Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 22
Aceite que eu mudei




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21. Aceite que eu mudei

- Você tem certeza que não quer ficar, Bells? - Alice perguntou, alisando meus cabelos.

Ela estava encostada na cabeceira da cama e eu estava com minha cabeça em seu colo, com ela fazendo um carinho, enquanto conversávamos sobre Renée. Eu havia lhe contado o que aconteceu desde quando apareci na cozinha até quando ela cortou minhas roupas. Claro que eu sentia uma raiva enorme quando lembrava. Afinal, quem no sentiria quando sua mãecorta suas roupas novas? Não faço o estilo patricinha, mas eram roupas legais. Tinha até uma camiseta do The Ramones!

- Tenho. - sussurrei. - Daqui a pouco Charlie vai ligar para cá, porque eu esqueci meu celular. Já era para ele ter ligado, mas deve estar conversando com Renée...

- Eu ainda não acredito. - ela bufou. - Não esperava que sua mãe fosse tão longe.

- Nem eu mesma. - suspirei. - Achei que ela iria brigar, me dar sermões, e me dar mais vinte livros para ler em dois meses. Só que não exagerar como ela exagerou.

- Bella... Ah não, esquece.

- Fala. - mandei.

- É que... Eu nunca entendi o porquê de Renée ser assim com você. Digo, é normal existirem pais controladores e essas coisas, mas como ela... Sei lá, ela parece mais que obcecada com isso, entende?

 - É verdade, All... - olhei para a parede. - Não tinha realmente pensado assim. Para mim Renée foi sempre louca, só que agora eu realmente vejo que ela não é exatamente louca...

 - Você nunca perguntou para seu pai ou para ela mesma como foi a adolescência deles?

 - Não. - dei de ombros. - Nunca me importei com a adolescência deles. Eu só me importo com a minha, que está sendo arruinada.

 - Não fale assim. - ela me deu um tapa na cabeça e voltou a fazer um carinho. - Você ainda tem a mim para animá-la.

 - Claro, claro. - revirei os olhos. - Só que parece que não vou poder andar como... Você. Digo, bem arrumada.

 - Mas é claro que vai.

 - Como? - me sentei, encarando-a. - Caso você não lembre, Renée cortoutodasas roupas.

 - É. Só que você se esqueceu que eutenho roupas? - foi até seu closet. - Usamos o mesmo tamanho, Bella. A única diferença é que eu tenho bunda - ela bateu na própria bunda, com um estalinho. Eu neguei com a cabeça, rindo.

- Isso mesmo, joga na cara que sou uma magrela...

- E sou mais baixa. - me ignorou, entrando no closet. - Mas isso podemos resolver rapidinho...

 - Claro. E você contou com o meu estilo para o seu estilo? Sobre a calça nós já resolvemos, mas e as blusas? Com licença, Alice, eu não gosto de rosa. - fiz careta.

 - Ihhh, é verdade. - ela saiu do closet trazendo uma calça jeans escura na mão. - E as minhas blusas são rosa ou cheias de lacinhos.

 - Ugh! - tremi. - Me sinto enjoada só me imaginando usando isso.

 - Ah, Bella, para.

 - Não dá. Realmente, não dá. - fui até ela. - Eu até tenho uma camiseta, mas não posso tirá-la de onde está até ter a certeza que Renée não vai surtar novamente. Ela é muito preciosa para mim.

 - Ok. - Alice murmurou e suspirou, parecendo pensar em algo. - Você se incomoda de ir com uma camiseta grande?

 - Não, mas... Por quê?

 - Eu já sei. - ela saltitou até a porta, levando a calça consigo. - Já volto, Bella. - falou, fechando a porta atrás de si.

 Eu caminhei até a cama, me sentando na beirada.

 Não tinha mais nenhuma vontade de chorar ou bater em algo. Conversar com Alice foi bom para mim, porque assim eu não fiquei toda desolada e nem andando na chuva parecendo uma moradora de rua. Claro que ainda me sentia mal com Renée, por ela ter agido daquela forma tão descontrolada e ainda ter me xingado de vadia, como se aquilo não fosse realmente me ferir. Ela deveria estar mesmo fora de si, para não pensar nas próprias palavras. Sendo ela, Renée Swan, sempre tão controlada e cheia de perfeições como era não era para ter agido daquela forma. Agora eu via que não conhecia minha mãe. Ou não conhecia um lado dela, que não era a certinha e perfeita.

 Eu ainda podia me ouvir falando que a odiava, mesmo não sendo verdade. Foi apenas no calor do momento, vendo-a cortar o que me faria feliz. Ela parecia não querer me ver feliz, e isso me doía. Com Charlie ela era tão... Diferente. Se eu não estava perto - já tinha visto muita das vezes - ela era carinhosa, cheia de amor. Como uma vez falei para Ylsa, o olhar que ela mandava para Charlie era como sempre foi, em fotos, desde quando eu era pequena. Aquele olhar que você imagina ver nos filme, amoroso, decidido de que aquela pessoa vai estar com você para sempre. O olhar que te faz dizer "Sim" na hora do casamento. Ele a olhava do mesmo jeito. Só que para mim... Renée era diferente comigo. E eu nunca, nunca mesmo, tinha perguntado por quê. E acho que estava na hora, pois essa briga tinha desencadeado muitas questões em mim. Afinal, ela não podia ser controladora do jeito que era apenas por causa de mania de perfeição, certo?

 - Toc Toc. - Edward colocou a cabeça para dentro do quarto, com um sorriso no rosto. - Tem alguém?

 - Oi? - me virei para ele, confusa.

 - Eu bati na porta, mas você não respondeu. - falou, ao mesmo tempo em que se aproximava da cama e se sentava do meu lado. Não pude deixar de perceber que ele trazia roupas na mão. - Estava pensativa.

 - Ah. - fiz, olhando para minhas mãos no colo.

 - Você está bem?

 - Estou. - assenti rápido. - Você veio falar com Alice? Ela saiu e... Eu não sei para onde?

 - Ela foi lá ao meu quarto falar comigo. E eu não vim atrás dela.

 - De mim? - minha voz saiu fina. - Olha, se for para falar do meu estado que eu apareci, bem... Eu sei que estava parecendo uma louca, mas... É que eu tinha que falar com Alice, e... - olhei para ele, que parecia querer rir. - Você não está nem ai para isso, certo?

 - Não. - falou lentamente e eu balancei a cabeça. - Não estou porque sei que você não vai falar nada, então... - deu de ombros. - Eu vim aqui para te dar uma coisa.

 - O que? Alice quem mandou?

 - Foi. - ele pegou as blusas que tinha deixado na cama e me estendeu. - Ela me pediu uma camiseta falando que era para você. Uma com nome de banda. - franziu as sobrancelhas. Eu peguei as camisetas, abrindo a primeira, vendo que era do Guns. A mesma que eu tinha lhe mostrado na loja. Só que tinha uma diferença... Era... Feminina. - Eu queria te irritar, então comprei. - deu de ombros. - Sabia que se eu lhe desse, você não iria...

 - E não vou.

 - ... aceitar, então por isso comprei. Sabe, você as vezesé legal, mas outras não, então eu ainda não estou muito afim de se tornar seu amigo. Gosto de te irritar, e comprei essas camisetas com esse intuito.

 - Você é um idiota. - falei, balançando a cabeça, ao mesmo tempo em que sorria. - Acha que eu devo fazer o que você queria, ou aceitar logo?

 - Você quem sabe. - deu de ombros. - Por mim, o que te deixar melhor do que você estava quando chegou, está bem.

 Eu arregalei os olhos e Edward riu então me lembrei do que ele disse mais cedo sobre gostar deu eu arregalar os olhos, então abaixei minha cabeça, sem saber o que falar. Porque, afinal, não era todo dia que o garoto que parece não gostar muito de você lhe dar camisetas com nomes de banda e ainda se preocupa que você vai ficar bem. Bom... Tecnicamente ele não está se preocupando, mas... Ah, tanto faz! Eu estava sem saber o que falar para aquilo. Só tinha uma coisa que eu podia falar para quebrar o silêncio...

 - Se essa outra camiseta for do AC/DC eu não reclamo. - falei e ele riu.

 - Então pode me agradecer ao invés de recusar.

 Eu abri a outra camiseta e vi que era a do AC/DC que ele tinha me mostrado. Bati meu ombro no dele, murmurando um "obrigado". Aquelas duas camisetas eram as que ele tinha me perguntado na loja, então ele deve ter ido falar com a atendente para ver se tinha feminina. Aquilo me deixou um pouco feliz por dentro, e melhorou meu humor.

 Alice entrou no quarto minutos depois, falando que Charlie tinha ligado e falado com Esme. Os dois conversaram um pouco e ele falou que se eu quisesse, podia ficar na Alice por hoje, e que amanhã nós dois conversávamos. Só tinha um problema naquilo tudo, era que se eu fosse ficar, iria precisar dar uma passadinha em casa, pois eu tinha que tomar um banho e pegar meu material. Então, Carlisle liberou o carro da Alice apenas aquela vez só porque era para mim, ou então nada de carro por uma semana.

 - Eu disse que hoje você ficaria em casa. - Alice falava, enquanto procurava uma música na rádio.

 - Não, você não disse. - murmurei, olhando pela janela.

 - Tanto faz. Até que enfim... - murmurou consigo mesma, quando conseguiu achar uma rádio boa para ela. - O importante - voltou a falar comigo. - é que você vai dormir comigo na minha casa. - cantarolou.

 - Alice, só vamos dormir, por favor.

 - Não acaba com a minha graça. - murmurou, chateada. - Nós não vamos apenas dormir. Eu tenho algo em mente...

 - Como assim? - me virei abruptamente para ela. - O que você tem em mente?

 - Ah, Bella. Não é nada de muito importante, ok? Quando voltarmos para casa, eu lhe explico o que quero de você, meu amorzinho. - piscou um olho para mim.

 Eu virei de volta para a janela, pensando em mil coisas que Alice poderia querer de mim. E acredite, nenhuma dessas mil coisas eram boas. Porque, eu estava falando de Alice com cara de quem vai aprontar, não da Alice séria.

 - Você está bem, querida? - Charlie perguntou, me entregando minha mochila, meu celular e uma sacola das que eu tinha trazido as roupas do shopping.

 Estávamos na cozinha, com Alice e Mary. Elas duas estavam sentadas no balcão, conversando animadamente, enquanto tomavam um chocolate quente que Mary tinha feito quando soube que eu viria. Ela estava me tratando como se eu tivesse fugido de casa e nunca mais fosse voltar. Mas eu entendia essa preocupação dela, pois era ela quem praticamente cuidava de mim. Charlie e eu estávamos sentados a mesa, tomando o nosso chocolate quente. Renée devia estar ou no escritório, ou no quarto. Charlie me contou que falou para ela que eu ia vim pegar umas roupas, mas ela não respondeu nada.

 - Estou. - dei de ombros. - Não acho nem preciso ficar na Alice, mas ela fez questão, então...

 - Fiz mesmo. - Alice falou, fazendo um sinal de "O.K" para Charlie, que riu.

 - Claro. - ele voltou a atenção para mim. - Sobre o que aconteceu...

 - Charlie, podemos falar disso depois? É que hoje ainda é muito... Recente. - fiz uma careta e ele assentiu. - Mas e ela? Não falou realmente nada?

 - Renée está... Triste. Na verdade, arrasada seria a palavra certa. Depois que você saiu, ela percebeu o que tinha... Feito, e quis ir atrás de você, mas eu não deixei porque ela não estava na condição. E eu sabia que você saberia se acalmar e pensar. - eu balancei a cabeça. - Bella, eu já te considero uma mulher adulta. Porque, você foi criada assim, sabe se cuidar.

 - Sim, Charlie. Eu sei. Bem... - tomei o resto do chocolate que tinha no copo. - Alice, eu acho que precisamos ir.

 - Yeah. - ela pulou do banco e deu um abraço em Mary. - Estou lá fora. - falou para mim, saindo.

 Eu dei um abraço em Mary, e Charlie me deu um beijo na testa, falando que era para eu ficar bem e me desejou "Boa Noite". É o que eu realmente quero, pensei no momento, lembrando que Alice tinha algo em mente que com certeza não era nada bom.

 Quando chegamos à casa dos Cullens, eu tomei um banho e vesti uma calça de moletom e uma blusa de mangas longas, que Charlie colocou na bolsa. Ela tinha o desenho de um ursinho, algo realmente infantil. Depois foi Alice quem tomou banho, e então nós descemos para a sala, que estava escura. Lá, Alice colocou um filme e fez pipoca. Sentamos no sofá, jogamos um cobertor por cima e fomos assistir.

 - Que filme é? - Edward apareceu do nada, nos assustando.

 - A Sétima Alma.- Alice murmurou, sem tirar os olhos da TV. - É de suspense.

 - Legal.

 Ele se jogou do meu lado, entrando debaixo do cobertor - ficando beeeem perto - e pegando a tigela de pipoca do meu colo. Eu não reclamei, porque estava concentrada em não sentir o calor que ele emanava e também a estranha corrente elétrica que passava pelo meu lado esquerdo. Eu me sentia tensa, e parecia que tinha paralisado totalmente.

 - O que está acontecendo? - ele perguntou em um sussurro para mim.

 Boa pergunta! Eu também queria saber o que estava acontecendo comigo, mas nem eu mesma sabia. Eram reações estranhas que estavam me deixando nervosa a ponto de fazer minhas mãos suarem.

 - Hã? - fiz debilmente.

 - Shiii. - Alice fez totalmente concentrada no filme. - O que aconteceu com ele?! - arregalou os olhos quando o garoto pareceu encorporar outra pessoa.

 - O que está acontecendo no filme? - Edward refez a pergunta, de outra forma.

 - Ah. - balancei a cabeça. - Bem... O garoto é esquisito, e numa apresentação ele ficou... Assim.

 Edward riu da minha explicação, e eu o acompanhei, fazendo Alice novamente nos mandar calar a boca. Claro que ele não tinha entendido. Nem eu mesma entendi.

 - Que horas são? - perguntei para ele, minutos depois.

 - Hum... - Edward pegou o celular, apertando um botão. A foto de papel de parede era dele e de... Tânia? - É quase meia-noite.

 - Ah.

 Edward bocejou do meu lado, e voltou a atenção para o filme. Eu tentei fazer o mesmo, só que não consegui, porque na minha mente, uma pergunta martelava: "Se Edward e Tânia não eram namorados, porque tinha uma foto dos dois juntos ali?". Eu fiz de tudo para deixar para lá, pois esse assunto não tinha nada haver comigo.

 O filme estava quase acabando quando ouvi o ressonar lento do Edward. Olhei para ele e este estava dormindo calmamente ao meu lado, com sua cabeça quase se encostando ao meu ombro. Alice se mexeu do meu lado, saindo de debaixo das cobertas e vindo até Edward, olhando atentamente para ele.

 - Vamos logo. - sussurrou e subiu as escadas correndo, mas sem fazer barulho.

 - O que?! - encarei a escada sem entender nada, só que sai dali e segui-a. - Alice, o que você está aprontando? - me aproximei dela, que estava de frente a porta do quarto do Edward.

 - Preciso que você faça uma coisa para mim, Bella. - sussurrou.

 - Fazer o que? - perguntei já desconfiada.

 Ela me contou o que queria que eu fizesse lá dentro, e eu a cada palavra balançava a cabeça, negando.

 - Vai lá, Bella. – Alice me empurrou pra a porta do quarto do Edward. – Essa é a ultima.

 - Alice, ouvi isso quando você... Também disse que era a ultima! - aumentei meu tom de voz.

 - Shiiii. – ela tampou minha boca. – Aproveita que ele está dormindo.

 - Mas e se ele acordar? Alice, eu não quero mais me meter em encrencas com seu irmão.

 - E não vai. – ela olhou para os lados. – Olha, deixa seu celular no vibracall, que eu vou ficar ali no topo da escada, de olho. Quando perceber que ele está quase para acordar, te ligo.

 Era sempre assim! Alice toda vez que queria se vingar dos irmãos, me usava para se vingar. Lembro que minhas brigas com Edward começaram por causa disso, quando ele me pegou em seu banheiro. Eu não queria me dar mal com o Cullen novamente.

 - Alice...

 - Vai Bellinha. É por ele ter me feito passar uma vergonha. – ela fez biquinho. – Você pode me ajudar.

 - Ok... – suspirei, desistindo. – É só pra colocar o pó de mico em todas as roupas?

 - Isso! – ela começou a saltitar. – Toma. – me entregou cinco pacotinhos. – Vai lá e faz seu trabalho. – me empurrou e me deu um tapa na bunda.

 - Hey! – reclamei.

 - Vai logo. – sussurrou.

 Entrei no quarto, que estava todo escuro. A luz do lado de fora iluminava apenas a cama, que estava impecavelmente arrumada. Segui para onde imaginava ser o closet, procurando a porta maior. Quando achei, entrei nela e fechei a porta. Acendi a luz, vendo varias roupas do Cullen Menor ali. Abri um pacotinho e joguei nas que estavam na minha frente. Abri outro e joguei na outra parte. Estava no ultimo pacotinho e só faltava apenas as roupas intimas. Olhei seriamente para a gaveta, pensando muito bem para abrir aquela gaveta. Eu podia deixá-lo apenas com aquelas roupas, não? Seria menos... Cruel. Mas porque eu seria menos cruel com ele? Porque eu não queria abrir aquela gaveta! E também porque ele estava sendo legal, e claro, porque como o Cullen disse, eu adorava irritar ele.

 - Não Emmett! Eu não quero!

 - Ah não! – sussurrei desesperada, reconhecendo a voz. – Aquela pilantrinha de uma figa.

 Não acredito que Alice não ligou avisando! Eu não acredito nisso. E agora, como eu sairia daqui sem o Edward me vê? Deus, o que o garoto iria pensar se me pegasse aqui? No meio das roupas dele? Agora sim ele poderia falar que eu queria uma roupa dele, pois eu estava dentro do closet dele! Antes não, mas agora sim. Eu apaguei a luz, para não chamar a atenção.

 - Mas Edward, eu preciso assistir, e Esme tirou a minha televisão.

 - Se vira, cara. Eu não quero nem saber. Assiste na sala como eu estava fazendo com as meninas.

 - Ela não deixa. Aqui eu posso assistir escondido.

 Oh meu deus! Porque essas coisas só acontecem comigo? Por quê? Eu precisava sair daqui e urgentemente. Mas como? Se ele e o anta do Emmett estavam no quarto?

 - Ok, Emmett. – Edward suspirou em desistência.

 - Ótimo. Eu vou tomar um banho e mais tarde, quando todo mundo tiver dormindo, eu venho.

 - Tanto faz.

 Ouvi a porta sendo fechada. Me aproximei da porta do closet e pela brechinha vi Edward deitado na cama, com os braços atrás da cabeça. Ótimo! Ele bem que poderia ter saído junto com Emmett. E cadê a Alice?! Peguei meu celular, pronta para ligar para a baixinha, mas parei ao vê que tinha cinco ligações perdidas. Merda! Estava no modo silencioso. Mas que droga! Que vontade de me socar. Tinha também duas mensagens. Eu abri à primeira.

De: Alice

“Bella, criatura, Edward acordou. Sai logo daí!”

 Bom, ali estava o primeiro aviso. Abri a outra mensagem.

De: Alice

“Droga, cadê você?! Sai rápido, garota.”

 Fechei o celular e coloquei no bolso da calça. Pronto, agora não podia mais culpar ela, porque a culpa era toda minha. Eu quem não colocou o celular no vibracall. Ela fez a parte dela. Agora como eu iria sair dali?

 Olhei novamente pela brechinha e arregalei um pouco os olhos, porque Edward estava em pé, sem camisa. Ele foi à direção do banheiro, não me dando mais para vê-lo. Será que tinha ido tomar banho? Seria bom, pois eu poderia sair. Esperei ouvir o barulho do chuveiro ligado para poder sair. Assim que estava fora do closet, corri para a porta já sorrindo antecipadamente com minha liberdade. Sei que parecia uma prisioneira falando desse jeito, mas eu poderia fazer meu coração parar de bater rápido quando tivesse fora do quarto do Cullen.

 Rodei a maçaneta e tentei puxar a porta, mas ela estava trancada! Ela estava trancadaEu-não-acredito-nisso! Porque alguém trancaria a porta para ir tomar banho? Que garoto mais sem noção! Mas dane-se, a chave tinha que ta por aqui! Eu comecei a procurar pela maldita chave por cima da cômoda, do criado mudo, da estante e da escrivaninha, mas nada!

 O barulho no banheiro, ou a falta dele, chamou a minha atenção. O barulho do chuveiro ligado não era mais audível.

 - Merda! – resmunguei.

 Corri novamente para o closet, com medo de ser pega. Um clique soou na minha cabeça, quando percebi que Edward não tinha vindo pegar uma roupa no closet, o que significava que ele viria pegar agora. Mas que grande droga! Eu me enfiei entre as roupas, quando ouvi a porta abrindo. Ouvi também a porta do closet sendo aberta e vi a luz sendo acesa.

 Edward passou bem perto de onde eu estava, indo para o outro lado. Ele estava apenas enrolado em uma toalha da cintura para baixo. Suas costas eram largas e bem... Definidas. Ele virou de frente, trazendo consigo uma camiseta. Eu arregalei os olhos mais uma vez ao vê como ele era de frente. Ele veio para bem perto de mim, e eu prendi a respiração com sua proximidade. Será que ele podia me ver por estar tão perto?

 Edward se afastou, levando uma calça de moletom com ele. Soltei o ar quando vi que ele não tinha me visto. Ele sumiu da minha vista e quando voltou, já estava vestido. Menos mal. Ele apagou a luz e saiu, fechando a porta. Fiquei mais alguns minutos ali, até ouvir o som da televisão sendo ligada. Suspirei, pensando em como iria sair dali, mas meus pensamentos foram praticamente apagados quando senti o cheiro das roupas. Com toda certeza aquele era o perfume do Cullen, e caramba, ele era bem cheiroso.

 Balancei a cabeça e sai dali, antes que pirasse mais ainda. Fui novamente até a porta do closet e vi Edward deitado na cama, assistindo televisão. Cocei meu pescoço, resmungando muitas coisas sem sentido. Eu precisa mesmoarranjar um jeito de sair dali.

 - Edward? - Emmett bateu na porta e chamou num sussurro.

 Edward levantou e abriu a porta para Emmett, que entrou. Me segurei para não rir com a roupa que ele estava vestido. Era um pijama de ursinhos. Muito fofo, mas para crianças, claro. Fui distraída disso com a coceira no meu pescoço, que insistia mesmo depois de eu coçar. Edward se deitou na cama e Emmett se sentou nos pés dele, abraçando os joelhos. As atenções dos dois foram para a TV, e eu fiquei ali, sem saber o que fazer para poder sair.

 - Droga. - Edward resmungou, coçando o pescoço.

 - O que foi, cara? - Emmett perguntou, sem tirar os olhos da TV. - Cara, que menininha louca.

 - Essa coceira... - Edward falou, agora coçando a barriga.

 Olhar ele fazer aquilo, também me deu uma coceira pelo corpo. Era muita, e espalhada pelas minhas costas, ombros, braços e clavícula.

 Os minutos se passavam, e Edward e eu continuávamos daquele jeito, até como se estivéssemos com pulga. Emmett não estava nem ai para o irmão, ele estava mais era preocupado com a garota do filme que apenas ele assistia. Eu já sentia minha pele arder de tanto coçar, e só faltava minhas unhas ficarem menores do que já era.

 - Ah não... - choraminguei e sai pela porta do closet, assustando Emmett, que gritou.

 - AH MEU DEUS! É A MENINA! É A MENINA! EDWARD! - o louco apontava de mim para a televisão.

 - O que?! - Edward me encarou. - Isabella?!

 - Cala a boca. - falei e segui para o banheiro do Cullen, entrando no Box e abrindo a água gelada. - Ah. - sorri.

 - Isabella?! - Edward apareceu na porta. - O que você está fazendo aqui?

 - Ah, deixa pra depois. - resmunguei, tentando fazer a todo custo àquela coceira parar. - Não sabe como isso está horrível.

 - Do que você... - ele olhou para o meu pescoço e entendeu. - O que você fez?!

 Eu paralisei, olhando para os dois lados. Mas é claro, o pó de mico! Como eu não pensei nisso antes? Como eu pude ser tão burra a ponto de não ter percebido que entrei entre as roupas do Cullen? As mesmas roupas que eu tinha jogado o pó.

 - Droga. - choraminguei. - Edward, eu...

 - Esquece! - ele falou com a voz dura, me empurrando para o lado e entrando debaixo da água. - O que você fez?

 - Alice. - sussurrei. - Ela... Ela quem mandou!

 - Claro, claro. - revirou os olhos.

 - Chega mais para lá. - o empurrei, querendo aliviar a coceira do meu pescoço.

 - Nada disso! - ele me empurrou. - Ninguém mandou fazer o que você fez. Seja lá o que for...

 - Pó de mico. - sussurrei.

 - O que? - se virou para mim.

 - Era pó de mico. Em todas as roupas...

 - Você...

 - Bella?! - Alice apareceu na porta e veio até mim. - Vem, vamos. - ela me puxou pela mão.

 Mas, antes de sair do banheiro, pude ver a raiva nos olhos de Edward. Yeah, novamente eu tinha ferrado com tudo. E dessa vez, eu não estava com raiva dele, estava apenas com raiva de mim mesma.

 Alice me fez tomar outro banho e me emprestou um pijama. Eu me esfreguei, tentei tirar aquele pó de mim, mas de vez em quando eu ainda sentia uma coceira ou no pescoço ou nas costas. O que deixou a Alice irritada, por eu não parar quieta na cama. Ela não podia reclamar, pois ninguém me mandou fazer aquilo.

 - Alunos da FHS... - o diretor falava com sua voz nasalada. Tinha algo de errado, claro. - Hoje iremos decidir qual o jornal realmente ficará esse ano como o oficial. - Alice, Nessie e eu sorrimos uma para a outra. - Temos os votos dos quatro meses em que estão sendo postados os jornais. E eu tenho os resultados aqui... - ele levantou um envelope, e aquilo me lembrou um programa de TV. - Querem saber?

 Algumas pessoas gritaram animadas, dando corda a loucura do Hell. Claro, pois aquilo era só uma competiçãozinha que já estava ganha para nós. A maioria das pessoas que gritaram ou eram esportistas engraçadinhos ou as pessoas que gostavam de ler o nossojornal.

 - Então... - ele abriu o envelope e tirou o papel de lá. - Quem ficará com nós pelo resto do ano é o jornal... REVISTA NERD!

 Alice e Nessie pularam no meu pescoço, comemorando. Eu fiquei feliz, claro, mas como já esperava, não fiz alvoroço algum. Vi Emmett comemorando com Rosalie, e Jasper e Edward sorrindo, felizes com aquilo também. As patricinhas amigas da Alice vieram nos cumprimentar, falando que adoravam as dicas que a baixinha dava. De relance eu olhei na direção do povo do Jornal FHS e eles não pareciam nada satisfeitos com o resultado, mas não podíamos fazer nada, foram as pessoas que votaram.

 As aulas passaram rápidas, e no final, estávamos nós todos mais Daniel, Ylsa, e duas garotas que ajudaram para tirar foto da capa, na salinha do jornal, comemorando com refrigerante. O diretor Hell nos deixou ficar por ali, curtindo nossa vitória. 

 - Um brinde! - Nessie exclamou, e todos se aproximaram com seus copos. - Alice?

 - Bem... - a baixinha sorriu. - Eu queria brindar a nossa vitória, claro. E também a nossa união que gerou tudo isso. A participação dos nossos modelos - sorriu para eles -, como a Nessie por ter ido a uma convenção, ter conseguido noticias fantásticas. A Emmett por todas as fofocas, que muitas das vezes o colocou em enrascadas, mas que ele sempre escapa. - rimos. - Também a Rosalie, minha cunhada, que desenhou perfeitamente o nosso Harold. A Jasper por ser um editor fantástico. - ela ficou vermelhinha nessa parte, mas continuou. - A Bella e Edward, que mesmo sempre implicando um com o outro, fazem um trabalho incrível. Vocês são todos demais. - murmurou, com a voz chorosa.

 - E claro, - acrescentei. - A nossa baixinha saltitante que se não fosse por essa idéia maluca, não estaríamos todos aqui, comemorando com refrigerante. - eles riram e nós brindamos.

 Depois disso Ylsa e as garotas foram embora, ficando apenas nós do jornal e Daniel. Esse estava conversando comigo, nós dois dividindo o sofá com Alice e Jasper. Emmett, Rosalie, Edward e Nessie estavam do outro da sala, conversando também.

 - Então Isabella Swan decidiu mesmo mudar? - Daniel perguntou, me olhando de cima a baixo.

 Eu estava vestida com a calça jeans da Alice e a camiseta do AC/DC que Edward me deu. O meu All Star terminava com o estilo que Renée odiava.

 - Yeah... - assenti, abaixando minha cabeça. - Abri meus olhos.

 - Estou feliz com isso. - pegou minha mão e eu levantei minha cabeça para olhá-lo. - É bom saber que agora, você está como é.

 - Obrigado. - sorri. - É legal... Da sua parte. Até me lembra alguém...

 - É que eu realmente fico feliz em saber que você, sendo como eu, conseguiu driblar sua mãe.

 - Não consegui totalmente, mas chego lá. - rimos.

 No mesmo instante meu celular tocou, eu olhei na tela e vi piscando enorme o nome "TONY", e por alguma razão eu abri um sorriso.

Atendi:

 - Virou vidente ou o que? Estava pensando em você agora.

- Pensando em mim? Coisas boas ou me xingando pelo meu sumiço?

 - Hum... Os dois. Ou melhor, eu queria conversar porque dessa veztenho novidades.

- Que tipos de novidades?

 - Bem... Lembra aquela vez que você me deu uns bons... Não foram exatamente conselhos porque pela forma que você falou não soou como um, mas... - rimos. - Eu fiz.

 - Fez?! Você realmente fez, Bella? Caramba!

 - Pois é. - balancei a cabeça, sorrindo. - Eu finalmente tive coragem.

 - Como foi? Renée falou alguma coisa?

 - Você parece uma menina perguntando assim, sabe. Tipo aquelas que perguntam de encontro.

- Ah, deixa de graça. - ele engrossou a voz e eu ri. - Eu só quero saber o que você fez.

 - Er... - olhei para todos, vendo que nenhum deles prestava atenção em mim, mas mesmo assim. - Não tenho como contar agora.

 - Ok, então vamos nos encontrar.

 - O que?

 - É sério, Bella. Nós temos que nos ver mais uma vez. A última e única vez foi na Convenção Jedicon, e conversar pessoalmente é mais legal. Vamos tomar um sorvete. Que dia?

 - Quinta. - respondi, sem hesitar. - Estou livre.

 - Como se a sua agenda fosse cheia.- brincou e nós rimos. - Vou ver outra Bella na quinta, certo?

 - Por fora, apenas.

 - Isso é bom. Por dentro você é perfeita.

 Mesmo sendo por telefone, o que ele falou, me fazendo corar. Corar muito.

 - Ok... - murmurei.

 - Hey, Bella, vem aqui. - Rosalie chamou com a mão.

 - Tony, vou precisar desligar. Tenho que ver o que as meninas querem aqui. Mas depois eu te ligo, ok?

 - Claro. Até depois.

 - Até.

 Desliguei e encarei as meninas numa roda, suspirando.

 - É, Isabella, vamos encarar a fera. - falei para mim mesma, enquanto descia as escadas indo na direção da cozinha.

 Quando entrei no cômodo, o silêncio foi absoluto. Eu olhei timidamente na direção da mesa, e vi que Charlie e Renée estavam ali, sentados em seus lugares de costume. Caminhei até o meu, sem coragem de encarar ela. Mas numa olhada rapidamente, vi que ela também não me encarava. Fiquei até surpresa, porque uma mulher tão confiante quanto Renée, não ficaria assim por causa de uma briga com sua filha adolescente. Sentei no meu lugar, e jantei sem falar nada. Depois que terminei, fiquei ali, esperando alguma reação do Charlie ou até mesmo da Renée. Eu me surpreendi quando foi elaquem falou.

 - Isabella, vamos para o escritório? - perguntou, se levantando.

 Eu assenti e a segui para lá, sentando na cadeira de frente a poltrona. Ela ficou na minha frente, sentada à mesa, com os braços cruzados. Da mesma forma que aconteceu no jantar, eu não a encarei, fiquei olhando para as minhas mãos entrelaçadas no colo.

 - Isabella... - começou, mas parou para respirar fundo. - Olha, dessa vez não vou conversar com você e acabar em briga. Eu sei que... Fui longe demais ontem à noite. Não queria ter perdido o controle, mas... Ver todas aquelas roupas, como você está... Mudando, me deixou fora de mim. Isabella, por quê?

 Eu ainda não a encarava antes dela fazer a pergunta, mas tive que fazer, afinal, ela estava me dando à chance de explicar o porquê de eu fazer o que eu quero, não ela.

 - Eu só... Cansei de ser "diferente" dos outros. - fiz aspas com os dedos. - Sabe, usar aquelas roupas sem graça, que só... Sei lá quem usa. - bufei. - E também, queria poder ser eu mesma. Eu sou assim, Renée. Gosto de livros, estudar, e tudo que você me ensina. Só que também gosto de roupas legais, rock, e ser como uma adolescente qualquer.

 - Só que você não entende que... Ser uma adolescente qualquer pode estragar seu futuro? - ela se sentou de frente para mim, do outro lado da mesa. - Isabella, eu só quero lhe dar um futuro bom.

 - Eu sei. E eu vou dar o meu máximo para chegar aonde você quer, mas não vai me estragar ser normal.

 - Vai sim. - falou, firme.

 - Não. Não vai. Quantas garotas ai saem pras festas, namoram, curtem e ainda viram advogadas? Muitas.

 - Só que não grandes advogadas.

 - Bem, isso ai vai da vontade delas depois que se formam. Eu só quero aproveitar minha adolescência enquanto posso. Pelo menos ter algo para contar aos meus netos - não que eu pretenda ter filhos cedo -, mas não quero só falar: Estude! Estude! Estude! - ela arregalou os olhos, só que eu não parei por causa disso. - E ficar entocada no meu quarto lendo livros não é algo que possa virar uma história. Até pode... Se eu me colocar e fantasiar. Mas eu quero histórias reais. Dizer que sai com as amigas, passei por situações engraçadas e essas coisas. Me entende, Renée?

 Ela ficou em silencio, me encarando. Eu sustentei seu olhar, para deixar mais firme minhas palavras.

 - Eu entendo. - falou, por fim, se levantando. - Se é isso que você quer, Isabella, tudo bem. - deu de ombros. - Eu não estou aceitando, mas também não vou negar. Sei o que quer que eu fale vai entrar por um ouvido e sair pelo outro, já que agora você está rebelde...

 - Mas eu não estou.

 - ..., só que depois - continuou, me ignorando. - espero que não seja tarde para você perceber que eu tenho razão. Uma hora você vai ver que está jogando tudo pro alto sem se importar com nada, e sem pensar nas conseqüências.

 - Ok. - levantei, me segurando para não sorrir. - Só isso?

 Ela assentiu e eu saí rápido do escritório, indo para o meu quarto.

 - Conseguiu? - Charlie perguntou, quando passei por ele.

 - Mais ou menos. Mas pelo menos... - dei de ombros e ele riu.

 Quando entrei no meu quarto, eu suspirei aliviada, pois mesmo que Renée não tenha aceitado exatamente, ela também não proibiu. Eu tinha conseguido ganhar dela. E o bom foi que ela não tocou no assunto de eu ter falado que a odiava. Fui até a minha mochila e peguei a roupa que estava ali dentro, que era da Alice.

 Hoje de manhã nós tínhamos combinado que iríamos fazer como uma brincadeira, para ver a reação de Renée. Sei que era me botar em uma pior de novo - agora que ela "aceitou" - só que eu precisava mostrar para ela, que suas palavras tinham poder. Nós combinamos que todo dia ela iria levar uma roupa na mochila para mim - evitaríamos mais roupas cortadas - e assim eu no outro dia ia com a roupa. E dessa vez, talvez, fosse um exagero, só que Alice e Nessie iriam me ajudar a... Passar despercebida, vamos dizer assim.

 - O que eu falei, Charlie? - Renée virou para o Charlie, que revirou os olhos. - Ontem foram calças jeans coladas, hoje é saia curta com legging por baixo, e amanhã? É só a saia. - ela se levantou da mesa. - Vou trabalhar. - falou e saiu, mal-humorada resmungando algumas coisas.

 Eu e ele nos entreolhamos e começamos a gargalhar, até Mary nos acompanhou. Tomei meu café-da-manhã animadamente, sorrindo comigo mesma. Eu me sentia radiante, pois finalmente, eu estava sendo eu mesmae sem arranjar uma confusão com Renée.

 Até quinta-feira, eu me divertir muito com os comentários da Renée, que sempre resmungava das minhas roupas, mas não mandava eu tira-las. No colégio, depois de ter aparecido com saia - sim, eu tirei a legging, porque tava calor. Yeah, um tempo quente em Forks. Mas não quente igual a Califórnia, sim apenas para andar com as pernas de fora e blusa sem manga. Bem, ter ficado com saia chamou a atenção tanto dos meninos quanto das meninas - uma especificamente. Tânia ainda veio com as graças, mas eu consegui me desviar dela e de suas "coleguinhas", porque aquilo não pode ser chamada de amigas. Amanda mais uma vez chamou eu, Alice e dessa vez Nessie para sentar com ela na mesa dos populares, só que não fomos. Eu gostava da mesa só para nós três.

 Edward, mesmo com a "brincadeira" que eu fiz, não me tratou mal oiu algo assim, continuou falando comigo normalmente e por ordem da Alice, ele me levava pra escola e me trazia pra casa. Essa parte eu não sei bem se ele gostava ou não, mas também não reclamou. Só quando Alice insistia para ele colocar um CD de pop, nessas horas eu também reclamava um pouco, mas nunca ganhavamos, pois era, bem... A Alice.

 Quinta de tarde, Alice me arrastou para a casa dela falando que eu tinha que ficar bonita para ir encontrar Tony. Ela tratava aquilo como um encontro, só que eu não via isso. Mas Alice é Alice, sempre exagera.

 - PARA DE GRAÇA, ISABELLA!

 - Para de ser histérica, Alice. - a imitei, revirando os olhos. - Eu não quero isso, e não vou passar.

 - É só uma maquiagem... - choramingou se aproximando de mim com o estojo.

 - Não! Não! Não! - bati o pé pela décima vez. - E não adianta gritar. - apontei o dedo para ela, cortando-a quando abriu a boca para fazer exatamente aquilo.

 - Mas, Bella...

 - Não adianta. - ergui o queixo. - Eu só preciso de uma roupa e pronto.

 Primeiro ela arregalou os olhos, mas depois os fechou em fenda, me encarando de modo entranho. Olhei desconfiada para ela, vendo-a ir até o closet e sair de lá com uma... Corda?

 - O que você vai fazer com isso? - perguntei, mas ela não respondeu, só se aproximou. - Alice, porque você tem uma corda no closet? - nada. - Alice?

 - Você está ferrada. - falou.

 Claro que eu sou mais esperta e sai correndo para fora do quarto, indo na direção das escadas. Ela vinha atrás de mim, com as cortas nas mãos. Alice estava pirando com isso, para ter uma corda no closet. Quando estava no último degrau, eu tropecei, e se não fosse por Edward ter aparecido bem naquela hora, era adeus nariz da Bella.

 - Me solta. - pedi, tentando fazer ele me soltar. - Vai, Edward.

 - Mas o que? - ele olhou para Alice, que descia as escadas.

 - Ela está louca. - sussurrei, e me escondi atrás dele, quando ele me soltou. - Não deixa ela se aproximar.

 - Você tem que deixar eu passar maquiagem. - Alice choramingou.

 - Eu já falei que não! E... E...

 - E pra que você quer essa corda? - Edward completou minha pergunta.

 - Ia amarrar Bella para passar a força. - deu de ombros, como se aquilo não fosse nada.

 Edward e eu arregalamos os olhos ao mesmo tempo, sem acreditar na baixinha.

 - Se você continuar com isso, eu vou para casa agora e dou um jeito sem precisar de você. - ameacei, afinal, com Alice só funciona assim.

 - Você só pode ir se eu te levar. - ergueu uma sobrancelha.

 - Nada disso. O Edward me leva, não é, Edward? - me virei para ele, que assentiu. - Viu?

 - Tudo bem. Tudo bem. - ela levantou as duas mãos, se rendendo. - Vamos logo.

 Subiu as escadas batendo o pé, como uma criança birrenta. Eu sai de trás do Edward, suspirando. Ele riu e seguiu para a cozinha, negando com a cabeça. Segui ele, pois precisava de água, já que Alice me fez correr, algo que eu não fazia muito.

 - Seja legal e me de um copo com água. - falei me encostando ao balcão e sorrindo.

 - Seja menos preguiçosa e pegue você mesma. - disse, passando por mim com uma maçã e indo se sentar em uma cadeira.

 - Malvado. - resmunguei indo eu mesma pegar minha água.

 - Hum. - fez, mastigando. - O que a Alice queria?

 - Que eu passasse maquiagem. - revirei os olhos, me virando de frente para ele. Tomei um gole. - Não sei pra que, não é um encontro.

 - O que? - me encarou. - Você vai ter um encontro?

 - Eu disse que nãoé um encontro. - bufei. - Eu só vou ver o Tony de novo. - dei de ombros.

 - Tony? O garoto da convenção?

 - Yeah. Ele mesmo.

 - Então vocês mantiveram mesmo contato?

 - Aham. Nos falávamos de vez em quando, e agora ele me convidou para tomarmos um sorvete. Nada que seja igual a um encontro, mas... Porque eu estou falando isso para você? - ele deu de ombros, sorrindo. - Me deixa calar minha boca e ir logo com a Alice.

 Quando passei por Edward, eu tomei a maçã da sua mão e corri, ouvindo ele me xingar. Entrei no quarto da Alice e a encontrei sentada de frente a penteadeira, mexendo em seus cabelos curtos.

 - Ok, Alice. Tudo, menos maquiagem. - falei e ela assentiu, sorrindo.

 - Você vai de ônibus? - Alice perguntou, enquanto caminhávamos pelas ruas de Forks.

 - De carro com certeza não é. - brinquei e nisso ganhei um soco no braço. - Alice, sua pergunta foi um tanto... Idiota. Caso não lembre, estou sem carro por essa semana.

 - Já tentou falar com Renée?

 - Já. Depois que cheguei do colégio. Mas ela disse que eu ainda estava de castigo. Apenas me deixou andar como uma... Você sabe o que ela acha, mas não me livrou dos castigos. Quase a vi completando com: E claro, ainda vai vir livros, Isabella. Só que ela não falou, algo estranho.

 Nós paramos em um ponto para esperar o ônibus.

 - É verdade, mas acho que ela apenas ficou com... Remorso pelo que fez e decidiu que ficar sem carro já é o bastante.

 - Não. Não. - neguei com a cabeça. - Renée não é assim, não tem isso de sentir remorso por causa de uma briguinha. Ela pediu desculpas e está ótimo. Agora... Eu preciso ficar de olho.

 - Falando assim até parece que ela vai entrar no seu quarto a noite e te matar. - rimos. - Está nervosa?

 - Com Renée? Não. Magoada até talvez, mas não nervosa. Isso logo passa.

 - Não quero dizer da Renée. - me empurrou, rindo. - Estou falando do seu encontro.

 - Mas não é um encontro!

 - Tanto faz. Você está nervosa porque vai reencontrar Tony? Depois do que aconteceu na Convenção. A troca de beijinhos... - me olhou maliciosa.

 - Para com isso, Alice! - revirei os olhos, sentindo meu rosto esquentar. - Somos apenas amigos e nada mais.

 - Ah, Bella, não vai me contar que sente algo a mais?

 - Como assim algo a mais? - ergui uma sobrancelha.

 - Sei lá. Quando você fala com ele fica nervosa, suas mãos começam a suar, e essas coisas de quando você gosta de uma pessoa. - deu de ombros.

 Eu desviei meus olhos dos dela e mordi o lábio inferior com força.

 - Não. - falei. - Eu só me sinto bem quando falo com ele, nada a mais. Nenhum nervosismo ou...

 - Borboletas nos estômago. - completou a frase de forma romântica.

 - É. É, isso ai mesmo. Eu não sinto nada disso.

 - Ok, talvez porque seja pelo telefone, então você não deve sentir. Mas... Quando você chegar em casa, vamos conversar para você me contar como foi pessoalmente.

 - O que você quer dizer?

 - Ah, as mesmas coisas que eu falei. Só que vai ser dez vezes mais e também, quando sem querer a mão de vocês encostarem e você sentir um formigamento, um incomodo... Vai me dizer que nunca sentiu isso com nenhum garoto.

 Um nome passou tão rápido pela minha cabeça que eu me neguei a acreditar naquilo. Minha voz ficou presa na garganta, não querendo sair a negação, e meu coração acelerou na mesma hora.

 - Bella? - Alice me chamou, e eu a encarei. - Você já sentiu? - perguntou, sorrindo.

 O ônibus parou na mesma hora ali.

 - Eu... Eu preciso ir. - falei e fugi da Alice.

 Esperei uma mulher subi e fui logo atrás dela. Graças ao bom Deus, o ônibus estava vazio, e então depois de pagar eu sentei no último lugar, onde não tinha ninguém. Olhei pela janela vendo Alice me encarar com olhos desconfiados, até o ônibus começar a andar. Suspirei e encostei minha cabeça no vidro, pensando no que ela disse. Meu celular vibrou no bolso do meu capuz, eu o peguei e vi que era uma mensagem da baixinha.

De: Alice

"Eu percebi, Isabella. E não adianta mentir, vai me explicar isso direito depois."

 Gemi de frustração e guardei o celular no mesmo lugar, fechando os olhos. Pensei no que ela disse, e senti certo receio dentro de mim. Porque eu realmente já tinha sentido o que ela falou, e das mesmas formas. Suar, incomodo, formigamento... Coisas estranhas que não deveriam de forma alguma acontecer. Eu não era boa com aquelas coisas de sentimentos, de gostar, e na real, não queria ser. Gostava da forma que vivia sem sentir nada por qualquer garoto - apenas atração como qualquer outra garota -, e sentimentos me deixavam confusa, o que me deixava pensativa e chata.

 Como alguns garotos falam: Sentir não era a minha praia. Com direito a gírias e essas coisas idiotas. Eu só queria dizer mesmo que parecer uma garota apaixonada não era para mim, aquela coisa de ser carinhosa, amorosa, suspiros apaixonantes, ter apenas alguém na cabeça... Com toda certeza não era mesmo. E não deixaria aquelas coisas bestas que Alice disse me perturbar, principalmente porque aquelenome passou pela minha cabeça na hora errada.

 - Uau. - Tony assobiou. - Você mudou mesmo.

 - Pois é. - gesticulei para as roupas. - Eu mudei mesmo.

 - Está gatinha. - piscou um olho e eu ri. - E então, qual sabor de sorvete você gosta?

 - Claro que morango. - revirei os olhos e nós rimos.

 Nós passamos em um mercado em Port Angeles e compramos dois Häagen-Dazs, indo depois sentar numa praça que tinha por ali. Passamos horas e horas conversando, eu lhe contei sobre a reação de Renée sobre minha mudança e como ainda consegui fazer ela me deixar ser assim, sem mais brigas. Falei também sobre termos ganhado a disputa do jornal e Tony me contou que o amigo dele - o do jogo - estava muito agradecido por termos colocado ele em nosso jornal, pois recebeu vários comentários de incentivos de alguns alunos do FHS. Tony disse que se era assim, iria nos apresentar mais amigos com idéias, pois ajudariam muito eles. Eu concordei, pois também nos ajudaria, afinal, mais pessoas iriam ler.

 - Ok, Tony, se você não quer contar, eu não ligo. - dei de ombros, fingindo tristeza.

 - Mas não tem ninguém, Bella. - falou, rindo.

 - Claro que tem! Você parece... Diferente. Tudo bem que eu não te conheço há muito tempo para dizer isso, mas realmente você parece diferente.

 - Não sou o único. - levantou uma sobrancelha e aquilo me fez lembrar-me de Edward. - Conto se você contar.

 - Não tem ninguém! Eu não sou para essas coisas. Mas você... Ah, você Tony, é!

 - Aham, eu acredito nisso de "não sou para essas coisas". Todo mundo é, Bella, não tem ninguém.

 - Claro que tem.

 - Quem?

 Eu ia falar o nome de Renée, mas então me lembrei do dia em que cheguei em casa e a vi assistindo filme com Charlie, ou na forma que os dois se olhavam. É, nem alguém tão fria quanto ela, amava alguém. Mas eu não!

 - Eu!

 - Claro, claro. - revirou os olhos. - Mas é sério, não tem ninguém.

 - E porque não?

 - Por que... Ainda não achei alguém para mim.

 - Ohh, ele faz o estilo romântico. - brinquei, cutucando a barriga dele.

 - Para, Bella. Isso não tem nada haver. - revirou os olhos, tentando me fazer parar de cutucá-lo. - Para com isso. - pediu, rindo.

 - Vai, fala. - mandei, rindo com ele.

 - Você é muito irritante. - Tony empurrou minhas mãos e reverteu a situação, dessa vez quem cutucava era ele.

 - Ah, não. Para. Não vale. - pedi, gargalhando.

 Eu me encolhi, tentando fugir das cutucadas, e Tony fez o mesmo, então estávamos próximos demais. Tão perto que eu podia ver no sorriso que ele dava, o quão fofo eram os dentes dele, na parte debaixo. Tortinhos. E também em como os olhos dele, em tom de avelã, eram um pouco chegado para o verde claro. Tony me fez sai dos devaneios quando, como aconteceu na Convenção Jedicon, encostou levemente os lábios nos meus. Foi um beijo bom. Na verdade, muito bom. A única coisa que estragava tudo ali, era a maldita imagem que eu tinha na mente. E não era nada relacionado ao agora. Quando se afastou, Tony me encarou sorrindo.

 - É uma amiga da minha irmã. - falou e assoprou meu rosto, se afastando rindo.

 - Ah, eu sabia. - falei, me encostando no banco. - Eu só te conheço por telefone, mas já sei algumas coisas.

 - É... É. - concordou, com uma careta. - E eu sei que você é irritante.

 - Sou mesmo! - ergui o queixo e então nós rimos.

 Tony era uma boa companhia, e uma ótima pessoa para se tornar amigo. Teve até a boa vontade de me levar de carro até em casa, e com uma despedida simples. Sem beijo. Mas mesmo assim foi legal. Minha vida parecia está tomando um rumo diferente, e eu não sei se era por causa das minhas roupas novas ou porque só agora eu tinha parado para reparar. Só sei que eu estava gostando daquele novo começo. E esperava que não fosse por um tempo curto.


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Notas finais do capítulo

Oi Gatinhas! E então, o que acharam da "aceitação" da Renée? E da atitude de Tony? O próximo capítulo alguém novo vai chegar para fazer Bella sair ainda mais das regras de Renée e nos contar algumas histórias. Então, cometem muito e, sei lá, recomendem também. Não irei me importar um pouco se quiserem fazer isso, KKKKK Beijinhos;