Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 15
Isso não é um sequestro




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14. Isso não é um sequestro

Na quinta-feira, Renée estava pior do que nos outros dias. Ela me acordou cedo, me arrastou para o banheiro, falando que eu estava muito preguiçosa. Depois que tomei meu banho, quando saí, tinha uma roupa em cima da minha cama. Era como a de todos os dias, óbvio. Sabia o motivo desse “vamos, vamos”, ela estava com medo de eu ter me revoltado geral e acabar destruindo sua filhinha dos sonhos.

 Então, assim que me troquei, eu desci para tomar o café-da-manhã e me deparei com, bem onde eu sento todos os dias, um livro.

 - O que é isso? – perguntei.

 - Seu novo livro, querida. – ela falou, com um sorriso.

 Olhei para Charlie, que deu de ombros e fez um olhar de “desculpas” que foi impossível não fazer isso. Sabia que ele não gostava daquilo tanto quanto eu, e que algumas vezes ele podia fazer algo para me ajudar, mas outras, nada – nem se a terra tremesse – fazia Renée parar de ser...  De ser o que era. E Charlie era apenas um homem normal que infelizmente, não sei, depende da parte dele, tinha casado com uma louca mandona.

 - Hm... – fiz, indo para o meu lugar. – É de que? De como se adaptar com sua mãe super controladora? – peguei o livro e olhei a capa, nem me importando com seu olhar perplexo e de Charlie também. – Ah, que pena. – suspirei. – Não é.

 - Isabella...? – ela me fulminou com os olhos. – O que você está fazendo? O que você tem?

 - Nem queira saber.

 - Bella... – Charlie me repreendeu.

 - Ok, estou indo.  – peguei meu novo livro e segui para a porta.

 - Não vai nem comer? – Renée perguntou.

 - Não estou com fome.

 Era uma mentira grande, claro. Mas sabia que se ficasse ali, acabaria brigando com Renée. Hoje, por alguma razão desconhecida por mim – talvez nem tanto desconhecida assim – não estava nem um pouco a fim de aturar as paranóias de Renée. E, eu acho que ela também não tinha acordando muito bem e estava se vingando de ontem. Renée era uma mulher muito vingativa, e isso não excluía nem o marido e nem a filha. Ela era de um gênio forte. Extremamente forte.

 O resto da minha quinta não foi nem um pouco animador. Ao entrar na lanchonete para comprar algo pra comer, já dei de cara com o Cullen Menor. No colégio, eu não conseguia prestar muita atenção nas aulas e nem na Alice, o que a irritava mortalmente. Ela me cutucava a cada cinco minutos, pedindo atenção para si mesma. Tudo que ela falava era sobre o jornal, as fotos com Ylsa que Edward tiraria, e blá blá blá. Também tinha o jeito que Nessie ficava me olhando, como se fosse fazer algo que eu não iria gostar. Mas... Tudo que elas faziam eu não gostava.

 Na aula de Biologia foi fácil, porque Edward não fez nada. Uma coisa boa. Ed. Física eu consegui escapar me escondendo no vestiário. E na aula de Cálculo, foi à melhor hora do meu dia. Emmett, percebendo como eu estava, conseguiu me animar contando histórias malucas dele e do seu time, que aconteceram no campo de futebol-americano.

 Depois dessa aula, tivemos que ir para a salinha do jornal, e lá cada um foi fazer o que tinha que fazer. Alice começava a escrever sua coluna de moda, falando sobre os looks que ela tinha feito para colocar na revista. Emmett falava sobre sua coluna de fofocas, que ele não deixava ninguém vê. Nessie pesquisava no computador dali um pouco sobre Star Wars e Edward a ajudava, já que ele era apenas o fotógrafo. Jasper ficava com Alice, já que ele era o editor e como não tinha nada pronto, estava ajudando ela com algumas coisinhas. Já eu, estava com Rosalie do meu lado e com meu notebook no colo, montando o bonequinho para poder colocar na capa.

 O resto da minha quinta, depois que fomos embora da salinha, foi como minha antiga rotina antes do jornal. Eu estudei um pouco com Charlie, jantei com ele e Renée, e depois fui para o meu quarto.

  Todo adolescente, quando está cheio de escola, odeia levantar cedo em plena sexta-feira. Comigo não era nem um pouco diferente. Eu odiava ir para escola nas sextas, e isso eu não era nenhum segredo, já que minha expressão de “bom dia” era a melhor. Mas, por alguma razão estranha – a mesma que me atingiu ontem -, eu estava de bom humor.

 Dessa vez, tomar meu café-da-manhã na cozinha dos Swans não foi nenhum sacrifício como tinha sido na manhã de ontem. Não tinha nenhum livro de quinhentas páginas me esperando ou uma Renée com cara de boa mãe. Foi como em todos os dias, eu apenas tomei meu café e segui para a garagem para poder pegar meu carrinho pequeno e ir para a escola. Estava com um biscoito na boca, planejando minha rota de ida e volta, que seria rápida. Bem... Mas algo me atrapalhava para poder fazer isso. O que era? Simplesmente meu carro tinha sumido. E pior! Ao ver isso, meu biscoito tinha caído no chão. Um grande disperdicio...

 Meu primeiro palpite era que Renée tinha escondido meu carro para eu ir andando na chuva até o colégio, mas sabia que ela não iria colocar o meu carro no meio de nossa briga. Então, meu segundo palpite foi...

 - AHHHHH, EU FUI ROUBADA! CHARLIE! CHARLIE! CHAME A POLICIA, EU FUI ROUBADA! – corri para dentro da cozinha novamente, parando em frente à mesa, com minhas duas mãos apoiadas em cima da tal. Encarei os dois, que me olhavam de olhos arregalados. Charlie até tinha parado sua xícara de café no meio do caminho. – Ok, o caso é o seguinte: Fui roubada! Não sei quem foi e nem o que queria com meu Mini Cooper, mas o roubaram. Posso não gostar de ele ser pequeno, MAS EU AMO MEU CARRO. Então, Charlie, prepare sua viatura e chame seus amigos para ir atrás do meu carro. Você manda uma para o lado sul, outra pro oeste. Nós vamos começar pelo lado norte do estado, já que eles não devem estar longe. Eu posso consegui rastrear meu celular nele, eu consigo fazer isso no computador. Só não podemos deixar de procurar meu carro, porque eu não-vivo-sem-ele! – joguei as duas mãos para cima.

 - Isabella... – Renée falou meu nome calmamente.

 - Nononono, dona Renée. – balancei meu dedo. – O caso aqui é sério, meu carro foi roubado. Não quero saber de Isabella nem nada. Só quero o meu carro!

 - Bella... – foi à vez de Charlie.

 - PORQUE VOCÊS ESTÃO CALMOS?! – coloquei as mãos em cima da mesa novamente. – Caramba, era o meu carro. Poxa, poderiam ter mais consideração com o Coocoo.

 - O... Que?! – os dois ergueram uma sobrancelha.

 - O Coocoo, meu carro! – choraminguei. – O nome dele é Coocoo.

 - Não tinha nome melhor, não? – Mary entrou na cozinha, com uma chave na mão, que eu reconheci ser do meu carro.

 - Não fale do nome dele. – murmurei, fazendo bico. – Meu Deus, só restou à chave? Só me deixaram a chave? PRA QUE EU QUERO A CHAVE?!

 - Pra dirigir seu carro, dãa. – Mary ironizou. – Tive que tirar o seu carro da garagem para poder lavar lá.

 Encarei-a, inerte a qualquer coisa. Não acreditava que tinha feito aquela cena toda de “meu carro foi roubado” para no final saber que Mary tinha o tirado da garagem apenas para poder lavar o lugar. Não! Como eu não pude perceber que os carros de Charlie e de Renée também não estavam lá? Isso só podia ser o sono. Yeah! Era o sono. Apenas o sono. Vamos relevar a cena dramática.

 - Bem... – olhei para um lado e para o outro. – Acho que eu deveria... – apontei para a porta.

 Charlie e Renée assentiram lentamente, como se não acreditassem que era eu a filha deles ali, parada em suas frentes. Olhei para Mary, que prendia uma risada. Então, corri na direção da porta da frente, sem nem olhar para trás para vê o quanto eles riam de mim. Eu não precisava olhar eles chorando de rir, já os ouvia muito bem dois segundos depois que sai.

 Meu carro estava em frente á casa. Ao vê-lo, eu suspirei, por saber que ninguém tinha roubado meu CooCoo sujinho. Caramba, eu o deixava do jeito que queria, e ele aceitava isso, então, ninguém tinha a ousadia de roubá-lo de mim. Meu sonho ainda era ter o Jipe vermelho, mas enquanto isso não podia acontecer, eu ficaria com meu Cooper e o amaria como se fosse algum dos meus CDs. E, claro, quando eu tiver meu Jipe, eu ainda continuaria a amar meu Cooper. Amor a eterno, foi o que lhe prometi.

 - A mamãe te ama, CooCoo. – murmurei, alisando seu capô.

 Olhei para o céu, que estava claro e por algum milagre, com um sol fraco. Mas tipo, fraco de fraco mesmo. Aquilo não esquentava nada, era apenas para espalhar um pouco de vitamina D para os moradores de Forks. A sorte de ter um sol um pouco mais forte que aquele era das pessoas de Port Angeles. Lá, com toda certeza, estaria com o tempo mais aberto que Forks. Nessie e Edward que teriam essa sorte, já que iam para lá por causa da convenção dos nerds.

 Suspirei e segui para a porta do carro, só que então toda a minha visão ficou escura e minha cabeça se encostou em algo quente e que subia e descia. Senti uma coisa – como um cano – na minha coluna, que fez meu corpo inteiro tremer. Entendi que o que tinha tampando minha visão era uma fita.

Será que hoje é o dia do assalto a Bellinha aqui?!

- Não faça nenhum barulho. – a pessoa murmurou no meu ouvido, com a voz grossa e rouca. – Isso é um seqüestro.

 - É o que?! – minha voz saiu fina.

 - Shiii. – fez. – Fiquei quieta.

 A pessoa começou a andar, com uma mão nos meu ombro e o cano na minha coluna. Não andamos quase nada, só atravessamos o quarteirão, até a pessoa me jogar no banco traseiro de algum carro. Ela foi rápida, entrando logo no banco do passageiro e o motorista acelerou. Só então eu dei o meu showzinho.

 - AHHHHHHH. ME DEIXEM! POR FAVOR, ME SOLTEM! EU NÃO TENHO NADA.

 - CALA A BOCA!

 Senti meu sangue subi quando o cara que tinha me seqüestrado proferiu aquelas palavras. Fiquei com tanta raiva que nem me importei com o fato de sua voz parecer alguma que eu conheço.

 - VOCÊS NÃO PODEM ME SEQUESTRAR DESSE JEITO! – berrei. – MEU PAI É POLICIAL E VAI DESCOBRI QUEM SÃO VOCÊS. ENTÃO ELE VAI PRENDÊ-LOS!

 - Fica quieta! – a pessoa mandou novamente.

 - NÃO ME MANDA FICAR QUIETA! VOCÊS NÃO VÃO SE SAIR BEM DESSA. NÃO MESMO. CHARLIE COLOCOU UM RASTREADOR EM MIM E QUANDO EU NÃO CHEGAR EM CASA NA HORA, VAI ATIVA-LO E ME ACHAR!

 - VOCÊ NÃO DISSE QUE ELA TINHA UM RASTREADOR! – o meu seqüestrador berrou.

 - EU NÃO SABIA! – a motorista, que eu descobri ser uma mulher, também berrou. E sua voz não me era nem um pouco estranha, igual a do meu seqüestrador...

 Tirei a venda e olhei para o interior da Mercedes Benz M Class, reconhecendo-o de primeira como o carro dos pais de...

 - Renesmee Carlie McCarty! – berrei. – COMO VOCÊ OUSA FAZER ESSA CENA?! QUEM TE DEU PERMISSÃO PARA ME SEQUESTRAR?! – avancei no banco do motorista, lhe dando cascudos.

 - Ai, Bella. Ai. Ai. Ai. Para! Para de me bater, Isabella! – ela choramingava.

 - Cuidado! – o outro idiota berrou quando Nessie saiu da estrada, porque tinha fechado os olhos. - Para com isso, garota! Quer nos matar?!

 Parei no meio de um cascudo, e virei lentamente minha cabeça na direção do acompanhante, olhando-o primeiro pela cabeça. Os cabelos ruivos, as sobrancelhas grossas, os olhos verdes...

 - VOCÊ VAI MORRER, CULLEN! – berrei, avançando nele. – EU VOU TE MATAR POR ME DAR UM SUSTO. VOU TE QUEBRAR TODO!

 - AHHH, PARA MALUCA! PARA COM ISSO! RENESMEE, SOCORRO! TIRA ESSA LOUCA DAQUI! TIRA!

 Ele tentava desviar dos meus socos e tapas, mas com aquele pequeno espaço, não dava nem para se abaixar. Um ponto positivo para mim, claro. Continuei dando-lhe socos, até o carro parar com tudo, e com isso quase fui parar na frente.

 - PARA COM ISSO, ISABELLA! – Nessie berrou, me empurrando com força para trás. – Fique quieta ai, mulher!

 - NÃO ME MANDA FICAR QUIETA. – arregalei os olhos. – VOCÊS DOIS ME SEQUESTRAM E VOCÊ AINDA QUER TER O DIREITO DE ME MANDAR FICAR QUIETA?! Isso é um absurdo! Não fale nada, mocinha. – apontei um dedo para ela, que fechou a boca e abaixou a cabeça. – Foi muito errado o que você fez, Renesmee. Não deveria ir pelas idéias dos outros. Principalmente de um Cullen macho.

 - Mas... – Edward tentou falar, mas eu o cortei com um “shiiiiu”.

 - Nada de mas, garoto. Você aproveita da inocência dessa idiota para poder me matar?! Vocês dois só podem estar loucos. Malucos! Piraram na batatinha, e nem foi Ruffles - que é uma delicia. EU NÃO QUERO SABER DE NADA! – berrei, quando os dois abriram a boca para falar algo. – Não acredito Nessie, que você aceitou seguir um plano do Cullen que pode acabar comigo... – fiz minha melhor performance de garota em perigo e magoada. – Com sua melhor amiga, que sempre fez tudo que você pede. Você me deixou muito triste, Nessie. Agora, não tenho mais para fazer aqui, vou embora. – abri a porta.

 - Mas Bella... – Nessie tentou falar, mas eu fechei a porta com força, cortando-a.

 Joguei minha mochila nas costas e comecei a caminhar na direção que julgava ser a minha casa, já que eu não fazia a menor idéia de onde estava. Só sabia que tínhamos saído de Forks e estávamos numa rua cheia de árvores.

 - Isabella! – Edward me berrou, mas eu continuei a caminhar. – Garota, para de ser idiota!  - ele pegou meu braço e me virou com força. – Volta para aquele carro e escuta o que Nessie tem para falar.

 - Eu não vou voltar. – puxei meu braço, me soltando. – Primeiro: - levantei apenas o dedinho. – Vocês não têm o direito de me seqüestrarem assim. Segundo: - outro dedo. – Eu não vou para onde não quero. Terceiro: - mais um dedo. – Gritaram comigo, e eu não aceito isso. E quarto e ultimo: VOCÊ NÃO FALA O MEU APELIDO E O DA NESSIE SIM!

 Edward me encarou com uma expressão engraçada, e eu não pude evitar soltar um risinho, que em segundos virou uma gargalhada. Sua expressão piorou o que fez também meu riso piorar. Não sabia o que estava acontecendo comigo, mas era engraçado olhar para Edward com aquela expressão.

 Ele balançou a cabeça em negação e se aproximou de mim.

 - O... O que você vai fazer? – perguntei, rindo ainda, ao mesmo tempo em que dava passos para trás.

 - Evitando que uma maluca saía andando sozinha por ai. – ele falou, e quando chegou perto suficiente de mim, se abaixou, passou os braços por trás das minhas pernas e me jogou nas costas como se eu fosse um saco de batatas. – Meu Deus, garota, você não come?!

 - CALA A BOCA, IDIOTA. – mandei, dando-lhe socos nas costas. – ME SOLTA, EDWARD. ME COLOCA NO CHÃO A-GO-RA, OU ENTÃO... OU ENTÃO... – não consegui terminar, voltando a rir.

 - Então o que, Isabella? – ele perguntou, rindo também.

 - OU ENTÃO EU TE MATO! – parei de rir e comecei a socar suas costas. – ME LARGA, EDWARD. VAMOS, ME SOLTA.

 Edward me soltou sim, mas aonde eu não queria. Ele me jogou no banco de trás do carro, trancou a porta e foi para o lado do acompanhante. Deitada, eu olhei para Nessie, que estava virada para trás, me encarando com os olhos arregalados como se eu fosse um monstro. Não agüentei olhar para sua expressão também e comecei a rir novamente, apertando a barriga com força.

 - O que você fez com ela?

 - Eu nada! Ela que está louca rindo sozinha. Essa garota não é normal. Não foi uma boa idéia trazer ela como nosso guia.

 Eu parei de rir na mesma hora e levantei, encarando os dois.

 - Eu-não-acredito... – falei pousadamente. – NÃO ACREDITO QUE VOCÊS ME SEQUESTRARAM POR CAUSA DESSA CONVENÇÃO IDIOTA!

 - Shiii. – Nessie fez, tampando minha boca. – Não fale assim da convenção. Eles ouvem tudo... – ela e Edward trocaram um olhar de medo.

 - O... Que?!

 - É melhor não ficar sabendo. – Edward murmurou.

 - MAS EU QUERO SABER! – bati o pé. – Não! Eu não quero saber. Eu quero ir embora.

 Tentei abrir as portas de trás, mas estavam trancadas. Edward e Nessie riam de mim, vendo-me fracassar ridiculamente ao tentar aquilo em vão. Mesmo sabendo que era impossível, eu tentei. Nessie ligou o carro e Edward o som, colocando uma música animada que eu conhecia, mas não fazia questão de lembrar-se de quem era.

 - Para esse carro, Renesmee! – mandei. – Eu quero descer! Me deixa descer. Charlie e Renée vão saber que eu sumi e que não fui para o colégio, então, vão me matarem. Você quer que Renée me mate? Quer, Renesmee?

 - Relaxa, Bella. – ela riu, cantando junto com a música.

 - Nós falamos com o diretor ontem, e ninguém vai ficar com falta. – Edward explicou. – Foi só dizer que era coisas do jornal.

 Ótimo! Tudo que precisávamos fazer era só falar que éramos do jornal e conseguíamos tudo. Até sair do colégio – ou melhor, faltar – sem ficar com ausência. Assim, iríamos longe...

 - Ok, ok. Vocês conseguiram. – eu disse. – Eu vou para essa convenção.

 Eles trocaram olhares cúmplices e bateram as mãos, em comemoração. Eu revirei os olhos e me encostei-me ao banco, bufando. Nessie e Edward cantavam junto com a música, que era da P!nk, que eu gostava, mas estava me irritando. Então, eu me estiquei e desliguei o som.

 - Hey! – os dois reclamaram.

 - Dane-se. – dei de ombros. – Agora me falem, qual é o plano número dois?

 - Número dois? – Nessie perguntou.

 - Yep. Número dois. O um era me seqüestrar, então tem que ter o dois, que é como chegar lá e entrar, para fazer a noticia.

 - Ahh, isso? Deixa conosco, Bella. – Nessie piscou um olho. – Nós temos tudo que precisamos na bolsa.

 - Que bolsa?

 - A mochila. – Edward apontou para uma mochila no canto, que eu nem tinha percebido.

 Peguei a mochila e abri o zíper, como uma boa enxerida que era.

 - Que história é essa de “eles ouve tudo...”? – imitei sua voz sinistra.

 - Você não vai querer saber. – Edward falou e Nessie concordou. – Não é uma história legal.

 - Eu que tenho histórias que você não vai querer saber, Cullen. – falei e Nessie concordou comigo também. – Agora desembucha, vai.

 - Ontem, quando fomos falar com o Hell, Nessie soltou algo que não devia...

 - O que? – desviei minha atenção da mochila e olhei para ela.

 - “Nós só vamos em uma convenção idiota para podermos ganhar esse jornal.” – ela repetiu.

 - Você falou isso para o diretor?! – arregalei os olhos.

 - Não. – os dois me encararam como se eu fosse uma louca. – Falei bem baixinho para o Edward. – ela explicou.

 - Ah, sim. – olhei para a mochila novamente. – Continuem...

 - Então, assim que saímos da sala, tinha aquele nerd parado na porta, com uma expressão nada legal.

 - Hm... Chave... Maquina... O nerd do corredor? – perguntei. – Câmera digital... Agenda... Caneta...

 - É. – Edward concordou. – Ele mesmo. O nerd falou algo como “Vocês não vão conseguir nada!” de modo ameaçador, o que fez Nessie sair correndo e gritando até o carro dela.

 - HEY! – ela fez e deu um soco nele. – Não precisava soltar essa parte. E eu já lhe disse Edward, é um trauma.

 - Verdade. – concordei. – Uma carteira e... UM BOLINHO DE CHOCOLATE?! – tirei o bolinho de dentro da mochila. – Você trouxe um bolinho de chocolate?

 - Yeah. – ela riu. – Sabia que vocês dois são os comilões, então achei melhor trazer.

 - Mas só um?! – falamos juntos.

 - Er... Foi. – ela fez careta vendo nossas expressões nada amigáveis. – Ah, galera, o que vale é a intenção.

 - A intenção de que? De vê o Cullen e eu nos matando por esse bolinho?

 - Vocês não vão fazer isso, vão? – ela aproveitou que tinha parado em um sinal e nos encarou, vendo nossas expressões de “O que você acha?” – Ah não, vocês vão.

 - Isabella, divide esse bolinho comigo! – Edward mandou.

 - Rá! Sonha, Cullen. Apenas sonha com ele. – afastei o bolinho dele. – Já é pequeno, e você ainda quer que eu divida?! Nananinanão!

 - Isabella... – ele grunhiu e tentou pegar o bolinho de mim, segurando meu braço. – Me dá esse bolinho.

 - Não! Não! Não!

 - Dá pra parar vocês dois?! Eu não estou conseguindo me concentrar com vocês brigando.

 - Vamos, Isabella. Dividi isso comigo. Não! Melhor, me dá logo ele todo. – Edward soltou o cinto que o estava atrapalhando e se aproximou ainda mais de mim.

 - Sai fora, Cullen! Nessie trouxe para mim, que sou amiga dela. Não você, que é apenas um colega de trabalho.

 - Não perguntei nada. Eu só quero o bolinho.

 - Já mandei vocês dois pararem! Se eu soubesse disso, não tinha trazido nada e os deixaria morrendo de fome...

 - Me dá isso, Isabella! NÃO! NÃO! NÃO COME! – Edward colocou as mãos na cabeça em desespero, quando me viu dando uma mordida no bolinho. – AH, SUA IDIOTA.

 - IDIOTA É VOCÊ, IMBECIL! - berrei, de boca cheia.

 - CALEM A BOCA! ME DE ESSE BOLINHO AQUI, ISABELLA! VOCÊS NÃO APRENDEM MESMO QUE TEM QUE DIVIDIR...

 - SUA REGULADA. ESPERO QUE ESSE BOLINHO VÁ...

 - LALALALALALALALA! NÃO ESTOU OUVINDO. NÃO ESTOU OUVINDO. HUMMMM, QUE DELICIA DE BOLINHO.

  O carro estava uma zona, fato. Mesmo com os vidros sendo filmados e estando fechados, as pessoas do lado de fora deviam estar vendo o carro se mexer com os movimentos do Cullen, que tentava pegar o meu bolinho e da Nessie, que dirigia com uma mão e com a outra tentava, também, pegar o bolinho.

 Olhei para frente, me divertindo com o desespero do Cullen, quando vi Nessie indo na direção de um... Um... MAS QUE PORRA TODA ERA AQUELA?!

 - NESSIE, CUIDADO! – comecei a pular no banco e apontar para frente. – ALIEN A VISTA! ALIEN NA MIRA! AHHHHHHH.

 - AHHHHHHHHHH. – os dois, que viraram para frente, também berraram.

 Nessie freou o carro com tudo, fazendo o pneu queimar o asfalto. Os... Aquelas pessoas que eu julgava serem aliens do bem com orelhas pontudas, berraram e correram para os lados, com medo de serem atropeladas por nosso carro desgovernado não tão desgovernado assim. Por sorte, Nessie conseguiu parar o carro, e claro, sem atropelar nenhum orelhudinho.

 Nós três nos encaramos, com a respiração rápida, e começamos a gargalhar. Eu ri tanto que deitei no banco com a mão em volta da barriga. Mas batidas no vidro nos atrapalharam. Nossa expressões de divertimento passou para desespero ao ver o tanto de orelhudinhos que batiam nos vidros, nos xingando de tudo que era nome e diversas línguas, que eu não entendia, mas que deviam ser de alien.

 - RÉ, NESSIE. DÁ A RÉ – Edward berrou, balançando Nessie violentamente. – VAI! VAI! VAI! OU VAMOS VIRAR SUSHI DE ALIENIGENAS.

 Nessie deu ré no carro, ao mesmo tempo em que apertava a buzina para as pessoas aliens saírem de trás do carro. Nós conseguimos sair da muvuca, e estacionamos no estacionamento cheio de carros que tinha ali.

 - Bem... – comecei, olhando para os dois. – Nós chegamos a Convenção Jedicon.

 Nos encaramos mais uma vez e voltamos a rir. Pelo menos o começo do nosso mini passeio estava sendo um tanto... Divertido. Assim que terminamos de rir, nós descemos do carro com a mochila de Nessie nas costas do Edward e seguimos para onde estava às várias pessoas aliens.

 - Meu Deus, porque elas estão fantasiadas? – Nessie perguntou, olhando para um anão vestido de Mestre Yoda, que quase atropelamos porque nao o vimos ali na nossa frente. Ele até mostrou o dedinho do meio para nós.

Um absurdo total!

 - Porque isso é uma convenção. – falei o óbvio. – As pessoas se fantasiam de seus personagens preferidos e vêem para mostrar e vê qual é o melhor. Isso os faz ganhar algum premiou ou quem sabe participar de uma simulação de cena.

 - É, Nessie, foi bom ter trazido Isabella.

 Bufei e grunhi para o Edward, que revirou os olhos.

 - Sabe, eu tenho uma curiosidade... – falei.

 - Nos diga. – Nessie mandou.

 - Será que aqui tem algum vampiro? – arregalei os olhos e apertei as mãos. – Eu adoraria encontrar um vampiro como o do filme...

 - Ah não, nem começa com esse filme. – Edward fez careta. – Já não basta Alice.

 - Não enche, Cullen. Será que tem, Nessie? Vamos procurar? Vamos? Vamos? Vamos!

 Peguei-a pela mão e a arrastei comigo por todas aquelas pessoas. Eu pedia informações para os aliens, fazendo a saudação com mão naquela forma esquisita de separar dois dedos para um lado e dois para o outro. Eu sabia que era o comprimento do Capitão Spock. Muitos – que não nos reconheceram do carro – nos responderam educadamente, outros me mandavam tomar no lugar onde o sol não bate, o que fazia Edward rir muito, mas então eu o calava mandando também ir tomar naquele lugar. Depois de quase uma hora rodando aquele lugar atrás de um Drácula perdido ou um Vampirão Brilhante do filme, eu desisti, fazendo Nessie e Edward suspirarem de alivio. Poxa, eu só queria matar minha curiosidade.

 - Bella, você tem que entender que não existem vampiros em convenções de Star Wars. – Nessie colocou uma mão no meu ombro, como consolo.

 - Olha, Isabella. Você é uma garota bem inteligente, só que algumas vezes é bem burrinha.

 - Vai se ferrar, Cullen. – rosnei. – Ok, esquece o vampiro. Vamos entrar como nisso?

 - Ah, primeiro temos que achar a entrada. – Nessie ficou nas pontas dos pés procurando a entrada.

 - Que tal seguirmos as pessoas? – Edward falou o óbvio, e com cara de óbvio.

 E foi isso que fizemos. Nós seguimos as pessoas até chegar numa entrada, onde tinha dois brutamontes vestidos de guardas estelares. Nós nos dividimos para pode passar, e Nessie, que foi a primeira a chegar neles, foi barrada.

 - Cadê o ingresso? – ele perguntou com uma voz robótica.

 - Er... Hã... O ingresso? – Nessie perguntou e ele assentiu. Ela começou a procurar pela roupa. – O ingresso para entrar?! – ele assentiu novamente. – Xiii, acho que perdi. Uma pena. Será que você não pode me deixar passar? – ele negou. – Mas eu comprei o ingresso!

 - Só que não está com ele. Então, não pode entrar. Agora, mocinha, pode sair da fila?

 Nessie abriu a boca para protestar mais uma vez, só que desistiu e saiu da fila, sendo seguida por mim e pelo Cullen.

 - E agora? – perguntei.

 - Ah, não. Não vai ficar assim.

 Nessie voltou até o segurança guarda estelar, cortando a fila, e muitos aliens reclamaram, mas ela não se importou. O segurança encarou-a de cima com cara de quem estava entediado. Ela chegou bem perto dele e chamou-o para se aproximar mais, e então, ela fofocou alguma coisa em seu ouvido. Ele ficou pensativo, mas então negou, e Nessie voltou bufando e xingando ele de tudo quanto é nome. E posso dizer que nenhum envolvia algum personagem do Star Wars.

 - O que você falou para ele? – Edward perguntou.

 - Prometi uma revista do Star Wars edição limitada, e ele NÃO QUIS! – jogou as mãos para cima. – Disse que preferia ter um emprego a uma revista. Deus, todos esses nerds são viciados nisso e ele nega a revista?! Ele não é tão fã assim.

 - Mas e agora? – repeti a minha pergunta anterior.

 - Agora vamos para o plano B. – Edward deu de ombros.

 - Hm... – balancei a cabeça lentamente. – E qual é o plano B?

 Os dois fizeram uma cara que depois ter feito a minha pergunta, preferi ter ficado de boca fechada.


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Notas finais do capítulo

Hey, Gatinhas! Acho que apareci mais cedo dessa vez, hum? Ou nao? Estou perdida no tempo :/ Estava tão inspirada que logo que parei para escrever, fiz essas dez paginas e decidi logo postar para vocês. Tem a continuação do que eles vão aprontar na Convenção Jedicon, mas... Não querendo ser chata nem nada, eu só vou postar se tiver no mínimo 10 comentários (Deixar na curiosidade kkk). Poxa, eu sei que tem mais que sete leitoras a fic - vi isso no site -, mas ninguém comenta. Se estiverem gostando, pelo menos deixe algum aviso, incentivo ou algo assim. Eu sei que demoro, mas quando venho, trago capítulos grandes. Então, se tiver mais comentários, eu trago capítulos maiores também.

Agora deixando a parte chata pro lado... kkk. Me seguem lá no Twitter ( @SuzanL_ ). Eu nunca tinha entrado nele, na verdade, nem sabia pra que servia ú.ú Então minha amiga me incentivou - ou melhor, me obrigou - a criar um. E agora eu vou começar a postar lá quando o capítulo estará pronto. Ah, eu sigo de volta ;)

Ps.: As que cometam todos os capítulos: Obrigada *---* Amo todos os comentários.


.Beijos