Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 33
Tudo Culpa da Bebida


Notas iniciais do capítulo

E aqui estou eu, totalmente acabada com um gripe e dor no corpo depois de um dia inteiro no Hopi Hari, kkk. Espero que gostem desse capitulo e entendam Tânia.
Enjoy : )



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32. Tudo Culpa da Bebida

– Agora que você está melhor, eu acho que nós deveríamos curtir hoje, Bella. - Alice falou, se jogando em sua cama.

Eu sentei ao seu lado, olhando para a tela do notebook dela, que passava um filme que a baixinha tinha escolhido. Eu tinha vindo para cá pra falar com Edward das boas e novas noticias que eu fiquei sabendo logo que acordei, só que encontrei a Alice no quarto dele, e ela depois que viu que eu tinha melhorado, me puxou para seu quarto, nem deixando eu falar nada. Agora estávamos assistindo um filme, enquanto ela falava, falava e falava sobre essa festa que eu nem sabia aonde era. Poxa, eu estava louca para falar a novidade, já tinha esperado um bom tempo ajudando Renée com as coisas, e agora tinha que esperar Alice tirar uma casquinha de mim.

– Alice - olhei para ela, procurando mais uma desculpa das várias que já tinha dado. - você sabe que eu não gosto dessas coisas.

Já tinha falado que ainda não estava com pique para festas, mas Alice brigou comigo e disse que para ir a uma festa não precisava está com vontade, era só ter uma amiga que queria ir e lá se divertir. Era lá que eu iria arranjar um pique. Dei a desculpa de que iria ficar com vovó no hospital, e ela discordou novamente falando que Renée e Charlie não iriam se importar de passar aquele sábado com ela. Inventei que iria aprender a cozinhar com Mary, só que Alice sabia que eu não era boa na cozinha, o que não colou também.

– Eu não perguntei se você gosta dessas coisas ou não, Bella. Estou falando que você tem que ir. - disse, me olhando séria.

Me joguei ao seu lado, encarando o teto. Eu não queria ir para festa nenhuma - nunca quis -, e Alice nunca se importou com isso, mas agora ela estava insistindo demais. Ela sabia que eu não era disso, que preferia ficar em casa, e antes respeitava esse meu lado antissocial, eu não entendia porque agora ela queria porque queria que eu fosse. Não ia ter nada de especial comigo lá, era a mesma coisa de não está.

Então, eu procurei mais uma desculpa esfarrapada.

– Alice... - me virei para ela, que me encarava. Mordi o lábio inferior e senti as lágrimas falsas se acumularem nos meus olhos. - Eu não posso ir para essa festa. O... O Fido, meu cachorro, ele... Oh meu Deus, é tão horrível falar disso... - enfiei a cara no travesseiro para abafar uma risada, que eu fingi ser soluços, por causa da expressão de Alice. Ela também tinha lágrimas nos olhos.

– O que aconteceu com o Fido, Bella? - perguntou, passando a mão nos meus cabelos.

– Você... Você sabe que tem uma árvore perto da minha janela, não sabe? - perguntei e ela confirmou. - Então, lá tinha passarinhos, e o Fido... O Fido gostava de brincar de pegar as coisas, e acho... Acho que ele queria voar quando viu os passarinhos voando, porque... Ele... - parei ao ouvir o soluço da Alice. Ela estava mesmo acreditando! - Ele pulou a minha janela... Oh Deus, isso é tão doloroso...! - fingi soluçar novamente.

– Bella, isso... Isso é horrível! - ela murmurou, me levantando e me abraçando, sem nem olhar para a meu rosto. - Você não pode ir para festa com uma tragédia dessas. Você tem que ficar com o pobre Fido! - eu sorri, comemorando silenciosamente, mas parei ao ver Edward na porta, me encarando com uma sobrancelha erguida. - Como eu sou cruel ao tentar te tirar do Fido.

– É, Alice... - murmurei com a voz embargada, ainda sem tirar os olhos do Edward, que prendia uma risada. - Eu até queria ir com você, mas sabe, o Fido...

– Eu sei, Bella, eu sei. - passou a mão nas minhas costas. - Eu sou uma amiga horrível! Te conheço a anos e quero acabar com sua bondade a levando para uma festa, e lhe separando do... Do... - Alice parou de soluçar e me apertou ainda mais.

– Não fale assim, Alice. - a consolei. - O Fido vai entender quando eu contar para ele.

– Bella... - ela sussurrou. - Eu te conheço a muito tempo, certo?

– Certo.

– E... Eu sei que você é alérgica a pelos. - eu fechei os olhos. Estava bom demais para ser verdade. Ela iria se tocar.

– Er... Não sou mais?

– COMO PODE?! - Alice se afastou de mim para me encarar. - Sua mentirosa!

Edward começou a gargalhar alto, chamando a atenção da baixinha, mas logo ela voltou a me encarar com olhos acusadores.

– Alice, eu... Eu...

– Não tem desculpa. - levantou da cama e foi até Edward. - Ela vai para a maldita festa hoje e você vai com ela. Não adianta tentar me driblar, porque eu não vou deixar. E nem tente escondê-la de mim também. Escutou, Edward? - ele assentiu, então Alice virou para mim. - E você, passa agora para aquele banheiro antes que eu não faça algo bom.

Eu levantei em um pulo da cama e corri para o banheiro, só que parei ao perceber que estava obedecendo Alice como se ela fosse a minha mãe. E ela não podia fazer aquilo só porque estava com a voz ameaçadora e um olhar de que iria mesmo fazer alguma besteira. Voltei para o quarto, indo até ela e Edward, que conversavam sobre alguma coisa que quando eu me aproximei, eles pararam. Não deixei de desconfiar.

– Eu não mandei você ir para o banheiro? - Alice perguntou.

– Mandou. - dei de ombros e abracei Edward. - Só que eu não vou obedecer.

– Como assim não vai obedecer?

– Bella, eu acho melhor... - Edward começou a falar, mas eu apertei meus braços em torno dele, para fazê-lo calar a boca.

– Não obedecendo. Tenho meus motivos para fazer isso. Primeiro porque você não me deixou falar direito com o meu namorado, me arrastando logo para o seu quarto. - ela abriu a boca em descrença. - Não estou achando ruim ter vindo para seu quarto, eu ia vim sem você me arrastar, mas primeiro deixasse eu falar com ele. - Edward assentiu. - E segundo porque você está querendo me obrigar a ir para essa festa, o que não é legal. Eu vou, ok? - falei antes dela começar a tagarelar. - Mas só porque eu menti e fiz você de boba.

– Que bom que reconheceu isso! - ela cruzou os braços e fez bico. - E me desculpe ser precipitada. Sabe como eu sou...

– Yeah, eu sei. - nós rimos. - Agora, eu vou para casa para falar com Renée e Charlie, e pegar uma roupa minha.

– Ahhh, que demais! - Alice começou a saltitar no lugar, me fazendo revirar os olhos. Edward só assistia tudo aquilo, sem falar nada. Isso porque ele tinha medo.

Depois que tentou se intrometer em uma discussão minha com Alice, e a briga virou para ele, Edward ficou com medo e não se intrometeu mais. Era só uma precaução de ficar vivo, como falou para mim quando perguntei se ele não iria me ajudar. Sim, eu queria que ele ficasse do meu lado naquela hora, e Alice também queria.

– É, é, legal. - falei. - Agora, me diga o que eu devo usar, já que nem sei aonde vai ser essa festa.

– Vai ser um luau. - Edward quem respondeu, e riu quando o encarei com uma expressão de "O que?!" - Nem pergunte quem teve essa ideia. Só sei que vai todos do colégio para a praia de La Push.

– Isso mesmo. - Alice concordou.

– Ok... - assenti lentamente, ainda achando aquilo uma doideira.

Não é porque haviam praias em La Push que lá era um lugar quente. Não tem lugares quentes perto de Forks, pois estávamos quase com divisa do Canadá, na parte mais fria, então não poderia ter lugares quentes aqui. Mas esse povo não batia bem da cabeça. Era por isso que eu não ia a festas que eles planejavam, porque não tinha sentido isso. Quando era em uma casa até tudo bem, mas na praia, como um luau? Aonde isso era normal em um lugar que chove demais e faz frio demais? Mas ok, vou parar de reclamar. Podia contar com a parte de que lá tinha um mormaço que deixava só um pouco abafado.

– Então vai logo para sua casa, que daqui a pouco Edward vai te buscar.

– Que horas?

– Quando anoitecer, Bella! - ela me empurrou e empurrou Edward para fora do quarto dela. - E falta menos de três horas para isso acontecer.

– Nossa, que pouco tempo. - Edward ironizou, levando um cascudo da baixinha. - Hey!

– Cala a boca e anda logo.

Alice nos empurrou para fora e fechou a porta, falando que tinha que se arrumar. Eu me virei para Edward e o abracei, enfiando meu rosto no peito dele e soltando um gemido de frustração.

– Essa garota é louca. - murmurei, com a voz abafada. - Maldita hora que eu fui inventar de ter um Fido.

Edward gargalhou.

– Fiquei impressionado com a sua atuação.

– Nasci para ser atriz. - estufei o peito e ele me olhou desconfiado, mas então soltei o ar com uma careta. - Ok, mais ou menos. Eu tive que aprender a atuar por causa de Renée, quando me levava para conhecer suas amigas e eu tinha que virar outra Bella. Graças a Deus isso acabou.

– Ah, não devia ser tão ruim assim.

– Você quem pensa. Era horrível! Ter que ficar sorrindo toda hora, dando uma de boa garota, sem poder ser eu mesma. Era mais que horrível, não gosto nem de lembrar. - fingi tremer e nós rimos. - Agora... Sobre o que você e Alice estavam falando quando eu me afastei?

Edward arregalou os olhos, desviando-os dos meus.

– Er... Sobre nada. - deu de ombros. Percebi o seu nervosismo, e continuei o encarando. - É sério, Bella.

– Uhum, claro. - concordei.

– Como você é curiosa... - falou, enterrando o rosto no meu ombro.

– Não sou nada. - bufei. - Eu só... Ah, esquece! Eu tenho uma coisa muito melhor para falar. - sorri, lembrando do que eu tinha vindo fazer aqui.

– O que é? - se afastou para me olhar.

– Edward, quando eu fui tomar café hoje, Charlie e Renée vieram com uma noticia sensacional! Você não vai acreditar, mas...

– E ai, Bella! - Emmett apareceu do nada, me atrapalhando. Eu lancei um olhar furioso para ele. - O que foi? - perguntou inocente. - Ah, nem quero saber. - balançou a mão e revirou os olhos. - Só quero saber se você vai para a festona que vai ter hoje em La Push?

– É, eu vou. - suspirei, triste.

– Vai ser demais! Nós vamos curtir muito com a galera, você vai ver. Vai ter jogos, apostas, e também nós vamos dançar!

E então eu vi uma das cenas mais engraçadas da minha vida: Emmett dançando. Ele se remexia como se tocasse alguma música, e fazia caras e bocas. Era hilário velo daquele jeito, e isso só fez crescer uma pequena vontadezinha dentro de mim de ir nessa festa só para ver Emmett dançando. Eu queria presenciar mais uma daquelas, pois era uma boa diversão.

– Emmett, cara, para com isso. - Edward pediu, com a voz entediada.

– Porque? - perguntei para ele, rindo. - É legal. Vai lá, Emmett, continue! - apoiei, levantando uma mão.

Emmett parou de dançar e me encarou.

– Está se divertindo com isso, Bella? - perguntou e eu assenti, sorrindo. - Então vai se divertir mais ainda.

Emmett pegou meu braço e me puxou, me afastando de Edward. Ele me segurou pela cintura com um braço - meus pés apoiados em cima dos dele - e segurou minha outra com a mão livre dele, começando a se mover com nós dois pelo corredor, como se dançássemos valsa. E cantava um tan tan tan que eu reconheci ser a música do The Verve, Bittersweet Symphony.

– Emmett, para com isso! - mandei, rindo, enquanto ele ainda dançava. - Não tem graça, para!

Tudo bem que o fato de eu estar rindo não ajudava nas minhas palavras de aquilo não ter graça. Tinha sim, e muita, por ele se achar o fodão dançador de valsa, só que eu não queria participar daquela graça.

– Emmett, solta a Bella. - Edward pediu, também rindo.

– Lálálá... "It justs sex and violence melody and silence... I'll take you down the only road I've ever been down"*. - Emmett cantou e eu gargalhei.

* "É apenas sexo e melodia violenta e silêncio... Eu te levarei pela única estrada em que já estive"

– Ok, grandão, já chega. - bati no ombro dele, fazendo Emmett rir.

– EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ AINDA ESTÁ AQUI!

Emmett parou na mesma hora e me soltou, quase me fazendo cair se não fosse por Edward ser rápido. Eu me apoiei nele, encarando Alice na frente do quarto dela, seus olhos com muita raiva.

– O que está acontecendo? - Carlisle apareceu na escadas, e quando seu olhar caiu sobre mim, ele sorriu. - Oi, Bella.

– Oi, Carlisle. - retribui o sorriso e me virei para Alice. - Eu já estava indo, só que... Que Emmett apareceu.

– Isso mesmo. - Edward me ajudou.

– Ah sim... - ela assentiu e logo sorriu para Carlisle. - Nada, papai. Não está acontecendo nada.

– Ok. - ele murmurou desconfiado e desceu as escadas novamente.

– Eu vou guardar meus passos de dança para a festa, Bella. - Emmett disse, batendo no meu ombro. - Te vejo lá. E desculpa por ter te empurrado.

– Tudo bem, Emmett. - acenei para ele, que entrou em seu quarto.

– Bella, você tem que ir se arrumar, e logo! - Allie falou antes de entrar no quarto dela novamente.

– Eu mereço esses dois. - Edward revirou os olhos e pegou minhas duas mãos. - Mas o que você tinha para falar?

Quando ele tocou no assunto eu senti toda a euforia voltar e comecei a saltitar igual a Alice. Estava passando tempo demais com ela!

– Edward, é a vovó! Ela vai ter alta semana que vem! Ela já está fora de perigo, e vai poder sair daquele hospital.

– Nossa, Bella, que demais! - Edward sorriu, mais animado que eu.

Ele e vovó tinham feito uma ligação forte, e ela já era como uma avó/tia para ele, por causa do Tio Aro.

– Nós vamos sair juntos, vai ser legal! - eu pulei no colo dele, fazendo Edward me segurar pelas pernas. - Pode ser um encontro duplo comigo, você, vovó e Tio Aro. Talvez Alice e Jasper também vão, e Rosalie e Emmett, e também Nessie e Jacob. Temos que escolher para onde vamos. Vai ser tão legal! - eu prensei meus lábios contra os dele e nós sorrimos. - A casa vai voltar a ser animada novamente.

– Isso é bom. - ele murmurou contra meus lábios, dando outro beijo estalado.

Eu concordei e o puxei pela nuca para um beijo, esquecendo completamente como estávamos e aonde estávamos. Eu só voltei a mim quando ouvi uma voz doce e conhecida no corredor. Com o susto, empurrei Edward e ele me soltou, o que resultou eu bater minha cabeça na parede e cair de bunda no chão.

– Bella! - ele e Esme falaram ao mesmo tempo, correndo até mim.

– Ouch. - murmurei, não sabendo se tocava na cabeça ou na bunda, pois os dois lugares dóiam.

– Oh, querida, você se machucou? - ela perguntou, suas mãos correndo para minha nuca. - Eu não queria ter assustado vocês dois, me desculpe!

– Ai meu Deus. - eu sussurrei totalmente envergonhada e enfiei o rosto nas mãos.

Edward soltou um risinho e eu chutei a canela dele, fazendo-o calar a boca.

– Você está bem, meu amor? - perguntou e eu assenti.

– Tem certeza, Bella? Porque parece que você se machucou. - Esme tocou minha perna, afagando.

– Eu estou bem, Esme. - falei, olhando para ela com muito custo, porque eu estava constrangida demais. Sentia meu rosto mais vermelho do que ele já esteve em toda a minha vida.

– O que....? - Alice saiu na porta, seu rosto com uma máscara verde engraçada. - Você ainda está aqui, Bella? E o que está fazendo no chão?

– Eu assustei Bella e Edward, e do jeito que eles estavam, ela acabou caindo no chão. - Esme falou e a gargalhada de Emmett sobressaiu as outras e o meu gemido de vergonha.

– Eu deveria ter visto isso. - Emmett disse antes de entrar no quarto dele novamente.

– Ok, eu estou indo embora. - falei, olhando para Alice, que assentiu. Me virei para Edward, em um pedido mudo de ajuda, e ele entendeu.

Edward passou um braço pela minha cintura e me ajudou a ficar em pé, depois me acompanhou até o lado de fora da casa, com Esme atrás de nós perguntando se eu estava mesmo bem. Eu tive que prometer para ela que estava bem, e aceitar suas desculpa por ter nos assustado. Depois me despedi de Edward e segui para casa me perguntando que roupa eu iria usar, já que não ia muito a praia.

Quando cheguei em casa, Renée perguntou do porque eu estar andando toda quebrada, e eu soltei um gemido ao lembrar da cena constrangedora que passei. Emmett e Alice iriam me zoar pelo resto da minha vida, e também falariam para Rose, Jazz, Jake e Nessie ajudarem eles. Eu estava totalmente ferrada na mão daqueles seis. Ou sete, se Edward quisesse levar uns cascudos. Falei para ela que não era nada, apenas que tinha caído - uma coisa comum -, fazendo-a rir. Contei da festa e Renée ficou animada, falando que eu deveria ir pois tinha ficado muito tempo em casa. Me pergunto se ela quis dizer da minha vida toda ou só do tempo em que vovó está no hospital.

Subi para meu quarto resmungando coisas que tinham haver com tudo. Lá eu fui para o banheiro e tomei um banho quente, que fizesse aquela dor da queda amenizar um pouco. Eu sabia que amanhã, depois que eu dormisse, iria parecer que tinham sacos de areia presos ao meu corpo. Levar sustos e cair era pior que ginástica, pois no outro dia doía tudo. Voltei para o quarto enrolada em um roupão, e fui até o closet, procurando alguma coisa que vestir. Eu praticamente revirei aquilo, sem saber. Até que por fim, irritada, peguei uma saia, uma regata de alcinhas e uma jaqueta. Era praia, mas fazia frio também. Coloquei uma sandália havaianas, que Renée havia comprado. Prendi meu cabelo em uma trança e passei um pouco de perfume.

Assim que ouvi a buzina do carro do Edward, peguei algum dinheiro na minha carteira e enfiei no bolso da jaqueta, depois desci correndo as escadas, quase esbarrando em Charlie no caminho.

– Hey, cuidado ai, garota. - ele falou, rindo.

– Tchau, pai. - disse por cima do ombro.

– Tchau, Bella.

Eu saí de casa, encontrando Edward encostado no Volvo, com as mãos dentro do bolso da blusa. Ele também estava preparado para o frio, assim como eu, com uma bermuda e uma daquelas blusas com bolso canguru, de cor marrom.

– Melhor prevenir, certo? - brinquei quando me aproximei.

– Com toda certeza. - ele sorriu, antes de me puxar para um beijo, dessa vez sem susto e sem queda.

Nós seguimos para La Push. Ao chegarmos me surpreendi com a quantidade de carros que tinha no estacionamento, e na quantidade de adolescentes que estavam dançando na areia, como se ali tivesse uma pista de dança improvisada. Também tinha uma fogueira com algumas pessoas em volta dela, e um garoto com um violão. Eles tinham garrafas de cerveja nas mãos, e acompanhavam o garoto cantando alguma canção, mesmo com o som de um dos carros ali, alto.

De longe avistei Emmett e Rouss na "pista de dança", os dois rindo e se divertindo bastante. Ele estava dançando daquele jeito engraçado, o que me fez rir. Edward e eu saímos do carro e seguimos para junto de Alice e Jasper, que estavam pegando cervejas de um Cooler vermelho. Ela quando viu nós nos aproximando, veio até mim, me entregando uma garrafa, que eu peguei com uma careta.

– Eu achei que você ia vir de calça e de tênis. - falou, rindo. - Mas percebi que finalmente você percebeu que tem que ter senso de moda. - me abraçou de lado. - Aprendeu com quem, hein?

– Alice, não enche. - empurrei ela, que riu.

– Bella! - Emmett gritou se aproximando, ele tinha um sorriso enorme nos lábios. - E ai, ainda está doendo?

– Doendo o que? - perguntei, desconfiada.

Ele sorriu travesso antes de se abaixar para pegar uma cerveja para ele e Rouss.

– Não se faça de sonsa, garota. Da queda que você teve lá em casa. - se aproximou. - Eu fiquei sabendo que você e Edward estavam no maior amasso, e por isso se assustaram.

– Uhhh, Bella está se rebelando. - Rosalie também zoou.

– Quem está virando selvagem? - Jake apareceu do nada.

– Que leoa, Bella. - Nessie brincou, passando as unhas no meu pescoço.

Abaixei a cabeça, sentindo a base do meu pescoço e meu rosto inteiro esquentar de forma absurda. Meu couro cabeludo chegava a pinicar de tão constrangida que eu estava. Todos eles estavam rindo de mim!

– Deixem ela em paz, seus idiotas. - Edward mandou, me puxando para o lado dele. - Vão atazanar outro.

– Esquecemos que Edward é superprotetor, Emmett. - Jasper cutucou Emm com o cotovelo, que assentiu. - É melhor calarmos a boca antes que ele nos empurre e faça nós batermos a cabeça na parede.

Pronto, aquilo foi o que bastou para eu ficar ainda mais vermelha e eles rirem ainda mais. Edward xingou eles, os ameaçando de que iria fazer aquilo mesmo, e que dessa vez não teria Esme. Eu não sabia se ele estava me ajudando ou me atrapalhando! Eu fui motivo de piada para eles por muito tempo daquela noite, mas era legal. Ainda mais quando minhas piadas abriam uma brecha para eles soltarem seus podres e gerar mais piadas, só que para eles.

Pior ainda foi quando eles me fizeram beber uma garrafa de cerveja todinha. Eu nunca fui de beber, só tinha bebido champagne e uma vez wisky com Charlie, porque eu estava nervosa depois de brigar com Renée. E também tinha a vodca que eu tomei com a vovó na casa dela, mas... Cerveja nunca. Desculpa, mas eu era certinha demais. E a primeira vez que tomei um gole daquela bebida, fiz uma careta, mas então logo tomei outro, e mais outro, acabando com a garrafa. Emmett, Rosalie, Jake, Nessie e Jasper comemoraram como se aquilo fosse mesmo uma coisa boa, e Emm me deu mais uma, falando que eu era das dele. O negocio não era bom, mas ao mesmo tempo era. Uma coisa inexplicável eu disse quando ele perguntou o que eu achei.

Nós acabamos por nos juntar ao pessoal que estava na roda em volta da fogueira, cantando as canções mais engraçadas que eles achavam. Tiravam até de anos atrás, quando todos ainda eram crianças. Eu não sabia nem metade, porque não tinha ninguém para cantar para mim e comigo, então só acompanhava algumas partes, e aquilo me fazia rir. Emmett já estava um pouco alto, e cantava alto, chamando a atenção para ele e fazendo todos rirem.

Eu não podia imaginar que uma festa com o pessoal da escola era daquele jeito. Para mim era mais como aquelas dos filmes americanos clichês, cheia de adolescentes bêbados e que no final alguma nerd sempre passava algum mico, chamando a atenção toda para ela. Eu admitia que tinha medo de eu fosse a tal nerd - já que só iria se fosse por causa da Alice -, então era mais um motivo para eu ficar em casa. Essas coisas nunca chamaram a minha atenção como Tânia tinha falado, que eu desejava ir. Estava longe disso, porque eu praticamente fugia dos convites da Alice. Só que aquela festa que eles chamavam de luau estava sendo legal, com todos se divertindo juntos. Tinha o pessoal do grupo dos populares, os dos esportistas, dos brigões também, e até uns nerds que se atreviam a vir. Mas ali parecia não ter essa divisa de grupos, todos eram "amigos", curtindo juntos. E isso que era o bom, pois era só diversão, nada de brigas.

Depois de um bom tempo lá, praticamente metade de todos os adolescentes estavam altos. Os da roda então, eram os piores. Tânia e suas amigas estavam contando piadas - pois o garoto do violão foi chamado para dançar. Eram piadas idiotas, mas que faziam todos rirem. Os piores eram os que estavam mesmo bêbados, que antes delas terminarem, eles já riam. Eu não estava bêbada, estava a-ni-ma-da. E os acompanhava quando eles riam.

– Hey, Emmett, segura essa! - nós ouvimos e quando viramos, um dos garotos do time jogou uma bola de futebol americano na cabeça dele.

– Porra! - o grandão esbravejou, fazendo todos rirem. - Agora você vai ver, Max!

– Que medo da gatinha. - o tal Max ironizou. - Vamos lá, cara, vamos jogar!

Os meninos saíram da roda para poder ir jogar, chamando atenção para ali. Edward e Jasper também estavam no meio, apesar de não fazerem parte dos esportistas, mas como eu disse, ali não existia essa coisa de divisa. Os times foram divididos com os sem camisa e os com camisa. Edward estava com Emmett no time dos sem, enquanto Jake e Jasper estavam no dos com. Eu e Rosalie torcíamos para os meninos, ela formando as frases e eu só acompanhando, sem saber de onde vinha toda aquela animação.

Quando o jogo acabou, com o time do Edward perdendo, eles passaram para uma outra brincadeira. Uma mais infantil do que poderia ser: de pegar. Até as meninas entraram no meio, e eu sem querer entrei também. Eu devo ter tropeçado umas cinco vezes naquela terra fofa, uma delas levando Edward comigo. E como aconteceu no castelo de ar, nós ficamos deitados e rindo.

– Está gostando? - ele perguntou, me olhando.

– É bem melhor do que eu pensava. - admiti, fazendo ele rir.

– Vocês dois, vem logo! - Emmett apareceu, sorrindo. - O pessoal está se divertindo com histórias.

– Isso não vai prestar. - Edward falou antes de levantar e me ajudar a levantar.

Eu limpei a areia que estava na minha roupa e no cabelo, depois nós seguimos para uma nova roda que tinha se formado, um pouco mais longe de onde acontecia a festa. Nós nos aproximamos e os meninos gritaram, falando que Edward quem ia contar a próxima história.

– As regras são bem simples... - Alice começou, quando nos sentamos ao lado dela. - Se você contar uma história de terror, tem que fazer as pessoas ficarem pelo menos assustadas. Agora se for de comédia, tem que fazer rir. - ela se aproximou de mim, para poder sussurrar. - Conte engraçada. Acredite em mim, é bem mais fácil e resultado na certa.

Eu assenti, concordando com a cabeça. Kate falou que quem não conseguisse fazer o que queria, teria que pagar de alguma forma que eles escolheriam. O que me fez ficar com medo, porque o pessoal não parecia ser bonzinho no que escolhia.

Como era a vez do Edward, ele conseguiu fazer o pessoal rir contando a vez em que ele, Emmett e Alice foram acampar com Tio Aro. Era uma coisa de uma semana, mas não durou nem uma noite, porque Tio Aro falou que ia caçar a noite e voltou correndo porque tinha encontrado algo nada legal no caminho. O que era? Até hoje ninguém sabia, só sabia que ele estava mais branco do que já era, com a roupa rasgada e tinha uma panela de alguma gororoba nas mãos. Mas faziam todos suspeitarem que era de alguma pessoa que morava na floresta, mesmo que eles só tenham ido embora depois de ouvirem um rugido alto, um tiro e Tio Aro começar a tremer. Ele colocou Alice nas costas e saiu correndo e gritando como uma mulher, uma cena estranha.

Eu guardei essa história na mente para poder contar a vovó, assim ela ter algo em que zoar seu namorado.

Depois de Edward, mais cinco pessoas contaram suas histórias. Todas que nos fizeram rir muito. Eu entendia porque Alice mandou eu contar de comédia, porque ele estavam bêbados e riam de tudo.

– Agora de quem é a vez...? - Tânia perguntou, olhando para cada um dali. Seus olhos pararam em mim mais do que deveria, só que logo ela desviou.

Tinha algo neles que me deixou confusa. Não era aquela frieza de sempre, era diferente.

– Me escolhe! Me escolhe! Me escolhe! - Emmett começou a pular sentado, levantando as mãos como se fosse uma criança.

– Ok, é sua vez, Emm. - ela disse e ele sorriu.

– O que eu vou contar para vocês irá além das suas expectativas, ultrapassará todas as coisas mais aterrorizantes e engraçadas que vocês já ouviram... - ele fez suspense, olhando para cada um de nós. - Vou contar a vocês como foi a primeira vez que eu entrei no quarto de Rosalie.

– O QUE?! - a loira arregalou os olhos.

– Relaxa, minha loira, não é isso não. - sorriu para ela, que suspirou. - Vou contar como foi que eu quase entrei no quarto dela.

– Eita, porra. - um garoto sussurrou, concentrado no que Emmett falava.

Com essa eu tive que rir, vendo alguns me acompanharem.

– Era uma noite de terça-feira, e os pais dela estavam em casa. Mas Rouss e eu queríamos ficar mais tempo juntos. Isso era no começo do nosso namoro, e mesmo que meus sogros soubessem, queríamos tentar algo. Minha loira mandou eu aparecer na janela dela meia-noite, que ela iria abrir para eu poder entrar. E foi o que eu fiz, fugi de casa e para que meus pais não percebessem disso, eu tive que ir andando. E como eu andei... - suspirou, como se estivesse sem folego por andar. - Mas tudo valia pela minha loira. Quando cheguei no quintal, cumprimentei Toddy, seu cachorro. Era um grande e careca Boxer, que tinham os olhos atentos a tudo naquele escuro. Mas Toddy gostava de mim, por isso ficou quietinho quando passei pela casinha dele em direção a janela da Rouss. Na hora certinha Rouss abriu a janela, falando para eu subir pela árvore. Cara... Foi ai que meu terror começou... - os bêbados arfaram, e eu pisquei os olhos rapidamente. Também estava prestando atenção no que o Grandão falava. - Para começar a subir na árvore eu primeiro subi na casinha de Toddy, e comecei a escalar... - mexeu as mãos como se escalasse. - Lá em cima me apoiei em um galho, só que esse galho era um fracote, e então já dá para imaginar o que aconteceu...

– Noooooooooossaaaaaaa. - o tal Max falou, arregalando ainda mais os olhos.

– Como aconteceu? - Irina perguntou em um sussurro.

Emmett olhou para cada um de nós, e fez uma expressão indecifrável. Edward me puxou para perto dele, e eu me aconcheguei ao seu lado, preparada para o final da história.

– Eu caí em cima de Toddy, e ele, com seus dentes afiados procurando por carne suculenta.... MORDEU A MINHA BUNDA! - as meninas gritaram, me assustando. - Eu gritei desesperado, sentindo uma dor horrível naquele lugar em que o cachorro queria começar a me devorar. Rouss mandava eu calar a minha boca, pois iria acordar o Sr. e Sra. Hale, mas eu não conseguia me controlar. Foi quando eu vi as luzes da casa se acenderem. Não tinha mais como ficar ali, eu tinha que correr ou então era um cara morto. Acabei dando um soco em Toddy - deu um soco na própria mão -, que gemeu de dor. Mas era bem merecido! - o pessoal apoiou ele. - E saí correndo para a rua, com o cachorro atrás de mim. E então... Apareceram mais cachorros! Toddy tinha chamado reforços...

– Que cachorro safado. - alguém murmurou indignado e outros concordaram.

– Eu estava com muito medo, e também preocupado com a minha Rouss. Mas fui forte e aguentei, correndo por três quarteirões, até que achei um esconderijo em uma casinha que tinha por ali. Eles não me viram, e foram embora. Mas quando eu estava indo também... Uma velhinha apareceu e começou a me bater, me chamando de pervertido e falando que eu queria abusar dela em sua própria casa, e tirar toda a sua inocência.

Todo mundo começou a rir. Eu os acompanhei, imaginando toda aquela a cena. Emmett tinha passado uns bocados só para ver Rosalie, e isso era ao mesmo tempo engraçado e romântico da parte dele. Só que então ouvimos um barulho de um tapa que Rosalie tinha dado em Emmett.

– Ai! - ele levou a mão a nuca. - Porque você fez isso?

– Porque você é um mentiroso! - ela disse e ele arregalou os olhos. - A única coisa que é verdade é que você caiu da árvore e meu cachorro te mordeu. Mas Toddy não é um Boxer, é um Chihuahua. Você ficou morrendo de medo dele, e não teve essa coragem toda.

Pronto, isso sim que não prestou. Todos começaram a gargalhar mesmo, achando graça de que Emmett tenha ficado com medo daquela miniatura. O pessoal falou que não podia inventar histórias, e que ele teria que pagar, o que resultou em:

– Não! Não! Não! Espera! - Emmett berrava, enquanto os meninos o carregava para o mar.

Eu não me aguentava de rir daquela cena, vendo que a intenção dos tontos era molhar Emmett, mas acabaram se molhando também por causa de uma onda. Rosalie saiu correndo para tentar impedir - mesmo que ela quem tenha causado aquilo -, só que também foi pega pela mesma onda.

– Jasper! - Alice gritou e foi também para a água.

Segundos depois todos estavam lá dentro, pulando e brincando de jogar água um no outro. Só eu tinha ficado no meu cantinho, assistindo tudo. Não estava com coragem para encarar aquela água gelada de jeito nenhum. Fora que molhar a roupa também não seria nada legal.

– Vem, Bella! - as meninas me chamaram, só que eu neguei.

Edward, que estava brincando com os meninos, parou e me encarou. Eu mandei um beijo para ele, e o garoto sorriu de um jeito muito suspeito. Ele começou a vir na minha direção, e eu entendendo suas intenções, levantei do meu lugar e corri, sendo seguida por Edward. Logo, eu também já estava dentro daquela água gelada com todo aquele povo bêbado.

Depois daquela cena, o pessoal voltou para a fogueira e deixaram algumas roupas ali para poder secar. Eu deixei minha jaqueta lá também, junto da blusa de Edward, e nós seguimos para a pista de dança. Ou melhor, eu fui arrastada para lá. Alice, Rosalie e Nessie tentaram me ensinar com dançar, e logo eu estava me soltando e acompanhando elas. Não que eu realmente soubesse dançar, mas é que tudo era culpa da bebida. Virar algumas garrafas tinha trazido uma outra Bella para ali. Eu torcia que junto da dor de cabeça e ressaca que eu sabia que teria, viesse o esquecimento para mim e para todos. Emmett me fez dançar com ele, fazendo os dois se tornarem o centro da atenção pela forma de dançar engraçada.

Com todo esse mico, eu fiquei com sede, por isso deixei eles lá e fui até cooler para pegar mais uma cerveja. Eu não sabia de onde eles tinham tirado tantas. Me surpreendi ao encontrar Tânia sentada ao lado, tomando uma e olhando para o nada. Assim que ela percebeu minha presença, levantou no mesmo momento. Eu fingi não vê-la, para que assim evitasse uma confusão, e só me abaixei e peguei uma garrafa.

– Bella, nós podemos conversar?

Me levantei rápido, a encarando. Tânia estava com um tom de voz muito diferente do que eu já tinha ouvido, assim como o olhar. Não que eu fosse realmente ligada nessas coisas, mas quando você está acostumada a receber olhares hostis e ouvir um tom de voz raivoso, era difícil não perceber a diferença.

– Er... O que? - perguntei, querendo saber se não tinha alucinado nada. Se tivesse, deixaria a cerveja ali, pois estava passando dos meu limites.

– Eu queria saber se nós poderíamos conversar. - ela repetiu, seu rosto branco de porcelana assumindo um tom avermelhado.

Olhei para os lados, vendo que todos estavam alheios a nós duas ali. Eu assenti com a cabeça, e ela deu um minimo de um sorriso, me fazendo estranhar mais ainda daquilo. Ela não parecia estar aprontando, mas nada daquilo era normal para Tânia. É claro que eu estava de olhos abertos para ela, pois eu me lembro muito bem do que tinha acontecido na sexta, e tinha certeza que ela também lembrava.

Tânia indicou com a cabeça que nós fossemos para um lugar menos barulhento, então em silencio nós duas seguimos pela praia. Na metade do caminho eu tirei meus chinelos, sentindo a areia fofa debaixo do meu pé e entre meus dedos. Ela imitou meu gesto, sorrindo, e sem querer eu também sorri.

– Isso é estranho, não é? - perguntou e eu assenti. - Na verdade, desde ontem as coisas estão estranhas para mim. Depois do que... Você sabe. - ela me olhou e logo desviou os olhos. - Eu ainda não sei exatamente o que está acontecendo, só sei que quero começar a fazer... Diferente. O que você e Edward disseram me fez finalmente abrir os olhos, Bella. - falava olhando para o mar, e não para mim. E a única coisa que eu podia fazer era ouvir, porque eu nem sabia o que falar para o que estava ouvindo agora. - Eu percebi o que estava fazendo com os outros. Não que eu não soubesse - bufou -, eu quero dizer de que eu percebi em que caminho tudo aquilo seguia.

– Como assim? - soltei sem querer.

– Bella, você nunca foi alguém que você realmente não queria ser, mas era "obrigada"? - fez as aspas com as mãos.

Desviei meus olhos dos dela, lembrando de meses atrás.

– Talvez. - murmurei.

– É isso que eu quero dizer, me entende? - ela parou e eu parei também, a encarando. - Eu não sou assim porque eu quero. Ok, talvez. Você não sabe, Bella, como a popularidade sobe a cabeça, faz você ver as coisas em outro angulo. Faz você se sentir superior a todos ali, aqueles que são poucos para te vangloriar. E isso mexeu comigo quando eu vi que me achavam a melhor ali. Se eles achavam, porque eu não podia achar também? Foi isso que eu pensei quando vi como era tratada naquele colégio. Mas para chegar nisso, para ser egoísta como eu sou, tive que aprender primeiro.

– Aprender?

– Yeah... - ela assentiu e olhou para o lado por uns segundos, depois voltou a me encarar. - Eu nem sei porque estou contando isso. - dei de ombros, sem saber também. - Bella, eu queria... Pedir desculpas.

Aquilo me pegou de surpresa, e me deixou sem saber o que falar. Não era uma coisa comum de ser ver: Tânia Denali pedindo desculpas por qualquer que seja o que ela tenha feito. Eu NUNCA a tinha visto proferir alguma palavra com aquele significado, para ninguém. E agora estava vendo ela falar em alto e bom som, de forma mais estranha possível. Ela estava pedindo desculpas para mim! A garota que ela tinha raiva desde o momento que viu com Edward, e a que tinha falado umas boas verdades no dia anterior. Eu não tinha esquecido daquilo, e sabia que ela muito menos. Aquilo era demais para mim!

– Eu... Eu... - sentei na terra, apoiando a cabeça nos joelhos e soltando um gemido baixo. - Isso não é nenhuma brincadeira, certo?

– Claro que não. - ela se sentou ao meu lado. - Eu não brincaria com uma coisa dessas, Bella. Levo a sério demais o arrependimento, e sei que isso pode trazer consequências se não for usando da maneira certa. Eu sei que é difícil acreditar em mim, mas estou falando sério. Eu sei que só isso não vai mudar tudo que já fiz, mas acho que seja um começo.

– Mas porque? Não vem me dizer que o que eu falei ontem fez você mudar, Tânia, porque eu acho que você já deve ter ouvido coisas piores.

– Como ouvi. - ela soltou uma risada seca, sem humor algum. - Pode apostar que já ouvi coisas muito piores do que aquilo. Mas a questão não foi o que você falou, foi o baque que me fez sentir. Quando você e Edward falaram aquelas coisas, eu senti algo que fazia muito tempo que não havia sentido. Que eu tinha fugido. Só que vocês me fizeram sentir tudo aquilo de novo, me causando aquelas coisas. E quando Edward falou que tinha me usado, falou tudo aquilo, quando vocês dois jogaram na minha cara que eu fui a idiota e que... Que ele não sentia o mesmo por mim, eu cai na real de que o que eu senti, como se estivesse humilhada, quebrada por dentro, as pessoas também devem sentir quando sou eu ali, insultando ou falando coisas ruins! E não é uma coisa boa, é por isso que eu quero me redimir.

– Isso não faz nenhum sentido. - admiti e ela sorriu, concordando com a cabeça.

– Eu sei que não faz, porque pra mim muito menos. Mas é assim que as coisas são quando começam a mudar, no começo é tudo sem sentido e logo se ajeitam. Bem... Pelo menos é isso que eu espero que aconteça. Sei que não vou mudar completamente, mas vou tentar melhorar. Estou dando um passo de cada vez para isso, sendo paciente comigo mesma. Ainda só se passou um dia, e as coisas estão ficando melhores para mim. Com Kate, Jéssica e Irina então, nem se fala. - ela sorriu feliz. - Eu só queria dizer, Bella, que estou me sentindo mal agora por tudo que fiz a você e a qualquer outro naquele colégio. Eu sei que fui uma idiota quando comecei a nossa intriga, mas é que fui insegura em relação a Edward. Eu gosto dele, mas é por causa do jeito que ele me trata... Ou me tratava. - deu de ombros. - Mas isso já acabou, o que é bom.

– Yeah. - concordei, sem saber realmente.

Eu não estava sendo monossilábica por que eu queria, só que estava apenas surpresa demais para formar frases coerentes e que pudesse aumentar ainda mais aquela conversa com Tânia. A única coisa que eu sabia e conseguia fazer é ouvi-la falar e perguntar alguma coisa para matar minha curiosidade sobre ela. Tânia estava falando coisas que eu jamais imaginei ouvir, então aproveitaria para entendê-la e saber o porque disso tudo.

– Eu acho que isso não vai mudar o que você sente por mim, não é? - perguntou, com um sorriso triste. - Eu sei que fui péssima durante todo esse tempo que nos conhecemos, mas quero mudar.

– Não espera que sejamos amigas, certo? - perguntei, não segurando a careta.

– Não, não. - ela negou, rindo. - Acredite, isso nem passou pela minha cabeça. A única coisa que eu espero é que as brigas acabem, porque estou cheia delas. Me esgotei com todas, e estava indo por um caminho ruim, mas que agora mudei a direção. Eu só achei certo começar por você, que foi um dos principais motivos a me fazer querer mudar. E também, porque estou devendo a Edward.

– Edward?

– Isso. - tomou um gole da sua cerveja. - Ele já fez muita coisa por mim antes de eu começar a ser essa vadia com você. Eramos amigos, conversávamos, então acho que devo essa para ele.

– Hm. - fiz. - Eu acho que você não precisa se preocupar com a sua popularidade, sabe? Você, mesmo sem ser como é, ainda é amiga de todos daquela roda, então...

– Eu nem me importo mais com isso. - deu de ombros. - Acho que essa fase ja passou, e a única coisa que eu quero agora é ter amigos, sair para curtir realmente, e não ser a pior pessoa daquele colégio. Fala sério, eu ainda não entendo como aquelas pessoas me colocavam no pedestal sendo a pessoa que eu era. Você que estava certa em não me seguir.

Eu dei um sorriso, sem comentário algum para suas palavras. Tomei um pouco da minha cerveja, sentindo já uma leve dor de cabeça por causa do efeito alcoólico que estava passando. Olhei pelo canto de olho para Tânia, vendo-a olhar diretamente para frente. Ela estava mesmo diferente, até na expressão. Eu sabia o que acontecia com as pessoas que mudavam, morava com Renée, e sabia que as mudanças não era só interiormente, era exteriormente também. Tudo mudava: a forma de olhar, de sorrir, de falar, e até de ficar triste. Não que já tivesse visto Tânia triste fora ontem. Ela sempre estava sorrindo falsamente para todos.

– Só tem uma coisa que eu não entendo nisso tudo. - admiti e ela me olhou. - Me desculpe estar me intrometendo nisso, mas você disse que sabe como é se sentir ser humilhada, e que foi obrigada a ser assim. Você por acaso era uma... nerd?

Tânia riu e negou com a cabeça, tomando um gole da sua cerveja. Eu imitei seu gesto.

– Não mesmo, eu nunca pude ser assim. - falou. - Eu fui obrigada, antes de me tornar uma pessoa boba - foi cuidadosa com suas palavras. - Elas faziam piadinhas, humilhações e brincadeiras de mal gosto para cima de mim, e por isso sou o que sou. Não poderia ser mais fraca que elas, pois isso seria pior apenas para mim. Então, elas são o motivo de eu ser assim. Uma forma de me proteger delas, de ser usada apenas para ser humilhada e sofrer. Elas eram cruéis comigo, e pior ainda quando queriam. E elas sempre queriam.

Eu não sabia de quem ela estava falando, não fazia a menor ideia de quem quer que seja. Era por isso que estava cada vez ficando mais confusa com aquela conversa.

Tânia olhava fixamente para frente, parecendo com vergonha de me encarar. Eu bem a entendia, pois só tinha uma coisa que eu e Tânia éramos iguais: orgulhosas, com medo de expor nossos sentimentos. Eu tinha percebido isso nela desde que começou a se engasgar com suas próprias palavras de desculpas. Sua pele branca de porcelana tinha um leve rubor, a deixando ainda mais bonita. Era uma tragédia que ela com aquele rostinho de boneca fosse uma vadia. Ou era, não sei mais. E seus olhos estavam marejados.

– Elas quem? - tive que perguntar.

– Minhas irmãs. - o deboche no seu tom me fez entender de que eu deveria saber daquilo. - Maldosas como eu, talvez até pior. Por eu ser mais nova, a menor, sofria em suas mãos. As duas tinham um grande desejo de ser melhor que todo mundo, achavam que tudo era ameaça para elas, e eu estava incluída nesse "tudo", por isso tinha que aguentá-las. Me chamavam de magrela, burra e várias outras coisas porque eu não conseguia ser como elas. Mas eu não tinha culpa, caramba. Era uma criança, como poderia parecer uma pessoa cruel? E minha mãe nunca prestavam atenção nisso, nunca via como elas faziam eu me sentir a pior pessoa do mundo. Ela nem prestava atenção em mim! As duas puxavam meu cabelo, me davam tapas e na frente dela, se fingiam de santa para eu passar por mentirosa. Minha mãe era como elas, por isso nem percebia essas coisas. Falava que eu tinha que parar de acusar minhas irmãs, porque as duas eram um carinhosas e me amavam. Grande amor. - bufou. - E meu pai, aquele eu nem o via e vejo direito. Ele trabalha longe, só vindo nos finais de semana e olhe lá. Passar mais de dois dias com nós era uma grande surpresa. Era raridade vê-lo em casa, onde era seu lugar. Então, eu não tinha ninguém maior para me proteger, era eu e eu mesma. Se ia contra elas, apanhava delas. Foi então que eu caí na real e percebi que se eu não fosse como elas, seria uma idiota usada pra sempre. Comecei com o jeito de se vestir, roupas justas e curtas. Depois passei para a forma de agir, de falar. Se elas faziam piadinha de mim, eu fazia de alguém na frente delas. Se me batiam, eu batia também. Ninguém podia ser melhor que eu, pensava como elas. Com os garotos era a mesma coisa. Minha adolescência chegou um ano mais cedo que a de uma pessoa normal.

– Doze.

– Isso ai. - ela sorriu e limpou umas lágrimas que escaparam. - Doze anos e eu já era como sou. Claro que não estava orgulhosa disso, mas as consequências pediam. E depois que as duas viram o que eu tinha virado, finalmente me deixaram em paz. E um ano depois não tinha mais nenhuma das duas em casa, finalmente tinham ido para a faculdade. Só que já era tarde demais, não tinha como eu voltar atrás do que eu era. Eu tinha me tornado aquilo e gostado de ver as pessoas aos meus pés, então nem lembrava do que tinha prometido a mim mesma. Mas eu só queria me proteger. Eu tinha prometido que voltaria a ser uma pessoa mais... Amorosa quando elas fossem embora, só que a popularidade subiu a cabeça e puf! Já era aquela garotinha. Você sabe, essas coisas sobem. - deu um sorriso triste. - Eu sei que isso não é motivo, e sei que está me achando uma idiota agora, mas é isso. E se ainda me odiar mortalmente, vou entender.

– Hey, também não é ódio, não é? - brinquei, fazendo-a rir. - Só que você não ajudou muito a cultivar sentimentos bom para você.

– Eu sei. E espero que não seja tarde para isso.

– Talvez não seja. - murmurei, fazendo-a sorrir. - É sério, não sou uma pessoa que guarda rancor. E não se preocupe, não é porque estou um pouco alta que amanhã ainda vou te achar uma vadia e esquecer tudo que você falou hoje. Eu acredito que a única coisa que vou ter amanhã é uma ressaca, não uma amnésia. - nós rimos.

– Eu quem o diga. - concordou. - Bella, isso está sendo realmente mais fácil do que eu imaginava. Sério, garota, você é boa até demais. Porque se fosse eu, juro que teria me dado as costas desde aquele momento que te chamei para conversar.

– Que nada. - revirei os olhos. - Eu só acho que quem tem motivos para ser o que é e fazer o que faz, merece uma chance. Eu aprendi isso, e acho também que aqueles que pedem uma conversa querem mesmo se redimir. Então é melhor deixar, porque viver com culpa não é bom.

– Isso é legal. - ela me deu uma ombrada. - Edward é um cara de sorte.

Eu abaixei minha cabeça, sentindo o constrangimento bater no meu rosto como sempre fazia. Eu discordava completamente de Tânia, eu é quem tinha sorte de ter Edward comigo. Ele era melhor do que eu podia ter encomendando, e melhor que presente de Natal escolhido. A sortuda disso tudo era eu, não ele.

– Eu tenho certeza que quem for seu namorado, vai ter sorte também com a nova Tânia. - falei, fazendo-a gargalhar.

– Claro, claro. - assentiu. - Segunda-feira vai ser um dia longo.

– Você vai sair conversando com todo mundo que nem está fazendo comigo? - arregalei os olhos.

– Não! - ela também fez isso. - Eu nem sei porque estou fazendo isso com você. Acho que deve ser por causa disso. - levantou a garrafa, me fazendo rir. - Mas não importa, porque foi um peso tirado de cima dos meus ombros. Você não sabe como me fez bem falar com você agora.

– Uau. - fiz, rindo. - Eu não sei muito o que dizer, porque eu nunca tinha sequer pensado que isso podia um dia acontecer. Estou até preocupada de que isso não seja um sinal de que estamos chegando perto do fim do mundo... - brinquei e nós rimos. - Eu acho que fui um pouco rude com você ontem, então...

– Rude? Você não sabe o que é ser rude, garota. - ela riu. - Cala a boca e toma um pouco dessa cerveja.

Nós duas tomamos um gole, para então ela sorrir.

– Acho que temos que voltar para lá. - apontou para onde ainda rolava a festa. - Edward deve estar preocupado, do jeito que ele é exagerado. - arregalou os olhos e eu assenti.

Levantamos e começamos a voltar para o meio das pessoas.

As coisas estavam amenas com Tânia, e eu realmente me sentia bem em relação aquilo, porque assim como ela, estava esgotada de toda essa nossa intriga, que sempre começava por causa dela.

Quantas vezes você poderia se surpreender com as histórias das pessoas? Eu não sabia quantas, porque já tinha me surpreendido com muitas, com a de Renée, de Daniel, de Ylsa e com a minha própria. E todas elas me mostravam que só eramos o que eramos por causa de alguém, minha mãe por causa do pai dela, Daniel por causa da família, Ylsa por si mesma e eu, bem... Eu era por todos. Agora vinha Tânia e me dizia, sem querer, o porque de ela ser o que é, me deixando sem palavras para expressar o que eu sentia.

Nunca nos demos bem e nunca fomos amigas para eu sentir compaixão por ela, eu nunca tive um sentimento positivo a seu respeito que me fizesse querer abraçá-la ou soltar algo que a fizesse se sentir bem. Mas eu sabia que o pouco que tinha falado bastava, e que agora adiante as coisas seriam um pouco melhores entre nós. Não esperava tornar amiga dela e nem nada disso, só era importante ter um pouco de paz no lugar entediante que já era o colégio.

Quando nos aproximamos o suficiente, Tânia se virou para mim, com a mão estendida na minha direção.

– Então... Estamos resolvidas? - perguntou, em expectativa.

– Estamos resolvidas. - assenti, apertando a sua mão.

– Agora sim. - ela suspirou, soltando nossas mãos. Eu sorri e comecei a me afastar, mas ela me chamou. - Er... Tudo aquilo que eu falei, você sabe, foi por causa da cerveja.

– Culpa da cerveja. - concordei, rindo e seguindo meu caminho.

Eu não fazia a menor ideia de onde o pessoal estava, pois a ultima vez que os tinha visto era na pista de dança, e eles não estavam mais ali. Fui até a fogueira, vendo que as roupas deles estavam ali ainda, mas nada deles.

– Hey, Bella! - ouvi a voz de Emmett vir de algum lugar, e comecei a procurar. O achei perto do mar, acenando animadamente. Todo o pessoal do jornal estava ali. - Traz mais quatro cervejas!

Eu equilibrei as cervejas nas minhas mãos e segui para lá, sentando ao lado de Edward, que me deu um beijo estalado na bochecha. As garrafas eram para Emmett, Edward, Rouss e Jasper, já que Jake, Nessie e Alice não aguentavam mais nada.

– Aonde você estava, Bella? - Rosalie perguntou, tomando da sua bebida.

Olhei dela para Edward, que também me questionava aquilo com os olhos. Dei de ombros, falando que fui dar uma volta, já que fazia um bom tempo que não vinha a La Push. Ela acreditou, perguntando se estava mesmo bom para andar aquela hora. Eu concordei, pois não era uma mentira. Não estava tão frio por causa do mormaço, e batia um vento um pouco refrescante. Tinham escolhido um dia bom para fazer esse luau.

– Então, Emm, vamos andar! - ela levantou num pulo e ajudou Emmett a levantar também.

Eles saíram rindo e se apoiando um no outro por que estavam altos. Esses dois tinham um pique que me esgotava só de olhar. Alice e Jasper estavam deitados na areia, conversando ao sussurros. Nessie e Jake segundos depois de discutirem se aguentavam ou não, foram atrás do Emmett e da Rosalie para falar que daqui a pouco íamos embora. E, um pouco isolados, ficou Edward e eu. Como Jazz e All, estávamos deitados na areia. Ele fazia um carinho no meu braço enquanto explicava para ele o nome das formações das estrelas e o nome delas. Pelo menos as que davam para ver com aquele céu nublado.

Edward puxava assuntos sem importância, e logo sua voz começou a ficar distante para mim. Era apenas ruídos misturado com o som das ondas quebrando e a música que rolava um pouco afastada. O seu carinho constante estava fazendo aquele processo de sonolência ir ainda mais rápido. Mas antes que eu pudesse cair no mundo da inconsciência, os outros voltaram e decidiram que por hoje já tinha dado. Edward me chamou para irmos, só que meus membros pareciam moles demais e não obedeciam aos meus comandos, então ele apelou e sob meus protestos, ele me colocou em suas costas, mandando eu prender meus braços em volta do seu pescoço, e segurando firmemente minhas pernas.

– Edward, me coloca no chão. - eu pedi com a voz chorosa, sabendo o mico que estava passando.

– Bella, aproveita isso. - Alice falou, rindo. Eu olhei para ela e vi que se encontrava na mesma situação que a minha.

Não era apenas o sono que deixava eu ficar mole daquele jeito, tinha também a maldita dor de cabeça e o enjoo, que era o fruto de todas aquelas cervejas. Eu com certeza estava em um estado deplorável, e levaria um bom sermão de Renée quando chegasse em casa. Ela me chamaria de irresponsável por beber, eu sabia, e eu teria que ouvir tudo calada sem poder responder, e sem a vovó para me defender.

Soltei um gemido, encostando o rosto na nuca de Edward.

– Está tudo bem? - ele perguntou.

– Não. - fui sincera. - Renée vai me matar quando me ver assim.

Edward riu da minha desgraça, e quando viu que era sério, parou.

– Então dorme lá em casa. Liga avisando que Alice insistiu. Renée vai entender, porque ela conhece minha irmã.

Eu concordei, e quando entramos no carro - depois de pegar as roupas perto da fogueira -, mandei uma mensagem para Renée avisando que iria dormir nos Cullens. Eu não iria arriscar deixar ela ouvir minha voz mole e desconfiar do que eu tinha feito. Depois disso, eu encostei minha cabeça no banco e fiquei olhando Edward dirigir atentamente, sentindo que estava ficando cada vez mais difícil abrir os olhos.

Ao estacionar o Volvo na garagem, Edward deu a volta e veio tentar me carregar novamente, só que eu protestei e falei que conseguia andar. Claro que me apoiei nele para fazer isso, mas não contava. Eu não estava me sentindo muito bem, só que não era uma inválida. Edward riu quando eu falei isso para ele como um resmungo. Quando entramos na casa, Alice estava lá com Jasper, choramingando que não iria subir para o segundo andar. Os dois capotaram no sofá e por ali ficaram. Eu também parei em frente aquela escada, soltando um muxoxo triste.

– Ainda vai querer andar com as suas próprias pernas, Bella? - Edward perguntou e eu bufei, indo para as costas dele.

Se ele fazia tanta questão daquilo, então eu iria fazer o que Alice mandou: aproveitar. Apenas encostei minha cabeça em seu ombro e fechei os olhos, sentindo o movimento do seu corpo ao andar. Ouvi quando ele abriu a porta e a fechou nas minhas costas, caminhando na direção da cama. Já sabia de cor ainda ficava cada coisa dali, por passar tempo com ele. Edward me colocou na cama delicadamente, se sentando ao meu lado.

– Minha cabeça está rodando. - falei, passando a mão nos olhos.

Edward soltou uma risada e levantou, indo para algum lugar. Eu nem abir os olhos para ver, de tanto que estava enjoada. Me sentia em um daqueles barquinhos que ficam balançando no mar, e sob um sol quente de fritar hambúrguer, ovo e vários outros alimentos... Senti uma vertigem ao pensar nessas coisas. Eu estava piorando para mim mesma! Tinha sorte de o lugar que moro ser frio, ou então tudo estaria pior. Eu estaria suando, com calor e sentindo tudo quente. Era nessas horas que eu adorava morar em Forks.

– Você dormiu? - Edward perguntou, tocando com os dedos gélidos, minhas têmporas. Neguei com a cabeça. - Toma esse analgésico pra isso passar.

Abri os olhos e sentei com a ajuda dele, pegando o copo e o analgésico que ele me estendia. Tomei tudo, sem tirar os olhos de Edward, que me encarava. Eu estava me sentindo tão pequena daquele jeito como nunca tinha me sentido. Era a mesma sensação que senti quando peguei uma gripe e Renée cuidou de mim. A primeira vez que ela fez eu me sentir cuidada de verdade. Depois de tomar a água, eu entreguei o copo para Edward e me deitei novamente, vendo ele deixar o copo em cima do criado-mudo, tirar o tênis e vir deitar ao meu lado.

Me aconcheguei em seu peito, fechando os olhos e suspirando, ao sentir que aos poucos a vertigem ia embora. Com a dor de cabeça indo embora também, eu pude pensar em toda a conversa que tive com Tânia, sendo que não tinha parado nenhum segundo para fazer aquilo.

Para mim aquilo ainda era um pouco surreal. Eu sei, exagero, mas ver por mais de anos uma garota agir de uma forma e depois de receber algo como um tapa na cara, começar a agir de outra forma não era algo que pudesse se acostumar rápido. Nem com minha própria mãe eu tinha me acostumado com tanta rapidez! Foi difícil no começo, quando ela demonstrava algum afeto e eu me segurava para não arregalar os olhos com aquilo, pois não queria acabar assustando Renée e a fazendo parar. Só que mesmo assim era estranho, e com Tânia não seria diferente.

Se eu não tivesse ouvido a história da minha mãe, saber todos os seus motivos, entender seu lado naquilo, com certeza não teria desculpado Tânia e nem sequer teria dado uma chance para ela se redimir. Na hora em que ela me chamou para conversa, eu iria mandar ela pastar. Mas tendo a mesma experiencia anteriormente, eu entendi. E entendi também quando ela disse que tinha motivos para fazer tudo aquilo. Eu bem sabia como era você receber uma patada de alguém e acabar descontando em outra pessoa. Já tinha feito isso muita das vezes quando Renée me tirava do sério. Alice, Nessie e Charlie tinham sofrido um pouco comigo.

E, depois de ouvi-la falar tudo aquilo, pedir desculpas, a única coisa que podia fazer agora era deixar as coisas seguirem seu rumo e fazer uma mudança em Tânia. Aquela conversa só fez eu perceber que não precisava mais me sentir culpada por ter falado aquelas coisas para Tânia, pois foi um motivo para ela mudar. Então, eu estava sem peso na consciência.

Pensar isso me fez perceber que Edward também estava como eu, um pouco triste com o que tínhamos feito com ela. Ele precisava saber que foi uma coisa boa - ou mais ou menos - o que aconteceu, pois tinha dado resultados positivos.

– Edward... - levantei a cabeça, o encarando. - Eu falei com Tânia hoje.

Ele arregalou levemente os olhos, mas depois deu um mínimo de um sorriso. Estranhei esse ato...

– E como foi? - perguntou, fazendo eu me deitar novamente e recomeçando o carinho que fazia nos meus cabelos.

– Foi... Estranho. - admiti. - Ela... Ela me pediu desculpas! E disse que ia mudar, pois o que falamos fez ela perceber como estava sendo má com as pessoas do colégio. Isso não é demais? - o olhei e ele assentiu, depois voltei a ficar como antes. - Mas... Ela também me contou o porque dela ser daquele jeito. Eu não sabia que existiam irmãs tão más como eram as delas. Apesar de Tânia não ter entrado em detalhes, deu para perceber que as duas eram realmente ruins. Eu prefiro ser filha única a ter irmãs assim... - bocejei e pisquei lentamente. - Apesar que eu tenho irmãs... E elas são as melhores que existem.

– Bella, você está morta de sono... - Edward falou, rindo e eu o acompanhei.

– Eu sei... - soltei outro bocejo e levantei só um pouquinho minha cabeça para encará-lo. - Boa noite, Edward.

Ele deu aquele lindo sorriso de canto e se inclinou um pouco para me dar um beijo, e depois outro na testa.

– Boa noite, minha Bella.

Eu sorri antes de fechar os olhos e me deixar finalmente ser levada pela inconsciência, com apenas uma coisa preocupando naquele momento: a puta da ressaca que eu teria quando acordasse.





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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam desse capitulo um pouco mais animado? Entenderam o lado de Tânia? Nós todas sabemos que não explica tudo, talvez metade da metade, kkk. Ela mesma disse que foi mais por causa da popularidade.
Meninas, eu quero desejar a vocês um FELIZ ANO NOVO!!!!!
E de presente, eu postei uma nova fic, chamada Aquela Garota. Já postei o prólogo: https://www.fanfiction.com.br/historia/184727/Aquela_Garota . Eu pensei em colocar ela logo antes de terminar Revista Nerd, para vocês começarem a gostar e se acostumar *---* Eu tenho alguns capítulos prontos e acreditem que ela vai ser tão ou mais doida que minha bebê Revista Nerd, kkk.
E também postei a algum tempo atrás mais um capitulo de Preciso de um A+... E de Você. Para quem não leu, vai lá!
É isso, cometem aqui e lá para saber quantas de vocês vão acompanhar *---*
Beijoos, gatinhas!