Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 25
Go, Bella, Go!




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24. Go, Bella, Go!

 Como eu odiava segundas-feiras. Eram todas entediantes e pior, cansativas. Porque, depois de ter ficado em uma festa com salto alto, outra em um ringue de boxe, eu não conseguia descansar em um único dia, que era domingo.

- Hey, Bella! – Shannon chamou, quando eu estava para entrar no refeitório. Eu esperei ela me alcançar. – Como vai?

 - Bem, bem. – murmurei. – E você?

 - Ah, indo. – deu de ombros. – Então... – olhou para os lados. – Acho que temos algumas coisas pendentes.

 - Temos? – perguntei, confusa.

 Ela assentiu, e eu me esforcei para lembrar sobre o que era. Até que me lembrei de Ralf, e a nossa troca. Ela deixar o ratinho comigo, e eu daria a sua vingança a Mike Newton. Eu me toquei que fazia completo sentido o porquê dela querer fazer algo contra o Mike, e era porque o que Emmett colocou na coluna de fofocas era verdade.

 - Ah, sim. – falei. – Eu achei que você não iria querer mais.

 - Nada disso. Ele merece então eu só estava mesmo esperando o tempo certo.

 - É verdade. – concordei. – Mas e então, o que você quer mesmo? Algo muito maldoso ou básico? – sorri e ela também sorriu.

 Shannon pegou minha mão e me puxou para longe das pessoas. Ela me contou o que tinha em mente, e que só precisaria que eu fizesse, pois o que ela tinha planejado era maldoso. E eu tinha que concordar. Apesar de que por ser um garoto, ele não poderia ficar com tanto medo.

 - Entendeu? – perguntou e eu assenti. – Ótimo! – pulou, animada. – As coisas estão em um banco perto do vestiário. Eu escondi lá. Se você procurar, vai achar.

 - Ok.

 - Você é demais! – saltitou como Alice. – Não ligo nem um pouco que o seu jornal tenha ganhado do meu, eu sei que você é legal.

 - Er... Obrigada.

 - Então está certo. Eu vou lá. Tchau, Bella.

 - Tchau. – murmurei.

 Shannon entrou para o refeitório e fiquei alguns minutos parados ali, até seguir para o lado contrário. Só que nisso, acabei batendo de frente com alguém.

 - Isso está acontecendo mais do que eu queria. – Edward falou, me segurando pelo braço.

 - Concordo. – me soltei dele. – Bem, estou sem tempo agora, Edward. Até depois.

 Eu segui a passos rápidos na direção do vestiário, e lá, eu bufei porque tinha um casal se pegando. Vi o banco que Shannon tinha falado, e me sentei lá, disfarçando mexendo no celular. O casal, vendo que não tinha mais privacidade, saiu dali, me deixando sozinha. Esperei alguns minutos passarem até Mike aparecer, assobiando uma música qualquer. Ele nem se quer reparou em mim, passou e seguiu para o vestiário. Do jeito que Shannon tinha falado.

 Peguei as coisas atrás do banco e fiz careta para o potinho que tinha na minha mão. Senti meus pelos do braço arrepiar, isso acontecia toda vez que eu via uma barata. Eu tinha um trauma, pois baratas além de serem extremamente nojentas, ainda voavam sem saber aonde pousar. E por incrível que pareça, era sempre em pessoas azaradas como eu. Eu não entendia como Shannon podia planejar algo com esses bichos nojentos, mas parecia que ela gostava de bichos. Cada um com seus gostos estranhos. Dei de ombros e peguei o pote de óleo, começando a espalhar da porta do vestiário até metade do corredor. Daquela forma, ele não teria como escapar de um escorregão. Fui até a porta e me abaixei, abri o pote e inclinei-o para frente, para as baratas saírem.

 - Vão lá, seus monstrinhos asquerosos. Faça Shannon feliz. – murmurei.

 Eu só não esperava nisso tudo, que uma única barata seguisse o caminho contrário das outras e viesse na minha direção. Eu levantei com medo e corri só que esqueci que tinha jogado óleo no chão e acabei caindo na minha própria armadilha para o Mike.

 - Mas que porra! – exclamei, em um sussurro.

 Levantei com cuidado e com a bunda dolorida, eu fui para atrás de uma coluna, para ver a festa começar. Foram questão de minutos até eu ouvir não um grito, mas vários. Estranhei, porque Shannon falou que só Mike iria para lá. Só que não tive tempo de fazer nada, porque pelo menos uns cinco garotos saíram correndo do vestiário e caíram no oléo. Levei a mão à boca, vendo o estrago que eu tinha feito. Sai dali, indo para o refeitório a procura de Shannon para contar que a vingança tinha dado 90% certo – já que Mike estava no meio daqueles cinco garotos – e 10% errado, porque além dele, foram mais quatro. Só que lá não a encontrei, então fui para a minha mesa. Quando me sentei junto das meninas, não pude evitar uma careta. Naquela hora, amaldiçoei ainda mais as baratas. Nunca iria assistir na minha vida Joe e as Baratas, só da raiva que eu sentia delas.

 - Onde você estava? – Alice perguntou como quem não quer nada. – Não sei nem porque perguntei, já que ultimamente Bella fala mais com o meu irmão do que comigo, que sou a melhor amiga dela.

 - O que? – fiz confusa.

 - Ela ainda está com ciúmes do dia que vocês saíram com sua avó. – Nessie explicou.

 - Ah, Alice, para com isso. Eu e Edward não nos falamos tanto assim, ok? E nem vamos. Você sabe disso.

 - Yep. Só que você ficou lá fora com ele um bom tempo fazendo sabe-se lá o que e não me contou!

 - Pra que? Ele só ficou conversando comigo para eu me distrair. Apenas isso. E se você está achando ruim, porque não foi ao invés de deixá-lo ir?

 Não que eu estivesse reclamando, só que eu achava que Alice tinha que estar ali comigo, já que fazia tanta questão de Edward ter ido. Admitia que naquela hora não estava nem um pouco me importando com quem estivesse lá, eu só precisava de um apoio.

 - Porque nem ele nem a sua avó deixaram! Quando eu me levantei, vovó Swan mandou eu me sentar e o mandou ir. Eu até protestei, mas os dois falaram que era para eleestar ali. Agora o porquê, eu não sei. Você quem deveria me dizer.

 - Como se eu mesma soubesse. – murmurei, tentando entender porque vovó mandou Edward ir. O que ela planejava com aquilo?

 - Hoje tem jogo a noite, certo? – Nessie perguntou, mudando drasticamente de assunto.

 - Tem. – Alice respondeu, entrando na dela. – Emmett está ansioso por esse jogo contra outra escola.

 Eu senti minha respiração ficar presa no meio do caminho, quando liguei que aqueles cinco caras grandes que tinham caído no óleo eram do time de futebol-americano, e hoje tinha jogo. Mas aquela quedinha não tinha machucado nada, acho que nem precisaria me preocupar.

 O sino tocou e eu segui para a minha aula de Biologia, ainda pensando nos cinco jogadores.

 - Bella? – Edward apareceu do meu lado, me assustando. – Er... Você vai ficar vermelha com o que eu vou falar agora, mas... – ergui uma sobrancelha, parando. – A sua calça atrás está suja.

 - O que?! – fiz, num sussurro. – Tipo, como assim? – me preocupei, pois poderia ser uma mancha indesejada em uma hora também indesejada.

 - Eu não sei. – deu de ombros. – Mas não é o que você está pensando.

 - Ugh. – gemi, não acreditando que ele tinha mesmo falado aquilo. Escondi meu rosto nas mãos, enquanto Edward gargalhava. Foi então que me lembrei aonde tinha caído. – Deixou minha calça escura? – perguntei.

 - Uhum. – assentiu. – Como molhada.

 - Merda! – resmunguei.

 Agora eu estava ferrada totalmente. Com a calça manchada e sem uma blusa para tampar. Estava com uma única blusa, de mangas longas. Apenas ela, não podia tirá-la, ficar apenas de sutiã para tampar a mancha da calça clara. Eu estava muito ferrada e muito constrangida.

 - Você quer a minha blusa? – Edward perguntou, me estendo a dele.

 - E você?

 - Eu não estou usando ela. – apontou para si mesmo. – Ela só esta sendo inconveniente por eu ter que carregá-la.

 - Ah, então... Obrigado. – peguei a blusa e sorri. Ele também sorriu.

 Amarrei a blusa de Edward na cintura e suspirei, sabendo que aquilo só acontecia comigo mesmo.

 - Não precisa ficar dessa cor. – Edward falou, rindo e passando um braço por cima do meu ombro, para me fazer andar. – Você deve ter sentando em um lugar molhado.

 - Ah, quem dera. – murmurei para mim mesma.

 Nós seguimos para a nossa aula, com eu ainda muito constrangida, e Edward ainda rindo de mim. Depois que a aula acabou, Edward deixou eu ficar com a blusa dele, e foi assim que eu segui para a Educação Física. Por alguma sorte minha, eu não vi Tânia, e isso foi bom, porque ela não me viu com a blusa do Edward. Em cálculo, Emmett não apareceu, o que foi estranho. As pessoas daquele colégio pareciam estar sumindo. Eu segui sozinha para o jornal, e lá, só encontrei Alice, Nessie, Jasper e Edward. Nós quatro ficamos trabalhando ali por algumas horas, e foi então que o que eu menos esperava aconteceu.

 - Eu to ferrado! – Emmett entrou correndo pela porta. – Eu estou muito ferrado!

 - O que foi? – Alice perguntou saindo do lado de Jasper.

 - Emmett. – Rosalie apareceu ofegante na porta, como quem tinha corrido uma maratona. – Caramba! – ela exclamou ao se jogar no sofá.

 - O que está acontecendo? – Edward perguntou.

 Eu caminhei disfarçadamente para o canto onde ficava as maquinas. Sabia por que Emmett estava tão desesperado, afinal, foi por minha causa que ele está assim.

 Mas o que eu posso fazer se o que eu planejei para uma simples vingança virou um fuzuê de acabar com cinco jogadorezinhos do timezinho dele? Não tinha culpa, ué! Eles que apareceram na hora errada, não eu. Tudo bem que não sabia que hoje era um jogo, mas e daí?! Ok, ok. Não tinha nenhum “e daí” porque eu ferrei com tudo. Por minha causa o time da escola estava sem cinco jogadores, o que era metade do time. Só que as coisas saíram do controle, e eu não consegui arrumar. Também, não tinha nem como. Tenho dó desses jogadores.

 - O que aconteceu?! O que aconteceu?! – Emmett arregalou os olhos.

 - Sem drama, cara. – Jasper revirou os dele. – Pra que tudo isso?

 - Vocês querem saber por quê? – perguntou. Os outros assentiram, eu neguei desesperadamente. – HOJE É A PORRA DO JOGO E EU ESTOU SEM CINCO JOGADORES!

 Depois dessa, eu fiquei com dó do pobre Emmett. Quando ele terminou de contar o que eu tinha feito, mas claro, sem ele saber que fui eu, todos voltaram para o que estavam fazendo, deixando ele no vácuo.

 - Pô! Poderiam fazer que se importam, não é? – o grandão fez bico. – Caramba, todos são meus amigos e eu conto um problema e vocês simplesmente não se interessam? Mancada isso.

 - Oh! – Nessie colocou a mão na boca. – Desculpe, Emmett. – ela foi até ele. – Nossa! Como isso aconteceu? Porque você está sem cinco jogadores? – o teatro dela estava horrível, dava para vê de longe a falsa preocupação.

 - Porque eles estão na enfermaria com dor em todos os lugares. Não conseguem nem andar direito.

 - O QUE?! – berrei.

 OH MEU DEUS. OH MEU DEUS. Eu matei os caras! Eu matei os armários. Meu deus! To mais ferrada que Emmett.

 - É isso mesmo, Bella. – Emmett suspirou. – Alguém colocou óleo em frente à porta da vestiário e soltou barata. Os covardes com medo correram e caíram no óleo.

 - Nossa. – Alice arregalou os olhos. – Quem seria cruel a esse ponto?

 Eu não sei por que, mas Edward me encarou. Ele acha que eu seria cruel a tudo isso? Deus, eu sou tão boazinha que às vezes pareço algum personagem de conto de fadas. Nunca teria coragem de fazer algo assim, não é? Não é?

 - Eu não sei. Mas tenho minhas suspeitas... – Emmett me encarou.

 - E-e-eu? – gaguejei.

 - Você? – ele gargalhou. – Não, Bella. Não acho que foi você.

 - Ah.

 Soltei disfarçadamente um suspiro de alivio. Ele não me culpava, então eu não precisava contar.

 - E agora? – Alice perguntou.

 - Eu não sei. – outro suspiro do Emmett. – Estou ferrado. A escola vai ser desclassificada dos jogos.

 Era meio bizarro ver alguém daquele tamanho com um bico engraçado e os olhos marejados. Mas bizarro ou não, isso me fez perceber que esse jogo era importante para o Emmett, e eu tinha estragado tudo por causa da vingança. Minha e da Sharon, é claro.

 Me senti mal. Muito mal. E isso não era nem um pouco bom, porque além de me sentir mal também sentia as palavras na ponta da língua. Que palavras?

 - Fui eu, Emmett. – sussurrei.

 - O que? – ele me encarou confuso.

 Quase me soquei por deixar isso escapar. Mas eu precisava me desculpar com Emmett. Era uma divida.

 - Fui eu quem causou o acidente no vestiário.

 - Como? – Alice arregalou os olhos.

 - Sabia! – Edward falou, rindo.

 - Não tem graça. – Nessie deu um tapa no cabeçona dele. – Porque fez isso, Bella?

 - Eu... Eu não posso falar. – dei de ombros, lançando um olhar para o Edward.

 Ele entendia o por que. Qual é? O porquê disso era a vingança contra o professor, então não podia dar nos dentes desse jeito.

 Emmett me encarou, e eu comecei a rezar, sabendo que finalmente tinha chegado o meu fim. Infelizmente não tinha preparado nenhum testamento de com quem deixaria meus CDs. Também não tinha com quem deixar, já que só o Edward gosta de rock, e eu não deixaria nada para ele, porque ele ainda não merecia. Ah, também tinha o Jasper. Boa... Mas agora já era tarde para isso. Então só me restava implorar para o bom deus me deixar viva ou me dar uma morte menos dolorosa. Porque olha o tamanho daqueles músculos!

 - Eu-não-acredito! – Emmett falou pousadamente.

 Eu me encolhi no lugar, com medo do grandão. Qual é? Ele dava medo daquele jeito. Olhei para Alice, que fez cara de pena. Nessie fez uma careta e moveu os lábios em um “Você está ferrada”. Edward gargalhava alto, e Jasper parecia estar besta com o que eu fiz.

 - Foi... Foi sem querer. – minha voz saiu em um fio.

 - Mentira! – ele berrou. – Porque você fez isso, Bella?

 - Por que... Fo-foi por que... – dei de ombros, lembrando que não podia contar.

 - E agora?! – ele ergueu as mãos pra cima. – Eu preciso de cinco jogadores. Cinco! – Emmett se virou pra mim, seus olhos verdes bem raivosos. – Sabe que jogadores de futebol-americano não caem do céu, não é? – eu assenti. – E que bons como os meus são mais difíceis ainda, não é? – assenti novamente. – Então me diga: O... Que... Eu... FAÇO?! – ele me agarrou pelos ombros e me sacudiu.

 - Eu... Eu não... Sei. – sussurrei.

 - Emmett! – Rosalie veio até nós e me puxou dos braços dele. – Vai quebrar a menina desse jeito.

 Ok, eu tinha me ferrado completamente! Maldita hora que eu aceitei aquela proposta da Coleguinha dos Ratinhos. Não! Maldita hora que aquele professor colocou o Edward sentado do meu lado! Argh! Vida maldita! Se fosse agora, eu nem me importaria, mas antes...

 - Bella, o que nós vamos fazer? – Emmett perguntou mais calmo.

 Eu levantei uma mão pedindo que ele me desse um tempo. Todos ali ficaram em silêncio, me encarando. Bufei frustrada. Aonde eu fui me meter? Agora tinha que resolver de onde tiraria cinco jogadores de futebol-americano para o time do Emmett. Agora, onde eu arranjaria isso? E ele precisava para daqui duas horas, o que era meio... Difícil! Droga! Aonde eu fui me meter?! Aonde?!

 - Já sei! – Emmett falou do nada.

 - O que? – Edward perguntou.

 - Bella... – ele veio até mim. – Foi você que me meteu nessa enrascada, certo? – assenti. – Então você vai ter que fazer tudo pra me tirar dela.

 - Ok. – suspirei.

 - E vai aceitar qualquer coisa, certo?

 - Se você parar de dizer certo, é sim.

 - Então... – ele olhou para cada um ali. – Eu tive a idéia de que vocêvai jogar no lugar do Mike!

 - É o que?! – minha voz saiu alta e estrangulada.

 - Isso mesmo, Isabella. – ele sorriu. – Você vai jogar futebol-americano.

- É o que, Emmett? – fiz a mesma pergunta, achando que talvez eu devesse limpar direito meu ouvido.

 - Para de graça, mulher! – ele me deu um tapa nas costas. – Você ouviu o que eu falei. Vocêvai jogar futebol americano hoje!

 Fiquei dez segundo o encarando, vendo sua face com a mais engraçada expressão de inocência. Depois mais trinta segundos pra raciocinar o que ele tinha falado e vê aonde aquilo se encaixava no quesito “idéias normais”. Foi quase um minuto pra eu perceber que aquilo não fazia parte desse grupo, e sim das “Idéias que te fazem querer cortar os pulsos”. E no próximo segundo eu estava sentindo um fogo subir dos meus pés a garganta, onde soltei a voz.

 - VOCÊ PIROU DE VEZ, FOI?! ENDOIDOU DA CABEÇA? – apontei pra minha cabeça. – OUVIU O QUE VOCÊ DISSE? CARA, EU NÃO SEI NEM ANDAR, IMAGINA CORRER!

 - Calma, Bella. – Nessie correu até mim.

 - CALMA O ESCAMBAU! ESSA IDÉIA É ABSURDA. SEM SENTIDO. – respirei fundo, vendo que começava um escândalo. – Olha, Emmett, pode me pedir qualquer coisa. Qualquer mesmo. Até acabar com o outro time. Mas não me peça pra correr. – abaixei minha cabeça.

 - Eu não vou te colocar em mais uma furada. – ele veio até mim, colocando uma mão no meu ombro. – Acabar com nosso time foi o suficiente por um mês, ok?

 - Um mês? – levantei meu rosto.

 - Sim. Só um mês. Depois pode aprontar mais.

 - Ok. – assenti. – Agora sobre eu virar uma jogadora de futebol-americano...

 - Bella, é só por hoje.

 - Mas eu não treinei.

 - Eu sei. Só que é só você que eu tenho.

 - Só que eu não sou cinco.

 - Tem razão. – ele assentiu.

 É, agora ele não tinha mais ninguém. Porque eu não podia ocupar cinco pessoas em um campo de futebol. Eu não sabia nem correr. Não sabia nada sobre futebol-americano, só que precisava de onze jogadores, que o gol valia seis pontos, que cada vez que avançava as linhas ficava melhor, e que cada time tinha quatro tentativas pra conseguir. Viu? Não sei nada.

 - Eu-já-SEI! – Emmett gritou, me empurrando para frente.

 - Não precisa falar pousadamente, animal. – Alice reclamou. – Agora fale Emmett, o que você sabe.

 - Já sei de onde vou tirar os cinco jogadores que preciso.

 - De onde? – perguntei, sentindo meus olhos brilharem.

 Emmett se aproximou de mim e sussurrou.

 - Vai até a porta e tranca.

 Na mesma hora entendi qual era o plano de Emmett. Não queria aceitar, mas se só isso poderia nos ajudar, então fazer o que? Fui até a porta, sentindo os outros me seguirem com os olhos, sem entender nada. Tranquei a porta e coloquei a chave onde ninguém poderia pegar, no sutiã. Bom, pelo menos os meninos não poderiam. E as meninas era só ameaçar que iria quebrar as unhas e pronto.

 - O que você está fazendo? – Edward perguntou semicerrando os olhos, desconfiado.

 - Ah... – dei de ombros.

 - Ok, quero que vocês prestem atenção em mim. – Emmett pediu. – O que eu vou mandar... Ouviram bem? Mandar vocês fazerem é por mim. – ele piscou os olhos e sorriu. – Preciso de cinco jogadores. Não precisam saber jogar, é só pra segurar ou ajudar. Então, como deu pra vocês já entenderem, aqui, tirando a Rosalie, tem cinco pessoas. Que poderiam me ajudar, certo?

 - Nada disso! – Alice pulou do sofá. – Não vou entrar nessa loucura, nem me pagando!

 - E se eu pedir pra Renée uma bolsa da Gucci da nova coleção? – ergui uma sobrancelha.

 - Ahhh. – ela correu até mim. – Você faria isso?

 - É só me ajudar e ajudar o Emmett.

 - Ok, eu ajudo.

 - Que baixo. – Nessie negou com a cabeça. – Eu não vou participar disso, entenderam? Não contem comigo. – ela foi em direção a porta, vendo que estava trancada. – Bella, abre agora isso!

 - Não. – cruzei os braços. – Ninguém sai daqui enquanto não chegamos ao fim de uma conversa com futuro.

 - Me da à chave, Bella. – Nessie veio até mim.

 - Já disse que não. – ela ficou na minha frente. – Caramba, Renesmee, eu achei que você fosse minha amiga.

 - E eu sou.

 - Então poderia me ajudar nessa enrascada, não? – ela negou com a cabeça. – Por quê?

 - Deus, Bella, você só sabe se meter em enrascadas.

 - Não é verdade.

 - É claro que é. Nós quase tivemos que amarrar o jardineiro da casa da sua vizinha porque ele viu você tentando matar o gato dela e ele queria contar para seus pais.

 - Você queria matar um gato? – Emmett arregalou os olhos.

 - Bem... – abaixei a cabeça. – Ele ficava arranhando minha janela. Caramba! Aquilo era irritante. Precisava da um fim nele.

 - Meu deus. – Rosalie colocou a mão na boca. – Tenho que tomar cuidado com meu Mustafá.

 - Mustafá? – foi minha vez de arregalar os olhos.

 - Um Persa branco. – Alice falou.

 - Ah. – fiz. – Por favor, Nessie? – ela negou mais uma vez com a cabeça. – Por mim, Nessie. Só mais essa vez.

 - Ok. – suspirou vencida. – A última.

 - A última. – concordei.

 - Pronto, já foram duas. Agora faltam dois. – Emmett encarou o Edward e o Jasper.

 - Nem pensar. – os dois falaram juntos.

 - Mas por quê? – perguntei.

 - Porque eu não gosto disso. – Jasper disse.

 - E eu não estou muito a fim de te ajudar mais uma vez.

 Revirei os olhos para a resposta do Edward. Caramba, o que custa uma ajudazinha? Eu o ajudaria se ele precisasse... Ok, eu não ajudaria. Mas ele podia me ajudar, pô.

 - Então por mim, Edward. – Emmett pediu.

 - Não. – Edward levantou do sofá e veio até mim, com a mão estendida. – A chave.

 - Não. – ergui uma sobrancelha e cruzei os braços.

 - A... Chave. – pediu novamente, com a voz mais dura.

 - Não.

 - Isabella, a chave.

 - Não vou te dar a chave. E você não vai pegar no lugar que ela está.

 - Não? – ele se aproximou mais com a mão preparada para entrar na minha blusa. Eu bati em sua mão.

 - Você pirou, moleque?! Ta louco pra pensarem colocar a mão aqui? Sai pra lá, o idiota. – o empurrei. – Não vou te dar a chave até falar que vai entrar nessa com todos aqui. Você também senhor Jasper Hale. – apontei para o loiro, que arregalou os olhos. – Vai nos ajudar nisso porque somos um time. Não é por mim. É por Emmett, que precisa de nossa ajuda no jogo que vale muito para ele. Então parem de fazer cú doce e aceitem que vocês vão participar dessa merda!

 Todos ali me encaram com os olhos arregalados. Eu bufei e fui até a porta, abrindo e saindo.

 Sentia que isso ia dar merda. Eu sentia sim.

...

 - Caramba, essa roupa é pesada. – Nessie reclamou tocando as ombreiras pesadas.

 Aquilo fazia meu corpo se juntar a gravidade e eu ir de cara ao chão.

 - E o que tem? – Alice saltitou no lugar. – Eu ganhei bunda com isso. – olhou para a própria bunda.

 - Aff. – revirei os olhos. – Quando vai começar esse jogo?

 Do vestiário dava para ouvir as pessoas gritando o nome dos colégios. Não conseguia entender bulhufas alguma, mas sabia que era o nome porque eles não podiam gritar outra coisa.

 - Acho que... – a voz do locutor falando com as pessoas interrompendo Emmett. – Agora. – completou.

 - Não estou gostando disso. – Edward resmungou ao passar por mim e pelo irmão.

 - Ninguém está. – falei. – Agora cala a boca e tentar fazer algum gol.

 - Não é gol, burrinha. É touchdown. – ele bateu no meu capacete. – Isso é futebol-americano.

 - Dane-se. É tudo futebol. – bufei e cruzei os braços. – Agora para de me corrigir porque eu sabia que era touchdown.

 - Aham. – ele revirou os olhos e saiu de perto.

 - Vamos lá, galera. O jogo vai começar! – Emmett falou e saiu pela porta.

 E nós? Seguimos ele, é claro.

- QUE ENTREM OS JOGADORES DA FORKS HIGH SCHOOL.– o locutor falou.

 Os caras do time entraram na frente correndo e animando o lado direito da arquibancada, onde estava o pessoal da escola. Eu olhava para todos os lados, sentindo minhas pernas tremerem. Deus, era muita gente para vê nossa derrota!

- E AGORA, OS JOGADORES DA PORT ANGELES HIGH SCHOOL.

 Onze gigantes entraram no campo. Eu senti o campo tremer sob meus pés a cada pisada deles. Olhei para o Jasper, que engoliu em seco. Alice tremia pior que da vez que viu uma barata voadora.  Edward olhava para eles com os olhos um pouco arregalados. E Nessie... Bem, ela parecia em estado de choque.

 - Nós vamos morrer... Nós vamos morrer... Nós vamos morrer... – ela sussurrava. – DEUS, NÓS VAMOS MORRER!

 A louca se preparou para correr, mas eu a segurei pela blusa.

 - Caramba, alguém ajuda aqui? – pedi.

 Edward foi o único que saiu do transe para me ajudar. Ele me ajudou a segurar Nessie para eu poder lhe dar um tapa no capacete.

 - Se acalma, mulher. – mandei, ficando em sua frente. – Se for pra morrermos, vamos morrer com dignidade. Isso é... JOGANDO!

 - Isso ajuda muito. – Edward revirou os olhos.

 - Oh... Ok. – ela assentiu. – Morrer jogando... – murmurou.

 - Ok, vamos falar a real. – Emmett se aproximou. – VAMOS PERDER! – ele colocou as mãos na cabeça.

 - Cala a boca. – mandei. – Não vamos perder coisa nenhuma. Só pense positivo.

 - Não dá para pensar em nada. – Alice murmurou. – Olha que visão dos céus.

 Olhei na direção que ela olhava, e vi um garoto se aquecendo, e ele estava com o uniforme apertadinho. Uma bela visão...

 - Parem com isso. – Edward virou minha cara e Emmett a da Alice. – Vamos nos concentrar no jogo.

 - Claro, claro. – Nessie disse com a voz mole. – Que popozão.

 - Você também não. – Jasper virou ela.

 - Ok, ok. – voltei à realidade. – Vamos tentarganhar isso!

 Cada um ficou em sua posição. Eu não sabia nada, ia pelas instruções dos jogadores.

 - Que comece o jogo!

“Piiiiiiii!!”

 Emmett jogou a bola para o Jasper, que saiu correndo bem rápido. Mas não foi o suficiente. Não deu nem dois metros e... UHHHHH. Não queria está na pele do loiro. Os gigantes pularam em cima do Jasper como se ele fosse um colchão.

 - Eu to bem... Se alguém ai se preocupar. – murmurou de onde quer que esteja debaixo daqueles bombados sarados.

 Nós voltamos para a posição do começo.

“Piiiiiiii!!”

 Um garoto do nosso time jogou a bola para a Nessie, que arregalou os olhos ao ver aquela coisa oval com pontas em suas mãos. Arregalou mais os olhos ainda quando viu que o monte de gigantes corria em sua direção. Vi a intriga passar por seus olhos entre correr ou deixar ser agarrada por eles. Então, sem saber decidi entre as duas coisas, ela virou para o meu lado e jogou para mim.

 Eu me senti paralisar vendo a bola com pontas vir na minha direção. Ergui os braços para pegar, mas não a senti em minhas mãos. Só vi um jogador do nosso time parando na minha frente. Olhei para o número, vendo que era um dos únicos que eu tinha decorado. Não pude evitar ser dominada pelo meu instinto competitivo...

 - EDWARD, ESSA BOLA ERA MINHAAAA! – berrei para ele, que corria.

 Não podia deixar ele roubar algo de mim. Não mesmo. Corri atrás dele, sendo seguida por vários brutamontes. Todos com a mesma intenção: pegar a bola oval com pontas.

 - EDWARD, ME DEVOOOOLVEEE! – gritei.

- BELLA! BELLA! BELLA! NÃOOOOOOOOOO! – Emmett berrou quando eu pulei nas costas do Edward, derrubando ele.

 - ESSA MALDITA BOLA ERA MINHA! – peguei a bola e bati na cabeça dele.

 - Para com isso, sua louca! – ele pedia.

 - NÃO. VOCÊ ROUBOU A MINHABOLA! SEU IDIOTA. – bati mais uma vez.

 - Bella! Sai daí. – Alice apareceu atrás de mim e tentou me tirar.

 - Não. Não. Não. Ele roubou a minha bola. Ele roubou a minha bola.

 - Você não devia ter feito isso, sua louca! – Emmett apareceu também.

 - CALEM A BOCA! MINHA DISCUSSÃO É COM O EDWARD.

 - TIRA ESSA LOUCA DE CIMA DE MIM. – Edward tentava virar, mas eu estava em cima das costas dele.

 - CALA A BOCA VOCÊ TAMBÉM. – bati no capacete dele com a bola. – Seu ladrão imbecil!

 - O TIME DA FHS ESTÃO BRIGANDO ENTRE SI?– o locutor perguntou. – É ISSO MESMO, PESSOAS. O TIME DO FHS ESTÃO BRIGANDO ENTRE SI.

- BRIGA! BRIGA! BRIGA! – todos começaram a agitar.

 - Como você teve a coragem de me roubar?! Deveria...

 - Sua louca! Ele iria marcar um ponto. Ninguém manda...

 - Você é doida, só pode! Eu ia fazer um ponto para ajudar...

 - Vocês são burros são muito burros. Tanta coisa melhor do que ficar brigando por causa de um jogo...

 - BRIGA! BRIGA! BRIGA!

 Era tanto barulho ali que eu não conseguia ouvir nem a mim mesma. Eu batia no Edward, ele tentava se virar, Emmett me xingava, Alice paquerava os garotos, a platéia queria mais briga e o locutor? Bem... O locutor estava... Lucrando.

- VAMOS LÁ, PESSOAL. FAZEM SUAS APOSTAS. QUEM VAI GANHAR? O GRANDÃO? O BAIXINHO EM PÉ? O BURRO QUE ESTÁ NO CHÃO? OU O OUTRO BAIXINHO SENTADO EM CIMA DO BURRO?

- É O QUE?! – Edward e eu berramos.

 Alice e Emmett calaram na hora. Levantei de cima do Edward, que levantou também.

 - SEU LOCUTOR FILHO DE UMA PUTA. QUEM É O BAIXINHO AQUI? EM? DEVERIA TE MATAR, SEU ANIMAL.  OLHA OS MEUS DEDOS E VE O QUANTO ELES SÃO BAIXOS! – mostrei os dois dedos do meio.

 - ÊHHHHH. – a platéia gritou.

- UHHH, O BAIXINHO É BRAVO.– o locutor riu.

 - BAIXINHO É A SUA MÃE, SEU INFELIZ! EU VOU TE MATAR! TE PEGAR NA SAIDA, OTÁRIO!

 - CHEGA DE BARRACO! – Alice gritou, me calando. – Vamos voltar para o jogo.

 Ainda resmunguei alguns palavrões que eu nem sabia que sabia , e então... Voltamos para a posição inicial.

 - Se você pegar a bola mais uma vez, Edward... – sussurrei.

 - Shiiiii, baixinho.

 - Olha aqui o baixinho...

 - Cala a boca vocês dois. – Nessie me deu uma cotovelada.

“Piiiiiiii!!”

 Dessa vez foi Emmett quem jogou para Alice. Ela correu pelo canto do campo, mas parou quando seus olhos bateram em algo. O carinha que tinha ficado abaixado e nos proporcionado a visão maravilhosa estava em sua frente. Ao seu lado, vários gigantes corriam em sua direção. Seria feia aquela visão. Eu fechei um olho e deixei o outro aperto para vê o fim da minha amiga pequenina e magrela.

 - GOSTOSO! – ela jogou a bola para cima e correu na direção do... Gostoso.

 Os brutamontes pularam no meio do nada, se matando para pegar a bola. Alice corria para o gostoso, que arregalou os olhos e saiu correndo.

 - AHHHHHHHHHH. – ele gritava,

 - VEM CÁ, GOSTOSO!

 - SAI! SAI! SAI! – ele abanava o ar. – SAI SEU BOIOLA. EU GOSTO DE MULHER.

 - ENTÃO GOSTA DE MIM, UÉ. – ela gargalhou. – VEM GOSTOSO. VEM COMIGO.

 - NÃOOOOOOOO.

 - Ela pirou de vez. – sussurrei.

 Depois da corrida, nós voltamos para o lugar de... Todo o jogo.

 Desistiram de deixar a bola com nós e passaram para o outro time que aproveitou para fazer muitos pontos. Alice ainda tentou agarrar o cara sarado, mas ele corria dela. Isso evitou um ponto a mais. Nós éramos horríveis, isso todos ali viam. A torcida ainda tentava animar, mas... Éramos horríveis, não adiantava.

 - INTERVALO! AGORA VAMOS VE AS GRACIOSAS LIDERES DE TORCIDA ANIMAR.

Enquanto Rosalie e suas patricinhas faziam sua animação nós fomos para o vestiário.

 - Seu ladrão! – apontei para o Edward.

 - Bella, esquece isso. – Jasper pediu, com a voz entediada. – Estamos perdendo.

 - Por culpa dela. – Edward me acusou. – Eu iria fazer um touchdown.

 - Sua louca! – Emmett gritou comigo.  – Você-é-uma... LOUCA!

 - Mas ele me roubou. A bola era minha! – bufei.

 - Esquecem isso. – Alice interveio. – Vamos nos concentrar em marcar ponto nos próximos tempos. E dessa vez... Sem bagunça ou briga ou... Gritaria...

 - NESSIE! NESSIE! PRO OUTRO LADO, BURRA! PRO OUTRO LADO! – eu pulava e apontava para onde tínhamos que fazer o touchdown.

 Nós já estávamos no quarto tempo e não faltava muito tempo para acabar esse. O placar com pontos estava, por mais incrível que possa parecer, empatado de 15x15. Claro que quem fez os pontos foi os que sabiam jogar do nosso time, mas vamos relevar isso... Ok, um ponto daqueles foi Edward quem fez, mas vamos relevar isso também.

 - Bella, a bola! – Edward gritou apontado para a bola que vinha na minha direção.

 Eu arregalei os olhos por não ter visto aquilo. Eu era a mais próxima de Nessie e ela jogou para mim ao se vê encurralada por vários brutamontes. Eu peguei a bola antes dela acertar minha cara.

 - VAI, BELLA! VAI! VAI! VAAAAAIII! – Emmett berrava loucamente, apontando para o lado do campo onde nosso time marcava ponto.

 - CORREEEEEE! – Alice gritou.

 Eu olhei para o lado direito, vendo muuuuuitos brutamontes virem na minha direção. Olhei para o esquerdo, onde só tinha um para bloquear minha passagem pro gol ou sei lá como se chama aquilo. Corri para o lado esquerdo. O que estava ali abriu os braços para me parar, só que eu me joguei por debaixo de suas pernas, engatinhando alguns metros e logo levantando para correr novamente.

 - BELLA! BELLA! BELLA! – a galera do time gritava meu nome.

 - Vai logo Bella! Está acabando o tempo! – ouvi Emmett gritar.

 Eu impulsionei ainda mais minhas pernas para correr mais rápido. Minha mente gritava para eu não cair. Não sei de onde surgiram, mas três brutamontes apareceram na minha frente. Dois do lado e um na frente. Bem quando eu estava perto do lugar onde marcava ponto.

 Os dois do lado se preparam para pular, mas eram burros demais para errar o tempo e pular adiantado. Eu pulei em cima das costas de um e impulsionei meu corpo para pular por cima do outro, que estava um pouco abaixado com os braços abertos.

 As coisas pareceram entrar em câmera lenta. Meu nome pelo time era pronunciado com lentidão, assim como Rosalie gritava. Eu parecia voar apenas com o pulo que tinha dado nas costas dos dois gigantes burros. Quando estava passando por cima do terceiro, senti mãos segurarem meu tornozelo, e meu corpo ficou para trás. Então impulsionei meu braço e joguei a bola, vendo-a ir direto para o... Gol, sei lá.

 Eu cai no ombro do grandão, batendo o capacete em suas costas.

 - MERDA! – esbravejei.

 Olhei para cima, atrás da bola, que ia direto para os dois arcos brancos. A torcida toda ficou em silencio em expectativa. E a bola foi chegando mais perto... E mais... Até finalmente... ELA PASSAR PELO GOL.

“Piiiiiiii!!”

 - EU MARQUEI UM GOL! MARQUEI UM GOL! HÁ. EU MARQUEI UM GOL! – eu comemorava batendo nas costas do grandão.

 - Sai pra lá, voz fina.

 Ele me soltou e eu caí de cara no chão, mas nem liguei para isso, pois estava feliz em ter feito um gol.

 - NÓS GANHAMOS! NÓS GANHAMOS! – fui erguida por Edward, que me abraçou.

 - DEUS, NÓS CONSEGUIMOS! – gargalhei.

 - BELLA, VOCÊ FOI DEMAIS! – Alice abraçou a mim e ao irmão.

­- E OS VENCEDORES SÃO OS... FHS!”

 - ÊHHHHHHHH. – a torcida estava a mil, num delírio barulhento.

 - VENCEMOS! NÓS VENCEMOS! – Emmett chegou com a Rosalie presa em suas costas. – BELLA, NÓS VENCEMOS!

 - EU SEI! – gargalhei novamente. – SOMOS CAMPEÕES!

 - TOMARAM NA CARA, SEUS GOSTOSOS! – Nessie gritou, mostrando o punho para o outro time que estava de cara feia. – DEPOIS PASSO O MEU NÚMERO PARA VOCÊS! – um deles fez um positivo com a mão. Ela se virou para nós. – OH MEU DEUS! OH MEU DEUS! BELLINHA, VOCÊ CONSEGUIU! – Nessie começou a pular e abraçar eu e Edward. – NÓS VENCEMOS!

 - Cadê o Jasper? – Alice perguntou, procurando o loiro pelo campo.

 - Está no vestiário tentando se recuperar do brutamonte que atacou um capacete na cabeça dele porque perdeu.

 - Eu tenho que ajudar ele! – ela falou e saiu correndo na direção do vestiário.

 Edward me colocou no chão e me ajudou a tirar o capacete.

 - AHHHHH, MEU DEUS! É ISABELLA SWAN! – uma garota gritou.

 Nessie também tirou o capacete, fazendo os torcedores exclamarem de indignação.

 - É ISSO MESMO. NÓS QUE MANDAMOS NESSE LUGAR. – outra garota gritou e depois todas as garotas gritaram junto em concordância.

 - Pronto, agora só falta ter uma revolução feminina para elas entrarem no time de futebol-americano. – murmurei e os outros riram.

 Deus, esse jogo foi inesquecível. Foi muito inesquecível.

...

 - Não. Não. E quando a Bella mostrou os dedos para o locutor? Foi hilário! – Emmett gargalhou estrondosamente, chamando a atenção das pessoas da lanchonete.

 Nós trocamos de roupas e viemos comemorar. Já tínhamos comido e agora estávamos falando dos momentos mais críticos do jogo.

 - Pior a Alice. – Nessie bateu nas costas da baixinha. – Tarada por jogadores.

 - Mas caramba, ele tinha uma bunda. Ui. – ela se abanou.

 - E como tinha. – falei sonhadoramente.

 - Era perfeita. – Rosalie disse e nós viramos num rompante para ela. – O que? Tenho um namorado gostoso, mas posso olhar.

 - Rosalie... – Emmett disse em modo de repreensão.

 - Esquece isso, querido. – ela deu um beijo nele. – Sou mais você.

 Ele assentiu, sorrindo. Ficamos ainda conversando sobre o jogo inteiro, até os meninos do time do Emmett – os únicos que sobraram por não terem se machucado – foram embora e ficou nosso grupo do jornal ali.

 - Isso deveria virar noticia no jornal. – Nessie falou, tomando do Milk-shake de morango dela.

 - Boa idéia. – concordei. – Só que não sei como.

 - Eu tenho uma idéia. – ela sorriu. – Vai ficar legal.

 Então, cada um ali entrou em conversas diferentes. Vi pela minha visão periférica Edward se aproximar um pouco mais de mim, já que ele estava sentado ao meu lado.

 - Sabe com o que eu preciso me acostumar? – perguntou.

 - Não. – ri. – Com o que?

 - Com a sua bipolaridade. – deu de ombros. – Uma hora é legal comigo, outra quase me espanca!

 Eu gargalhei, lembrando do ataque que eu dei. Eu só queria saber quem era aquele locutor para poder dar uns tapas nele por ter me chamado de baixinho. Nem “inha” era!

 - Eu também preciso me acostumar com a sua. – falei e ele arregalou os olhos. – Uma hora você é legal a me ajuda emprestando sua blusa. – indiquei a blusa, que eu estava vestida. É, ela tinha saído da minha cintura e estava tampando o meu frio. – E em outra, não quer me ajudar.

 - Porque emprestar a blusa é mais fácil do que virar de uma hora para outra um jogador de futebol-americano.

 Nós rimos.

 - Você tem razão. – concordei.

 - Mas eu gostei da sua voz de comando. Você serviria para ser general em exercito. A forma que você me mandou e mandou Jasper concordar com aquilo foi bem... Firme. – eu revirei os olhos.

 - Aprendi com Renée. Ela sempre fala daquele jeito, mas claro, sem palavras de baixo calão. E também tem Charlie, que é delegado, tem que ter voz de comando.

 - Estou começando a ficar com certo receio das nossas aulas. Você vai falar daquele jeito comigo? - fez uma careta.

 - Depende. – dei de ombros. – Se você não me der motivos, eu não vou.

 - Ok. – balançou a cabeça lentamente. - Vou fazer de tudo para não te dar motivos.

 - Eu sei que vai, aluno. - pisquei um olho e Edward riu.

 Olhei para a Alice, que nos encarava desconfiada. Ela, quando percebeu que estava a olhando, virou o rosto e continuou falando com Jasper. Eu voltei minha atenção para o Edward, que falava sobre o que ele se lembrava de ter aprendido.

 Ficamos mais algum tempo ali, até dar a hora de irmos embora. Como eu ainda estava sem carro, Edward quem ia me levar para casa. Mas era só até hoje, que completava uma semana de castigo. Amanhã, eu já teria o meu bebê de volta. Isso até me deixava mais feliz.

 - Edward, o Jasper vai me levar em casa. - Alice falou, se aproximando do Volvo.

 - É o que?!

 - É que você vai levar a Nessie até o estacionamento da escola para ela buscar o carro dela, e depois vai levar a Bella. O Emmett vai levar a Rosalie, e eu não quero ficar de vela. O único que me restou foi o Jasper, eu quero chegar em casa logo!

 - Você acha que eu sou idiota? - Edward perguntou.

 Alice mordeu o lábio e eu prendi uma risada, porque sabia que ela estava se segurando para não responder. Então, ela olhou suplicante para mim, e eu entendi que era minha hora de falar para poder ajuda-la.

 - Edward, lembra do que eu te falei sábado?! - perguntei, parando ao lado dele.

 - Não! - mentiu na cara dura, ainda encarando a Alice. - Você pode entrando no carro agora.

 - Edward, vamos logo! - Nessie falou, já dentro do Volvo. Ela também estava ajudando Alice.

 - Ah, Eddie. - Lice choramingou.

 Os papéis ali estavam invertidos, e eu queria rir. Ele que era o irmão mais novo, e Alice quem fazia o que Edward mandava. Ele estava sério, até parecia ser o irmão mais velho. Eu e Alice nos encaramos, e eu indiquei para ela ir andando que eu ia distrair ela.

 - Edward, vamos logo, vai. - peguei no braço dele, o puxando. - Eu preciso chegar em casa. E Alice também. Vai, Eddie... - Edward me encarou de olhos arregalados, e foi então que Alice aproveitou a deixa e correu para o carro do Jasper, que saiu rápido do estacionamento.

 Achei que Edward iria brigar, mas ele ainda ficou me encarando com uma expressão engraçada.

 - O que foi? - perguntei, na maior inocência.

 - Você está ferrada. - falou, com um sorriso malicioso. - E não me chama mais assim, eu não gosto.

 - Uhhh, o Eddie ficou nervosinho. - brinquei, empurrando ele com o ombro.

 Edward resmungou algumas coisas e foi para o carro. Lá dentro Nessie gargalhava da cena. Eu sentei no banco do carona e comecei a mexer no porta CDs do Edward, enquanto ele dirigia.

 - Esse CD é de musicas remixadas? - perguntei, mostrando o CD.

 - Yep. Um amigo meu que fez para mim.

 - Então, vamos ouvir ele. Uma vez ouvi uma do Green Day com Oasis, Travis e Eminem. Foi muito boa. Eu adorei.

 - Ouviu na rádio? - perguntou e eu assenti. - Tem ela ai.

 - Sério?

 Eu coloquei o CD para tocar e procurei pela musica. Quando achei, comecei a cantar, me atrapalhando quando mudava quem cantava. Mas uma hora entrei no ritmo, e Edward me acompanhou. Quando chegou no final, na parte do Eminem, nós cantamos como rappers, e depois rimos.

 - Yeah, foi muito legal o show, mas eu fico por aqui. - Nessie falou, nos assustando.

 Edward parou o carro ao lado do dela, que estava no estacionamento da escola, nós nos despedimos e depois ele seguiu para a minha casa.

 - O natal está chegando, o que você vai me dar de presente? - Edward perguntou e eu gargalhei.

 - Nada. E você, o que vai me dar? - ergui uma sobrancelha.

 - Nada. - deu de ombros.

 - Poxa, Eddie, você não vai me dar nada mesmo? - brinquei, tocando o braço dele.

 - Só porque você me chamou assim. - resmungou. - Eu odeio esse apelido que Alice e Emmett usam.

 - Mas por quê? Combina tanto com você. - gargalhei e ele bufou. - Ok, parei. - levantei as duas mãos, me rendendo. - Mas eu ainda quero presente de natal.

 - Claro, claro. Vai querer o que?

 - Ah, o que você achar que eu mereço. - dei de ombros.

 - Tem certeza? - ele fez uma careta. - Quero dizer, e se for caro? Ou pior, muito barato?

 - Edward! - dei um tapa nele. - Fiquei confusa agora. Isso significa que eu mereço algo bom ou algo ruim?

 - Não sei. - fez mistério e quem resmungou fui eu.

 Encostei meu braço na porta e apoiei meu rosto na mão, suspirando frustrada. O carro do Edward era impregnado com o cheiro dele, obvio. Mas com a manga da blusa dele praticamente colada no meu nariz, deu ainda mais para sentir. Era bom, eu admitia, na verdade, muito bom. O tipo de perfume masculino que não dá vontade de parar de ficar cheirando. Aqueles viciantes, que são difíceis de achar. E eu aproveitei, disfarçadamente, para ficar sentindo o perfume dele. Eu já tinha sentido quando entrei no closet dele, mas ali estava mais forte.

 - Chegamos. - Edward falou, me tirando dos meus devaneios.

 - Ah, er... - olhei para minha casa, vendo todas as luzes acesas. - Obrigado.

 - Amanhã preciso passar aqui como seu motorista particular?

 - Não, não. - falei, rindo. - Amanhã eu já tenho meu carro.

 - Hum. - fez.

 - Eu vou indo. - abri a porta, mas voltei. - Sua blusa.

 Fui para tirá-la, mas ele me parou.

 - Pode ficar. Amanhã você me entrega. - mandou.

 Eu pensei em como Renée reagiria se me visse com uma blusa de menino, e então sorri.

 - Ok. - dei de ombros. - Bem... Tchau.

 - Tchau. - murmurou, com um sorriso torto.

 Eu mordi o lábio inferior e sorri. Eu sabia que era para mim ir, mas eu não conseguia me mexer. O jeito que Edward me encarava era de uma forma diferente, e o sorriso dele, mesmo sem eu querer, tinha me deixando com borboletas no estomago. E eu estava sentindo todas aquelas sensações que Alice falou: mãos suando frio, nervosismo, ansiedade. Tudo junto, que dava uma coisa estranha. Eu queria me soltar daquela "bolha" só que ao mesmo tempo, não queria. Estava realmente confusa. Mas eu queria saber se era só eu que sentia aquilo quando estava perto dele. Se era apenas eu que sentia descargas elétricas estranhas, ou formigamento quando minha pele entrava em contato com a dele. Até se o coração dele acelerava. E ninguém poderia me responder além dele.

 - Edward... - comecei, mordendo o lábio com força. - Eu... Você... - mexi a boca, sem saber o que falar.

 Edward me encarava com uma sobrancelha erguida. Mesmo querendo perguntar, eu não conseguia. Acho que por medo de parecer uma idiota, sei lá. Foi então que me celular tocou, me ajudando, eu suspirei. Ele, pelo menos, servia para alguma coisa.

 Olhei no visor e estranhei ao ver o nome de Alice piscando ali. Olhei para Edward, que me encarava com uma expressão confusa e ansiosa ao mesmo tempo

 - Bem, eu vou indo mesmo. - falei, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas. Precisava sair dali. - Tchau.

 Eu sai rápido e me virei para Edward, que estava olhando para a frente. Ele suspirou e murmurou um tchau, depois acelerou o carro. Fiquei parada ali, vendo o carro dele sumir pela rua. Quando não vi mais as luzes, eu fechei os olhos e suspirei, me perguntando que merda tinha acontecido comigo lá no carro. O celular berrando me tirou do momento "O que?!" que eu estava.

 - Fala, Alice. - atendi.

 - Edward já está vindo? - perguntou.

 - Está sim. Saiu daqui agora. - me sentei na calçada. - Mas e então, sua espertinha, hum? Sei o chegar em casa logo...

 - Boba. - ela riu.- Eu queria mesmo chegar em casa cedo. E claro, conversar.

 - Uhum. Conversar. - repeti. - Rolou beijo?

- Er... - pigarreou. - Preciso responder?

 - Não. - gargalhei e ouvi ela rir também. - Bem espertinha você.

 - É, é. Espertinha para perceber o que está rolando entre você e o Edward.

 Eu deixei meu sorriso sumir aos poucos.

 - O que? - perguntei.

- Vocês dois, Bella! Estão diferentes um com o outro, e ainda mais diferentes em tudo! Eu estava falando com Renesmee quase agora e ela me disse que vocês se esqueceram dela no carro. Até parecia que ela não estava lá!

 - Isso é mentira! - menti, minha voz saindo alta e fina.

 - Está mentindo!

 Ta legal, e dai que eu esqueci mesmo que Nessie estava no banco de trás? Mas é que ela tava tão quietinha que...

 - Não estou não. - murmurei. - Eu e Edward apenas nos entendemos, nada demais.

 - Eu vejo, Bella. Você acha que não, mas eu vejo tudo. Você nega, só que vai cair na real. Vocês dois!

 - Não sei do que você está falando. - resmunguei e ela bufou.

 - Bella? - vovó apareceu na porta. - Está fazendo o que ai, querida?

- Até sua avó percebeu! - Alice falou, quando ouviu a voz da vovó. - Mas deixa pra lá. Vai falar com ela. Beijos.

 - Tchau. - murmurei, desligando. - Estava falando com Alice. - disse apenas me virando para ela. - Vovó, você não sabe o que aconteceu hoje! - foi inevitável não falar isso.

 - O que? - perguntou curiosa. Ela se sentou ao meu lado, na calçada. - De quem é essa blusa?

 - Do Edward. - dei de ombros. - Ele me emprestou quando eu caí no óleo e manchei a calça.

 - Que óleo?

 Então eu contei meu dia, e quando terminei, até a parte em que fiquei a sós com Edward, vovó começou a gargalhar. Ela disse que queria ter me visto jogar, pois deveria ter mesmo sido engraçado.

 - Vovó... - comecei. - Eu... Queria saber por que você deixou que Edward fosse falar comigo, na sexta?

 - Você sabe o porquê, Bella. - ela sorriu. - Eu achei que ele era o melhor para àquela hora.

 - Como? Se Alice que é a minha melhor amiga...

 - Bella, tem momentos que não precisamos apenas dos nossos melhores amigos. Você já conquistou esses e sabe que eles vão estar sempre lá. Precisamos de pessoas novas em nossa vida, então, são esses os momentos que essas pessoas nos conquista. Nos piores, em que precisamos de um ombro para chorar, uma palavra para nos apoiar, e uma mão para nos ajudar erguer. E, querida, você e Edward tinham que ter mais um... Laço. Você vai me entender, meu amor, quando entender o que está sentindo aqui - apontou para o meu peito, onde ficava o coração - e aqui. - apontou para a minha cabeça.

 - É muito confuso. - murmurei e suspirei.

 - É confuso porque você quer que seja. Está negando, Bella. - mordi o lábio inferior e fiz uma careta. - Você sabe o que eu estou falando, entende perfeitamente, e não quer acreditar. Mas uma hora, você vai, Bella.

 - Espero que demore. - disse e ela riu. - É sério.

 - Eu te entendo. - bateu na minha perna e levantou. - Vamos entrar? - me estendeu a mão. - Renée está  fazendo um bolo de chocolate que está... Divino! - disse normalmente.

 Eu ergui uma sobrancelha, repetindo a frase dela várias vezes na minha mente, procurando o normal ali. Eu só via o estranho. E essa parte chegava a piscava em neon. Renée fazendo bolo de chocolate?

 - Aconteceu algo que eu não sei? - perguntei.

 - Nada de mais. - deu de ombros. - Achei que estava acostumada a nunca acontecer nada aqui em Forks.

 - E estou. Só não estou acostumada a algo novo acontecer ali dentro - apontei para a minha casa. - E dentro da cabeça da minha mãe.

 - Vai ter que aprender a se acostumar, Bella. Pois, as coisas vão começar a serem diferentes. Apesar de que... - olhou pensativa. - Surpresas são boas, dão mais adrenalina.

 Eu gargalhei e levantei, indo com vovó para dentro de casa. Quando entramos na cozinha, eu estanquei no lugar, vendo Renée com luvas de cozinha e passando cobertura no bolo. Vovó foi para a mesa, se sentando de frente para Renée. Essa olhou para mim e sorriu.

 - Quer lamber? - perguntou, mostrando a colher que ela passava.

 Foi então que eu senti o que nunca havia sentindo com Renée. O sentimento entre mãe e filha. Era pequena, uma coisa quase que inexistente, pois o que ela havia me mostrado todos esses anos, o afastamento era grande. E não era porque ela tinha me perguntado se eu queria lamber a colher que iria apagar todas as coisas. Mas isso só precisava de tempo, e se ela estava disposta a mudar, porque eu não poderia dar a chance? Afinal, não era uma mãe que eu queria? Ela estava tentando ser uma, então era a minha deixa, e eu tinha que aproveitar.

 - Quero e ainda quero metade do bolo com todos os morangos que tem ai em cima. - falei, jogando minha mochila no chão e indo me sentar ao lado da vovó. As duas gargalhavam.

 Renée tirou três pedaços, e o maior foi o meu. Ela colocou todos os morangos no meu prato. Fiquei com medo de comer, afinal, nunca tinha visto Renée na cozinha, mas vovó comeu com gosto.

 - Hummmm... - fez. - Isso está uma delicia, Renée.

 - Obrigada, Anne. - sorriu e me encarou.

 Eu levei um pedaço boca, e quase suspirei em deleite. Era tão, ou melhor, que os bolos que Mary fazia para mim.

 - Meu deus, está mesmo uma delicia! - falei, levando mais um pedaço a boca. - Mãe, você precisa entrar mais nessa cozinha.

 Renée arregalou os olhos vendo como eu a tinha chamado. Me perguntei até quando ela iria se surpreender com isso. Vovó tinha um sorriso de orgulho e vitória no rosto.

 - Que bom que gostou, querida. - Renée tocou a minha mão. - Vou passar mais tempo nessa cozinha. Tinha me esquecido como era bom cozinhar.

 Nós três rimos e aproveitamos nosso bolo. Eu repeti três vezes, e isso me fez me lembrar de Edward. Se ele tinha gostado daqueles biscoitos, imagina então comer do bolo da Renée? Um dia ele teria que experimentar. Eu parei ao me tocar que tinha pensado nele, e balancei a cabeça.

 - E essa blusa? - Renée perguntou e eu paralisei no lugar.

 - É do Edward. - respondi casualmente. - Ele me emprestou por que... Por que... Eu estava com frio. - menti.

 - Hum, o irmão da Alice. - fez, sorrindo. - Legal e educado da parte dele. - assenti. - É bonito? - perguntou me deixando surpresa.

 - Er.... Hm... - abaixei a cabeça, sentindo minhas bochechas esquentarem de forma absurda. Vovó e Renée riram. - Yep. - assenti.

 - Adoro esse menino. - vovó falou. - É um amor de pessoa. Levei ele para sair comigo, com a Bella e com a baixinha e o tio deles. Foi legal. Não é, Bella? - ela me lançou um sorriso malicioso.

 - Yeah. - assenti, lentamente.

 - Isso é bom. - Renée falou. - Mas que tal um filme? - perguntou, me surpreendendo mais uma vez. - De comédia, claro. Bella, pode escolher.

 Eu sorri e corri para a sala, para escolher o filme. Se fosse assim daqui pra frente, eu aprenderia a gostar mais da minha vida. Eu só não podia criar muitas esperanças, porque vai que isso só aconteça por causa da estadia da vovó aqui? Era por isso que eu me colocaria no lugar. Mas por enquanto, iria aproveitar ao máximo, pois finalmente eu estava tendo uma mãe. E posso até parecer uma criança feliz assim, que não me importo, porque eu realmente estava feliz.

(...)


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Notas finais do capítulo

Hello Gatinhas lindas *---* E então, ansiosas e felizes como eu estou com o final das férias? (sintam a ironia nas palavras, KK) Eu queria mais um mês, só que é dificil então, . Mas deixando os assuntos tristes de lado... O que acharam do capítulo? Quando eu escrevi estava um pouco feliz demais e saiu um pouco doido, KK.
E o que acharam da filosofia da vovó? Concordam com ela e com a Alice?
Vou soltar que no próximo capitulo vocês vão ficar muito, muito felizes. KKK. Eu sou horrivel em guardar essas coisas ¬¬'
Bem, é isso. Beijos, lindas ;)