Uivos nas Sombras escrita por lari_chan


Capítulo 4
Capítulo 4 - Aquela pessoa


Notas iniciais do capítulo

demorou, eu sei mais ta ai mais um capítulo. Ah só uma coisa antes de começarem a ler Bane se pronucia (bânee). vocês entenderão quando começarem a ler.



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Assim que Sandro abriu os olhos, ele se viu deitado no chão de uma construção abandonada. Ele levantou assustado. Como fora parar ali? Ele olhou ao redor, a sala onde ele estava não era muito grande. Porém através do buraco onde deveria ter uma porta, e que era a única saída daquela sala, ele pode ver que o próximo cômodo era enorme. As paredes estavam todas rachadas e havia um buraco onde antigamente devia ter um janela. Ele se aproximou e viu que a construção estava cercada pela mata e um pouco distante dali era possível ver uma casa com uma varanda onde estava uma pessoa, porém pela distância não era possível ver quem era.

Sandro então ouviu a risada de uma criança. Ele rapidamente se virou e viu uma garotinha de pele morena, e cabelo preto. Assim que reparou os olhos da garotinha se impressionou com a cor. Eles eram ambares, bem vivos quase como se brilhassem refletindo a luz. Ela o observou por alguns segundos sorrindo e saiu correndo. Sandro começou a segui-la, a garotinha era muito rápida e conseguia desviar de alguns escombros que estavam espalhados pelo chão com muita facilidade. Já Sandro, estava tropeçando em vários até que, perto de uma escada onde a garota tinha acabado de descer, ele caiu após ter tropeçado em um monte de tabuas.


Espera!” Ele gritou enquanto estava caído no chão e estava tentando se levantar. Ele estava tão preocupado em segui-la que nem havia pensado em pedir para ela esperar, de qualquer jeito ela provavelmente não esperaria. Ao mesmo tempo que se levantava, ouviu passos subindo a escada. Assim que se virou, viu a garotinha estendendo a mão tentando ajudá-lo. Ele aceitou a ajuda dela e quando ficou de pé ela segurou a mão dele e começou a puxá-lo pra algum lugar. Por algum motivo aquela garotinha lhe era muito familiar e aquele lugar também. Ela estava praticamente o arrastando e de vez em quando se virava para Sandro e sorria alegremente. Ele então percebeu que estavam se afastando da construção abandonada e estavam indo em direção a mata.


Para onde estamos indo?” Sandro estava um pouco receoso, mal sabia como havia parado ali e agora uma garota o arrastava para sabe-se lá onde. A garotinha porém não respondeu, apenas se virou para ele e sorriu. Sandro parou. Não iria continuar se ela não respondesse para onde estavam indo.

A gente tem que ir.” a garotinha dizia isso enquanto tentava puxá-lo, sem muito resultado.

Porque? E pra onde a gente tá indo?”

Eles falaram que não querem mais que você venha aqui. Vamos”

Eles quem?”

Nesse instante os 2 ouviram um uivo muito alto que parecia se aproximar cada vez mais. A garotinha parecia assustada e agora tentava com todas as forças puxar Sandro. Ao ouvir o uivo, Sandro não pensou duas vezes e deixou que a garota o guiasse. Ela corria por entre as árvores o mais rápido que podia sem soltar a mão de Sandro.


Ele por sua vez, fazia o máximo para conseguir acompanhar o ritmo da garotinha. Assim que ele olhou para trás para ver se ainda estavam sendo perseguidos, ele viu que um enorme lobo negro os perseguia. Ele começou a entrar em pânico. Definitivamente olhar para trás não tinha sido uma boa ideia. A garotinha apertou o passo, estava cada vez mais difícil acompanhá-la. Uma coisa era certa uma garotinha de uns 8 anos de idade não podia correr tanto assim. Ela não era uma criança normal. Mas naquele momento era a única esperança dele de escapar do lobo.


De algum jeito, os 2 estavam conseguindo manter uma boa distância do lobo. E agora estavam chegando ao final da mata. Assim que saíram, a garotinha parou e largou a mão dele. Sandro, por sua vez, caiu exausto no chão. Ele olho para trás para ver se o lobo ainda os perseguia mas não havia nenhum sinal dele ou som dos uivos dele.


Ele não vai se arriscar a vir aqui, não de dia e com aquela pessoa por perto.” Sandro estava mais relaxado agora. Porém estava curioso com que tipo de pessoa poderia assustar um lobo daqueles.

Obrigado por me ajudar” ele disse se aproximando da garotinha.

Não me agradeça, fui eu que te meti nisso em primeiro lugar.” ela agora tinha uma expressão triste. Sandro estava um pouco confuso com o que ela queria dizer com aquilo. Ela simplesmente o tirou daquele lugar. Não era culpa dela ele ter ido parar lá.... ou era? Ela agia como se o conhecesse há muito tempo mas ele não se lembrava de já tê-la visto antes. Tudo isso era muito estranho desde que acordara nada fazia sentido. Ele então percebeu que a garotinha tinha acabado de pegar na mão dele de novo.


Vamos eu tenho que te levar para aquela pessoa.” ela agora estava começando a andar. Dessa vez Sandro começou a seguir sem questionar. Ela tinha acabado de salvá-lo não tinha porque desconfiar dela...Não, na verdade ainda tinha, mas entre ficar com ela levando-o para um lugar desconhecido e ficar sozinho perdido num lugar que não conhecia com um lobo enorme a solta, ele nem precisava pensar duas vezes qual das duas opções escolher.

Quem é essa pessoa de quem você fala?” Sandro era curioso por natureza, tinha que perguntar isso pelo menos.

Você sabe quem é” a garotinha disse no mesmo tom de quando eles se encontraram. Mas dessa vez ela não estava sorrindo, ela estava triste e no fundo dos seus olhos Sandro viu algo que não tinha visto nela até agora. Medo. Ela não tinha medo de fugir de um lobo gigante mas de encontrar uma pessoa sim. Algo estava muito errado nessa história.


Eles agora estavam chegando a casa que Sandro havia visto de longe. Ele percebeu que agora a mão da garotinha suava frio e que ela tremia. Estava claro que ela tinha medo da pessoa que ela falava, mas mesmo assim ela não demonstrava nenhum sinal de desistir. Essa não era atitude de uma criança normal, a não ser que ela tivesse mais medo ainda com o que aconteceria com ela se não fizesse isso.


Assim que chegaram na casa, viram que uma mulher de cabelo preto e comprido os esperava em pé na varanda. Devia ser a mesma pessoa que Sandro tinha visto da construção. Chegando a uma pequena escada de 3 degraus que levava a varanda, a garotinha soltou a mão de Sandro e não se atreveu a dar mais nenhum passo em direção a casa. Sandro então parou também, mas a mulher fez um gesto de que era para ele continuar. Ele subiu os degraus e parou em frente a mulher. Os olhos dela eram violeta, embora ele não lembrasse de já ter visto olhos dessa cor eles eram estranhamente familiares.


Você já pode ir embora, Angela.” a mulher disse para a garotinha que deu um pulo quando seu nome foi pronunciado. Ela então ficou olhando para a mulher como se quisesse dizer algo mas não tinha coragem.


Não se preocupe. Não te culpo pelo que aconteceu e você ainda o trouxe são e salvo até aqui” A voz da mulher era calma mas seus olhos não mostravam nenhuma emoção. Angela então se virou e começou a andar em direção a floresta.


Vamos entrar, filho.” Sandro se virou rapidamente e ficou observando a mulher. Como ele ainda não tinha percebido? Aquela mulher era a mãe dele. Ele não entendia como tinha esquecido o rosto da própria mãe. Mas mais importante que isso o que ela estava fazendo ali? Ela tinha morrido há muito tempo como podia estar ali na frente dele?


Ela vai ficar bem, filho, sei que ela é importante para você. E quanto ao lobo que os perseguiu já manei o Bane atras dele.” Dessa vez , seus olhos eram gentis. Ela era uma pessoa gentil, um pouco rígida as vezes mas nada muito extremo. Ela também gostava muito de animais a não ser que fossem lobos. Ela os odiava. Sandro não sabia porque mas não era atoa que Bane, o cachorro da família enquanto sua mãe era viva, era um lébrel irlandês, uma raça que havia sido criada para caçar lobos. Assim que saiu de seus pensamentos ele percebeu o que ela disse. Como ela sabia que tinham sido perseguidos por um lobo?

Como você sabe?” ela apenas sorriu levemente antes de responder enquanto andava em direção a porta.

Eu posso senti-los quando estão perto e saber o que eles querem.”

Mas como?” ela apenas sorriu e abriu a porta e entrou. Sandro foi entrar porém percebeu que tudo estava muito escuro.


Assim que começou dar passos para dentro da casa percebeu que estava tão escuro que ele não via um palmo a frente dele. A cada passo que dava ele sentia que estava pisando em algo molhado. Mas não sabia o que era por causa da escuridão. Quando ele ouviu um choro característico de um cachorro, ele começou a tomar cuidado onde pisava para não pisar no Bane. Porém acabou tropeçando em algumas coisas no caminho que não sabia o que eram. Até que finalmente achou o interruptor. Algo que, depois que acendeu, ele queria nunca ter achado.


Assim que as luzes acenderam, o que ele viu o assustou completamente. O chão estava coberto de sangue e por toda sala haviam corpos de lobos. Não, não eram lobos... pelo menos não exatamente. Eles eram diferentes de um lobo normal. Sandro sabia a resposta, eram lobisomens. Eles tinham partes dilaceradas que estavam espalhadas por toda sala, ele havia tropeçado em vários corpos. A calça dele estava coberta de sangue. Por todo lugar que ele olhava haviam corpos e sangue. Até que ele viu algo que o deixou ainda mais horrorizado. O corpo de sua mãe estirado no chão com Bane ao lado dela , também morto. Ela não estava no mesmo estado que os outros corpos, mas haviam marcas de garras bem profundas na barriga dela.


Depois de ver isso Sandro não conseguia mais ficar de pé. Ele caiu sentado no chão ensanguentado se encolhendo tentando tampar os olhos e quase chorando. Ele tentava ao máximo esquecer o que acabara de ver até que ele ouviu o choro de cachorro mais uma vez. Ele nessa hora congelou, sabia que não podia ser o Bane o pescoço dele estava com cortes profundos ele não teria sobrevivido a isso. Ele abriu os olhos assustado começou a olhar em volta e viu um lobisomem com o pelo meio castanho encolhido no canto da sala. Esse era menor que os outros e estava de costas para ele e de frente para a parede.


Era ele que estava chorando. Sandro estava com medo mas também estava com raiva, muita raiva. Eles mataram a mãe dele. E quem garantia que o que a tinha matado era um dos que estavam mortos? Podia ser muito bem aquele pequeno. Podia ter sido um ataque surpresa. Ele podia ter fingido ser inofensivo e depois atacado. Bane então podia ter atacado ele e por isso ele estaria chorando. E então os outros aparaceram para dar suporte e Bane os matou. Ai o pequeno de novo deve ter atacado Bane quando estava distraído e então …. a mente de Sandro não raciocinava mais direito.


Tudo que ele queria agora era culpar alguém pelo que havia acontecido. E queria alguém em quem pudesse descarregar sua fúria. E lá estava o alvo perfeito. Era pequeno e não parecia ser tao forte quanto os outros e pelos choros provavelmente já estava ferido. Sandro então pegou a primeira coisa que viu, uma vassoura. Não era a mais ameaçadora das armas mas se ele acertasse a cabeça com força suficiente poderia deixá-lo inconsciente até achar uma arma melhor.


Ele se aproximou o mais silenciosamente possível. Quando estava bem atrás do monstro, este se virou. Sandro viu que ele estava coberto de sangue e com vários arranhões do mesmo tipo que sua mãe tinha. Era difícil ver a cor do pelo por causa da quantidade de sangue mas parecia uma mistura entre tons de castanho. E os olhos desse eram ambares. Já tinha visto esses olhos antes...não podia ser.


O lobo ao vê-lo ficou apavorado. Sandro então percebeu que haviam lágrimas nos olhos da criatura. Estava realmente chorando, como uma pessoa. Ele também viu que as feições do lobo lembravam as de um filhote. O que ele estava fazendo? Ele ia mesmo atacar um filhote apavorado daquele de um jeito tão covarde? Os estavam se encarando, os dois visivelmente tremiam de medo um do outro. Sandro ainda segurava a vassoura em posição. Se o monstro tentasse atacá-lo ele estaria pronto. Sandro ainda estava visivelmente tomado pela raiva, mas parecia estar voltando ao seu juízo normal. Enquanto isso o filhote nem se movia, estava totalmente apavorado. Sandro já conhecia esse filhote. Não podia mais negar isso, a garotinha que o ajudou.


Sua mãe a tinha chamado de Angela. Ele agora sabia que ela era inocente. Ela tinha muito medo da mãe dele, nunca faria mal nenhum a ela. Ele então abaixou a vassoura e a largou. Angela o observou enquanto fazia isso pareceu relaxar quando ele soltou a vassoura mas continuava com uma expressão triste. Ela se levantou. Era incrível ver a diferença de tamanho, nessa forma ela era apenas um pouco mais baixa que ele. E quando ela estava na forma de uma garotinha batia na cintura dele. Ela se aproximava dele bem devagar quando ficou bem na frente dele, Sandro ouviu um tiro e só viu ela fugir correndo.


Sandro nessa hora acordou rapidamente, quase dando um pulo da cama. Noite também acordou assustada com o movimento repentino. Ele quase não acreditava que tinha sido tudo um sonho. Tudo era tão real. Mas será que aquilo era um sonho mesmo ou era uma memória que tinha sido reprimida? Ele não se lembrava de quase nada da sua infância antes da morte de sua mãe. A primeira memoria nítida que tinha era de estar no enterro de sua mãe e de um gata preta que tinha ficado ao lado dele o tempo todo. Ele então tinha convencido seu pai a deixá-lo ficar com o animal e tinha posto o nome dela de Noite. Falando na gata, ela agora estava no colo dele o observando um pouco confusa. Ele começou a fazer carinho nela.

foi só um pesadelo pode voltar a dormir”

A gata hesitou por alguns momentos mas depois voltou para seu lugar e dormiu. Sandro tentava fazer o mesmo mas não conseguia tirar a garota da cabeça. Será que ela existia mesmo ou seria só fruto de sua imaginação? Por alguns momentos queria voltar ao sonho para saber o que aconteceu com ela. Mas ao lembrar da cena mórbida de sua mãe morta desistiu imediatamente da ideia. Não queria ver aquela cena de novo. Ele agora não queria mais dormir mas o sono acabou vencendo e ele adormeceu. Pelo menos, dessa vez ele não sonhou com nada o resto da noite.




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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado e mais um bonus http://larissa-the-hanyou.deviantart.com/#/d383ojk dessa vez é o Tulio na forma de lobisomem. Vou tentar escrever o próximo cap mais rápido. até a próxima.
Cap revisado.