Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 24
Festa Womania




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23. Festa Womania

 - Oh, então a dorminhoca acordou. - Renée falou ironicamente, enquanto eu descia as escadas da sala. - Foi boa a noite?

 - Você nem imagina quanto. - murmurei, seguindo para a cozinha.

 Quando me sentei no banquinho que tinha no balcão, gemi de dor. Minhas costas doía por eu ter dormido sentada no chão. Eu me sentia como se um caminhão tivesse passado por cima de mim, meus ossos inteiros pareciam doloridos. Me senti uma velha naquele momento. E não estava com vontade nenhuma de ouvir Renée enxendo.

 - A festa parece que foi boa. - Mary falou quando se aproximou com uma prto de panquecas.

 - E foi. O único ruim foi o final dela. - fiz careta. - Dormi de mal jeito.

 - Coitada. - ela riu, negando com a cabeça.

 - Cadê a vovó? - perguntei, levando um pedaço da panqueca a boca. - Não ouvi a voz dela.

 - Deve está dormindo, porque aqui ela não apareceu.

 - Hum. - fiz.

 Terminei meu café da manhã e fui para a sala, deixando no sofá e assistindo o que Renée assistia. Era um programa matinal, que eu nem fazia idéia de qual era o nome. Esperei algum comentário que levaria a uma discussão, mas não veio nada.

 - Bom dia! - vovó apareceu na escada, toda sorridente. - Como estão minhas lindas?

 - Péssima. - murmurei e Renée bufou.

 Vovó foi para a cozinha, e novamente o silencio ficou ali na sala. O tempo passou e vovó Swan apareceu, ficando atrás da poltrona que Renée estava sentada.

 - Renée, precisamos conversar. - falou, totalmente diferente do que eu já a vi. Vovó estava séria.

 - Concordo com você.

 Então as duas subiram as escadas e foram para o escritório. Eu fiquei olhando para o lugar com uma sobrancelha erguida, sem entender nada. O que vovó queria com Renée para ficar daquele jeito? Tão séria...

 Ta legal, era errado, e tudo, mas poxa, eu era uma curiosa e queria saber. Tudo bem que se Renée descobrisse iria brigar comigo, pois não foi isso que ela me ensinou, digo, ouvir atrás da porta, mas era só uma excessão, hum? E elas não iriam descobrir que eu estava com o ouvido atrás da porta. Era só eu ser silenciosa, que ninguem iria descobrir.

 Encostei o ouvido na porta, tentando ouvir alguma coisa, o que não era muito dificil porque elas não estavam falando tão baixo. E também, porque tinha uma brexinha que dava para ver um pouco elas.

 - ... De madrugada! Pra onde você a levou, Anne?! - Renée perguntou, brava.

 Deveria imaginar que a conversa começaria assim. Renée estava quieta demais para o meu gosto.

 Ela estava em pé, de frente a mesa, enquanto vovó estava sentada.

 - Eu só a levei para sair, Renée. – vovó falou calmamente. – Coisa que você quem deveria fazer ou deixar.

 - Aquela hora da noite?!

 - É a melhor hora.

 - Como a melhor hora? O que Isabella pode aprender saindo de madrugada?

 - Ela não saiu para aprender, Renée. Foi para se divertir. Você deveria saber disso. E o que custa? Ela saiu comigo.

 - Por isso mesmo que é um problema! O que você pode ensinar para a minha filha?

 Eu arfei, ouvindo como Renée falou. Eu estava desacostumada a ouvi-la em chamando de filha. Do mesmo jeito que a chamava de Renée, ela me chamava de Isabella.

 - Eu não quero ensinar nada a ela. - vovó riu. - Renée, é sério agora. Charlie... Me ligou mandando eu vir, porque as coisas estavam... Saindo fora de controle.

 - Ele não deveria ter feito isso. - Renée se sentou e suspirou. - Mas você viu, Anne? Viu como ela está se vestindo?

 - Como deveria desde que fez treze anos. Renée, Isabella é uma adolescente, quer ser uma.

 - Mas... Eu só quero que ela vença na vida.

 - E vai, querida. - vovó se esticou sobre a mesa e pegou a mão de Renée. - Ela quer aproveitar, você deveria deixar.

 - Eu sei. Mas... E se além das roupas ela ir longe demais? Eu não... Não vou suportar. Não quero ver Bella passando o que eu passei.

 Então, eu vi ali o que nunca imaginaria ver: Renée estava chorando. Ela, que sempre tinha controle de si mesma, estava chorando. Ela parecia... Desesperada. E mesmo que eu não tivesse conhecido Renée adolescente, eu vi ela dezessete anos mais jovem. Renée levou as duas mãos a cabeça.

 - Ela só vai se você fizer tudo aquilo. E você não vai. Bella é esperta, sabe o que é certo ou não, Renée. Você a ensinou ser assim, agora, só tem que confiar nela.

 - Anne, eu... Eu me vi como John esses dias. - ela levantou seus olhos azuis para vovó. - Quando vi Isabella usando aquele tipo de roupa, falando como nunca tinha falado comigo, eu realmente me vi como John. Não estava sob meu controle. Eu... Não queria ter feito aquilo com Bella, eu não queria.

 Arregalei meus olhos, fazendo as lágrimas que eu predia sairem. Renée também nunca havia me chamado de Bella. Droga, o que estava acontecendo com ela?!

 - Por isso que você tem que deixa-la ser um pouco livre. Você está seguindo o mesmo caminho de John, Renée.

 - Eu não quero, Anne. Ele... Ele era um monstro e eu não quero ser um monstro para a minha filha. Quando ela disse que me odiava... Eu não quero que ela sinta aquilo!

 - Ela não te odeia, querida. - vovó levantou e deu a volta na mesa, indo abraçar Renée. - Bella só estava nervosa, mas ela te ama. Você é mãe dela, e ela te ama mais que tudo. Só está assim porque não se sente compreendida.

 - O que eu faço, Anne?

 - Apenas seja uma... Mãe. Seja a mãe que Bella merece. Ela é uma garota de ouro, e você tem que dar valor a isso. Tudo que você ensinou para ela, querida, Bella aprendeu. É inteligente, educada, linda. Der valor a filha que tem e você verá que tudo vai melhorar.

 Renée assentiu e abraçou vovó. Eu sai da porta e corri para o meu quarto, me jogando nas almofadas que tinha no chão. Olhei para o teto, e suspirei. Quando era pequena pedi para Charlie colocar estrelas de Starfix no teto, e ele fez melhor do que só aquilo, pintou o teto de azul escuro, quase preto, e fez nuvens com branco como se fosse o céu de Forks. Depois colocou as estrelas. Até as sete irmãs ele colocou. Às vezes, quando o tempo está chuvoso, eu fecho tudo, deito no chão do quarto e fico olhando, para poder pensar. E era isso que eu estava fazendo. Eu estava pensando. Pensando no passado de Renée, no seu jeito, dela chorando, me chamando de filha. Até quando Edward me ajudou hoje de madrugada. Eu estava pensando na minha vida.

 Então era por isso que vovó tinha vindo, para dar uma ordem nessa casa. Eu deveria ter imaginado que a visita repentina dela deveria ter um motivo. Mas era bom, porque ela estava ajudando Renée. Era a únca que podia ajuda-la. Ela e Charlie.

 - Bella? - vovó bateu na porta e colocou a cabeça pra dentro. - Esta bem?

 - Uhum. - fiz. - Apenas uma dor na costas por ter dormido mal, mas estou sim.

 - Ah. - ela entrou, fechou a porta e veio se deitar do meu lado. - Hoje vai ter uma daquelas festas.

 - Oh, não. - gemi, colocando uma almofada no rosto. Vovó riu.

 - Eu e Renée vamos em Port Angeles. - ela levantou. - Ela precisa de um tempo de folga.

 - É, precisa mesmo. - assenti.

 - Você ouviu, não é? - perguntou e eu arregalei os olhos. - Não adianta menti, eu te vi na porta. - rimos. - Bem, vou lá. Até depois.

 - Até.

 Eu passei meu sábado inteiro em casa sem fazer nada. Mexi um pouco na internet, conversei com Alice por torpedo, comi, fiquei na cozinha de bobeira, assisti TV. Foi o dia mais longo e entediante da minha vida. Quando deram umas seis horas, Renée e vovó chegaram com sacolas nas mãos. Elas subiram para o andar de cima e eu fiquei ali, assistindo televisão e ainda de bobeira. Depois de uma hora Renée mandou eu ir tomar banho, que logo Charlie chegaria para podermos sair. Eu subi correndo para o meu quarto, mas estanquei ao ver algo no meu quarto que não deveria estar ali.

 - Renée?! – berrei. – O que é isso na minha cama?

 - Seu vestido, Isabella! – ela falou entrando no quarto.

 - Como assim? Eu... Eu vou usar... Isso? – fiz careta olhando pro pedaço rosa de pano em cima da cama.

 - É claro que vai. Se você mudou o estilo de se vestir, pode usar isso também. – arregalei os olhos e ela sorriu. – Esther o escolheu pensando em você.

 - Esther? Quem é Esther?

 - A mulher do diretor da revista – Renée me olhou como se eu fosse louca. – Agora seja obediente e vá se arrumar. – ela foi para a porta. – E as sandálias estão dentro do seu closet.

 SANDÁLIAS? Ela disse sandálias? Sandálias tipo aquelas de salto alto e fino na largura de uma agulha? Aquelas coisas que mulheres usam pra ficarem altas? Aquelas sandálias assassinas e que me odeiam? Renée só pode estar brincando. É isso, ela está brincando! Por que... Ela sabe que eu não consigo me equilibrar nem nos tênis imagina nessas coisas? Pra mimsandália só serve pra fazer estrago em quem mexe comigo. Mesmo que eu nunca tenha usado elas para isso... Ok, eu usei uma vez quando alguém invadiu o quintal e eu joguei da janela, fazendo um buraco na cabeça do garoto que queria nadar na piscina aquecida. Mas isso não importa agora.

 Olhei nos olhos de Renée, e para meu enorme desagrado, ela não parecia estar brincando.

 Olhei para o pedaço rosa na minha cama e fiz careta. Deus, como alguém que você nem conhece e que também não te conhece comprar uma roupa pensando no desconhecido? Ela não sabe nada sobre mim, então como ela fez isso? Essa Esther é o que? Vidente? Nãooooo. Não é isso. Ela comprou a roupa pensando no protótipo de filha perfeita da Renée. Só pode ser isso mesmo. Até imagino Renée me descrevendo para a mulher: “Minha filha é uma garota inteligente com um futuro promissor na carreira jurídica onde será conhecida mundialmente. Ela adora estudar e blá blá blá” até chegar na parte onde a mulher acredita que eu sou igual aquelas patricinha que falam errado com voz enjoada e que ama rosa.

 E porque vovó não impediu uma catástrofe dessa?! Ela sabe os meus gostos. Como pode me apunhalar pelas costas assim? Ela iria ver!

 Agora eu precisava de uma desculpa para não usar aquilo. Melhor, para não ir a essa coisa idiota. E precisava ser uma coisa bem impactante que Renée odiava...

 - Renée? – chamei quando ela já estava saindo. Ela virou o rosto para mim. – Er... Você não acha que essa... Roupa vai chamar a... Atenção dos... Garotos?

 Porque eu não conseguia falar com ela normal? Porque tinha que comer a frase? Como se estivesse com medo...

 - Não. – ela negou com a cabeça. – Esse vestido é comportado e vai ficar perfeito, afinal, foi Esther Guignard que comprou. – ela riu. – Agora vá se arrumar, menina.

 O QUE? Como assim o vestido é comportado? Comportadas são calças jeans coladas que tem zíper e botão, além de tampar as pernas. Não essa monstruosidade rosa que está em cima da minha cama. Só a cor já é chamativa. Sem contar com aquelas pedras no lugar de alças e aquela fita de seda preta. Aquilo era vestido de Barbie, não... Para mim.

 Bufando eu fui para meu banheiro. Tomei um banho quente para vê se deixava aquela raiva descer pelo ralo, mas não adiantou nada. Depois que terminei sequei o cabelo com secador no máximo pra ir mais rápido. Passei no corpo todos os cremes que Renée mandou passar para minha pele ficar “perfeita” nas palavras dela. Pra mim tanto faz tanto fez, eu não ligo pra essas coisas.

 Foi um enorme sacrifício vestir aquele vestido, porque meu corpo também rejeitava aquilo. Pelo menos a tal de Esther sei-lá-das-quantas comprou no tamanho certo. Sentei na cadeira de frente a penteadeira cheia de coisas que eu não uso, vendo meu reflexo no espelho. O que eu poderia fazer? Odiava maquiagem, mas Renée me ensinou a usar e hoje era um dia obrigatório. Passei uma sombra leve prata, lápis de olho, rímel, blush e um gloss. Tava ótima.

 - Isabella?

 Virei meu rosto para a porta, onde Renée estava com... Uma arma mortal na mão. Não, não era um calibre 38 ou bazuca. Era um... Pente! Isso mesmo, um pente. O que? Eu só penteava o cabelo quando queria.

 - Pra... Pra que isso? – perguntei.

 - É pra pentear seu cabelo, bobinha. – ela revirou os olhos e veio até mim. – Vou fazer algo que eu sei que você não faz com freqüência.

 - Eu faço sim! – menti na cara dura.

 - Claro. – ela revirou os olhos novamente. – O vestido ficou perfeito.

 - Hum.

 - A maquiagem também.

 - É.

 - Viu a sandália?

 - Não.

 - Virou monossilábica?

 - Não. – dei de ombros e ela riu.

 Eu semicerrei os olhos, não acreditando naquilo. Renée estava agindo muito diferente, e não podia ser porque vovó falou aquelas coisas. Estranho. Mas eu não podia negar que estava gostando, pois ela estava mesmo diferente.

 Renée penteou meu cabelo e o deixou liso, muito liso. Pegou a franja que eu me irritava por assoprar pra tirar dos olhos e prendeu em cima, deixando minha visão livre. Pelo menos não teria mais isso pra me fazer cair. Renée pegou algo da bolsa que carregava e colocou no meu pescoço. Era um colar de pedras bem bonitinho.

 - Agora sim. – ela sorriu para mim pelo espelho e eu retribuí, uma raridade, de bom grado. – Agora coloque a sandália pra nós irmos.

 - Mãe? – me virei para ela, que estava de olhos arregalados.

 Claro, do mesmo jeito que era raridade eu sorri de bom grado e não forçado, era eu a chamando de mãe. Porque já que ela queria desde quando eu era criança parecesse uma adulta, eu agia como uma. Mas eu devia essa, por ela ter me chamado de filha. Não na frente, mas chamou.

 - Sim? – ela falou quando voltou ao normal.

 - Er... Eu posso... – parei para analisar o que eu ia pedir. – Ir com um tênis por enquanto? É que... Não quero cair com a sandália.

 - Filha – ela sorriu. – Você não vai precisar andar muito. Então não se preocupe, tudo bem? – ela piscou um olho e sorriu mais ainda.

 Eu sabia que não ia adiantar. Não sei por que tentei. Argh! Ela me da raiva. Caramba, só pensa que eu tenho que andar do jeito que ela imagina?! Ta legal era óbvia que pra umas festas dessas, eu tinha que ir de sandália, mas era só até lá, depois eu tirava o tênis. Que vontade de gritar “Hey! Mamãe, eu também quero comandar minha vida. Eu posso?” E no final ainda dava um sorriso estilo bilionário – aqueles que brilham de longe – e uma piscadinha. Mas não. Eu não podia fazer essa felicidade em mim mesma. Acho... Depende. Nem eu mesma sei mais.

 - É. Tudo bem. – assenti. – Ah... Você está muito bonita.

 Vi seu rosto perfeito e pálido ganhar um tom rosado nas maçãs do rosto, a deixando ainda mais bonita. Seus olhos azuis, quase violetas, tinham o contraste lindo com a maquiagem escura. Seu vestido preto e de seda se encaixava em seu corpo torneado. Renée pode ser mandona, mas eu não podia negar que minha mãe era linda

 - Humm. – ela riu. – Obrigada, Isabella.

 - De nada. – sorri.

 - Você também está linda. – ela olhou para o espelho. Eu sorri constrangida. – Bom, agora vai colocar sua sandália pra nós irmos.

 Assenti e me virei para a penteadeira. Até que eu tava legal, mas ainda preferia que aquela roupa fosse preta. Mas vamos deixar isso pra lá.

 Ela saiu do quarto e eu fui para o closet escolher a sandália.

 Podia não estar nem ai para moda, mas eu tinha que saber escolher sandálias, porque Renée só me dava à roupa. Essa não era a primeira vez que saímos pra essas coisas da revista “Womania”. Sempre tem essas festas com as mulheres mais ricas que dão entrevistas para a revistas. E eu sempre tinha que usar essas roupas, esse não era o meu primeiro chilique com as frescurinhas da Renée.

 Peguei a sandália preta com o salto mais alto que Renée comprou uns tempos atrás. Eu não a escolhi porque quis, mas por ser minha única opção. Não queria andar com sandália rosa nos pés. Coloquei-a e fiquei olhando-a no meu pé, prolongando o tempo que teria que ficar em pé.

 Era impressionante como eu tinha que de vez em quando ir a essas coisas e ainda não saber me equilibrar em uma sandália. Tudo bem que eu não tinha equilibro, mas eu poderia ter um pouquinho com essas armas por costume.

 - Bella? – Charlie me chamou do andar de baixo.

 Eu pensei em chamar ele, mas iria ser muito vergonhoso, e ele com certeza iriam tirar uma comigo. Então engolindo a bile do medo que tinha na garganta, eu suspirei profundamente e levantei. Fiquei parada com os braços abertos como o Cristo Redentor do Rio de Janeiro. Dei um passo pra frente e meu pé balançou um pouquinho, mas nada que me fizesse cair. Isso sim era um costume, o pé balançar quando piso. Dei outro passo e fui contando, pra vê quantos conseguia sem cair ou tropeçar. Eram poucos, mas eu estava conseguindo chegar à escada. Olhei para o andar de baixo vendo vovó, Charlie e Renée rindo de algo, que eu torcia para que não fosse de mim. 

 Dei o primeiro passo para o degrau da escada, e por um milagre ele foi certeiro, sem nenhum tropeço. Os outros degraus também foram com sucesso, até o ultimo. Onde eu pude jurar vê o chão beeeem pertinho do meu nariz. Pude jurar também sentir o chão no meu nariz. Mas isso foi tudo ilusão, a única coisa certa foi à risada de Charlie e as mãos dele me segurando.

 - Cadê seu equilíbrio, Bells? – ele perguntou divertido. – Acho que está na hora de ir junto com sua mãe nas seções de ioga.

 - Haha, engraçadinho. – revirei os olhos. – Obrigado, Charlie.

 - De nada, querida. – ele, ainda segurando minha mão, se afastou. – E você está linda.

 - Er... – olhei pros meus pés. – Obrigado. De novo. – senti minhas bochechas esquentarem muito e ele gargalhou. – Charlie! – o repreendi.

 - Ok, está sendo legal vê a Isabella toda vermelha, mas nós temos que ir. – Renée disse. – Então vamos.

 Vovó, que estava quieta em um canto, passou o braço pelo de Charlie e Renée foi do outro lado. Eu fui atrás, olhando para os meus pés com o cuidado de não colocar um na frente do outro. No carro até o tal prédio onde acontece a festa nós fomos em silêncio, tendo apenas de som uns dos CDS da Renée. Por incrível que parecia ela gostava de Cold Play. Quando chegamos Charlie estacionou o carro no estacionamento subterrâneo onde tinha muitos outros carros caros ali. Pegamos o elevador para o ultimo andar, onde ficava o salão para festas.

 Era impressionante como uma cidade pequena que é Forks ter um prédio assim. Sério, uma cidade minúscula não é o que se pode pensar ser desenvolvida, só que com um prédio desses aqui dava para pensar que a cidade estava crescendo. Aham, claro, claro. Mas Forks nunca irá crescer, afinal, é por isso que as pessoas vivem aqui, certo? Por ser uma cidade calma e sem essa coisa de urbanismo. Mas como Renée disse, a revista que ela trabalha prefere esse lugar calmo. Agora porque eu não sei. Vai entender a cabeça desse povo fora do normal.

 O salão de festas estava lotado daquelas mulheres com vestidos luxuosos e nem um pouco chamativos. Com seus maridos que ficam olhando as menininhas mais novas. Também aquelas músicas que te fazem querer dormir. Eu não sei por que ainda tinha com Renée. Ah é, eu era obrigada.

 Vovó Swan saiu andando por ali, e Renée rodou comigo e com Charlie por aquele salão inteiro, apresentando para quem não nos conhecia. E nisso eu conheci Esther sei-lá-das-quantas. A mulher parecia me olhar com... Adoração? Sério, fiquei com certo receio de chegar perto. Depois teria que perguntar pra Renée o que ela falou de mim pra mulher, por que... Sei lá. E as coisas começaram a piorar quando ela se sentou numa mesa comigo e começamos a conversar. Ali eu reencarnei a filha perfeita e coloquei pra fora tudo que Renée me fez aprender. E fomos conversando até ela me contar que não podia ter filhos. Além de mesmo com os tratamentos não está dando, ela não tem tempo, por também trabalhar muito no jornal. Então a mulher desembestou de vez e falou que se tivesse uma filha ou filha seria igual a mim.

 - Espera um momentinho aqui querida, que eu já volto. – ela falou olhando pra trás de mim.

 - Não. Tudo bem. Eu preciso ir ali falar com Renée.

 Ela me olhou de um jeito engraçado, balançou a cabeça e depois sorriu, indo para algum lugar. Acho que por eu ter chamando minha mãe de Renée. Dei de ombros e levantei, caminhando na direção onde julgava ser o banheiro. Precisava respirar fora de toda essa coisa educada e palavras perfeitas sem erros.

 Andava olhando para meus pés, para vê se não pisava em algum lugar errado e tropeçar pagando um mico na frente de todas essas pessoas. Continuei andando no rápido do meu modo de salto dividindo meu olhar entre minha frente e meus pés. Até bater em alguém. E se esse alguém não tivesse me segurado pelos braços, eu teria caído de bunda no chão.

 - Me desculpe. – pedi desajeitada enquanto levantava minha cabeça. – Eu tava distraída e na... – minha frase morreu ao ver quem tinha me segurado.

 Ok, eu tinha que aprender, urgentemente, a andar de salto alto para não precisar olhar pros pés. Agora o negocio de a frase morrer foi um deslize meu. Primeiro porque o garoto – Sim, garoto – que tinha me segurado ficava perfeito de terno. E segundo que esse garoto era nada mais nada menos que Edward Cullen. 

 - Deveria prestar mais atenção. – falou.

 - Nossa, educado como sempre. – ironizei, revirando os olhos.

 Puxei meu braço para ele me soltar e arrumei meu vestido. Vi que ele continuava ali olhei pra cima e o garoto me olhava com cara de espanto. Ergui uma sobrancelha pra ele e seus olhos se arregalaram mais ainda.

 - Isa... Bella?

 O que? Ele não ta me reconhecendo? Não acredito nisso! Vestido idiota!

 - Não. Britney Spears.

 - Aff, é você mesmo. – ele revirou os olhos. – E não tinha como você ser a Britney Spears. Ela é loira e você morena.

 - Sério? Não sabia disso. – olhei pros lados. – O que você ta fazendo aqui?

 - Infelizmente acompanhando meus pais. – encarei-o confusa. – Esme ganhou uma coluna na revista sobre decoração de casas.

 - Ah, sim.

 O silêncio ali foi constrangedor. Ta, eu estava mais constrangida pela forma que ele me viu, chorando. Eu coloquei minhas duas mãos atrás das costas e me balancei nos saltos. Edward me encarou e riu.

 - Você parece uma criança assim.

 - É o que? Ta me chamando de baixinha?! – encarei-o com raiva e ele deu de ombros. – Olha aqui, eu só não vou falar umas poucas e boas pra você porque infelizmente estou em um lugar que se eu falar palavras de baixo calão não irá deixar Renée feliz, então...

 - Mas deixaria você feliz, certo? – perguntou com curiosidade.

 - Isso... Isso não é do seu interesse. – bufei. – Agora se me der licença eu vou pra onde estava indo.

 A minha intenção era caminhar de cabeça erguida até onde ele não pudesse mais me ver, só que hoje o dia especial do salto alto misturado com o do azar não deixou isso acontecer. É, já deu pra imaginar que eu tropecei e que novamente o Cullen me segurou.

 - Não quer ajuda pra chegar lá? – perguntou divertido.

 Seria uma boa, do jeito que eu andava. Mas eu precisava ficar longe dele, ou então todo o meu pescoço e meu rosto ficariam roxos de vergonha.

 - Não! – falei.

 - Ok. – ele revirou os olhos. – Então... Boa sorte pra conseguir chegar até onde você estava indo.

 - Obrigado. – agradeci ironicamente.

 Dessa vez eu consegui andar sem tropeçar. Ok, só consegui até dez passos a frente, mas deixa isso quieto. Entrei no banheiro e suspirei ao encostar-se à pia. Olhei meu reflexo no espelho, vendo que a maquiagem continuava intacta, apesar de sorrir forçada varias vezes. Afastei-me um pouco pra me vê de corpo inteiro, vendo onde eu parecia uma criança. Não era na roupa, apesar da cor idiota, não era. Nem no rosto. Ok, talvez no rosto, porque a maquiagem era clara e as malditas bochechas estavam rosadas. Mas o que eu estava fazendo? Porque estava ligando para que o Edward falasse? Eu era idiota ou o que?

 Bufei revirando os olhos ao mesmo tempo. Saí do banheiro e dei de cara com uma garota de vestido verde musgo – da cor dos olhos – cabelos pretos repicados e um sorriso que dava medo.

 - Alice. – revirei os olhos mais uma vez.

 Daqui a pouco ele não vai voltar pro lugar.

 - Bella! – ela me abraçou. – Eu deveria imaginar que você estava aqui.

 - É, eu também.

 - Você sabia que Esme agora trabalha na revista? – perguntou confusa.

 - Não. Mas vi seu irmão.

 - É, ele me falou de você.

 - Imagino como. – engrossei a voz. – Alice, sabe aquela sua amiga branquela e magrela que eu amo irritar? Então, eu tropecei nela sem querer.

 - Ele não falou assim. – ela disse. – Ele falou: Alice – ela também engrossou a voz. – Sabe aquela sua amiga branquela e baixinha? Então, eu a vi e acho que é bom você ir ajudar ela. Ah, olhe pelo chão, talvez ela esteja caída, já que está de salto. – depois que Alice terminou, ela caiu na gargalhada.

 - Mas que garoto idiota! Eu deveria ter falado poucas e boas ao invés de deixá-lo lá.

 - Sabe Bella, acredita que eu procurei pelo chão?

 - Alice!

 - Brincadeira, boba. – ela deu um empurrão no meu ombro. – Você está bonita.

 - Er... Obrigada. – olhei pra meu vestido.

 - Quem escolheu? Renée?

 - Não. Foi à mulher do diretor da revista. Um presente.

 - Nossa! Legal ela.

 - Legal nada. A mulher só fez isso porque Renée me descreveu como a filha perfeita pra ela.

 - Como assim? – perguntou confusa.

 Uma mulher alta e de corpo... Bem vulgar passou por nós. Seu vestido vermelho sangue era bem marcante atrás. Ela nos olhou de cima a baixo, levantando o nariz depois. Ihhh, com certeza viu o marido olhando pra alguma menininha, mesmo que ela tenha tudo aquilo. Porque esses velhos são uns tarados. Eu e Alice nos entreolhamos e saímos dali, afinal, estávamos falando da mulher do diretor, então tinha que ser algo meio que discreto.

 - Aonde vamos? – perguntei.

 - Pra minha mesa. Onde estamos apenas o Emmett, o Edward, a Rosalie e o Jasper. Ah, e eu, claro.

 - Espera ai. Os Hale estão aqui?

 - Sim. A tia deles veio da revista de Seattle.

 - Ah, sim.

 Nós passamos por varias pessoas. Passei também Esther, que sorriu calorosamente para mim. Retribui de bom grado, porque eu tinha gostado dela, e sabia que se ela tivesse uma filha, ela seria perfeita e com toda certeza receberia muito amor. Eu não sei do pai, mas da mãe com certeza. Passei também por Renée, que viu que eu estava com Alice e assentiu, mostrando que ela sabia. Tanto faz.

 - Oi. – Allie disse quando parou em uma mesa onde estavam os outros Cullens e os Hale.

 Carlisle e Esme não estavam ali, apenas os jovens.

 - Eu nunca reconheceria a Bella se não fosse pelos tropeços. – Emmett brincou e os outros riram.

 - Eu quase não reconheci. – Edward disse. – Só depois da ironia e da sobrancelha.

 - Você está bem diferente, Bella. – Jasper falou. – Bem diferente.

 - Ah, qual é? – me sentei ao lado da Alice. – Eu sei que isso não é a minha cara, mas o que posso fazer se alguém quer me adotar?

 Eles riram. Não era mentira. Esther falou que se eu não tivesse mãe ela me adotaria.

 - Agora o que você quis dizer com essa história de filha perfeita? – Alice se virou para mim.

 - Nem queira saber. – revirei os olhos. – Oi Rosalie.

 - Oi Bella. – ela sorriu. – Belo vestido.

 - Obrigada. – sorri constrangida. Sabia que esse era o jeito dela de dizer que a pessoa está bonita. – Seu vestido também é legal. – pisquei um olho e sorri. Ela gargalhou.

 - Mas... A mulher se encantou com você? – Alice perguntou chamando minha atenção para ela.

 - É. – dei de ombros. – Esther não pode ter filhos, então, vamos dizer, que ela me viu sendo a filha dela.

 - Esther? – Alice ergueu uma sobrancelha.

 - É. Esther Guignard. Como eu disse, mulher do diretor da revista.

 - Esther Guignard?! – Rosalie arregalou os olhos.

 - Isso. – falei bem devagar. – Eu até fiquei conversando com ela durante umas... Uma ou duas horas.

 - Você conversou com Esther Guignard? – Alice pegou meu braço com força.

 - O que deu nas duas? – perguntei pros meninos, que deram de ombros sem entender também.

 - Como assim o que deu? – Rosalie me olhou perplexa. – Bella, Esther Guignard é umas das maiores estilistas de roupas de grife. Ela que promove os mais perfeitos desfiles que acontece.

 - É por isso que eu não sei. – murmurei.

 - Bella, garota, sobre o que vocês conversaram? – Alice praticamente quicava na cadeira de curiosidade.

 - Er... Sobre tudo.

 - Ela falou alguma coisa sobre a nova coleção? – Rosalie perguntou do mesmo jeito que a Alice.

 - Não.

 - O que?! – as duas quase gritaram. – Como assim ela não falou de suas novas criações?

 - Ué, não falando. Meninas, ela não tocou nisso porque eu não dei uma brecha, entendem? E acho que ela nem se lembrou de falar, já que só fazia perguntas relacionadas às outras coisas do que moda.

 - Meu deus. – Alice sussurrou. – Você senta pra conversar com uma estilista conhecida mundialmente e não falam nenhum pouquinho de roupa?

 - Bem... Nós falamos um pouco de roupa. – elas arregalaram os olhos e se aproximaram. – Ela perguntou se eu gostei do vestido e eu agradeci.

 Os meninos caíram na gargalhada me acompanhando e elas bufaram.

 - Cara, isso aqui está entediante. – Emmett falou bebendo alguma coisa.

 - Muito. – Jasper concordou. – Não tem nada pra fazer.

 - E ainda vai demorar pra acabar.

 - Nem me lembre. – Emmett bufou. – Não sei como Esme conseguiu nos convencer a vir.

 - Eu sei. – Edward e Alice riram. – “Se vocês não forem podem se preparar para ficarem sem carro.” – ele imitou a mãe com uma voz fina.

 - Ah é. Verdade.

 - Bom... – Edward levantou. – Eu vou buscar algo pra beber.

 Ele foi para onde tinha uma mesa com Buffet e bebidas. Nós continuamos conversando, até eles entrarem em um assunto que eu não tinha nada pra falar. Me encostei na cadeira, olhando ao redor, quando encontrei o olhar desesperado de Edward. Ele estava ainda perto da mesa, com um copo na mão, e conversando com a mulher siliconada que olhou estranho pra Alice e para mim. Ela falava e ele assentia, mas seus olhos estavam vindo toda hora na nossa mesa. Eu só entendi o que estava acontecendo quando a mulher deu um passo pra frente e estufou os peitos. E Edward deu um pra trás, sorrindo sem graça. Não pude evitar gargalhar, afinal, vê o garoto que eu adoro irritar se ferrar era bem prazeroso para meu sistema. Ele vendo que eu ria fez careta. Estranho ele não ter aproveitado para soltar cantadas. Ok, não era estranho, porque apesar da mulher ter corpo, ela era feia.

 - O que foi? – Alice perguntou curiosa.

 Eu ia contar, quando minha mente avisou que não. Que se eu contasse Alice iria lá ajudar o irmão e acabar com minha alegria. Então neguei com a cabeça e sorri, o melhor sorriso inocente. Ela deu de ombros e virou novamente para os outros, rindo de algo que o Emmett falou.

 Olhei novamente para o Edward e ele, vendo que eu o olhava, indicou alguma coisa com os olhos. Era para baixo, então eu olhei pra baixo. Pra mão dele, na verdade. Ele mexia os dedos como se me chamasse. Olhei pra cima com uma sobrancelha erguida e ele fez um ”por favor” quando a mulher virou para o lado.

 Ajudar ou não ajudar? Estava sendo frutífero vê ele se ferrando com a siliconada, mas ele tinha me ajudado bastante. Então, eu suspirei e levantei.

 - Espera ai pessoal, que eu já volto. – falei me levantando.

 - Vai aonde? – Alice perguntou.

 - Hum... – olhei pros lados. Renée não estava perto do Edward, então não podia falar que ia encontrar ela. – Vou... Salvar alguém de ser assediado por uma siliconada – falei e praticamente corri dali.

 Era engraçado como quando eu queria andar perfeitamente nos saltos eu não conseguia. Mas quando eu ia ajudar um idiota eu não dava nenhum tropeço. Sério, consegui chegar nele sem nenhuma cambaleada, era como se soubesse andar em cima de salto. Eu parei ao lado do Edward, ficando de frente pra siliconada. Ela me olhou de cima a baixo novamente e riu falsamente. Edward se aproximou mais de mim e PEGOU MINHA MÃO?!

 - Aqui Sra. Hannes, essa é Isabella Swan, minha namorada.

 Eu parei de respirar, sentindo que iria ter um troço bem ali e matar Edward Cullen. Virei meu rosto lentamente para o imbecil que falou merda, o vendo sorrir para mim, fingindo uma felicidade.

 - É um prazer conhecê-la, Isabella. – ela falou ainda com o sorriso falso. – Você tem sorte em ser namorada desse menino.

 A siliconada o olhou de cima a baixo e riu maliciosamente. Ih, ta tentando seduzir o Duduzinho? Cara, era melhor assistir isso de perto. Ou seria melhor, se eu não tivesse com raiva da mentira.

 - Mas... – Edward apertou minha mão com força quando fui falar. Olhei pra ele reprimindo uma careta e vi seu olhar suplicante. – É mesmo, Sra. Hannes, eu tenho muitasorte em namorar o Edward.

 A mulher começou a conversar com nós sobre coisas muito idiotas e fúteis, e agora éramos dois desesperados para sair dali. Eu olhava constantemente para os lados, e numa dessas olhadas vi que o pessoal nos encarava sem entender nada. Principalmente nossas mãos. Edward apertava minha mão direta em um pedido pra eu tirar ele dali. Olhei novamente para a mesa, e eles ainda continuavam nos olhando.

 - Edward, er... – olhei dele pra mulher, que me encarava com uma sobrancelha erguida. – Querido– soltei com o maior sarcasmo. – Nós podemos ir agora ali? É que mamãequeria falar com você.

 - Claro. – ele sorriu aliviado. – Bem, Sra. Hannes, eu preciso ir agora, sabe, falar com a sogra. Então... Nos vemos depois.

 - Tudo bem, querido. – ela sorriu amavelmente para ele, e para mim novamente falsamente. – Até depois, Isabella.

 - Até, Sra. Hannes. – falei na educação falsa.

 Puxei Edward com força, indicando pros outros o elevador. Eles levantaram e seguiram para lá. Olhei para trás e a siliconada nos seguia com os olhos, então não podia soltar a mão do imbecil que se ferra até indo beber alguma coisa. Quando entramos, todos juntos, e as portas fecharam, eu soltei a mão dele.

 - Seu idiota! – gritei. – Como você fala aquilo pra aquela tarada?! Caramba, não tinha uma mentira melhor?! Tinha que ser NAMORADA?!

 - Namorada?! – os outros perguntaram juntos.

 - Qual é, Bella! A mulher tava dando em cima de mim. Se falasse que era minha irmã iria piorar com aquela sem noção.

 - SEM NOÇÃO É VOCÊ! Namorada? – bufei, indo pro outro canto do elevador e me escorando na parede. – Nunca que eu seria namorada desse imbecil. – eu resmungava, ao tirar a sandália. – Se fosse esperto inventaria outra coisa.

 - Bella? – Alice se aproximou. – Porque você está tirando a sandália?

 - Porque ela está me matando! – olhei pras sandálias na minha mão e para o Edward. – Deveria acertar isso na sua cara por me fazer segurar a sua mão durante quase uma hora.

 - Então acertar outra em você por mim, já que também odiei segurar a sua.

 - Ihhh, vai começar. – Jasper falou.

 - Até hoje de madrugada eles estavam muito bem. - Alice falou com uma cara de desafio e Edward e eu a fulminamos com o os olhos, enquanto os outros nos encaravam confusos.

 - Mas foi você quem inventou aquela merda! - me virei para o Edward. - Eu deveria era acertar as duas de uma vez! Você viu o olhar que ela me lançou? – virei pra Alice. – Como se ela fosse algo bem melhor! Duvido que ali não tenha varias cirurgias plásticas e litros de silicone. Talvez o nome dela esteja no Guines Book por maior número de cirurgias plásticas que NÃO DEU CERTO!

 - Mentira. – Emmett sorriu malicioso. – A mulher ficou com um corpo... AI! – ele alisou o lugar que Rosalie bateu.

 - Cala essa boca agora ou então fica sem os dentes. – ela falou ameaçadoramente para ele.

 - Aquilo tudo era puro silicone! – voltei a falar. – E ela é uma tarada cara de pau, como ousa dar em cima do Edward na minha frente?! Como ela ou... – parei bruscamente ao ver o que tinha dito. Todos me encaravam confuso. – O QUE FOI? EU NÃO QUERIA SER TACHADA COMO CORNA, OK? – bufei. – Já pensou alguma fofoqueira chega à Renée e fala “Oi querida. Sabe o que eu acabei de vê? A Sr. Silicone dando em cima do namorado da sua filha. Vê se pode?” O que Renée vai pensar? O que ela vai falar? – arregalei os olhos. – OH MEU DEUS, E SE ALGUÉM CHEGAR NELA E FALAR QUE EU TENHO NAMORADO SENDO QUE eu-não-tenho UM NAMORADO?! – botei as mãos na cabeça e me virei para o Edward. – Isso é culpa sua! Se ela souber vai me infernizar pelo resto da minha vida medíocre e sem nada de interessante. EU TE ODEIO, Cullen!

 - BELLA! – Alice me pegou pelos braços. – Você ta ficando louca?! – ela me balançou com força. – Porque isso? POR QUÊ? – e mais sacudidas.

 Eu a empurrei educadamente, vendo que já tinha voltado a mim.

 - Desculpe. – pedi. – Foi mais um ataque.

 - Renée vai te deixar louca. – Rosalie falou com a voz preocupada.

 - Nem me fale isso. Ela já me fez ouvir até rato falar.

 - É o que? – Emmett apareceu na minha frente. – Quando isso aconteceu?

 - Ah, foi quando eu... – eu não pude terminar minha frase porque Edward tampou minha boca. Por quê? Porque nenhum deles sabia da nossa vingança com o professor de biologia. Eu tirei a mão dele dali, batendo nela. – Foi quando eu passei em frente a um Pet Shop.

 - Ah. – ele olhou desconfiado de mim para Edward. – Você deveria tomar remédio.

 - Está me chamando de louca? – perguntei olhando ele de lado.

 Ele arregalou os olhos quando viu o que tinha falado.

 - O que? Eu te chamando de louca? Nãoooo. Bellinha, que isso? – ele passou um braço pelo meu ombro. – Você não é louca.

 - Humpf. – bufei. – Porque esse elevador não chega? Alias, pra onde ele vai?

 Todos olharam para cima, onde mostrava qual andar estávamos. E adivinha qual era? O MESMO! O que significa que nós nem saímos do lugar. Por quê? Porque algum burro tinha apertado o botão de emergência e parou o maldito cubículo do elevador.

 - Quem foi? – Edward perguntou.

 - Emmett. – Jasper respondeu revirando os olhos. – Pra onde nós vamos?

 Eu tomei a frente e apertei o botão do quinto andar, onde Renée trabalhava.

 - Vamos ficar longe desses velhos pervertidos e dessas velhas sem noção. – respondi. – Ah, e da siliconada tarada por meninos mais novos. – olhei pro Edward, que bufou e os outros riram.

 Como acontecia uma festa no salão do ultimo andar, não tinha ninguém naquele andar. O lugar com mesas separadas lotadas de papeis, canetas, um computador estavam numa tremenda desordem. Eu caminhei por ali indo direto para a mesa de Renée, que era uma das poucas mesas organizadas. Claro, ela tem esse TOC. Ao passar pelas mesas perto dali fui acendendo os abajures que as pessoas colocavam para quando ficassem trabalhando até tarde.  Sentei em sua cadeira giratória, colocando os pés, ainda descalços, em cima da mesa e segurando o vestido pra não descer.

 - Isso sim é bom. – falei mexendo os dedos. – Nada dessas coisas torturantes.

 - Você é uma exagerada. – Alice falou sentando-se na mesa e de frente para mim. – Isso não é torturante. – ela levantou os pés para mostrar suas armas de tortura para os pés.

 - Não é pra você. – falei. – Sempre fujo pra cá quando Renée acha que eu estou conversando com uma daquelas mulheres.

 - Boa escapatória. – Jasper puxou uma cadeira e sentou de frente pra ela.

 - Você não tem medo de ficar aqui sozinha? – Alice olhou para os lados.

 - Não. – dei de ombros. – Porque teria?

 - Sei lá... É muito quieto. – ela sussurrou com os olhos arregalados.

 - É por isso que venho pra cá. Cadê o resto do pessoal?

 - Aqui! – Emmett gritou de algum lugar da enorme sala. – Eu e Rosalie estamos colocando em pratica uma das nossas fantasias sexuais.

 - Emmett! – Rosalie o repreendeu, soltando um risinho logo em seguida.

 - Só tentem não fazer muito barulho, sabe. – gritei também. – Não estou a fim de ouvir o que vocês falam no ato.

 - Vamos tentar. – Emmett gargalhou.

 - Cadê o imbecil do seu irmão? – perguntei pra Alice.

 Yeah, depois de Edward ter me colocado naquela, e ainda me botar em risco de isso chegar aos ouvidos de Renée, ele merecia pelo menos um xingamentos. Depois eu voltava a tratá-lo muito bem.

 - Hm. – Edward apareceu atrás de mim, comendo um biscoito e com outros na mão. – Sabia que isso aqui é muito bom? – mostrou o biscoito branco.

 - É? – eu peguei um da mão dele e mordi. – Caramba, é mesmo.

 - São caseiros, com certeza. – ele mordeu mais um pedaço. – E dos melhores.

 - Da mais um ai, Cullen. – me estiquei pra pegar, mas ele desviou. – Hey! Regular comida é pecado!

 - É mais pecado ainda tomar de quem está com fome. – ele disse e riu sozinho.

 - Tem mais? – perguntei.

 - Oh. É claro que tem. – ele revirou os olhos.

 - Então é meu. – eu pulei da cadeira e corri na direção da salinha do café.

 - Hey! Eu também quero!

 Olhei pra trás e Cullen me seguia, correndo também.

 - Vocês parecem dois esfomeados! – Alice gritou.

 - Estão parecendo até o Emmett e Rosalie. – Jasper riu.

 - Só que nós somos por outras coisas. – Emmett disse.

 - Calem a boca! – Edward e eu falamos juntos e rimos.

 Cheguei na salinha ofegante. Olhei pro lugar, que estava escuro. Eu estava parada em frente à porta, e nisso, o Edward, que vinha correndo, trombou em mim, me empurrando com força pra dentro.

 - Caramba! – reclamei. – Como você achou os biscoitos?

 - Fácil. – ele disse de algum lugar. – Abri a porta da geladeira.

 - E onde está a geladeira?

 - Sei lá.

 Revirei os olhos para a tamanha idiotice do... Edward. Caminhei pela escuridão, tateando pra vê se achava a maldita geladeira. Até pensei em gritar a Alice e pedir que trouxesse algum abajur, mas isso ia ser vergonhoso demais. Por quê? Porque eu estava com o Edward, e ele iria me atormentar por não consegui achar uma geladeira, uma coisa tão grande. Continuei a tatear, até achar alguma coisa alta. Espalmei as duas mãos, vendo que a coisa parecia ser igual a uma geladeira, era dura. A única diferença era que essa coisa subia e descia.

 - Er... Bella? – Edward chamou meio receoso.

 - Merda! – esbravejei tirando minha mão do Edward. – Olha, foi sem querer, ok?

 - Uhum.

 - Espero que isso não seja um “Uhum” falso.

 Edward não falou nada, o que foi um grande alívio para mim. Eu já estava morta de vergonha, e se ele visse com alguma gracinha eu era capaz de matá-lo ali, afinal, não tinha ninguém pra vê e contar que fui eu quem o matei. Essa era uma idéia tentadora. Tudo bem que eu não peguei em nada constrangedor demais como tipo as... Er... Partes íntimas. Foi só o peito bem malhado. Só que... Ah, sei lá.

 Continuei minha busca pela geladeira, até de repente uma luz clara acender e eu vê Edward enfiando a cabeça na maldita geladeira! E droga! Eu não estava nem quente. Estava era já no frio do Alasca, a geladeira estava do outro lado.

 - Hey, Bella, o que você quer? – ele tirou a cabeça de dentro da geladeira. – Isso aqui tem tudo.

 - Tem Coca-Cola? – perguntei indo me sentar no balcão mal iluminado pela luz da geladeira.

 - Quando eu disse que aqui tinha de tudo eu incluía refrigerante. – falou normalmente.

 - Aff, garoto. – resmunguei. – Nós estamos numa revista, onde mulheres querem ser magras, ok? Então não me culpe se eu pensei assim.

 - Tanto faz. – ele pegou duas latas de Coca-Cola e veio até mim, me entregando uma.

 - Cadê os biscoitos deliciosos? – perguntei.

 - Do seu lado. – ele levantou uma bandeja cheia dos biscoitos.

 Nós comemos aquilo no total silêncio. Edward estava encostado no balcão ao meu lado, perdido em pensamentos. Eu não tinha nada pra fazer além de comer aqueles biscoitos maravilhosos. Então, como sou uma garota que não tem nada pra pensar ou fazer, cutuquei Edward com a perna.

 - O que? – ele virou para mim.

 - Nada. – dei de ombros. – É só que isso aqui está muito silencioso.

 - Verdade. – ele olhou para a porta. – O que será que Alice e Jasper estão fazendo? – ele semicerrou os olhos e depois os arregalou. – Mas aquele filho da pu...

 - Hey. Hey. Hey. – o parei com o pé, já que ele ia sair. – Os dois não estão fazendo nada, ok?

 - Como você sabe?

 - Alice não sente nada pelo seu amigo, entendeu? – Ou pelo menos acho que não, acrescentei mentalmente, lembrando das vezes em que ela falava com ele e ficava toda vermelha. – E ele também não.

 - Jasper não precisa sentir. – falou debochado.

 Hm... Pelo menos conhece o amigo, afinal, são iguais. Não. O Jasper é menos irritante, é mais legal e educado.

- Alice não o deixaria fazer nada. – eu disse. – Agora relaxa ai e come esses biscoitos maravilhosos antes que eu acabe com eles.

 Edward voltou pro lugar, resmungando alguma coisa sobre lei de que amigos não podem ficar com a irmã do amigo ou algo assim. Ele comia um biscoito enquanto reclamava.

 - Queria saber quem fez esses biscoitos. – ele murmurou olhando pro biscoito.

 - Uhum. – concordei. – Mas eu sei quem faz um bem melhor que esse.

 - Sério? Quem?

 Minha mente foi pra Mary, que era a melhor cozinheira do mundo. Além de ela ser como uma mãe pra mim era a pessoa que tentava a todo custo me engordar com suas delicias culinárias. Os doces eram os melhores.

 - Minha mãe... – ele me encarou com uma sobrancelha erguida e foi só então que me toquei no que tinha falado. – Quero dizer, a Mary, minha empregada.

 - Espera ai. – ele ficou de frente para mim. – Pelo que entendi você chama sua mãepelo nome e a empregada de mãe?

 - Bem... Er... Eu não chamo a Mary de mãe, é só algumas vezes que escapa. É como aquelas manias desde criança que gruda na sua cabeça e não saí. Chamar Mary de mãe é uma delas.

 - Hm... – ele me olhou pelo canto do olho. – Dá pra vê o quanto ama a sua mãe.

 - Pois é. – balancei a cabeça. – Mas qual das duas? – brinquei e ele riu.

 - Então, isso significa que você gosta de Renée?

 - Mas é claro. - revirei os olhos. - Não importa o que ela faça. Agora... - olhei para meus pés descalços balançando. - Quando vamos começar com as aulas de cálculo? - ergui uma sobrancelha.

 - Quando você quiser. - deu de ombros. - Mas claro, o mais rápido possível.

 - Hum... - balancei a cabeça. - Ok. Er... Em que mês estamos?

 - Final de dezembro.

 - Ótimo. E as provas serão em...?

 - Janeiro, para o final.

 - Então tenho um mês para te ensinar tudo que você deveria ter aprendido em... Seis meses.

 - Desde o começo.

 - Meu deus, garoto, como você é horrível. - arregalei os olhos.

 - Hey! - ele me empurrou, rindo. - Números não é muito minhas especialidades.

 - Ah, claro, claro. Também não é a minha. Bem, Edward - mordi o lábio, prendendo uma risada. - Finalmente poderei usar o que Renée me ensinou.

 Ele arregalou os olhos.

 - O que?! Que você quer dizer com isto?

 - Calma, não vou bater em sua mão com uma régua de ferro ou puxar sua orelha. Apesar de merecer... Vou fazer como ela. Eu aprendi calculo em um dia.

 - Estou ficando com medo da sua cara.- ele fez uma careta.

 - Não se preocupe, Edward. - sorri. - Você vai aprender cálculo mais rápido do que imagina.

 - Ok, eu estou mesmo ficando com medo.

 Eu ri e ele me acompanhou. Babemos nossa coca-cola, selando nosso trato. Eu ensinaria cálculo para o Cullen em um mês.

(...)


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Notas finais do capítulo

Oi Gatinha. Bem, aqui estou eu, postando essa hora porque não queria demorar tanto. Essa próxima semana para mim vai ser corrida, então quando terminei o capítulo - a única hora que tive para terminar - eu vim aqui postar.
Desculpa ainda não ter respondido os reviews, é que estou tendo um tempo muito corrido e ainda não tive tempo. Mas prometo responder todos logo que puder.
Agora... Vamos fofocar. E o que acharam da conversa da vovó Swan com Renée? Acham que ela vai mudar? Sentiram uma pequena mudança no jeito dela? E a festa? Hum... Edward inventando que Bella é namorada dele... KKKK
As coisas entre os dois vão começar a... Se ligarem com essas aulas. KKK Não to me aguentando aqui, já tenho tudo planejado na cabeça. Daqui a pouco acontece o que todos esperam. No próximo capitulo vamos voltar um pouco atrás, e acabar com umas vinganças acumuladas, KKKK Vocês já devem ter sacado.
Yeah, estou empolgada hoje e soltei várias coisas. Melhor parar por aqui.
É isso, gatinhas. Comentem muito e recomendem também ;)
Beijos.