Depois de muito andar,consegui virar um pouco o olhar e ver que quem me segurava era o mesmo homem da manhã de ontem.
-Vamos logo menina. Ande mais rápido,estamos chegando. – O homem me apressava.
-Estamos chegando aonde?
-Não te interessa.
-Eu vou perder o pescoço e não posso nem ao menos saber quem vai me matar?
-Não,a única coisa que você pode saber é que estou te levando para o meu chefe.Não precisa saber de mais nada.
A mata tinha árvores muito próximas e mesmo estando de dia,estava extremamente escuro.Nenhum feixe de luz passava por ali.Era como uma floresta de livros de terror ou magia.
Paramos de repente na frente de uma caverna.Um cheiro estranho vinha lá de dentro.Se aqui fora já estava escuro,lá dentro as trevas reinavam.
-Anda garota.Não tenho o dia inteiro para gastar com você.
-E se eu não quiser ir? – Perguntei,birrenta
-Se quiser você vai,se não quiser você vai também.
Ele puxou meus cabelos para trás,fazendo um gemer de dor.Murmurei um “Ok” baixinho e segui.
Fomos entrando naquela caverna tenebrosa. Eu queria gritar e correr,mas isso não adiantar de nada. No máximo que eu ia conseguir seriam alguns socos pelo meu corpo.

Parecia que não tinha fim. Andei pelo que parecia uma eternidade.
Enfim chegamos à uma grande porta de madeira.O homem atrás de mim murmurou algumas palavras e a porta se abriu.

Ele me empurrou para dentro.
Eu entrei em pânico com o que eu vi lá dentro:Vários instrumentos de tortura.
Cada um mais brutal que o outro. Quando eu estava me preparando para gritar e correr uma voz soou ao fundo:
-Bem vinda,minha querida humana,Faye. Eu te aguardava ansiosamente.
A voz era doce,sedutora,mas ao mesmo tempo,causou um calafrio em todo o meu corpo.
-Quem é você? – Gritei para o nada.
-Você não precisa saber quem eu sou. São tantos detalhes dispensáveis,não vale a pena perder tempo com eles,não é mesmo minha querida?
-Não se refira assim à mim!
-Oh,que pena. Vai se fazer de difícil mesmo,Faye? Eu realmente não pretendia usar a Donzela de Ferro hoje.
Ao dizer o nome de algo,um coisa que se parecia com um armário,se abriu violentamente ao meu lado.
Era um armário de ferro e em cima,como se fosse uma cabeça sobre um corpo,tinha entalhado o rosto de uma garota. A expressão não era nada convidativa,era uma expressão de dor misturada com pânico.
Dentro desse armário,tinha várias lanças de ferro puro.
-Não,você não faria isso comigo! – O desespero saiu explícito na minha voz.
-Minha linda garota,a única coisa que eu preciso,é o seu sangue. E convenhamos: Se eu te colocar dentro daquela Donzela,o seu sangue vazará rapidamente pela sua pele.
Minhas pernas bambeavam,eu tenho certeza que eu já estaria no chão se não tivesse aquele homem atrás de mim segurando meus cabelos.
-Por favor,não!Não,não, não. – Minha voz foi baixando e o homem me soltou,fazendo eu cair deitada no chão.
-Onde está a sua bravura agora Faye? – Disse a voz ao me ver encolhida arfando e chorando no chão.
-LARGUE ELA,SEU MALDITO! – Uma voz invadiu a caverna gelada.
Eu me sentei e pude ver ele lá: A roupa toda preta e a sub-metralhadora na mão. Seus olhos carregavam uma expressão de fúria contida.
Eu pensei que ele matasse alguém na primeira oportunidade.
-Será que eu vou poder ver seu rosto hoje? – Disse Bill com a voz calma,tão calma que chegava a ser fria.

-Talvez sim,talvez não.Vamos ver como as coisas andam. – A voz da pessoa invisível soou com um tom de divertimento.
-Seu nefilin desgraçado,para que você precisa dela? - Bill ainda mantinha aquela voz calma.
-Quando sua amada mamãe me expulsou do segundo mundo,eu enfraqueci consideravelmente. O sangue da amada do filho daquela que me trouxe sofrimento irá me restabelecer.
-Eu nunca pensei que alguém pudesse ser tão baixo quanto você!
-Eu não sou baixo,eu só sou prático. – A voz ria histericamente.
-Ora seu...
-Georg,coloque a moça na Donzela de Ferro.
-NÃO! – Eu e Bill gritamos,num pavor compartilhado.
O homem,que eu descobri chamar Georg,agarrou meus cabelos e me fez levantar. Eu ofereci resistência,mas ele acertou um soco no meu estômago.
-Bill!!
Eu gritava desesperadamente,chamando por ele.
-Faye! – Ele gritava de volta,mas não agia.
Georg me empurrou para dentro do armário e logo de cara um daquelas lanças acertou minhas costelas,me fazendo berrar de dor enquanto ela penetrava minha pele.
-Vamos ver quanto tempo você resiste a nossa dama preferida. – Georg deu um sorriso cínico e fechou a porta.
Eu não vi mais nada,mas escutei Bill gritando do lado de fora e a outra voz rindo loucamente.
Até que percebi,as lanças se mexiam e estavam vinham em direção ao meu corpo.Elas estavam à uma distância considerável,mas não sei quanto tempo eu poderia sustentar aquela coisa.