso era tão... Estranho. Uma velha roqueira que gosta das músicas dançantes... Wow!

– Claro, você é mulher, eu sou homem.

– Isso não tem nada haver.

– Tem sim!

– Já chega! - eu mandei. - Olha que discussão mais sem sentido a de vocês. Isso não tem lógica! Tio Aro, não é porque vocês são namorados que devem ter exatamente tudo igual, podem ter gostos diferentes, não importa. Isso não pode afetar a relação de vocês dois. Se você ama leite, isso é bom, quer dizer que tem ossos fortes. E se a vovó gosta daquelas cantoras, beleza, ela tem um gosto peculiar. Mas não briguem por causa disso, porque é besta e sem sentido. Os dois se gostam por algum motivo, e deixem isso prevalecer mais do que os que não gostam, ou... Isso não vai dar certo como querem. - olhei para Edward, que continuava do mesmo jeito. Ele respirava lentamente, e eu não duvidava nada que estivesse dormindo. - Acreditem em mim.

Os dois se olharam. Eu olhei esperançosa para Alice, que também esperava a mesma coisa que eu: que aqueles dois se resolvessem. O silêncio prevaleceu no quarto, em expectativa que aqueles dois se ajeitassem e nos deixassem em paz. Eu amava a vovó, mas ela frustrada com o namorado era como um irmão mais novo que tira o dia para te irritar. E olha que eu não tinha nenhum para saber como é, apenas via Emmett agindo assim com Edward, mesmo que meu namorado seja o mais novo.

– Eu acho que nós devemos conversar. - vovó falou por fim.

– Concordo. - Tio Aro deu um pequeno sorriso e foi abraçá-la. - Estava com saudades.

Vovó gargalhou e saiu puxando Tio Aro para fora do quarto, para os dois poderem irem conversar e se reconciliarem, deixando o pobre do leite em paz.

– Caramba, que coisa, hein. - Jake falou, com um sorriso divertido. - Hoje assisti duas discussões de casal e quase vi um assassinato. Isso que é ter um sábado bem animado.

– Cala a boca, idiota. - rosnei.

– Relaxa, Bella. - Jasper mandou, rindo. - Fique feliz que Edward não tenha te matado e você está inteira.

Eu soltei um rosnado baixo e todos eles gargalharam, o que me fez querer dar um soco em cada um. Era legal tirar uma com a cara dos outros quando você não estava no meio. Mas eles iam pagar, quando eu estivesse de muito bom humor iria fazer cada um passar uma raiva para aprenderem a não ficar com brincadeirinhas.

– Ok, paramos. - Alice levantou as mãos em rendição. - Mas caramba, que dia louco foi esse.

– Verdade. - concordamos.

– Quando é que nós todos juntos não vai dar em um dia assim? - Emmett perguntou. - Só de ter a Bella e o Edward brigando já faz as coisas ficarem fora do normal.

– Emmett, vê se me esquece! - peguei uma almofada e ataquei nele, que riu. - Cara, você me ama, só pode, porque para ter essa cisma comigo e com Edward só pode ser amor incondicional.

Emmett piscou um olho e mandou um beijo, nós dois rimos, sendo acompanhado pelos outros.

– Sabe que é verdade suas palavras, Bellinha. Sério, vocês dois são o melhor casal para tirar uma, porque os dois se irritam muito fácil.

– Concordo. - Jasper falou e bateu a mão com a do Emmett. - Edward então nem se fala.

– Ele é muito do agressivo. - Jacob murmurou com um bico. - Quase me bateu quando eu disse que você tinha se machucado porque me deu um soco.

Eu fiz uma careta, lembrando daquele dia. Os nós dos meus dedos doeram por dias por causa dos músculos daquele garoto.

– Você tentou socar meu namorado? - Nessie perguntou, com um sorriso nos lábios.

– Foi antes de vocês começarem a namorar, sabe... A ordem de distancia que eu dei para ele. Ultrapassou, levou. - dei de ombros e ela riu. - E bem feito se ele quase lhe deu um soco, ninguém mandou ter esses braços ai.

Jacob mexeu os bíceps, querendo se amostrar, e Emmett foi competir com ele. Eles ficaram brigando, querendo ter a razão, e Jasper tirando uma com os dois. Rosalie defendia seu namorado, e Nessie também, já Alice apoiava Jasper para tirar com os meninos. Eu sorri com a cena, me divertindo também com as brincadeiras idiotas daquelas pessoas, quando um pequeno suspiro chamou minha atenção. Virei minha cabeça na direção do Edward, que continuava paradinho como estava. Eu queria saber o que se passava em sua cabeça, porque dava para saber que ele não estava dormindo. Será que estava com raiva de mim? Provavelmente, já que eu quase matei ele com uma guitarra na cabeça.

– Eu acho que está na hora de irmos. - Alice falou, chamando a atenção de todas para ela, que me olhava. Eu vi em seus olhos compreensão, e apoiamento. - Vamos, Jazz?

– Vamos sim, amor. - ele sorriu e levantou.

Todos foram saindo, ainda falando sobre os bíceps, tríceps e sei lá mais o que do Emm e do Jake. Alice foi a última a sair, e eu lhe lancei um olhar de agradecimento, que ela sorriu em entendimento. Assim que ela fechou a porta, eu me virei novamente para Edward. Eu não sabia se falava algo, se me aproximava, como ele ia reagir... Eu torci minhas mãos e mordi o lábio, com medo de que não fosse nada bom. Cara, eu tinha batido na cabeça dele! Isso poderia... Tê-lo magoado, sei lá. Talvez ele achasse que eu queria matá-lo, por causa de hoje mais cedo. Mas eu não queria, longe disso, eu não queria me tornar uma Lady Gaga vingativa.

Ah, eu tinha que parar de assistir MTV no meu tempo de sobra, porque isso está mexendo com meu psicológico.

– Você vai ficar ai? - sua voz soou baixa.

Assusta, eu corri para a cama dele e me deitei ali, enterrando meu rosto em suas costas. Apertei sua cintura com força, como deveria ter feito quando ele saiu do banheiro todo nervoso. Aquela discussão idiota tinha passado dos limites, assim como eu, e estava na hora de concertar. Isso é, se Edward ainda quisesse, porque o que eu tinha feito foi muito pior do que eu via. Só agora, com as coisas todas mais calma, eu percebia o quão fui longe. Eu só sabia fazer coisas idiotas, para depois me arrepender. Minha impulsividade acabava fazendo eu perder coisas, agir errada, e eu simplesmente não consiga impedir isso. Agia como uma cadela e depois sentia pena de si mesmo, era sempre assim.

Consciente dos meus atos, eu percebi que chorava. Estava com todas as emoções a flor da pele e nem sabia o porque disso. Talvez, como Jake tinha falado no carro meses, eu estava entrando na TPM, ou talvez essa fosse apenas eu desesperada para não perder Edward e agindo estupidamente achando que vai resultar em algo bom. Eu realmente não, mas eu não conseguia imaginar o que Edward iria falar, e se ele quisesse... Eu não sabia o que ia fazer.

– Hey... Hey, Bella... - Edward me puxou para o outro lado, me fazendo ficar de frente com ele. Me agarrei novamente em sua cintura, escondendo meu rosto na curvatura do seu pescoço. Suas mãos passavam freneticamente nos meus cabelos. - Não chora, amor. Me desculpa, ok? Eu agi como um idiota com ciumes, e acabei magoando você.

Eu neguei rápido com a cabeça, tentando conter os soluços. Eu tinha conseguido o que queria, ele estava pedindo desculpas, mas eu não me sentia feliz com isso, nem um pouco. Isso só fez eu me sentir pior, porque Edward estava pedindo desculpas sendo que eu quem fiz a maior burrada aqui, eu quem começou a empurrar isso para o pior lado. Se alguém que tinha que pedir desculpas ali era eu, não ele. Eu fui a louca da discussão, a que fez a bagunça, e a que tinha que concertar

– Não, Edward, isso está errado! - eu o olhei. - Eu que fui a idiota daqui porque queria obrigar você a mudar, sendo que você é assim. Tudo que falei foi uma grande hipocrisia, não tem lógica o que estava fazendo com nós. Eu te entendo com seu ciúmes e só agora pensei que também sentiria, e que eu sei que você não duvida do que eu sinta, porque sabe que eu te amo muito mesmo, e que não ficaria sem você. Essa confusão toda, a loucura que foi hoje foi tão sem sentido que só me fez perceber o quão idiota sou, e que minha impulsividade vai acabar estragando tudo. E... - fechei os olhos com força, fazendo mais lágrimas saírem. Minhas palavras saíram tão apressadas que eu nem mesma entendia algumas coisas, então duvida que ele tivesse. - Eu sei que você está apenas se desculpando porque cansou das coisas que eu faço. E que está com raiva por ter... Tentado te matar. - abri os olhos. - Mas eu juro, Edward. Eu juro mesmo que foi sem querer, e que nunca, nunca seria capaz de fazer isso com você. Eu sou louca, mas não tanto. E que as coisas ruins que falei foram da boca pra fora. - balancei a cabeça rápido, e prendi um soluço. - Só... Não termina comigo? - minha voz saiu baixinha e fininha, como a de uma criança. - Seria... Horrível.

Edward me encarava com os olhos levemente arregalados, como se ainda estivesse processando tudo que eu tinha falado. Sem querer saber antes dele proferir as palavras, eu enfiei meu rosto em seu peito novamente, cruzando minhas pernas com as deles como se aquilo fosse impedir que ele falasse "Bella, não da mais certo, você tentou me matar!". Eu tinha vãs esperanças que agarrada a ele, essa ideia sequer passasse pela sua cabeça, porque quem iria querer uma louca ao seu lado?

O carinho rápido que Edward fazia no meu cabelo antes para me acalmar, pararam quando eu comecei a falar rápido, mas então eles voltaram novamente, só que mais lento. Seus dedos passavam suavemente por ali, e eu fechei os olhos com a sensação. Ele prendeu minhas pernas com as deles, e meu coração que batia acelerado e descompassado, foi se acalmando aos poucos, mas não totalmente.

– Porque você acha que eu faria uma coisa dessas, Bella? - perguntou tão suavemente como seu carinho.

– Porque eu agi como antes, e você me odiava. Odiava aquela Bella... - murmurei com a voz esganiçada.

– Quem disse para você que eu lhe odiava antes? - balancei a cabeça. - Bella, você apenas me tirava do sério, mas eu nunca lhe odiei.

Sua constatação apenas fez eu apertar meus dedos em sua camisa. A conversa, para meu completo alivio, estava indo para o lado oposto que eu havia imaginado. Edward, mais uma vez estava sendo compreensível comigo, mesmo eu sendo uma idiota. Quando eu fui grossa com ele no carro - na época que vovó estava no hospital - tinha um motivo forte, mas agora, era apenas uma discussão tola que eu fiz crescer como uma bola de neve, chegando bem perto dela me engolir completamente. Talvez eu tivesse tendencias a cometer idiotices, ou talvez fosse mesmo minha impulsividade que me fazia cometer esses erros. Eu não sabia ao certo, mas tinha medo de que não pudesse concertar o que quer que fizesse. De dar um passo errado e tudo ir por água a baixo. Edward poderia não ser tão compreensível, também Alice e Nessie, que lidavam com o meu jeito levando tudo da melhor forma. Eu precisava começar a parar pra pensar nos passos que daria para a frente, ou então o caminho que eu quisesse seguir, sempre estaria fechado para mim.

– Você me desculpa, então? - perguntei com a voz miúda.

– Não tenho o que desculpar, Bella. Sei que não bateu aquela guitarra em mim de propósito. - ele soltou uma risadinha e eu fiz uma careta. - E antes... Bem, eu também não fui legal. Você estava certa, sou eu quem tenho que pedir desculpas.

– Só por um lado, Edward. E você está desculpado desde quando lhe acertei com a guitarra. Mas eu fui a pior. - o encarei. - Tentei lhe forçar a algo, Edward. Eu agi como... Renée, e isso é inaceitável para mim, porque seria muita hipocrisia que eu estaria cometendo. E não é que eu não goste do seu jeito, porque é ao contrário, eu amo tudo em você, mas... Eu só não consegui me controlar.

– Eu te entendo, meu amor. - ele me puxou para um pouco acima, fazendo com que nossos rostos ficassem perto. - Acredite em mim, também já quis mudar algo em você.

– Não estou surpresa. - franzi o cenho e ele riu. - Eu também quero.

– E é ai que está, não dá. É difícil mudar uma pessoa, mesmo se nós quisermos. E eu acho que é esses defeitos que nós faz sermos perfeitos para outro, porque já pensou se fosse tudo muito certo? Você agindo com tudo pensado, eu sempre pedindo desculpas por tudo. Isso ia se tornar tão... Monótono que não daria certo nem por um ano. Olhe para todos os casais que nos cercam. Emmett e Rosalie são opostos um do outro: ele era um namoradeiro e ela a garota que queria o menino que se tornasse seu príncipe. Os dois no começam também não se entendiam, mas aprenderam a conviver um com o outro e agora se acertam como podem. - rimos. - Alice e Jasper: ela é ativa, sempre animada, e ele é calmo. Alice quer que Jasper faça as coisas no ritmo dela, ele quer que ela diminua, mas mesmo assim se entendem. E nós... Bella, é até bom que eu treino minha paciência para os anos que estão por vir.

Eu deixei minha boca se abrir em um "O" não acreditando que ele estava insinuando que eu sempre seria essa estourada impulsiva que tentava matá-lo, e minha expressão fez Edward gargalhar alto. Vendo que aquela nuvem negra que pousava sob nós tinha passado totalmente, eu me permitir dar um sorriso.

– Eu não quero que isso se repita. - falei. - É horrível.

– Concordo com você, Bella. - Edward rodou na cama, ficando por cima de mim. Ele tinha um sorriso travesso nos lábios. - Não é bom brigar com o amor da minha vida. É como se eu estivesse brigado comigo mesmo, e com o mundo.

– Falou e disse, namorado. - levantei um punho e ele gargalhou. - Agora chega de falar porque eu nem pude me aproveitar de você hoje. - fiz bico.

Edward sorriu de canto e aproximou o rosto do meu lentamente, o que me irritou. Levei minhas mãos até sua nuca para puxá-lo, e quando estava quase encostando meus lábios aos dele, Edward se afastou. Eu bufei irritada.

– Só uma coisinha pequena antes. - falou. - Desliga esse celular, porque eu falei essas palavras antes do seu amigo ligar.

Eu assenti com a cabeça, mesmo sabendo que meu celular não tocaria e o desliguei, mostrando para Edward, que riu do meu falso sorriso.

– Edward, deixa de ser idiota! - falei e o puxei logo.

Assim que seus lábios estavam junto dos meus, eu senti aquele formigamento prazeroso que indicavam que não importava quem estivesse comigo, se não fosse ele, eu não poderia sentir tudo isso. Era como ser privada de alguma coisa, encontrando apenas em um lugar. E em Edward eu conseguia encontrar tudo. Ele conseguia me passar uma paz que alcançava até lugares inimagináveis dentro de mim, fazia algo borbulhar também, e um amor incondicional se expandir interior e exteriormente, como se eu precisasse dizer ao mundo que o amava, que ele era o meu. Apenas o meu ruivinho fazia eu me sentir a pessoa mais boba e mais feliz do mundo, apenas com sua gargalhada engraçada, mas ao mesmo tempo sexy e rouca. E eu agora sabia que até nas brigas em que eu caísse dura no chão e ele levasse uma guitarra na cabeça, poderia abalar o que sentíamos um pelo outro. Dava medo? Claro que dava. Um medo indescritível de perder aquela pessoa que você ama, como se nunca mais fosse vê-la, mas isso era apenas para depois você saber que sempre estariam juntas, e que nada, nem das brigas mais bobas poderia abalar o relacionamento se ele fosse como o meu e de Edward, em que nós realmente nos amávamos. Eu não sabia como seria meu dia de amanhã, mas eu apostava tudo que eu estaria com esse garoto. Porque ele havia se tornado um ponto central aonde meu mundo rodava. Eu já tinha pensado que não queria ser o mundo de ninguém, apenas fazer parte dele, mas com Edward, eu percebi que isso não era possível. Vi que quanto mais você ama uma coisa, você quer estar rodado daquilo, e era impossível não colocá-lo ali, em seu lugar, que estava sempre guardado para ele, desde nossas brigas. Nós estávamos concentrados juntos em nossos mundos. Ele não fazia parte do meu, Edward era, é e sempre será meu mundo. Tão simples e complexo ao mesmo tempo, mas desse jeitinho certo e errado que só nós entendiamos.

Nós nos separamos completamente ofegantes, e Edward ainda continha aquele sorriso matreiro nos lábios. O que fazia ele parecer um garotinho.

– Bella... O que eu até agora não entendo é sobre você cismar tanto com a Lady Gaga. - ele falou e eu gemi em frustração.

– Obrigada por acabar com o clima, seu bobão. - falei e ele riu. - Não é nada demais, é que... Agora que as minhas aulas particulares com Charlie foram reduzidas, e algumas das vezes eu não estou com você, vou assistir TV e está passando a MTV, então eu fico assistindo, sabe... E um dia desses caí no sono bem quando estava passando o clipe Paparazzi, e você sabe como eu sou, falo dormindo e essas coisas por causa de sonhos intensos... Eu sonhei que estava no lugar da Lady Gaga nesse clipe e... Nem quero lembrar. - balancei a cabeça, querendo tirar as imagens dali. Edward riu, já sabendo que não era nada triste o que acontecia, mas sim traumatizante. - Amooooooor. - cantarolei com a voz enjoada, como Alice fazia, chamando a atenção dele. - Dá pra voltar ao que estávamos fazendo antes? - ergui uma sobrancelha.

Edward não pensou nem duas vezes para meu completo contentamento... Esse que durou pouco até Alice e Emmett começarem a bater na porta, me chamando.

– Vão embora! - Edward falou com a voz entediada.

– Bellaaaaaaaaaaaaa. - Alice me chamou, ignorando ele. E continuando com aquele "TOC TOC TOC" irritante na porta. - Precisamos de você!

– Não precisam não. - falei, não querendo sair dali.

– Bellinha, é sério! - Emmett quem se pronunciou. - Eu preciso de você para dizer para aquelas pessoas que nós vamos assistir o Box de Supernatural!

– Não! - Alice gritou alto. - Nós vamos assistir Pretty Little Liars!

– É Dr. House! - Jasper apareceu do nada no meio daquilo.

– Nem vem, é Grey's Anatomy! - Rosalie também apareceu.

– Eu quero Vampire Diaries. - Nessie disse com dengo, querendo ganhar ali.

– O negocio é assistir WWE! - Jacob gargalhou alto.

Eles engataram uma discussão para decidirem o que iriam assistir.

– Vão embora! - falei.r

– Não, nos ajuda! - Rosalie pediu e eles começaram a bater na porta e me chamarem.

– Edward... - chamei ele em um choramingo.

Edward, que estava ao meu lado já, apenas riu e me puxou para cima dele.

– Apenas finja que não é com você. - sussurrou no meu ouvido e nós rimos, esquecendo daqueles doidos do outro lado de fora e se centrando apenas em nós, dentro do quarto, juntos e em paz.



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Notas finais do capítulo

EAI, MEUS AMORES! Como estão? E como foi a volta as aulas de vocês? Eu ainda me encontro revoltada com a minha, mas posso sobreviver com isso.
Mas e então, o que acharam da continuação do capitulo? Bella pirou de vez com Edward, hum? kkkk . Mas ainda bem que eles se resolveram e agora é tudo mar de rosas novamente. Próximo capitulo vamos rever alguns personagens novamente *-*
Eu queria avisar que para vocês ficarem de olho porque de vez em quando que eu postar um novo capitulo de Aquela Garota, um dia depois ou dois vou postar lá no blog um spoiler de Revista Nerd pra vocês saberem o que vai rolar *O*
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É isso ai, logo mais estou com mais um capitulo de Aquela Garota. Ah, e vocês que não me disseram ainda o que acham sobre fazer a primeira vez da Bella e do Edward, falem. O que eu tenho em mente não é nada obsceno, porque realmente não combina com a fic, só vai ser bem fofo como o casal 20 é *--------------------------* kkkk
E eu gostaria de agradecer a janiesgotagun pela adorável recomendação. Adorei minha fic ir ganhando pontos em cada pedaço dela *--------* Mtmt obrigada, gatinha!
Beijoos :*