Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 28
Planos Mudados




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27. Planos mudados

- E agora? - perguntei para o Edward, enquanto íamos na direção da porta.

- E agora que é bom você ir se preparando, pois está pronta pra encarar a garota mais curiosa do mundo, a Alice Cullen.

- Yeah, eu sei. - murmurei para mim mesma. - Não sou ser a única a encarar uma pessoa curiosa. - bati meu ombro no dele e Edward riu. - Emmett vai querer saber tudo, até que você invente, pra colocar no jornal quando as aulas voltarem.

Edward me encarou e fez uma careta, que eu imitei. Porque, era mesmo capaz de Emmett colocar tudo no jornal. Afinal, aquilo era uma fofoca para ele.

- Nós damos um jeito de ele não colocar. - Edward pegou a minha mão e apertou. - É só ameaçar ele como você ameaçou Jasper e eu, que tudo está resolvido.

- Pode apostar. - falei.

Edward sorriu e me puxou para perto, me dando um beijo na testa, antes de entrarmos. Não deu nem tempo de olhar para os lado quando Alice me puxou para um canto da sala. Ela tinha um sorriso grande nos lábios e só faltava pular de tanta empolgação.

- E então? - perguntou, quase não passando de um sussurro.

Eu olhei para os lados, vendo todos na sala alheios a nós. Edward e Emmett tinham sumido, com ele aconteceu a mesma coisa que comigo, Emmett o puxou para algum lugar.

- Alice, deixa pra depois. - falei, sorrindo para ela. - Agora não.

- Ok. - ela fez bico, e eu me surpreendi com a facilidade que ela aceitou aquilo. - Nossa, foi essa a pulseira que Edward lhe deu?

A baixinha pegou meu braço e rodou, vendo os pingentes que tinha. Ela me olhou, parecendo me avaliar.

- Isso aqui tem muitas coisas haver com vocês, certo? - perguntou e eu assenti. - Eu imaginava, quando vi a bola de futebol americano e a câmera fotográfica. - dei de ombros, sorrindo comigo mesma. - Isso é tão estranho. - sussurrou.

- O que? - perguntei, em um sussurro também.

- Você. - arregalou os olhos. - Sorridente, toda menina apaixonada. É muito estranho.

- Alice, cala a boca. - dei um soquinho no ombro da baixinha, e ela riu.

- Bella, querida, vamos? - Vovó chamou, já levantando do sofá.

- Vamos. - falei, e me virei para Alice. - Nos vemos amanhã?

- Amanhã não tem aula, Bella.

- Eu sei. - dei de ombros. - Mas passa lá em casa para eu te dar algo.

- Uhh, presentes, adoro. - ela deu uma risadinha e eu a acompanhei. - Aliás, eu nem te dei o seu.

- Não faz mal. Amanhã você me entrega.

- Ok, então.

Nós nos despedimos dos Cullens e dos Hale. Eu me despedi de Edward apenas com um aceno e um sorriso, mesmo querendo que fosse de outra forma. Mas, nós não tínhamos conversado nada sobre o que aconteceria com o "nós" agora, deixaríamos as coisas rolarem, e se fosse mesmo sério, então sim falaríamos para todos. Era isso que eu imaginava, pelo menos, porque também não queria ser precipitada, falar que nós estávamos juntos, e no outro dia - ou semana - quando brigássemos, nós terminássemos. Era um passo de cada vez, um pé na frente do outro primeiro.

No caminho de casa, vovó não falou nada, ficou apenas cantando uma música de uma rádio qualquer. Eu nem estava prestando atenção nela, estava mais perdida em pensamentos. Assim que chegamos em casa, eu tirei o tênis e me joguei no sofá, suspirando de cansaço. Vovó ainda foi na direção da cozinha, passou um tempo lá, fazendo bastante barulho com copos e pratos, e quando voltou, trazia dois copos de leite e biscoitos. Eu me sentei e ela sentou do meu lado, sorrindo para mim. Peguei um copo e tomei um gole, vendo que era leite quente.

- Tio Aro? - perguntei e ela sorriu, ficando corada. - Não! - arregalei os olhos. - Vovó Swan envergonhada? Meu deus, o que aconteceu?

- Nada do que você está pensando. - fez careta e eu ri. - E eu não estou tomando leite quente por causa dele.

- Claro, claro. - revirei os olhos.

Eu me estiquei e peguei o controle remoto em cima da mesinha, liguei a TV, procurando alguma coisa boa que passasse naquela hora - que já era tarde -, mas não tinha nada de bom. Além dos canais que vendiam coisas, e outros eram filmes natalinos, de terror, suspense, comédia, romance, e por assim vai, todos seguindo o dia que estávamos.

- Bela pulseira. - vovó falou, como quem não quer nada. - Quem te deu?

- Edward. - falei, olhando para a pulseira. - Bonita, não é?

- Uhum. Muito bonita. - ela pegou meu braço e olhou mais de perto. - Vai pode me explicar os pingentes?

- Hum... - fiz, mordendo um pedaço do biscoito que tinha na mão. - Cada um desses pingentes representa alguma coisa que liga entre nós, entende? A câmera é pra eu lembrar dele. O ratinho, a bola, o copo, e o A+ são os nossos dias juntos. A guitarra é por nossos gostos no mundo da musica serem iguais. E por fim, o jornal, que é aonde começou tudo.

- Interessante. - ela murmurou, olhando cada pingente. - Muito legal da parte dele, colocar lembranças em forma de pingente, ao invés de fotos, que é a especialidade dele.

- Pois é. - dei de ombros. - Acho que ele quis renovar.

- Talvez. - ela sorriu. - Ou talvez, tenha algo a mais acontecendo aqui que alguém muito bobinha percebeu. Não é, Bella?

Eu olhei bem nos olhos da vovó, vendo que não adiantava eu negar, porque ela já sabia muito bem. Eu assenti e olhei para meus pés, mordendo o lábio inferior com força. Vovó começou a rir, e eu a acompanhei.

- Renée me deu uma ajudinha. - murmurei.

- Apesar de isso ser algo que você deveria ter entendido sozinha, eu gostei. - ela riu. - Mas então, o que vocês foram fazer depois que saíram?

- Ah, nada. - dei de ombros. - Nós fomos para o meu carro, ficamos conversando, então ele me deu essa pulseira.

- E...?

- E o que?

- E o que aconteceu depois?

- Vovó!

- Ah, sua danadinha. - ela cutucou minha barriga, me fazendo rir. - É bom?

- Muito bom. - falei e ela arregalou os olhos. - Você quem perguntou! - levantei as mãos e ela riu. - Brincadeira, vovó.

- Mas e então, o que vai acontecer? - vovó tirou o prato que estava em cima do sofá e colocou na mesinha, depois me fez deitar a cabeça no colo dela. - Ele também parece gostar de você. - ela pegou meu braço. - Isso aqui mostra.

- Yeah. - assenti. - Nós não conversamos sobre isso, sabe, sobre como vai ser. Mas pelo que entendi, nós vamos ir devagar.

- Está certo. Apesar que eu acho que vocês dois são certos um para o outro, é melhor ir mesmo devagar.

- Uhum. - murmurei e bocejei. - Sabe, vovó, eu fui muito burra por não ter percebido antes...

Vovó riu e começou a fazer um carinho na minha cabeça, vendo que eu estava quase dormindo. Eu bocejei mais uma vez, sentindo meus olhos pesarem.

- Tenho a certeza que não foi a única burra da história.

- Acha que ele também demorou pra perceber alguma coisa? - me virei para ela, e vovó assentiu. - Ah, menos mal. - murmurei, voltando a ficar como antes.

- Yeah. - vovó soltou um risinho. - É sempre bom perceber que não está sendo a única burra.

- É muito bom. - concordei e nós rimos.

A conversa se deu por encerrada ali, e eu comecei a prestar atenção na TV, que passava um filme de romance. Logo as imagens começaram a ficarem embaçadas e perderem o foco, assim como a voz, que parecia distante.

- Eu só tenho um medo, vovó. - murmurei, com a voz muito sonolenta.

- E qual é? - vovó perguntou.

- Que ele não goste de mim como eu sinto gostar dele.

Vovó ficou em silêncio, então sem nada para chamar a minha atenção, eu fui me aproximando lentamente da terra dos sonhos. Mas talvez eu ainda pude ouvir vovó murmurar "Não precisa ter medo". Não sei bem ao certo, porque poderia ter sido um sonho, já que tive muitos naquela noite. E em quase todos, Edward estava presente.

- Bellaaaaaa. - alguém cantarolou no meu ouvido. Eu suspirei e virei para o lado, querendo continuar dormindo. - Bellaaaaa, acordaaaaa.

Aquela voz fina e infantil era familiar. Eu passava praticamente meu dia inteiro ouvindo ela falar, falar, falar...

- Não enche. - murmurei, com a voz abafada.

- Deixa de frescura e acorda logo, garota! - Alice berrou no meu ouvido e me puxou com força, me fazendo cair de costas no chão.

- Alice! - choraminguei, levando uma mão as costas. - Nossa, menina, você me destruiu agora. Ai, como dói.

- Mas isso não foi por causa da queda não. - Nessie falou, fazendo eu perceber que ela estava ali também. - Foi porque você dormiu no sofá.

Olhei para onde estava segundos atrás e para mim, só para perceber que eu estava de pijama. Mas pelo que me lembre, tinha dormido no colo da vovó e com a roupa que eu tinha ido nos Cullens. Talvez vovó tenha trocado, sei lá. Mas como sem nem me acordar? Meu deus, eu deveria estar mesmo cansada, para nem acordar.

Eu me sentei encostada no sofá, e deitei a cabeça, fechando os olhos por causa do sono. Alice e Nessie se sentaram ao meu lado.

- Talvez. - murmurei. - Que horas são?

- Daqui a pouco vai dar duas horas. - Alice quem respondeu. - E você ai, dormindo. Estava sonhando com o que, sua safadinha? - ela piscou um olho e deu um sorriso malicioso. - Foram tantos suspiros que você soltou... - então ela suspirou e depois as duas caíram na gargalhada.

Olhei para ela com uma sobrancelha erguida e neguei com a cabeça, não acreditando na loucura das minhas amigas. Fechei os olhos mais uma vez, e gemi de dor. Minhas costas estava me matando.

- Vocês estão pirando, isso sim. - murmurei. - Eu não estava sonhando com nada. - dei de ombros.

- Tem certeza? - Nessie quem perguntou. - Sei não, Bellinha, eu acho que ouvi um nome como Edwin... Eduardo... Edward! Isso, um tal de Edward!

Eu me desencostei do sofá, arregalando os olhos e sentindo meu coração acelerar.

- Isso é mentira! - minha voz saiu fina e aumentou oitavadas.

- Não, não. É a mais pura verdade. - Alice disse e Nessie assentiu.

- Mentira. - sussurrei e elas balançaram a cabeça. - Sério? - fiz careta, e elas assentiram de novo. - Oh merda. Eu não acredito nisso! Eu e essa minha mania de falar dormindo. - choraminguei e as duas começaram a rir. - O que foi? Não tem graça!

- Claro que tem. Bella, é mentira. Bem... Agora eu não sei, porque pelo que parece você acabou de confessar que estava sonhando com o meu irmão. - soltaram uma risadinha. - Era um sonho bom?

Encarei as duas, incrédula, vendo o quão malvadas elas eram.

- Sua idiotas! - falei alto, pegando uma almofada e acertando na cabeça delas. - Como me fazem quase ter um ataque cardíaco depois de acordar?! Perderam a noção, foi? - eu continuei batendo e elas rindo.

- Ah, Bella, foi só uma brincadeirinha. - Nessie disse e eu acertei a almofada no rosto dela, sem querer. Ok, não tão sem querer assim. - Você... Você acertou uma almofada no meu rosto? - eu parei, vendo a expressão dela. - Ah, não. Não vai ficar assim não. Alice, cócegas!

- O QUE?! - arregalei os olhos e me afastei. - Pode ir parando ai, nada de cócegas! Meninas, foram vocês quem começaram... Alice, não se aproxime. Olha, eu vou cha... AHHHHHH.

As duas pularam em cima de mim e começaram a fazer cócegas, me matando de rir e falta de ar. Eu praticamente implorei para pararem, mas elas não me ouviram. Só pararam quando viram que eu estava ficando roxa com a falta de ar. Fiquei deitada naquele chão, procurando desesperadamente o ar, que parecia que tinha sumido só porque eu necessitava. Assim que consegui voltar a respirar e a minha cor normal, eu me sentei, vendo a cara de sapeca das duas.

- Isso não teve graça. - falei e elas riram. - E eu estou odiando esse bom humor de vocês.

- Isso se chama humor natalino, sua rabugenta. - Alice resmungou.

- Tanto faz, eu não gostei. - dei de ombros. - E então, alguém viu a vovó?

- Ela está lá para cima. - Nessie respondeu. - Disse que precisava arrumar umas coisas e que daqui a pouco descia.

- Ah sim.-  olhei de um lado para o outro. - E então, ao que devo a honra da visita de vocês duas?

As duas se olharam, sorriram e viraram para mim.

- Troca de presentes! - falaram juntas, me fazendo rir e revirar os olhos, porque elas pareciam duas crianças. - Anda, Bella, vai logo lá em cima buscar os nossos. - Alice mandou.

- Ok, ok, apressadas.

Eu levantei com dificuldade e corri escada a cima, entrando logo no meu quarto e indo para o closet. Peguei os dois presentes e voltei para a sala correndo, quase que caindo na escada no processo. Me sentei no chão, com as pernas cruzadas em forma de índio e de frente para as meninas.

- Eu adoro essa parte. - Alice comentou, rindo sozinha. Nessie e eu concordamos. - Ok, eu começo!

- Vamos deixar a apressada começar, Bella. - Nessie revirou os olhos. - Como todos os anos.

- Pior que é verdade. - concordei e Alice bufou. - Vamos lá, Alice, diga logo que você comprou um novo carro para mim.

Yeah, deu para perceber que eu estava louca pelo meu novo carro, que era o Jipe. Mas isso tudo, esse desespero todo, não significava que eu ia largar meu Mini. Nada disso, esse era meu bebezinho - no melhor estilo Sobrenatural. Nada nem ninguém nesse mundo me separaria do meu xodó.

- Quem dera fosse. - Alice falou e eu fiz bico. - Mas é algo muito melhor.

- Sério?! O que é? O que é?! - eu sorri com a expectativa.

Alice, que estava com a bolsa em cima do colo, tirou uma coisa quadrada dali, com o embrulho preto e cheio de caveirinhas rosa pink. Ela me estendeu, e depois pegou outra caixinha dentro da bolsa, com o embrulho vermelho e umas flores amarelas. Eu abri o meu, já sabendo mais ou menos o que era. Assim que tirei o embrulho todo rasgado arregalei os olhos, vendo o CD que tinha ali.

- Eu pedi ajuda para o Jasper. - Alice disse. - Ele me ajudou a editar e colocar todas as músicas que você mais gostava e as que eu também gosto quando você ouve. Principalmente as do Blink 182 e do Sum 41. - deu de ombros. - Essa foto na capa com nós assim eu peguei do Edward.

- Do Edward? - olhei para ela, com as sobrancelhas unidas. - Como ele tem uma foto nossa com essas caretas?

- Ele tirou quando estávamos distraídas. Eu estava fuçando nas coisas dele e achei. Ficou demais, não é? - assenti, voltando minha atenção para o CD mp3 que estava mesmo demais. - Eu sei, menina!

- Alice... - Nessie chamou num murmurio. - Aonde... Aonde você arranjou isso?! - ela arregalou os olhos e sorriu de um canto a outro.

Nessie tinha nas mãos uma caneca branca com o desenho do Impala 67que parecia muuuuito com o do Dean de Sobrenatural. E quando ela rodou, tinha uma foto do Dean também, e pelo que parecia, um autógrafo.

- Eu comprei pela internet. Quase que não acho, menina. Foi pura sorte alguém estar leiloando.

- Nossa... - ela sussurrou, ainda encarando sua caneca. - É linda!

- Claro que é. - revirei os olhos. - Tem o Jesen Ackles ai e o autógrafo dele. Só poderia. - disse o óbvio e elas riram. - Ok, agora vamos aos meus presentes.

- Ebaaaa. - Alice se remexeu numa dança engraçada. - Já disse que adoro presentes?!

- Já. - Nessie e eu falamos juntas.

- Mas é que eu adoro presentes. - a baixinha fez bico. - Vamos lá, Bella. Desenrola logo isso, mulher!

- Calma, apressada. - eu peguei os dois presentes que estavam ao meu lado e estendi um para cada uma. - Sabem que eu sou péssima com essas coisas, certo? Eu espero que tenha acertado nos gostos de vocês.

- Ela fala isso todo ano e todo ano acerta. - Nessie falou para Alice, que assentiu.

As duas rasgaram o embrulho, revelando seus presentes. Para Alice eu tinha comprado o novo creme da Victoria Secret'sque ela tanto tinha amado. Apesar daquilo me lembrar de baunilha, era bom. Já para Nessie eu comprei o box completo da série Grey's Anatomy, com todas as temporadas lançadas, e tudo por causa que ela adorava Patrick Dempsey, que fazia o Dr. Delicia da série. Claro que ele não era chamado assim, mas foi um apelido que Nessie adotou. Essa era a coisa favorita da Nessie, séries! Ela assistia todas que podia, e virava fã na hora.

- Agora é o meu. - Nessie cantarolou. - Falar como a Bells agora: Eu espero que tenha acertado nos gostos de vocês.

Nessie deu de presente para Alice uma tiara de cabelo com pedras verdes esmeraldas, que combinava com os olhos dela. Para mim foi uma coleção de livros de vampiro. Ela brincou dizendo que já que Renée não me dava mais livros para estudar, ela iria fazer isso, mas claro que foi mesmo só uma brincadeira e ela explicou que comprou porque sabia que apesar de tudo, eu gostava de ler, e falaram para ela que a história era muito boa. Eu não achei nem um pouco ruim, na verdade eu realmente adorei, pois eu amava livros, e não achava tão ruim quando Renée me dava um novo, contanto que fosse fora de coisas de juiz, estava ótimo.

- Yeah, parece que nós acabamos por aqui. - Alice falou, cheirando o creme que eu tinha dado para ela. Já era a décima vez que ela fazia aquilo, daqui a pouco não teria mais cheiro nenhum. 

- Nada disso. - vovó falou, aparecendo nas escadas e trazendo algumas coisas na mão, todas embrulhadas. - Faltaram os meus presentes.

- O que?! Tem mais?! - Alice arregalou os olhos. - Vovó, eu já disse que te amo?

- Hoje não, querida. - vovó parou do meu lado. - Eu também te amo, baixinha.

Nós rimos da declaração das duas interesseiras. Vovó Swan se sentou ao meu lado e entregou para cada uma de nós, um embrulho. O meu era uma caixa grande e quando peguei, era pesada. Eu rasguei o embrulho e ofeguei quando vi qual era o meu presente.

- Eu percebi que você não tinha um no quarto.

- Renée não deixava. - falei, olhando atentamente para o Mini Micro System preto. - Ela falava que ouvir música alto atrapalhava. Agora o que, eu não sei.

- Agora que as coisas mudaram, você também pode ter um desses. - nós rimos.

- Obrigada, vovó. - falei, abraçando ela. - Você veio para cá e me ajudou em tanta coisa. Não sabe o quanto está me fazendo feliz, e fazendo as coisas se tornarem mais feliz. Eu te amo muito, vovó.

- Oh, minha querida. - ela me apertou. - Não sabe como é bom saber que estou mesmo trazendo mudanças. Eu também te amo, bebê.

- Ouch. - murmurei, rindo. - Assim não, vovó. Bebê não.

Nessie e Alice começaram a rir, e eu as acompanhei. Sentei direito no meu lugar e olhei mais uma vez para o meu novo Mini Micro System. Alice e Nessie ganharam ingressos para o show da Katy Perry que ia ter em Washington. Elas piraram com aquilo, principalmente porque eram dois para cada uma, podiam levar acompanhante.

Charlie chegou em casa horas depois, e então nós jantamos juntos. Ele me deu de presente o novo HD que eu estava pedindo tanto. Eu fiquei louca, porque o meu eu já tinha ferrado todo. E eu lhe entreguei sua nova caixa de ferramentas, que vinha com muito mais do que a antiga.

Aquela semana se passou tão lenta quanto eu queria. Eu fiz tudo que planejava, que não era muita coisa além de comer, dormir e comer e dormir. Foram dias entediantes, mas bem aceitos por mim, porque eu adorava ficar nessa vida boa de não fazer nada.

Só não foram tão ruins por que vovó ainda animou um pouco as coisas, com filmes na TV, conversas até tarde, saídas para qualquer lugar. E teve também Edward, que me ligou - ou que eu ligava - e nós ficávamos um bom tempo conversando. Foram tantas coisas que eu até me esquecia depois do que falávamos.

Renée ligava para mim quase todos os dias, dizendo que estava com saudade. Eu ficava com dó dela, por ter que ficar naquele lugar até depois das festas. E tentava amenizar essa angustia dela contando tudo que podia do meu dia, para assim ela se sentir um pouco mais perto. Contei também sobre Edward e o presente, e ela ficou parecendo uma menininha de treze anos querendo saber sobre o primeiro beijo da melhor amiga. Eu ri bastante com isso, porque era completamente diferente da Renée que eu conheci todos os anos da minha vida - ou melhor, os dezessete.

Já estávamos na véspera do ano novo, e eu me encontrava no sofá, com as pernas pra cima, e assistindo um programa qualquer. Vovó já havia ido para uma festa de Ano Novo que ia ter em Seattle e ia ficar por lá. Era uma festa com adultos no estilo roqueiro. Ela até me convidou, mas eu tinha "planos" para aquela noite, que era comer pipoca e chocolate com Edward. Eu inventei que não estava afim  de ser a única adolescente lá - apesar de me dar bem com os mais velhos roqueiros - e que preferia ficar em casa. Ela aceitou numa boa, e disse que no outro dia de manhã estaria em casa.

Charlie foi trabalhar, assim como tinha ido no natal. Ele me desejou logo um feliz Ano Novo, e que de tarde estaria em casa. Depois que os dois saíram, eu fui na cozinha conversar com Mary e convencer a ela que poderia ir para casa que eu ficaria bem ali.

- Mas menina Swan, você vai ficar sozinha bem na virada do ano? - ela perguntou, enquanto lavava uma pequena louça que tinha.

- Mary, eu vou ficar bem. Acredita em mim. E você, vai ficar com uma adolescente chata como eu bem na virada do ano, quando deveria era estar com sua família? - ergui uma sobrancelha.

- Eu não me importo. - dei de ombros. - Porque, tecnicamente, eu vou estar com a minha outra família.

- Ahh, Mary, obrigada. - sorri. - Mas mesmo assim, você deveria era ir ficar com a sua família, seus filhos e seu marido. E não aceito um não como resposta.

No final eu convenci Mary a ir para casa passar a virada do ano com a sua família. Fiquei sozinha em casa, sem fazer nada, além de assistir TV. Aquilo era o que eu estava mais fazendo nessa semana, e já tinha decorado praticamente toda os horários dos programas. Sabia para que canal deveria ir em tal hora. Eu estava assistindo uma reprise da Oprah quando uma mensagem do Edward chegou.

"E então, a casa está liberada pra nossa festinha regada de chocolate e pipoca?"

Eu ri e respondi.

"Pode apostar que sim, gatinho. Está tudo liberado."

A resposta chegou rápida.

"Ok, então eu estou indo. Até daqui a pouco, gatinha."

Eu não sei como, mas nós tínhamos adotado essa mania de apelidos, porque em algumas vezes nós trocávamos mensagens brincando, em algumas vezes falávamos como "manos", ou como... Alice, com os diminutivos.

Eu joguei o aparelho para o lado, suspirei e subi as escadas correndo, indo direto para o meu closet. Na minha estante estava o novo Micro System que vovó tinha me dado. Eu já o tinha estreado com o CD que Alice havia me dado.

Eu parei de frente as minhas roupas, procurando alguma que eu pudesse usar. Mas todas que eu pegava parecia ou arrumada demais, ou casual demais. Foi quando eu me estressei vendo que eu estava dando novamente uma de Tânia e peguei a primeira coisa que apareceu na minha frente, que era um pijama. Eu nem me importei com aquilo, porque eu estava em casa. Eu peguei minha toalha, a roupa e fui tomar banho. Como de costume, eu demorei. Sabia que até Edward chegar, daria tempo de eu fazer as coisas. Eu desliguei o chuveiro, me sequei, vesti meu pijama e penteei meu cabelo - algo meio raro - e fiz uma trança.

- Yeah, to pronta pra virar o ano. - murmurei para mim mesmo, vendo meu reflexo no espelho.

A cara de menina preguiçosa estava lá, gritando praticamente. Eu sai do banheiro e segui para o closet, mas parei no meio do caminho, virando na direção da cama.

- Como... Como você entrou? - perguntei para o Edward, que estava esparramado na minha cama, com um sorriso de menino travesso nos lábios.

- Pela janela, ué. - deu de ombros.

- Mas... Você subiu pela árvore?! - ele assentiu e eu arregalei os olhos. - E porque?

- Eu toquei a campainha, chamei e nada. Achei que você tinha morrido ou sei lá, sabe. Fiquei preocupado, e subi pela janela, mas então ouvi o barulho do chuveiro e fiquei por aqui.

- Ah sim. - assenti. Eu coloquei a toalha em cima da cadeira e fui até a minha cama, me deitando do lado dele. - Desculpa por ter feito você esperar tanto.

- Não foi nada. - deu de ombros. - Eu fiquei vendo a sua coleção de CDs e livros, nem percebi.

Eu olhei para o canto mais bagunçado do meu quarto, vendo todos os meus livros empilhados ali, junto com os CDs e também o note. Eu tinha me sentado ali em uma dia entediante e mexi em tudo, procurando algo para fazer.

- Belo quarto. - comentou, olhando para tudo. - Parece um pouco com você. E tem o teto com as estrelas...

- Yep, minha obsessão. Você está conhecendo ela ao vivo.

Nós rimos e ficamos em silencio. Eu olhei para o Cullen, que ainda encarava o teto do meu quarto. Mordi o lábio prendendo um sorriso e bati palmas, fazendo as luzes se apagarem. Passou alguns minutos e logo as Starfix brilhavam, iluminando como um céu sem nuvens.

- Uau. - ele murmurou. - Até lembra um real.

- Eu pedi para Charlie fazer assim para ter esse efeito. Me sentia muito claustrofóbica aqui em Forks, com muitas nuvens e com poucas estrelas. Então, fiz isso no meu quarto. Loucura, eu sei. Mas eu gosto.

- Eu também gostei. - ele virou para mim e sorriu. - Você a maioria das vezes é tão surpreendente.

- Eu?! - arregalei os olhos, rindo.

- Yeah. Tem muitos segredos ocultos que só são revelados com o tempo. Eu não imaginava esse lado da Swan, que gosta de astronomia. Tinha uma ideia depois de termos ido no observatório, mas gostar de estrelas assim não passou pela minha mente.

- Todos temos um lado que ninguém conhece, e só descobre com o tempo. - falei. - Igual você, me diga algo que não sei. Porque eu sei que seu hobby é tirar fotos, e que você curte rock. Mas não sei mais nada.

- Humm... Me deixa ver... - ele fez cara de pensativo. - O que ninguém sabe, além dos mais próximos, é que eu adoro colecionar miniaturas de carros antigos.

- Sério?! - arregalei os olhos. - E você já tem bastante?

- Yeah... - ele balançou a cabeça. - Eu não sei! - fez uma careta que me fez rir. - É outro hobby além do de fotografar. Quando eu era criança, Carlisle me levou numa feira de exposição de coisas antigas, e quando eu vi aquelas miniaturas, eu pensei: quero todos. E foi ai que veio essa.... Obsessão, como você disse. - nós rimos.

E então, ficamos em silêncio. Eu olhei para o teto, vendo que cada vez mais as Starfix ficavam mais claras, deixando o quarto mais iluminado. Eu me sentia inquieta, porque ver Edward ali do meu lado e saber que eu posso beijá-lo, mas não ter coragem suficiente para isso me deixava com raiva. Fora aqueles "choques" que eu sentia passando por nós, parecendo querer puxar para que nós ficássemos mais próximos.

Eu fechei os olhos, tentando controlar a vontade. Não queria parecer uma atirada ou qualquer coisa do tipo, porque eu não era assim. Mas era algo maior que eu, como eu disse, algo que fazia eu querer ficar mais próxima dele.

Foi então que eu senti a mão dele se aproximando até pegar a minha e apertar um pouco. Eu fiz o mesmo, cruzando nossos dedos. A mão de Edward estava tão gelada quanto a minha.

Eu me lembrei do que ele falou quando se explicou porque estava ali e decidi brincar com ele, para quebrar um pouco aquele clima. Eu virei meu rosto para ele, e dei de cara com ele me encarando.

- Eu não sei se ouvi errado... - comecei, mordendo o lábio e olhando para o lado. - Mas eu acho que alguém aqui falou que ficou preocupado comigo, sabe... - ele riu e se remexeu na cama, para ficar mais próximo. - É verdade isso?

Edward fez cara de quem não acreditava no que eu estava fazendo, mas dava para ver o sorrisinho de brincadeira no canto dos olhos dele.

- Era muita,  muita verdade. - ele assentiu. - Quero dizer, já pensou aconteceu alguma coisa com você?! Como esse alguémia ficar, agora sabendo que sente algo para essa menina que enrola demais para tomar banho?!

Eu abri em boca em descrença.

- Hey! - bati no ombro dele. - Você disse que eu não tinha demorado tanto!

- Mas não demorou nem um pouquinho. - ele aproximou o rosto do meu, para poder sussurrar no ouvido. - Não perto do que a Alice demora.

Eu soltei uma risadinha e puxei Edward para um beijo, suspirando ao sentir seus lábios nos meus. E eu achando que depois disso toda a descarga elétrica que parecia nos puxar iria sumir. Erro meu, ela pareceu aumentar, e eu o puxei para mais perto.

Só nos separamos quando ficou impossível ficar sem respirar. Edward encostou o rosto no meu pescoço e fungou lá.

- Gosto do seu perfume. - falou.

- Também gosto do seu.- murmurei.

Ele riu e a sua respiração bateu no meu pescoço, fazendo meus pelinhos se arrepiarem. Eu não consegui evitar estremecer, o que fez Edward rir de novo.

- Eu tenho uma coisa pra você. - murmurei e ele me encarou, curioso.

Eu fui até meu closet e peguei o presente de natal que tinha comprado. Estava do mesmo jeito que eu tinha deixado, depois de ter conseguido fazer um embrulho bonitinho. Voltei para o quarto e sentei na cama, de frente para ele.

- Era de natal, mas... - dei de ombros.

Edward também sentou e pegou o presente, rasgando o papel. Assim que ele viu o que era, arregalou os olhos. Eu no dia não sabia o que comprar para ele, e quando passei por uma loja de fotos, parei, pois era o que Edward mais gostava de fazer. O passatempo predileto dele. Então vi um daqueles quadros magnéticos um tanto diferente, e que eu sabia que combinaria com o quarto dele. Era transparente, e só os cantos tinha uns detalhes azuis, quase pretos. Os imãs de pregar as fotos - assim como umas fitas - eram redondinhos, parecendo botões. E o quadro era grande, então daria para colocar muitas fotos ali.

- Percebi que não tinha nada assim no seu quarto. Sabe, você deveria ter as fotos que você tira pelo menos na parede, todas rabiscadas e coladas.

- Esme não gosta que estrague a parede. - ele me encarou. - Eu estava mesmo querendo um desse.

- Ótimo. - levantei as mãos. - Pela primeira vez acertei em um presente.

Edward riu e me empurrou para eu me deitar, e assim poder me beijar.

- Mas e então... - ele se afastou. - Cadê a pipoca e o chocolate?

Eu gargalhei e o puxei comigo para o andar de baixo. Nós seguimos para a cozinha, e enquanto eu ia pegar as coisas, Edward sentou em cima da mesa.

- Sabe que filme quer assistir? - perguntei.

- Qualquer um, menos filme meloso.

Eu me afastei do armário e pisquei para ele, concordando. Peguei dois pacotes de pipoca de microondas e coloquei um para fazer. Fui me sentar ao lado do Edward, levando comigo uma barra de chocolate.

- Você tem tudo isso aqui? - perguntou, quebrando um pedaço da barra.

-Só pelo tempo que vovó estiver. Sabe, ela gosta dessas besteiras, e nem Renée que só aceita coisas saudáveis aqui, consegue impedir que tudo isso entre.

- E você aproveita, não é? - bateu o ombro no meu.

- Lógico. - nós rimos. - Então nós vamos passar nosso ano assistindo filme de terror?

- E aproveitar. - ele me roubou um selinho. - Você já tem algum nome de filme para nós assistir?

- Ainda não. - o microondas apitou e eu fui pegar uma tigela para colocar a pipoca. - Depende de qual filme eles tem hoje.

- Ok, então. - Edward desceu da mesa. - Eu vou escolher um filme.

- Espera. - eu peguei a coca cola na geladeira. - Você pode terminar aqui enquanto eu arrumo tudo?

Edward sorriu e assentiu, pegando o refrigerante das minhas mãos e indo para onde estava a pipoca e enchendo a mão. O repreendi com o olhar e ele apenas sorriu, me fazendo revirar os olhos. Eu fui rápido para o meu quarto e peguei um cobertor grande e peludo que eu só usava em dias muito frios - como estava sendo naquela semana. Peguei também algumas almofadas das que ficavam no chão e voltei para a sala. Lá eu afastei a mesinha de vidro, estendi o cobertor no chão e coloquei as almofadas. Assim que terminei e me virei para a cozinha, Edward estava lá, parado, com uma tigela gigante praticamente transbordando de pipoca, barras de chocolate.

- Falta os copos com coca cola. - ele falou. - Sabe, ainda não sou equilibrista.

- Claro, claro. - eu ri e fui na cozinha buscar os copos.

Quando entrei na sala, encontrei o Edward já sentado no chão e com o controle remoto na mão passando os canais rapidamente. Apaguei a luz da sala - deixando a casa totalmente escura -, me sentei do lado dele e lhe entreguei um copo.

- Não tem nada de interessante. - ele falou, fazendo um biquinho fofo.

Lembrava o do Emmett, mas o do Edward era fofo, e o do irmão era engraçado. Já o da Alice, era o destruidor, porque ela só fazia quando estava triste ou emburrada, e principalmente quando queria alguma coisa e alguém lhe dizia não, então depois que ela fazia, sempre conseguia o que queria.

- Me deixa ver.

Eu peguei o controle da mão dele e fui para a parte de filmes, vendo quais tinham para assistir nos canais pagos, mas nenhum era bom o suficiente, porque era véspera de Ano Novo, quem iria assistir filme? Nós, é claro! Então, fui na parte de comprar e coloquei na parte de terror.

- Pronto. - falei. - Escolhe um que nós vamos assistir.

- Hum... - Edward olhou os nomes. - Nenhum parece bom o suficiente para assistir...

- Pior que é mesmo... - assenti. - Ok, então eu já sei.

- O que?

- Nós vamos assistir desenho! - sorri animada. - E até já tenho um em mente.

Fui na parte de desenhos e comprei o filme que nós íamos assistir.

Rango? - Edward me olhou de forma surpresa e engraçada. - Sério?!

- Sério. - eu ri e peguei a mão dele. - Afinal, qual filme é melhor que Rango para passar o ano?

Edward me olhou como se eu fosse louca, mas depois deu de ombro e riu. Nós nos ajeitamos quando o filme começou. Bem, não posso dizer exatamente o que aconteceu no filme, porque Edward e eu mais conversamos do que assistimos. E bem... Nós não ficamos só conversando, se é que me entendem. E só pra avisar que eu não coloquei Rango com esse intuito, pois eu realmente queria assistir aquele filme.

Eu e Edward estávamos sentados um de frente para o outro, com as pernas cruzadas. Estávamos fazendo um jogo de interrogatório, já que o tempo parecia não passar. Tínhamos montado com o meu cobertor uma cabana, e estávamos com as lanternas da vovó, que eu tinha achado no quarto dela. Estranho, eu sei, mas vovó gostava de aventura, ela ia acampar, então tinha lanternas. O filme havia terminado a pouco tempo, e na TV não passava nada produtivo, por enquanto. Porque logo desceriam a bola em Nova Iorque, e aquilo estava nos nossos planos, que era assistir. Era por isso que a TV estava ligada com o volume bem baixo para nós sabermos quando ia acontecer.

- Ok... - mordi o lábio inferior. Fechei os olhos quando Edward mirou a luz da lanterna bem ali. - Hey, para. - empurrei a mão dele, rindo. - Você quer perguntas tensas ou que vão te deixar com vergonha?

- Quando você fala tensa, você quer dizer... - ele fechou os olhos em fendas.

- Não, só responde se é tensa ou vergonhosa.

- Vergonhosa, vai. - bufou. - Eu sei que você vai fazer as duas, então vamos acabar logo com a vergonhosa.

- Então ta. - dei de ombros, rindo. - O seu medo mais idiota?

- Sério que é essa, Bells? - perguntou, com uma careta, e eu assenti. - Ok... Mas não ria.

- Não vou. - murmurei, mordendo o lábio para evitar um sorriso.

- Quando eu era pequeno, tinha. Olha, eu tinha, hein. Então, quando eu era pequeno tinha medo de uma boneca da Alice.

- O QUE?! - minha voz saiu alta e Edward fez uma careta. Não me aguentei e comecei a rir. - Você tinha medo de uma boneca?

- Você disse que não ia rir. - fez bico. - E está fazendo isso.

- Mas poxa, medo de boneca. - eu gargalhei.

- Então ta, fala o seu.

Eu parei de rir na hora, me lembrando de qual era meu segredo mais vergonhoso. Eu não era uma pessoa muito corajosa, tinha muitos traumas e medos, então não sabia qual era o menos vergonhoso e o mais, para eu poder citar um. Procurei o menos vergonhoso, claro.

- Olha, eu num sei se é piordo que ter medo de uma boneca, sabe... - soltei um risinho e Edward bufou. - Mas... Eu tinha medo de borboletas. Quero dizer, eu ainda tenho medo de borboleta ou de qualquer coisa que voe e seja pequeno como um inseto.

- Não sei qual é pior. - Edward falou, rindo e eu o acompanhei. - Ok, sua vez de fazer outra pergunta.

- Ta... - eu balancei a cabeça e mordi o lábio inferior. - Isso não é exatamente uma pergunta que eu deveria fazer, mas eu estou curiosa pra saber.

- Pode mandar. - incentivou.

Eu suspirei antes de fazer a pergunta.

- Edward, você e Tânia já tiveram algo ou... Você já gostou dela?

Edward franziu as sobrancelhas e me olhou confuso, sem entender. Eu senti uma tensão crescer em mim, porque mesmo Edward estando sendo daquele jeito comigo, eu não sabia como era as coisas com Tânia, certo? Porque ela era uma garota bonita, popular e tudo que quisesse acrescentar de bom. Menos legal e inteligente, claro.

- Eu... Digo, de onde você tirou isso? Nunca me viu com ela para ter essa conclusão. - eu assenti e ela fez uma careta. - Ah, então você viu...?

- Uhum.

- Bem... Eu nunca tive nada com Tânia, e sobre sentir algo por ela... Teve uma vez que eu achei que sentia, antes mesmo de começar a andar com as pessoas daquele grupo, mas então eu a conheci e percebi que era só ilusão a beleza dela, porque a garota... Ela é legal, quando não está sendo uma patricinha cheia de frescuras, me entende? Mas... Então - ele soltou uma meia risada e sentou do meu lado, deixando a lanterna no chão e mirada em nós. - Naquele dia eu estava sendo apenas um idiota.

Senti aquele pequeno peso que tinha no peito sumir, sabendo que Edward não gostava dela. Tudo bem que já tinha gostado, mas fazia bastante tempo, pelo que ele disse, pois fazia tempo que andava com os populares.

- Como assim? - ergui uma sobrancelha.

- Ah, eu só fui na onda do Emmett e acabei fazendo uma besteira.

- Ahhh, sempre na onda do Emmett. - revirei os olhos e nós rimos. - Mas o que ele disse que fez você fazer o que fez.

- Hum... É idiota, mas ele disse que para saber se eu gostava de uma pessoa, tinha que ficar com outra e ver o que sentia. Ele não disse exatamente nessas palavras, porque eu não perguntei, mas ele quis dizer isso.

- Entendi... - balancei a cabeça lentamente.

- Mas porque tudo isso, hein? - ele pegou uma mecha do meu cabelo. - Está com ciumes?

Eu senti meu rosto esquentar violentamente, sabendo que a resposta para a pergunta dele era positiva. Mas claro que eu não daria esse gostinho para o Cullen.

- Eu? Com ciumes? De você? - bufei.

- Ah, Bella, qual é! - resmungou, me fazendo sorrir. - Então é porque?

- Porque... Porque eu estranho o jeito que Tânia fala de você pra mim. É tão possessivo que... Sei lá. - dei de ombros.

- Aquela garota é maluca. - disse, pensativo. - E sabe de uma coisa, eu gosto de garotas malucas. - arregalei os olhos e o encarei, me perguntando se aquilo era uma indireta de que ele ainda sentia algo por Tânia. Mas Edward sorriu. - Não do tipo dela, eu gosto de uma única garota maluca. Que fala o que pensa, briga com quem mexe com ela, tem planos malvados na mente, e que adora me irritar. - ele puxou meu rosto para mais perto do dele. - Mas também que é divertida, um pouco estranha - rimos. - e que é fascinante do jeito dela.

- Uhh, quem é essa garota? - brinquei e ele riu.

- É você, bobinha.

Então ele puxou meu rosto para um beijo. Era impressionante como Edward conseguia me encantar cada vez mais com gestos, ou com alguma besteira e idiotice que falava. Ele parecia querer ter a certeza de que tinha conquistado um lugar na minha vida, sempre fazendo essas coisas que fazia parecer meu peito inflar com o que quer que eu sentia por ele, que era forte. As vezes dava vontade de agarrar ele e não soltá-lo, só para ouvir ele ficar falando qualquer idiotice, como quando nós conversava por telefone e dava vontade de ter ele por perto, falando tudo que falava por telefone, pessoalmente.

Assim que nos separamos, eu sorri para Edward, que correspondeu. Então eu lembrei do que ele falou e lhe empurrei, fazendo ele deitar, mas não esperava que ele me puxasse junto e levasse também o cobertor, nos enrolando ali. Eu encostei meu rosto no peito dele e comecei a rir, não acreditando em como eu estava sendo boba. E pior, sendo boba com Edward Cullen.

- 10... 9... 8...

- Já vai descer a bola. - Edward falou.

- 6... 5...

- Depois nós vê. - eu o abracei, deitando minha cabeça em seu ombro. - Está bom aqui.

Ele riu e me abraçou, me dando um beijo na testa.

- Concordo. - disse.

- 3... 2... 1... FELIZ ANO NOVO! - A TV gritou.

Eu levantei meu rosto para encarar Edward.

- Feliz ano novo, meu gatinho. - falei.

- Feliz ano novo, minha gatinha.

Então Edward selou nossos lábios em um beijo terno e delicado. Edward me puxou ainda para mais perto - sem quebrar o beijo - ele rodou e ficou por cima. Eu passei minhas mãos pelo seu rosto até a sua nuca, segurando os fios dali e o puxando, sentindo uma certa necessidade de tê-lo ainda mais perto. Meu peito parecia que ia explodir com tanta euforia, e sei lá, o sentimento que eu sentia pelo Edward. A vontade de tê-lo para mim parecia ter se multiplicado, e o que eu sentia parecia não caber ali dentro. O beijo, antes tão calmo, começou a ficar desesperado, e a mão dele na minha cintura, me puxava para mais perto ainda.

Quando tivemos que parar para respirar, Edward encostou a cabeça no meu ombro e com a respiração toda desregulada - talvez até mais que a minha - ele suspirou. Foi então que eu prestei atenção no barulho de fogos de artificio do lado de fora.

Nós tínhamos mudado nossos planos completamente. Mas o que importa? Esse era melhor que aqueles.

- É só comigo, ou isso parece estar ficando maior? - perguntou, chamando minha atenção de volta para ele.

- Eu não sei. - ri. - Mas não é só com você.

Edward riu e me deu um beijinho estalado no ombro, me fazendo rir também.

- Eu descobri mais uma coisa que eu gosto em você.

- Ah é? - eu perguntei. Com a mão que ainda estava em sua nuca, eu comecei a fazer carinho. Foi algo quase que automático, porque quando eu estava com Alice também era assim. - E o que é?

- Seus pijamas. - nós rimos. - Esse amarelo do Bob Esponja é engraçado.

- Foi Mary quem me deu. - falei, rindo. - Ela sabia que eu gostava desse desenho, desde criança.

- É quase que impossível não gostar.

- Uhum. - assenti. - Sabe o que eu estou sentindo agora?

- Não. - respondeu, soltando uma risadinha.

- Que eu posso ficar assim com você por muito tempo.

Edward me deu um beijo no pescoço e suspirou.

- Então vamos ficar assim por muito tempo.

- Ela está mesmo cansada, hein. - fui tomada por uma voz feminina que tinha um tom divertido. - O que vocês fizeram?

- Nada. - outra pessoa respondeu, rindo. Uma risada bem gostosa de ouvir.

- Sei...

Eu franzi as sobrancelhas, tentando entender e saber quem era que falava. Decidi abrir os olhos e dei de cara com o teto do meu quarto. Olhei para o lado e vovó estava sentada na minha poltrona, com as pernas cruzadas - assim como os braços - e uma expressão divertida. Ao lado dela, encostado na parede, estava Edward, e com a roupa diferente da que ele estava ontem.

- Bom dia, Bella. - vovó falou animadamente, sorrindo.

- Bom dia. - murmurei, minha voz totalmente rouca. Olhei para Edward, e este me olhava, sorrindo. Mexi minha boca num "bom dia" e ele fez o mesmo.

- Achei que você tinha entrado em coma. - vovó chamou minha atenção para ela. - Desde a hora que estamos aqui, esperando você acordar.

- Que horas são? - olhei para o meu relógio que ficava no criado mudo e me surpreendi em ver que já passava das onze. - Nossa!

- Pois é. - vovó levantou e veio até minha cama, sentando ali. - E então, cadê meu feliz ano novo?

Eu passei a mão nos meus olhos e suspirei, me preparando para sentar. Vovó me ajudou, e eu reclamei falando que não era nenhuma velha.

- Eu sou mais velha que você e faço isso mais rápido. - vovó resmungou, fazendo Edward rir.

- Feliz Ano Novo pra você, vovó. - falei, abraçando ela.

- Feliz Ano Novo, Bells. - ela me apertou, o que fez minha coluna estralar. - Meu Deus, depois diz que não ta velha. - ela e Edward riram. - Ok, agora eu vou lá pra cozinhar para preparar nosso almoço - foi na direção da porta. - Estou te esperando lá em baixo, bonitão.

- Ok, eu já estou indo. - ele falou, enquanto vinha se sentar do meu lado.

- Ok. - então ela saiu.

- Pra que? - perguntei.

- Vou ajudar ela a preparar o almoço. - ele deu de ombros e se aproximou para me dar um selinho, só que eu virei o rosto. - Hey!

- Nada disso. - eu me afastei. - Eu acabei de acordar.

- E o que tem? - ele riu e veio para cima de mim, mas eu engatinhei pela cama.

- Que eu estou com mau hálito. - respondi, rindo.

Edward me puxou pelo pé e tentou de novo, só que eu empurrei ele. Nós rodamos pela cama até cair no chão, eu por cima. As costas dele de encontro ao chão fez um barulho oco, e nós caímos na gargalhada.

- Olha a bagunça ai em cima! - vovó gritou e nós nos encaramos. - Estou brincando!

Edward riu e aproveitou meu momento de distração para me roubar o selinho. Eu bati no ombro dele e levantei, correndo para o banheiro. Tomei um banho demorado, fiz minha higiene matinal, apenas prendi meu cabelo em um coque frouxo e voltei para o quarto. Edward não estava mais ali, então deduzi que ele tinha ido ajudar a vovó. Fui no meu closet e troquei aquele pijama, vestindo uma calça jeans preta, uma regata cinza e uma jaqueta jeans. Coloquei minha pantufa mesmo e desci para a cozinha, apenas para encontrar Edward e vovó de frente para o fogão, experimentando algum molho.

- E então? - Edward perguntou.

- Você tem mãos de ouro, garoto. - os dois sorriram. - Quem te ensinou cozinhar assim?

- Esme. Toda vez que estávamos só nós dois em casa, ela me ensinava. Falava que eu tinha que impressionar minha namorada de várias formas possíveis.

- Ah, sim. - vovó assentiu. - Bella é uma menina que se impressiona fácil, só pra avisar.

Edward soltou um risinho e balançou a cabeça. Eu vi que suas bochechas ganharam um tom rosado, o que me fez prender uma risada. Os dois estavam tão inertes que nem perceberam minha presença ali, então eu esperei um tempinho para avisar, para o caso deles acharem que eu ouvi.

Eu pigarreei e entrei na cozinha, indo me sentar me cima da mesa.

- E olha quem está aqui. - vovó falou, sorrindo. - Como foi a virada do ano de vocês?

- Legal. - Edward e eu falamos juntos.

- Só legal?! O que vocês fizeram?

- Assistimos Rango e conversamos. - dei de ombros e ela me encarou, desconfiada. - O que?

- Sem comer nada?

- Ah, nós fizemos pipoca de microondas, pegamos suas barras de chocolate e acabamos com a coca cola.

- Yeah, até que foi bom. - vovó murmurou.

Você não sabe o quanto, pensei comigo mesma, olhando para Edward, que estava concentrado na panela. Aquela cena até parecia de filme, mas claro que não estávamos em nenhum filme.

Nós três ficamos conversando ali até tudo ficar pronto, depois vovó saiu, falando que ia trocar de roupa e arrumar a mesa. Edward se aproximou de mim, parando na minha frente e me deu um beijo na testa.

- Porque você não me acordou? - perguntei. - Nem vi a hora que você foi embora.... Na verdade eu não vi nem como cheguei no meu quarto. - murmurei a ultima parte para mim mesma.

- Você dormiu lá na sala, então eu te carreguei até seu quarto e depois fui embora. - ele deu de ombros. - Então depois vovó me ligou e me chamou para passar o dia aqui.

- Ah. - fiz, olhando para os lados. Olhei para as panelas e depois sorri, encarando ele com as sobrancelhas erguidas. - Eu não sabia que o Cullen Menor tinha o dom da culinária.

- Haha, engraçadinha. - revirou os olhos. - É só um passatempo, nada demais.

- Ah, é? Eu só vou saber se é nada demais quando experimentar.

- Claro, claro. - ele foi até o fogão e pegou um pouco de molho com a colher, vindo até a mim de novo. - Eu sei que isso tudo é uma desculpa pra você disfarçar que é uma comilona.

- Hey! - reclamei. - Eu quero mesmo experimentar isso aqui, e dizer que você não é um bom cozinheiro, sabe... Porque eu me lembro quando você me envergonhou falando que pipoca de microondas não era comida como espaguete. - fiz bico.

- Mas eu tinha razão. - disse, se achando o "fodão". - Vamos lá, Bella, experimenta e diga que esse molho vai se tornar a sua comida preferida pelo resto da vida.

Ele empurrou a colher na minha direção, e eu abri a boca, mas então parei a mão dele.

- Espera. - falei e ele revirou os olhos. - Isso aqui não pode se tornar a minha comida preferida pelo resto da minha vida.

- E porque não? - perguntou.

- Porque eu não vou ter o "Rei do Molho" comigo pelo resto da minha vida. - falei e ele deu de ombros. - Só vou avisando que se for mesmo bom, e se tornar minha comida preferida, nem que você esteja do outro lado do mundo, vai ter que vir fazer pra mim, e sem nem reclamar.

- Por mim, tudo bem. - ele sorriu. - Apesar de eu achar que não vou ficar tão longe de você, assim.

- Se for assim, eu vou experimentar isso sem medo.

Edward trouxe a colher para perto de novo e eu abri a boca, mas quando ia comer, ele afastou a colher, me deixando no vácuo. Ele riu e eu bufei, esperando ele parar com as graças. Edward repetiu esse ato mais duas vezes, até eu enfiar meu dedo na colher e passar molho na bochecha dele.

- Hey! - fez.

- Anda logo com isso antes que eu acabe acertando essa colher na sua testa. - falei, fazendo expressão de brava, o que fez ele bufar. 

Finalmente eu pude experimentar o famoso molho do Edward, e caramba, era muito, muito, muito bom mesmo. Edward me encarava com uma sobrancelha erguida, seus olhos mostravam toda a curiosidade e expectativa da minha resposta. Eu, para deixá-lo irritado, fiz careta.

- Está tão ruim assim? - perguntou triste.

- Não, bobinho. - eu ri. - Está uma delicia. Caramba, você sabe fazer um molho e tanto, hein. Agora você está ferrado, porque se tornou um dos meus pratos favoritos.

Edward colocou a colher do meu lado e depois me abraçou.

- Eu não me importo, se isso sempre me fizer ficar perto de você.

- Ótimo. - franzi o cenho. - Porque eu também não me importo.

Ele sorriu e me beijou. Quando nos separamos, ele ficou com a testa colada na minha. Eu me sentia uma boba daquele jeito, mas pela primeira vez não me importei. Ouvimos um pigarro, e viramos rápido na direção. Vovó estava ali, com um sorrisinho malicioso.

- E então, nosso almoço está pronto? - perguntou.

- Está sim. - Edward falou, se afastando de mim.

Nós três almoçamos em uma conversa agradável. Assim que terminamos, vovó tirou da geladeira a torta de nozes que ela tinha comprado no caminho, e nós engordamos pelo menos uns cinco quilos. Depois nós fomos passar o restante do tempo na sala, assistindo a reprise da bola descendo.

- Todo ano é a mesma coisa. - vovó resmungou. - E todo ano eu to aqui, assistindo.

- Porque nunca tem nada pra fazer. - completei por ela. - Eu também sou assim.

- Não sei como não enjoamos disso. - ela fez careta. - É sério, nós temos que mudar ano que vem.

- Com toda certeza. - Edward concordou e nós duas o encaramos. - O que? Eu também passo o meu primeiro dia do ano assistindo isso.

- Mentira?! - arregalei os olhos. - E eu achando que você saia.

- Quem me dera. - ele bufou. - Eu já lhe disse que a Alice parece depender de mim para tudo? - eu neguei com a cabeça. - Pois é, então se ela não tem para onde sair, eu também não posso sair. Antes era eu e o Emmett, mas depois que ele começou a namorar, ela parou com ele e fica no meu pé. A baixinha tem um nível extremo de carência e nunca gosta de ficar sozinha.

- Então parece que a partir de agora ela não vai mais poder te prender, não é? - vovó comentou, olhando distraidamente para a TV.

Eu entendi o que ela queria dizer, e é claro que Edward, que não era nem lerdo e nem burro - talvez um pouquinho de cada - também tinha entendido. Então, eu procurei desesperadamente algo que acabasse com aquele constrangimento que ficou entre nós dois.

- Pobre do Jasper. - falei. - Edward está livre, mas agora é o pobrezinho que vai ter que aguentar o nível extremo de carência dela.

- Concordo. - Edward piscou para mim e eu ri.

Edward foi embora depois que acabou a reprise, e minutos depois Charlie chegou. Até parecia que Edward havia adivinhado que meu pai estava para chegar. Eu desejei Feliz Ano Novo para ele e nós ficamos conversando um pouco, até então Renée ligar e pedir mil desculpas por não ter ligado antes, pois ela estava sem telefone. Ela também avisou que ia sair a noite naquele mesmo dia, e que logo cedo estaria em casa para nós podermos ficarmos juntas. E é claro que eu fiquei feliz em saber aquilo.

- O que você acha daquele vestido? - Renée perguntou, apontando para a peça de roupa que estava em uma loja mais a frente de nós.

- É bonito, apesar de ser lilás... - torci a boca. - Mas o amarelo do lado é mais bonito.

- Ótimo, então vamos comprar ele. - ela me puxou pela mão, o que me fez lembrar muito de Allie quando nós saiamos juntas.

Depois de um banho de lojas com Renée, nós paramos na praça de alimentação e comemos coisas nada saudáveis.

- Sua avó me contou que vocês tiveram uma companhia diferente no ano novo. - ela comentou, sorrindo.

Eu agradeci mentalmente por vovó ter só falado apenas o dia que ela estava, porque apesar de tudo, Renée ainda era um pouco antiquada e não aceitaria aquilo, pelo menos não sem nós não assumirmos nada. Não que eu já estivesse imaginando isso, mas do jeito que as coisas pareciam seguir...

- Yep. - assenti. - Ela convidou Edward para passar o ano novo com nós.

- E as coisas com vocês dois, como andam? - ela perguntou, tocando a pulseira em meu braço.

- Bem. - eu sorri. - Até melhor do que eu imaginava.

Renée entortou a cabeça um pouco para o lado e ficou me encarando, com um sorrisinho nos lábios. Eu mordi o lábio inferior e olhei para o lado.

- Não acredito que minha Bella está apaixonada. - falou, me fazendo corar violentamente. - E boba!

- Mamãe! - eu reclamei, rindo.

Ela me acompanhou, mas então parou, olhando para atrás de mim. Eu me virei e segui seu olhar, dando com Esther, que estava sentada em uma mesa afastada e sorrindo animadamente para algo a sua frente. Não dava para eu ver direito, mas no banco de frente para o dela havia duas cabecinhas loiras, que se mexiam bastante. Ela parecia bastante... Feliz?! O sorriso que tinha nos lábios eu não tinha visto no dia da festa, porque o que ela dava para as pessoas até parecia um tanto falso.

- Alguém saiu ganhando nessa viagem. - Renée falou, chamando minha atenção para ela.

- Porque? - perguntei.

- Esther, ela virou... Mamãe.

- Mas... Ela disse que não podia ter filhos.

- E ainda não pode. Ela adotou duas meninas lá em Londres, sabe.

- Ah. - assenti. - Isso é... Legal.

- Acho que foi um ato bonito da parte dela. - a questionei com os olhos. - Elisa e Emily tinham sido abandonadas em frente ao prédio que nós estávamos, e acabou que Esther as adotou. 

- Wow. - murmurei. - Isso é mesmo bonito da parte dela. E caramba, como podem fazer isso com crianças?

- Eu não sei. - Renée suspirou. - A pessoa tem que ser muito fria para fazer isso. Porque, é horrível você sentir como se perdesse o filho. Bella, eu senti isso aqueledia, e não é uma coisa na qual eu quero passar de novo. - ela pegou minha mão e acariciou.

- Eu sei bem. - murmurei. - Mas ainda bem que as coisas mudaram, e nada daquilo vai acontecer novamente.

- Isso. - ela concordou, se afastando. - Mas agora nós vamos...

- Vamos...?

- Vamos no cinema!

Eu levantei da cadeira em um pulo e segui para o lugar do cinema com Renée.

Estava feliz por Esther, porque ela era fantástica e aquelas duas garotas não tinham achado "mãe" melhor do que Esther. Elas tinham ganhado na loteria, assim como eu, que aprendi naquele tempo o que era ter uma mãe. E não existia nada melhor do que aquilo. Saber que você tem alguém para tudo, e esse alguém você poder mostrar o que sente sem se preocupar em ser magoada. Pelo menos, era assim que todo filho se sentia em relação aos pais. O problema era saber se os pais eram bons o suficiente para não magoar. Pois existiam pais assim, e a mãe daquelas duas crianças eram um exemplo.

(...)


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Notas finais do capítulo

Oii Gatinhas! Pois é, depois de quase um mês sem postar um capitulo de Revista Nerd, eu estou aqui, com um grandão e cheio de fofura. Quem podia imaginar que eles ficariam assim? kkkk
Obrigadas as meninas MilenaOliveira, mayarah_cullen, Rezinha_Cullen e BreeCraig que recomendaram a fic. Eu amei cada uma delas *-----* E também a todas que comentaram e que esperaram esse capitulo que demorou até demais, kkk
Mas e então, o que acharam do Ano Novo do novo Casal 20? E das indiretas da vovó? Aquelas duas cabecinhas loiras que Bella viu vai trazer muitas surpresas no próximo capitulo!
Bem, é isso. Vejo vocês nos comentários :)
Ps.: Obrigada a TaynaCullen que recomendou a nova fic - que eu postei - eu amei a primeira recomendação da fic. É um POV do Edward sobre Revista Nerd. Pra quem ainda não leu Preciso de um A+... E de você:
http://www.fanfiction.com.br/historia/162655/Preciso_De_Um_A..._E_De_Voce
Beijos :*