Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 17
Pequena trégua




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16. Pequena trégua

- Cadê ela? – Edward perguntou, pela décima vez.

 - Eu não sei, droga! – falei praticamente em um choramingo.

 Meu humor estava oscilando entre tristeza e raiva. Os dois por um único motivo: perdi o número do Tony! Isso mesmo, eu fiz essa burrice. Agora podia concordar com o Cullen Menor em algo. Era esperta para algumas coisas, mas muito burrinha para outras. Eu, na hora de tomar banho, esqueci de anotar em outro lugar e assim a caneta saiu com a água e o sabão, quando eu esfreguei na pele. Quando percebi, já tinha sumido. Agora, a minha única esperança era que ele ligasse, já que EU NÃO TINHA COMO! Não que eu estivesse me importando muito com isso, mas... OK! OK! Eu estava sim me importando.

 - O que você tem, garota? – ele perguntou, com as sobrancelhas franzidas.

 - Nada. – grunhi. – Não tenho nada.

 Nós estávamos na salinha do jornal esperando Ylsa chegar junto com uma tampinha de cabelos repicados. Alice só ficaria ali até terminar as fotos, depois seria apenas o notebook, Edward e eu, juntos, preso nessa salinha para poder fazer a capa, e arrumar as fotos para as páginas, que Jasper já tinha editado ontem, enquanto estávamos na Convenção Jedicon.

 Edward e eu tínhamos conversado um pouco – sem brigar, por milagre – sobre como colocaríamos as fotos e como deixaríamos a capa. Fui eu quem deu a maioria das idéias, ele apenas falou o que seria legal de fazer com as fotos, como uma coisa que ele fazia que fosse deixar o ponto alvo da foto certo e de fundo tudo borrado. Fiquei curiosa para saber sobre o que ele quis dizer com isso, mas minha curiosidade só seria saciada quando Edward começasse a tirar as fotos de Ylsa, já que ele disse que só me mostraria se eu fosse o que ele tiraria a foto. E óbvio que eu não aceitei. Sou curiosa, mas não louca.

 - E o novo namorado, Swan? – Edward perguntou, pra quebrar o silêncio. – Já ligou para ele?

 - Não enche, Edward. Fica de boca fechada que assim você parece mais bonito. – revirei os olhos e cruzei os braços.

 - O que aconteceu, Isabella? – perguntou e me olhou com os olhos apertados. – Ahhh... – fez e gargalhou. – Você perdeu o número do novo namorado.

Arregalei os olhos surpresa em como foi tão fácil de ele ter adivinhado. Caramba, eu não fiz nada nem falei nada do Tony, então como ele adivinhou? Como o Cullen podia ter acertado assim, na lata? Será que isso era algum poder dele? Não! Isso era pira minha e o Cullen não tinha poder nenhum, porque ele era humano como todo humano idiota.

 - Estou certo, Isabella? – ele perguntou, no meu ouvido.

 - NÃO! – pulei do sofá, para me afastar dele. – Você está completamente errado, Cullen. Não que isso seja da sua importância, mas eu guardei o numero do Tony na agenda, então isso não tem nada a ver com ele. Espera! – olhei para os lados. – Porque eu estou lhe falando isso? – ele deu de ombros. – Argh! Eu te odeio, garoto.

 Fui na direção da porta para ir embora e ficar longe do idiota, mas o tal idiota me pegou pelo braço.

 - Aonde você vai?

 - Aonde mais? – perguntei, irônica. – Embora. Agora, me solta, por favor. – me soltei dele e segui para a porta, que abriu com força.

 Bem... Era para eu ter aberto ela com força, mas não foi. Como aconteceu naquela mesma semana, quando estávamos todos na enfermaria, alguém abriu a porta com força exagerada demais, e eu fui parar no chão, com uma dor na testa e no nariz, porque foi ali que a porta bateu.

 - O que está acontecendo... Bella! – Alice correu até mim e se ajoelhou ao meu lado. – O que aconteceu, querida?

 Olhei para ela de olhos arregalados, vendo se ela não estava de brincadeira comigo. Levei uma mão à testa, já sentindo um calombo crescer ali. Pronto, agora iria parecer que um chifre estava crescendo ali. Eu viraria um unicórnio. Eu tenho certeza que era isso que as pessoas iriam pensar quando visse aquela coisa na minha testa, que era pior do que uma espinha. E eu também tinha certeza que era isso que o Cullen tinha pensado, porque ele estava sentado no sofá se matando de rir, até com as mãos na barriga.

 - Bella? – Ylsa entrou na sala. – O que aconteceu com você, garota?

 - Ela ainda não me respondeu. – Alice falou.

 - O que você acha que aconteceu, Alice? – ironizei. – Você empurrou a porta na minha cara, sua idiota!

 Ok, ok. Eu não queria ser tão grossa assim com Alice, mas a situação em que eu me encontrava já não era muito boa. Eu tinha perdido o numero do Tony, tinha ficado quase meia hora com o Cullen me irritando, levei uma porta na cara e ainda tenho que vê Edward e Ylsa rindo de mim. Caramba, era demais para uma alma boa como a minha.

 - Bella... – Alice sussurrou, fazendo um biquinho.

 - Alice... – fechei os olhos e suspirei. – Me desculpe, ok? Eu estava nervosa e... Olha, desculpa.

 - Tudo bem. – a safada sorriu.

 - Agora me ajuda a levantar aqui.

 Foi o que ela fez, estendendo a mão para mim e me ajudando a ficar em pé. Depois, nós esquecemos o lindo e constrangedor episódio que eu passei e fomos direto para o trabalho, que era tirar as fotos de Ylsa para a capa da revista.

 Alice disse que já tinha tudo em mente – claro que ela teve uma ajuda de Edward quando eles conversaram ontem à noite – e disse também que umas fotos seriam tiradas no jardim do colégio, para ser ao ar livre. Foi com a desculpa de que era mais bonito, que iria dar mais luz a Ylsa e as roupas combinariam mais, e blábláblá dela. Então, assim, ela arrastou Ylsa para o banheiro dos funcionários, com as mãos cheias das sacolas das compras que nós fizemos, e mandou Edward e eu ir procurar um bom lugar para poder tirarmos as fotos. Eu não gostei nem um pouco da idéia, mas não podia ir contra Alice, principalmente depois de ter xingado ela e agora a pixel fazia jogo emocional para o meu lado.

 - Minha presença é tão desagradável assim? – Edward perguntou, um tempo depois que nós andávamos pelos jardins do colégio.

 - Você não imagina o quanto. – murmurei.

 - Eu estou falando sério, Swan.

 Parei e olhei para o Cullen, que parecia mesmo estar falando sério. Então, eu percebi que pela primeira vez o Edward e eu teríamos uma conversa séria, sem briguinhas ou piadinhas, era apenas uma conversa. As palavras de Nessie rodaram na minha cabeça:

 “- Eu sei que o Edward mexe com você, sei que ele te irrita algumas vezes, mas têm outras que ele tenta conversar com você normalmente só que você o trata mal.”

 E foi ai que eu decidi que não iria tratar mal o Edward, apenas para vê o que acontecia.

 - Ok, então, Edward. – falei, e caminhei até ele. Chamá-lo pelo nome era meu primeiro passo. – Você quer saber a verdade? – ela assentiu. – Quer que eu seja muito sincera? Então eu vou ser. – ele assentiu novamente e sorriu. – Sua presença não é desagradável algumas vezes. Mas têm outras em que você tira para me irritar, e assim se torna desagradável.

 - Mas então porque você sempre faz careta quando tem que fazer algo comigo ou fica próxima de mim? – ele ergueu uma sobrancelha.

 - Vamos continuar andando. – o empurrei pelo braço, para voltar a andar. – Não é isso. É que... Eu nunca sei quando é que você vai começar a fazer brincadeiras, e assim eu não gosto muito de ficar próxima de você. Eu não sei se isso é só comigo ou você também faz com outras pessoas – o que eu acho que não, já que você faz parte do grupo dos populares -, mas pelo menos, eu, sou por isso. Entendeu, agora?

 - Entendi. – ele assentiu, pensativo.

 Continuamos andando, agora em silencio. Edward parecia ter muito em o que pensar então eu decidi não o atrapalhar e acabar com seus pensamentos. Eu fui o mais sincera possível com ele, e mais educada também. Falei como se estivesse falando com qualquer outra pessoa e não com ele. Eu posso ter me saído bem, não posso?

 - Você acha que essas nossas brigas possam acabar? – perguntei.

 Nós dois nos encaramos.

 - Não. – respondemos juntos, rindo.

 Ele me deu um empurram leve no ombro, e isso me fez pensar que era como amigos faziam. Mas deixei isso de lado, afinal, o Cullen e eu nunca seriamos amigos. Dois gênios fortes e que não se batem.

 - O que você acha de ser ali? – Edward perguntou, apontando para o velho casebre que tinha nos fundos do colégio.

 A FHS, apesar de ser pequena, tinha um terreno grande na parte de trás. Ali ficavam umas mesas de piquenique, que não eram muito usadas por causa da sempre freqüentes chuvas de Forks. E, passando dessas mesas, tinha um casebre para as coisas do jardineiro, e mais ao fundo uma floresta. O casebre tinha paredes de tijolinhos vermelhos – como todo o colégio – e nas janelas tinham grades, enferrujadas.

 - Hum... Eu acho que só Alice pode dizer. – falei e ele concordou.

 Alice ligou cinco minutos depois para perguntar onde estávamos. Eu disse e mais cinco minutos depois elas chegaram. Edward, que estava conversando comigo, parou no meio da frase para poder olhar direito para Ylsa. Alice fez Ylsa usar algo muito... Professora sexy. Algo meio estranho para a primeira foto. Tentei entender a lógica por trás da saia preta até o meio de coxas, a meia arrastão preta que sumia por dentro da saia, a blusa também preta e a jaqueta listrada de preto e branco, com a gola pólo da blusa saindo, com o salto enorme preto e de madeira. Mas não consegui de forma alguma achar uma lógica, só pensar que Ylsa estava muito bonita com aquelas roupas.

 - É... É... – Edward começou a gaguejar e eu lhe dei um tapa nas costas. – É a Ylsa? – soltou.

 - Bem... O rosto parece ser de Ylsa, então... Yeah. – dei de ombros.

 - Nossa...! – ele exclamou, sem palavras.

 - Pois é, poderes de Alice Cullen. Ela sabe destacar o que as pessoas têm de mais bonito. – olhei para os lados, lembrando do dia em que ela me empurrou aquelas roupas.

 - E como sabe...

 - Edward! – dei um tapa nele. – Ela é a Ylsa!

 - Bem... – ele riu.

 - E então, acharam um lugar? – Alice perguntou quando se aproximou.

 - Está arrasando, Ylsa. – falei para ela, que piscou um olho. – Achamos.

 Alice disse que o lugar estava bom, então nós começamos a tirar as fotos ali. Ylsa trocou pelo menos umas seis vezes de roupa, e todas tendo o toque estudante com o rock’in’roll.  Ela também usou óculos, já que ela tinha que usar igual a mim. Um pouco perto das cinco da tarde tínhamos tirado mais fotos do que qualquer fotografo profissional. Estávamos sentados numa das mesas de piquenique, Alice e Edward estavam olhando as fotos e Ylsa e eu não fazia nada. Bem... Eu pelo menos não fazia, mas Ylsa sim.  Ela estava olhando para o jardineiro e policial Harry, que estava encostado no casebre e fumava. Claro que ele estava alheio de nós ali, ou quase. Ele estava alheio a nós – Alice, Edward e eu – já a mulher que estava sentada ao meu lado... Ylsa parecia o olhar como eu via Renée olhar para Charlie e vice-versa.

 - Ele sabe disso? – perguntei, como quem não queria nada.

 - O que? – ela se virou para mim, com as bochechas coradas.

 - Harry sabe que você... – não terminei sabendo que ela tinha me entendido.

 - Ora, Bella, eu não... – eu neguei com a cabeça e ela olhou bem para mim, depois suspirou em derrota. – Está assim tão na cara? – perguntou num fio de voz.

 - Bem... Se ele não percebeu quer dizer que não. Agora se ele sabe... Sim, Ylsa, está.

 - Ele não sabe. – ela sorriu, mas então seu sorriso sumiu e ela fez uma careta. – Pelo menos eu acho que não...

 - E porque não? – perguntei, e Ylsa arregalou os olhos. – Quero dizer, o que há de mal em você e ele... – dei de ombros.

 - Bem... Nenhum. Mas, Bella, Harry nunca teria olhos para mim.

 - Ah. – suspirei. – O pouco caso de si mesma. É, odeio isso. – torci a boca. – Acho que essa frase combina mais comigo, Srta. Lewis. – brinquei.

 Ylsa estalou a língua e balançou a cabeça em negação.

 - Ahhhh, o pouco caso de si mesma. É, odeio isso. – ela me imitou. – Não vamos fazer uma disputa de quem é mais bem olhada ou não, ok, Bella?

 - Ok. – assenti. – Mas e então, porque vocês dois não saem juntos?

 - Ele não está interessando em mim.

 - Como não? Como ele não pode está interessado em uma mulher como você?

 Claro que Harry estava interessado em Ylsa, dava para vê isso. Eu vi! Vi o jeito que eles estavam se olhando há poucos minutos, então porque ele não estaria?

 - Eu... – ela deu de ombros. – Bella, se ele estivesse já teria feito algum comentário, jogado alguma indireta, ou me convidado para sair.

 - Yeah. – assenti lentamente. – Mas você não pensou na possibilidade de Harry ser... Tímido? – ergui uma sobrancelha. – Ou talvez, ache que você não está afim dele?

 - É, pode ser. – ela deu de ombros. – Mas o que eu vou fazer?

 - Ué, o óbvio. – revirei os olhos.

 - E qual é o óbvio, Srta. Swan? – perguntou, com deboche.

 - Você convidá-lo. – bufei e revirei os olhos mais uma vez.

 - É O QUE?!

 Ylsa soltou um berro tão alto que eu pude ver os pássaros voando das árvores. Alice e Edward até se assustaram, olhando para nós duas, com os olhos arregalados.

 - Está... Tudo bem? – Edward perguntou lentamente.

 - Está. – falei. – Só estamos conversando.

 Ele deu de ombros e voltou à atenção para a câmera, junto de Alice. Ylsa ainda me encarava de olhos arregalados, sem saber o que falar. Eu não entendia o porquê daquela mulher fazer tanto drama. Não era tão difícil assim chamar alguém para sair, era? Eu não sabia a resposta, mas imaginava que para ela não era.

 - Você ficou louca? – perguntou, em um sussurro.

 - Não. Eu não fiquei louca.

 - Pois parece, já que fala essas insanidades. Eu não posso convidá-lo para sair!

 - E porque não? – questionei.

 - Por que... Por que... Por que... – ela olhou para os lados, sem resposta para a minha pergunta.

 - Qual é, Ylsa. Poxa, você me disse que era da policia, com certeza já combateu muitos criminosos, já pegou em arma, já lutou, e deve ter atirado em alguém. O que tem de mais em convidar seu colega de trabalho para um jantar?

 - Eu não sei. – ela murmurou.

 - Já que não sabe, você precisa se arriscar para saber. Olha, Ylsa, eu não sei nem metade do que estou falando aqui, só sei que você deve ir falar com o Harry e se resolver com ele. Está estampado na cara dos dois os que vocês sentem, e seria um desperdício ficarem escondendo isso. Não que eu ligue para todo esse sentimentalismo... – levantei um ombro. – É só que... É um desperdício!

 - Isabella... – ela riu.

 - Não me chame assim. – grunhi.

 - Ah é. Esqueci disso. – revirou os olhos. – Porque você não gosta que te chamem assim?

 - Não tente mudar de assunto, Ylsa. Eu não caio nessa, escutou? Agora, me diga, você vai ou não convidar Harry para um jantar? – ela abriu a boca para responder, mas eu a cortei, levantando uma mão. – Na verdade, não precisa ser um jantar. Um café está de bom tamanho. Você conhece aquela lanchonete que tem aqui perto?

 - Não é uma lanchonete. É uma cafeteria. – ela revirou os olhos. – Uma Starbucks. Sabe, é impressionante que tenha uma dessas nesse fim de mundo... – ela falou sozinha, pensativa.

 - Yeah. Tanto faz. Mas eu deveria saber, afinal, adoro os muffins de lá... São umas delicias... – suspirei, com água na boca.

 - As gotas de chocolate... – Ylsa também suspirou.

 - O Blueberry Muffin! – falamos ao mesmo tempo.

 - Acompanhado de um Caramel Macchiato. – Ylsa apoiou a cabeça no braço, que estava em cima da mesa. – Com o leite bem quentinho, a deliciosa essência de baunilha, e coberto da ainda mais deliciosa calda de caramelo.

 - Ou acompanhado de um Café Mocha de chocolate, espresso, leite vaporizado e chantilly. Ahh, como seria bom ter um desses agora... – suspirei mais uma vez. – Os muffins mais deliciosos que o café...

 - Ou os Cookies saídos do forno. Posso sentir o delicioso cheirinho das gotas de chocolate derretendo. Ver a fumacinha branca subindo. Sentir meus dedos queimando quando eu pegasse um...

 - Talvez os bolos caseiros. – opinei. – De laranja, abacaxi, nozes & cobertura de chocolate...

 - Ahh, parem com isso, por favor. – Edward implorou, com uma mão na barriga. – Estou ficando com fome assim.

 - Vocês estão me deixando louca. – Alice falou. – Vamos parar com os sonhos?

 Ylsa e eu trocamos olhares e assentimos para a pixel, que também assentiu. Edward estava com uma expressão sofrida, e eu sabia que agora ele estava imaginando tudo que nós tínhamos falando. Tanto estava que ele fez uma mímica com a mão que dizia “Você está ferrada”. Por alguma razão, eu não me importei com aquilo nem um pouco. Apenas de ombros e voltei minha atenção para Ylsa.

 - Você conseguiu. – falei.

 - O que?

 - Você me distraiu. – nós rimos. – Mas não o suficiente. E então, você vai fazer o que eu falei?

 - Vou pensar. – ela deu um sorriso.

 - Legal. – balancei a cabeça concordando. – Isso é bom.

 Dentre quase cem fotos, apenas cinco foram escolhidas. O que eu achei um absurdo, mas ninguém se importou com a minha opinião. Claro, nunca se importam que eu já até me acostumei com isso. Alice decidiu o que iria querer e depois foi embora com Ylsa, que me prometeu que iria pensar no que eu tinha lhe falado. Pelo menos, ela iria pensar, não fazer igual a mim. Ylsa tinha aprendido a ser diferente do que o pai dela queria, e isso era bom. Talvez, eu também conseguisse.

 No final, ficamos apenas Edward e eu na salinha, com a cara enfiada no meu notebook. Nós usamos tudo que podíamos para deixar as fotos ainda mais bonitas. E foi ali que eu vi como Edward era bom com uma maquina fotográfica na mão. E também vi o efeito que ele disse sobre algo ser o foco e o resto borrado. Ele não me quis dizer como fazia aquilo, e eu não insisti muito, afinal, quando ia tirar uma foto ela já saía toda borrada, pra que eu iria querer saber mais? Tudo bem que as que eu tirava saíam tudo borrada e tremida, mas da pra relevar.

 - Ainda faltam mais coisas para colocar aqui? – perguntei.

 - Não sei... – ele deu de ombros.

 Estávamos sentados no sofá, totalmente esparramados como se aquilo fosse a nossa casa. Mas seria, ué. Já que ficaríamos ali pelo restante do ano. Edward tinha uma bolinha de beisebol na mão, que ele achou em algum lugar daquela salinha. Ele jogava a bolinha para cima e pegava depois, repetindo diversas vezes novamente a ação.

 - Bem... Alice disse que aqui está o que ela escreveu. O que Nessie escreveu e o que o Emmett escreveu... – olhei para ele pelo canto do olho e Edward também me olhava, com a bolinha parada.

 Eu comecei a procurar a pagina do Emmett, com Edward bem perto de mim para poder ver também.

 - Você acha que ele tirou? – perguntou.

 - Depois do susto? Com toda certeza.

 - Yeah... – ele assentiu.

 Continuei procurando a página. O celular do Edward tocou, com uma musica boa do Guns N Roses, e eu quase pedi para ele deixar tocar apenas para ouvir a musica, mas fiquei na minha.

 - Alice? – ele atendeu e ergueu uma sobrancelha, ouvindo-a falar. Eu parei do procurar, estranhando sua ação, depois que ele arregalou os olhos. – N-n-não. – gaguejou. – Nós não estávamos fazendo isso.

 Arregalei os olhos, já entendendo o que ele quis dizer com o “Não estávamos fazendo isso”. Bem... Não entendi completamente, mas só podia ser duas coisas... Ou Alice achava que estávamos brigando – apesar de ele ter negado e gaguejado sendo que não era uma mentira. Ou a pique achava que estávamos olhando a coluna do Emmett – o que estávamos fazendo mesmo.

 - Não estou mentindo! – ele mentiu. – Ok, ok, vamos ficar longe disso... Tanto faz... Tchau.

 Edward desligou e me encarou com uma expressão de: “Acho melhor não continuarmos com isso porque Alice sabe”, que eu concordei. Então, continuamos o que estávamos fazendo, que era a capa. Colocamos uma foto da Ylsa com uma camiseta branca com uma propaganda da África, escrito “SHOE 4 AFRICA.org*” (*CALÇADOS PARA AFRICA), que Alice disse ser bom. Na foto, Ylsa parecia mais a mulher que Edward eu vimos perto do vestiário dos meninos. E eu gostei daquela foto.

 Depois que terminamos, nós dois ficamos mais um tempo na salinha. Não era nem sete horas ainda. Estávamos com a cabeça apoiada no sofá e olhando para o teto, que os nerds tinham colado reportagens deles e outras coisinhas. Eu estava tentando ler alguma para vê até que ponto de chatice eles iam, mas estavam muito pequenas as letras.

 - Eu estou curioso. – Edward falou.

 - Yeah, eu também. – concordei. – Só que se Alice descobri, ela vai nos matar.

 - É. – concordou e suspirou.

 Ficamos mais um tempo daquele jeito, até Edward dar um pulo do sofá e me dar uma encarada que eu não gostei.

 - O que foi? – perguntei.

 - Sabe o que você e a Ylsa fizeram comigo hoje? – assenti, sorrindo maldosamente. – Agora, eu quero comer muffins e tomar espresso.

 - Problema é seu. – falei, gargalhando.

 - Nada disso, Isabella. Você vai ter que me levar na Starbucks aqui perto.

 - É o que?! – pulei do sofá, ficando de frente para ele. – Eu não vou fazer isso. Eu vou é pra minha casa.

 Peguei minha jaqueta que estava pendurada nas costas da cadeira e meu notebook, seguindo para fora da salinha. Edward também pegou a jaqueta dele e me seguiu, indo em silêncio ao meu lado. Nós deixamos o colégio e fomos para o estacionamento. Eu ia na direção do meu Cooper, que estava ao lado do Volvo do Cullen, quando o tal me pegou pelo braço e praticamente me jogou dentro do carro dele, ao lado do passageiro.

 - HEY! – exclamei, indignada.

 Edward trancou a porta e foi para o lado do motorista. Eu fui também para o lado do motorista, vendo minha chance de sair, mas Edward foi mais rápido e me empurrou para dentro, entrando logo em seguida.

 - EDWARD, ABRE ESSA PORTA AGORA! – berrei e comecei a bater nele. – VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO. SEU IDIOTA!

- PARA ISABELLA! PARA COM ISSO. – ele tentava se proteger dos meus socos. Sim! Socos!

 - ABRE LOGO ESSA MERDA, EDWARD CULLEN! ABRE! ABRE! ABREEEE!

 - Dá pra parar?! – Edward conseguiu segurar meus pulsos. – Droga, Isabella! O que custa me levar na Starbucks?!

 - Hmm... Me deixa pensar... – fiz cara de pensativa. – Meu tempo, imbecil! – bufei.

 - Ah, Isabella. – ele riu. – É só uma paradinha pra um cappuccino.

 - E depois uma paradinha para Renée me matar. – ironizei.

 - Afinal, quem é Renée?! – ele juntou as sobrancelhas. – Você não me fala. A Alice também não me fala. E o anta do Emmett não sabe. Quem é essa?!

 - Bem... – olhei para o lado. – Você não vai querer conhecer ela, então não precisa saber sobre ela.

 - É sua madrasta, é?

 Arregalei os olhos para ele. Ok, madrasta podia definir o que Renée era para mim, afinal, ela parecia uma daquelas de conto de fadas. Que adora ferrar as princesinhas dos contos. Só muda que eu não sou uma princesinha.

 - Não. – fui curta e grossa.

 - Então quem é?

 - Porque você acha que ela é minha madrasta? – joguei outra pergunta.

 - Porque se ela fosse sua mãe ela não seria o que parece ser.

 - E o que ela parece ser?

 - A pior pessoa do mundo. Você faz como se ela fosse. Parece que se você não fizer o que ela manda, ela vai fazer algo com você. Sei que não é te bater porque no dia da convenção eu vi que você não tinha marcas nem hematomas. Mas mesmo assim ela parece ser horrível, algo desprezível. Então, minha lógica foi essa. Ela não pode ser sua mãe, porque uma mãe não seria tão... – ele deixou sua frase morrer ao olhar em meus olhos e vê o que estava escrito na minha testa.

 Puxei meu braço e me encostei na janela, fugindo de seus olhos.

 - Edward, você só tem um único exemplo de mãe. – falei. – Esme é o tipo de mãe que qualquer criança ou adolescente queria ter. Não sei se você assiste filme, mas sabe aquelas mães malvadas? Então, acredite em mim, elas existem. Tem as que batem, e as que desprezam os filhos. E claro, as controladoras.

 - Eu... Desculpa. – ele pediu, se ajeitando no banco.

 - Você é minha mãe? – perguntei e ele negou com a cabeça. – Então não tem que pedir desculpas.

 - Eu sei, mas mesmo assim.

 Edward ligou o carro e saiu do estacionamento. Eu deveria xingar ele e fazê-lo voltar para eu buscar meu Mini Cooper, mas não tive vontade. Deixei ele me levar para a Starbucks e eu ia pagar para ele os malditos muffins e o cappuccino, se era o que ele queria.

 Nós entramos no lugar e o sininho idiota avisou nossa entrada. Primeiro passamos no balcão e fizemos nosso pedido. Como queríamos a mesma coisa, pedimos uma porção grande de mistura de muffins, de Blueberry Muffins e de gostas de chocolate. Pedimos do mesmo café, que era o que eu tinha comentado com a Ylsa, o Café Mocha de chocolate. Assim, seguimos para o lugar mais afastado, que ficava no fundo. Sentamos num lugar que podíamos ficar um de frente para o outro. Edward colocou nossos muffins na mesa, entre nós.

 - Acha que essa nossa trégua será apenas por hoje? – ele perguntou, dando uma mordida num muffin.

 - Não sei. – ri, comendo um muffin também. – E não sei se seria bom.

 - Verdade. – ele riu e eu o acompanhei.

 Nós dois ficamos conversando por um tempo. Era assunto atrás de assunto, sempre um ou o outro que puxava. Descobri que Edward não tinha apenas o mesmo gosto que eu para a música. Ele gostava de livros, e muitos dos que eu já tinha lido, ele também leu. Nossos preferidos era os de Agatha Christie, a deusa dos livros de detetive. Ele também gostava de Guitar Hero por causa das músicas serem mais antigas do que a do Rock Band.

 - E eu assisto filmes. – ele falou, se referindo quando eu disse que não sabia se ele assistia. – E eu sei que tem mães daquele jeito. – rimos. – Agora... Eu entendi o seu jeito com Esme...

 - Pois é. – ergui as duas sobrancelhas. – Como eu disse, Esme é o tipo de mãe que qualquer um queria ter. Apenas por um dia.

 - Er... Posso te perguntar uma coisa?

 - Depende. – disse, dando de ombros.

 - Depende...?

 - Depende sobre o que é.

 - Sobre Renée.

 - Não.

 - Ahh, Isabella. – ele choramingou. – Só mata essa curiosidade, vai.

 - Só se você me chamar de Bella pelo menos essa vez. – ergui uma sobrancelha, dando mais atenção ao meu copo de cappuccino.

 - Ok, Bella.

 Parei de rodar meu dedo mindinho no copo, olhando para a mesa. A forma como meu apelido tinha saído pelos lábios dele fora tão... Encantador. Tinha caído super bem, e eu não entendia como ele insistia em me chamar de Isabella, que parecia tão repugnante ao meu vê. Não como ele dizia, mas porque só Renée me chamava assim.

 - O que você quer saber sobre ela? – perguntei.

 - Que tipo de mãe ela é?

 Levantei meu olhar para ele, vendo-o me avaliar minimamente. Aquilo me deixou desconfortável, mas fiz minha melhor cara de entediada.

 - O tipo de mãe controladora. Satisfeito? – ele negou com a cabeça. – Ok, coisa chata. Renée tem uma doença. Bem... Não é uma doença exatamente, mas eu julgo que é. Ela tem certa obsessão em aprendizagem. Mas não para ela aprender, e sim para mim. Renée diz que é para o bem do meu futuro, mas eu não concordo, só que minha opinião não vale nada com ela. Desde criança eu fico trancada no escritório aprendendo mais e mais sobre tudo. Faz anos que eu não sei o que é passar um dia sem ler um livro. Satisfeito agora?

 Edward assentiu, mas não disse nada. E naquele momento eu daria tudo para saber o que passava em sua cabeça.

 No domingo eu passei mais estudando com Renée e Charlie do que fazendo nada. À noite eu conversei com Alice pelo celular e ela me disse que tinham imprimido o jornal e que ele estava sensacional. Ela ainda acrescentou mais uns vinte adjetivos que chegassem ao ponto de perfeição, que eu preferi ignorar. Disse que agora era só esperarmos chegar segunda para o grande dia. O dia em que colocaríamos o nosso jornal para rodas nas mãos dos alunos da FHS.

 E essa segunda que mais me deixou nervosa, chegou voando.


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Notas finais do capítulo

Oi Gatinhas! Estou tão feliz em ver que os reviews aumentaram! Quando eu vi que tinham passado de dez, eu pensei logo em postar esse capitulo. Muito obrigada as meninas que comentaram e a TaynaCullen por ter recomendado.
Ansiosas para o próximo capitulo? É, depois de 16 capitulos, o jornal Revista Nerd vai ser publicado! Então, comentem muito para eu postar rápido esse capitulo, porque também estou ansiosa para postar! E recomendem também *--*

Beijos;