Revista Nerd escrita por SumLee


Capítulo 10
Ralf, o vingador




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09. Ralf, o vingador

 Todas as aulas até o horário do almoço foram à mesma chatice. Eu fui uma das primeiras a chegar ao refeitório, então só comprei um refrigerante e uma maçã. Sentei-me à mesa de costume e abri o notebook, me preparando para Alice quando chegar. Ela nem esperaria nós irmos para a sala do jornal, ela era ansiosa demais.

 - Oi Bella. – Nessie sentou do meu lado.

 - Oi.

 - Ta fazendo o que? – olhou para o notebook.

 - Alice quer umas “amostras” das coisas que eu já fiz para dar uma idéia pra capa, entende?

 - Uhum. – assentiu. – Hey, entra na web.

 - Claro. – peguei o conector da internet. Nessie pegou o notebook e digitou algum site. – O que você está fazendo?

 - Preciso de algumas informações sobre as coisas que eles – indicou com a cabeça os nerds – gostam.

 - Ah. Não vai ser fácil isso, não é?

 - É. Eles passam o dia inteiro mexendo na internet, vagando em vários sites, e... Eu nem sei o que é um Playstation.

 - O que?

 - É, eu não sei que um Playstation é um vídeo-game. Vê se pode?

 Olhei para Nessie pra vê se ela estava mentindo ou brincando, mas a garota parecia falar sério. Deus, ela acabou de dizer o que é um Playstation e não sabe? O que eu fiz para ouvir uma asneira dessa? Eu até acreditaria se isso viesse de Emmett, mas da Renesmee? Caramba, é demais.

 - É mesmo. Vê se pode?! – concordei com a insanidade da garota.

 - E como foi lá com eles? Ninguém se machucou?

 - Não... – olhei para o lado. – Eu acho que não... – pensei no pobre ratinho.

 - Que bom. – ela sorriu. – Eles não ameaçaram com a caneta?

 - Não. – eu sorri ao se lembrar do Eric com medo. – Nem pensaram nela.

 - Mais uma vez isso é bom.

 - É.

 - Hey, olha isso. – apontou para a tela.

 - Lê ai. – pedi, com muita preguiça para ler.

 - “Anotem na agenda, tire seu lightsabers¹ do armário e preparem-se jogadores de Star Wars e viciados em jogos de espaçonaves, sexta-feira haverá uma grande convenção em Port Angeles, onde os maiores Jedis – que são vocês – poderão mostrar seus anos de ensinamento com mestre Yoda para todos os outros Jedis. Além da grande sala de jogos, haverá uma batalha entre Jedi e Darth Vader ao vivo, onde vocês poderão vê o episódio Episódio VI - O Retorno de Jedi. Terá uma sala com vídeo-game onde dois Guerreiros lutarão e o vencedor levará a mais nova edição em quadrinhos, o ultimo jogo lançado e o DVD edição especial. Então, vocês, Jedis, peguem suas espaçonaves e lightsabers, não deixem Darth Vader impedir vocês e venham para a convenção de Star Wars em Por Angeles” – ela me encarou. – Isso é o que eu preciso.

 - Jedis? Mestre Yoda? Batalha ao vivo? Que porra é essa?!

 - Bella! Esquece os detalhes e se concentra com o que nós vamos conseguir tendo uma coluna com informações sobre essa convenção?

 - É... Atrairíamos bastante a atenção dos nerds. Principalmente dos que não vão poder ir.

 - Isso mesmo. Eu posso levar Edward comigo e nós tiramos fotos, fazemos entrevistas e conseguimos ganhar desse jornal idiota.

 - Boa. – peguei minha maçã e dei uma mordida. – E ter isso na capa será melhor ainda.

 - Isso mesmo.

 - Oi meninas. – Alice apareceu e sentou de frente para nós. – O que vocês estão vendo ai?

 Olhei para a fila do refeitório e vi Shannon lá, me encarando. Foi então que me lembre que tinha que pegar o Ralf para minha vingança com o professor.

 - Uma noticia de uma convenção sobre... – Nessie falava.

 - Meninas, eu, er... – levantei e peguei minha bandeja. – Preciso ir ali.

 - Aonde? – Alice perguntou.

 - Hã... Ali. – quase sai correndo.

 Indiquei com a cabeça, para Shannon, o banheiro. Ela assentiu. Eu entrei no lugar e sentei em cima da pia. Tinha umas garotas ali, que me olharam estranha. Eu apenas dei de ombros. Shannon entrou minutos depois. Ela fingiu está lavando a mão enquanto as meninas não saiam. Quando elas saíram, Shannon veio até mim.

 - Cadê o Ralf? – perguntei.

 - Está aqui. – ela tirou a mochila das costas e tirou o ratinho dela. Peguei-o com cuidado, pois precisava dele para minha vingança e se eu o irritasse, esquece. – Toma cuidado com o Ralf.

 - Vou tomar.

 - Ralf é um rato inteligente, é só colocá-lo no lugar e falar apronta que ele vai aprontar.

 - Ok.

 Ela foi para a porta.

 - Pego ele depois e... Se acontecer algumas coisas com Ralfinho, eu mato você.

 - Ok.

 Depois que ela saiu, eu virei o rato para mim.

 - Oi Ralf. Hora de aprontar, não? Vamos fazer aquele professor pagar por ter me chamado de estranha e ter colocado o Cullen do meu lado.

 Merda! Eu tinha me esquecido do Cullen. Agora como vou chamá-lo? Bem que ele poderia ser esperto o suficiente para entender que eu já estava pronta pro plano, mas eu estava falando de Edward Cullen, o ruivo burro.

 Peguei meu celular e liguei para Alice.

 - Porque está me ligando na escola? E cadê você? O que você está aprontando, Isabella?

 - Caramba. Você fala muito Alice. E eu não estou aprontando nada.

 - O que você quer?

 - O número do celular do Edward.

 - O que?

 - Isso mesmo. Não me faça repetir, apenas passe o número.

- Nossa. – ela falou o numero e eu anotei mentalmente. – Pra que você quer?

 - Obrigada Alice. Até daqui a pouco.

 Desliguei o celular e disquei para o Cullen. Eu guardei o Ralf na bolsa e desci da pia, indo para a porta. Ouvi ao longe uma música legal, mas não me importei.

- Alô? – atendeu.

 - Cullen, sou eu, a Bella. – falei o apelido, me lembrando que ele tinha me chamado de Isabella antes. – Cadê você? Eu to com o aquela coisa.

 Nossa, pareci uma traficante agora. Que pena que não falei “bagulho”, ficaria mais legal. Deixei isso pra lá e sai do banheiro.

 - Eu to aqui.

 Virei para o lado e o Cullen estava ali, encostado na parede. Desliguei o aparelho e guardei no bolso.

 - Quer dizer que você não é tão burro quanto eu pensava. – falei e ele apenas revirou os olhos.

 Nós seguimos para a sala de Biologia. Tomamos cuidado para não ser pego pelas câmeras e pelos inspetores. Parecíamos até espiões, se esgueirando pelas paredes.

 Aff, hoje eu to mais idiota que nunca.

 Entramos na sala, Edward trancou e abaixou a cortininha da porta.

 - Pronto, agora é só colocar o plano em prática e deixar Ralf fazer o trabalho para nossa diversão. – sorri.

 - Ok. – Edward foi até a mesa do professor, que estava cheia de papéis. – Olha, isso aqui é a prova da semana que vem? – ele pegou o papel e levantou, sorrindo. – Ihhh, pior que é mesmo.

 - Me deixa vê. – peguei a folha da mão dele. – Aff, eu sei tudo que tem aqui.

 - Bom para você. – ele tomou a folha da minha mão. – Me empresta uma caneta?

 - Não acredito! Você vai colar?

 - Nãooo. – ele me encarou descrente. – Só vou vê as questões para não ser pego de surpresa. – deu de ombros.

 - Eu sabia que você era burro Edward. Nunca acreditei que existia um pouco de inteligente nesse cabeção. – gargalhei sozinha.

 - Muito engraçada você, Isabella. – ele revirou os olhos e colocou a prova onde estava. Pegou outra folha que estava mais embaixo. – Ihhh, parece que você não é tão inteligente também.

 - Do que você está falando, animal? – perguntei, não muito interessada. Estava mais é procurando um lugar para colocar o ratinho.

 - Na minha mão está uma prova com o nome de Isabella Swan, onde, bem em cima, tem um C-.

 - É O QUE?! – parei o que estava fazendo e me virei para ele. – É mentira. Eu não tenho um C-.

 - Não é o que parece. – ele balançou a folha, um sorriso zombeteiro nos lábios.

 - Me deixa vê isso. – puxei a folha com brutalidade, amassando ela.

 Olhei no topo e arregalei os olhos. Edward gargalhou da minha cara. Porque, simplesmente, aquela prova não era minha. Era de alguma Isabella, mas não era minha.

 - Seu imbecil! – taquei a folha nele. – Eu nunca tiraria um C-.

 - Aham. – ele revirou os olhos. – Agora vamos fazer o que temos que fazer aqui e cai fora.

 Nós seguimos o plano onde envolvia tachinhas, Ralf e professor.

 - Você fica ai garotão. – falei pro ratinho. – Olha, você sabe o que tem que fazer. – pisquei um olho. – Me faça feliz, Ralfinho.

 - Agora ela conversa com ratos. – Edward bufou. – Vamos logo, Isabella.

 - É Bella, imbecil.

 Depois de terminado, saímos da sala e seguimos pelo corredor.

 - Hey, vocês dois!

 Eu estanquei no lugar e olhei para o Edward, que estava com uma expressão que deveria ser igual a minha. Virei lentamente para vê quem era a santa pessoa que tinha nos pegado no flagra, por que tínhamos acabado de sair da sala. Vi que era um garoto, um nerd. Um nerd da nossa aula de biologia.

 - Er... Oi? – falei.

 - O que vocês dois estavam fazendo ai dentro? – perguntou.

 Mas que cara de pau filho de uma mãe. Como ele pergunta isso assim? Algo que não tem nada a vê com ele. Edward me olhou como se pensasse a mesma coisa que eu.

 - Isso não é assunto seu. – Edward falou.

 - Não... Mas é do professor. – o garoto sorriu diabolicamente.

 - Por quê? O que você vai falar? – ergui uma sobrancelha.

 - Vou falar que vocês dois estavam na sala dele. Porque o professor me mandou ficar de olho, já que as provas estão lá.

 Pronto, nós estávamos fudidos. Mesmo que eu não tenha entrado na sala por causa da maldita prova, o garoto quando visse o professor se ferrando, as primeiras pessoas que passariam na sua cabeça como culpados era Edward Cullen e Isabella Swan.

 - Tinha provas lá dentro? – Edward perguntou se fazendo de inocente. – Droga, se eu soubesse...

 - Vocês não sabiam? – o garoto perguntou surpreso.

 - Não. – respondemos juntos.

 Tadinho, era tão bobinho pra acreditar nisso. Como alguém podia ser ingênuo assim?

 - Então o que estavam fazendo lá dentro, só os dois?

 - Er... Hum... – Edward e eu nos embolamos nas palavras.

 Ótimo, saímos da acusação de estar colando e agora vamos para a de dar um “sustinho” nos professor. Isso é perfeito!

 - Er... – Edward passou um braço sobre meu ombro. – Queríamos... Sabe... Privacidade.

 - O que? – sussurrei.

 - Entra na mentira, idiota. – mandou.

 - Privacidade? Pra que?

 Puta que pariu! Onde esse garoto vivia? Numa igreja? Onde ninguém tinha malicia ou sabia o que era um beijo. Não! Até na igreja se sabia o que era um beijo e também sabia pra que dois adolescentes precisavam de privacidade. E como ele não podia perceber minha careta de nojo igual à de Edward?

 - Garoto, você me entendeu. – Edward disse.

 O menino ficou nos encarando por um minuto, a testa franzida em confusão. Deus! Que garoto burro.

 - Ahhhh. – se tocou. – Entendi. – sorriu malicioso. – Mas... Vocês dois? Edward e Isabella?

 - É. O que é que tem? – Edward perguntou.

 - Hum... Nada. Mas é que você é popular e ela... – ele me olhou de cima a baixo. – É... Ela.

 - O que você quer dizer com isso? – perguntei brava, já querendo partir pra cima do garoto, que deu dois passos para trás. – Está insinuando o que?

 - Calma, Isabella. – Edward pediu, me segurando. – Você não tem nada a vê com isso, garoto.

 - Ok. – ele levantou as duas mãos.

 - Agora o que você quer pra ficar de boca fechada?

 - Porque eu ficaria?

 - Mas seu filho de uma pu...

 - Isabella! – Edward colocou uma mão na minha boca. – Não pergunte o porque, apenas fale o que quer.

 - Hum... Que tal um beijo da sua irmã?

 - O QUE?! – Edward berrou.

 Eu também queria berrar, até tentei, mas a mão do idiota estava na minha boca. Eu bati nela e fiquei de boca aberta, literalmente.

 - Você quer o que? – perguntei lentamente.

 - Isso mesmo. Um beijo de Alice Cullen.

 Porque não podia ser algo mais fácil? Alice ia nos matar se pedíssemos isso para ela. Não, ela iria fazer nós dois beijarmos o garoto no lugar dela.

 - Isso não pode. – Edward falou. – Pede outra coisa.

 - Ok... Então... Eu quero um beijo da Isabella. – ele piscou um olho pra mim.

 - É O QUE?! – nós dois berramos. – Cara, está tão necessitado assim? – Edward completou.

 - Seu imbecil. Idiota. O que você quer dizer com isso? – virei para o Edward.

 - Não quero dizer nada, Isabella. – ele me virou de frente para o nerd novamente. – É isso que você quer?

 - É. – o garoto respondeu convicto.

 - Nem me pagando! – falei.

 - Isabella, é pra nós não nos ferrarmos. – Edward sussurrou.

 - Eu não vou beijar esse garoto. – fiz careta. – Se você quer isso, beije você. Eu to fora.

 Dei as costas para ele e segui para o refeitório.

 - Isabella?! – Edward berrou.

 - Vai se ferrar, Cullen. – mostrei o dedo do meio sem nem me dar o trabalho de olhar para trás.

 Entrei no refeitório e fui até a mesa das meninas, me sentando ao lado da Nessie. Peguei uma barra de cereal que estava na bandeja nela, abri e dei uma mordida com vontade.

 - O que mais vocês acharam no computador? – perguntei.

 - Não se faça de sonsa, Isabella. – Alice disse brava. – Onde você estava?

 - Mas eu não estou me fazendo de sonsa. – murmurei. – E você não vai querer saber.

 Edward entrou naquele momento, com uma cara não muito boa. Será que ele beijou o nerd? Deus! Não deveria ter saído.

 - Se eu perguntei é porque eu quero.

 - Uhhh, doeu essa. – voltei minha atenção para Alice e fiz cara de dor. – Alice, esquece esse tempo que eu estava fora e... – fui cortada pelo sino. – Vamos pra aula. – completei.

 Peguei meu notebook e corri para fora do refeitório, indo pra sala. Sentei no meu lugar, joguei minha mochila no chão e coloquei o note no colo, ansiosa pra quando o professor chegar. Edward entrou minutos depois e sentou ao meu lado.

 - O que aconteceu? – perguntei, inocente.

 - Não enche. – murmurou.

 - Edward, o que aconteceu depois que eu saí? Como você se livrou do nerd?

 - Não é da sua conta.

 - Oh meu deus! É o que eu to pensando? – arregalei os olhos.

 - O que você está pensando? – ele se virou para mim e entendeu o meu silencio. – Não! É claro que não! Pirou? Ele pediu pra apresentá-lo pra Tânia.

 - Tânia Denali? A sua namorada?

 - Ela não é minha namorada, idiota. E é, a Tânia Denali. – ele revirou os olhos. – Agora terei que perder meu tempo para tentar conseguir fazer Tânia me ouvir.

 - Ela não ouve você?

 - Não vai quando eu falar o que quero. Não... Erro meu. O que o nerd quer.

 - Você ta ferrado. – ri. – Mas pelo menos fez alguma coisa.

 - Tanto faz. – bufou.

 - Boa tarde, sala. – o professor entrou na sala.

 - Hora do show... – cantarolei olhando para Edward. Ele sorriu.

 O professor caminhou até a sua mesa, ficou em pé arrumando uns papeis e demorando pra sentar. Senta, infeliz. Senta logo. Eu me remexia na cadeira, de ansiedade. Eu também queria rir antes da hora, imaginando a cena. O professor sentou na cadeira, sua cor mudou drasticamente para vermelho. Ele gritou e pulou da cadeira. A sala inteira gargalhou e eu os acompanhei. O professor ficou pulando e passando a mão na bunda.

 - Quem. Foi. – começou lentamente, indo até a mesa para pegar a folhinha de detenção. – Que. Fez. Is... AHHHH. – ele soltou um gritinho histérico quando o Ralf, o ratinho do mal, mordeu a mão dele. – SOLTA! SOLTA! SOLTA! – o professor começou a pular balançando a mão, onde Ralf estava, preso pelos dentes. – SAI! SAI! SAI!

 O professor balançou a mão com força, e eu só vi Ralf voando.

 - Pega! – mandei, empurrando Edward para o lado.

 Ele se esticou até pegar Ralf e o colocou no chão. O rato saiu correndo até a porta e de lá sumiu, indo para onde sua dona estava... Eu acho.

 Voltei minha atenção para o professor, que estava sentado – depois de ter tirado as tachinhas – e com a mão na boca. Não pude evitar a cara de nojo. Olhei para Edward, que sorria para mim, e nós trocamos um aperto de mão. Nós viramos para o nerd e ele não estava nos olhando, o que significava que ele não tinha se tocado que fomos nós quem tinha feito aquilo.

 É, a minha vingança estava feita. Ralf era demais. O ratinho vingador pelos necessitados.

¹ Lilightsabers, em português Sabres de Luz, tornaram-se um dos elementos visuais que mais marcaram os filmes e o restante do Universo Expandido. As "espadas" com cristais coloridos que são usadas em lutas.


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