Capítulo 27

Incomplete

I've tried to go on like I never knew you

Tentei continuar como se nunca tivesse te conhecido

I'm awake but my world is half asleep

Estou acordado, mas meu mundo está meio adormecido

I pray for this heart to be unbroken

Eu rezo para que esse coração seja inquebrável

But without you all I'm going to be is incomplete

Mas sem você tudo que vou ser é incompleto

Incomplete – Backstreet Boys

Emmett POV

Eu ia embora depois do fora que tinha recebido, é claro que ia; mas não era homem de assuntos inacabados. Então, sem saber o que fazer, me encostei no portão da casa da mulher que me deixava maluco e comecei a pensar no passo que daria em seguida para conquistá-la de vez.

O problema todo foi que eu era médico plantonista, não tinha dormido direito na minha folga e já voltaria à minha rotina de plantões no dia seguinte. O resultado foi que, sentindo-me um tanto confortável ali ao me recostar perto de tanto verde do jardim bem-cuidado de Rosalie, caí na inconsciência depois de minutos, sem nem ao menos ter a chance de pensar em nada.

-Royce está aprontando alguma, Jazz. – a voz que eu reconheci ser de Alice me acordou e me despertou do sono instantaneamente. Royce era o nome do ex de Rosalie... E, se ele estava aprontando alguma, com certeza era com ela.

Continuei a ouvir as explicações de Alice e vi quando ela pegou a mão de Jasper.

-Mas vamos descobrir. – ela disse, sorrindo um pouco para ele, que sorria também. Era a minha deixa.

-Descobrir o quê? – finalmente interrompi aquela conversa, o que eu já estava louco para fazer assim que tinha acordado. Alice pareceu se assustar e pulou nos braços do irmão de Rosalie.

-Emmett? – Jasper quis se certificar, olhando para mim com estranheza. Tudo bem, eu podia estar de dar medo mesmo, todo sujo de terra e folhas, mas não era um fantasma para me olharem daquele jeito. Ele continuou – Por que você ainda está aqui?

-Depois eu explico. – me segurei para não dar uma resposta atravessada ao que seria meu futuro cunhado, e pensei que nunca iria cumprir o que tinha acabado de dizer. – Mas o que vocês vão descobrir? Alguma coisa com a Rose?

Alice e Jasper se entreolharam, provavelmente temerosos com alguma coisa. Mas por que diabos eles não falavam nada? E pior, por que não agiam logo? Rosalie podia estar passando por maus bocados!

-Precisamos fazer alguma coisa! O que acontece com vocês? – eu me levantei de supetão, fazendo com que algumas folhas que estavam presas em mim caíssem de volta ao solo. Alice assentiu para o que eu falei.

Jasper POV

Peguei na mão de Alice para que ela não saísse do meu lado.

-Eu não confio nele. – disse sinceramente, tomando todo o cuidado para que Emmett não pudesse nos ouvir.

-Você não o conhece. – Alice o defendeu.

-Nem você. – acrescentei e ela simplesmente assentiu, para minha surpresa... Eu realmente achei que ela iria começar a falar sem parar a fim de “me por no meu lugar”, o que ela sempre dizia.

-Eu sei, Jazz. – ela concordou. – Mas ele parece se importar com ela... De verdade.

Eu o olhei, então. Ainda um pouco sujo, mesmo depois de tirar a maioria das folhas e do excesso de terra, Emmett nos encarava com aflição. Alice estava certa; ou pelo menos eu tinha a mesma opinião que ela: Emmett parecia se importar mesmo com a minha irmã.

Não que eu fosse começar a confiar nele por causa dessa constatação, apenas passaria a respeitá-lo um pouco, mas sempre desconfiaria dele. Alguma coisa por trás de todos aqueles músculos denunciava que tinha algo errado.

-Tudo bem. – eu disse para Alice e ela sorriu em resposta. Radiante, como sempre, ela seguiu até onde estava Emmett. Eu logo fui atrás.

-Aonde vamos? - Emmett perguntou visivelmente nervoso. Ele e Rose não se conheciam há tanto tempo assim e eu não conseguia entender, por mais que eu tentasse, o porquê de tanto sofrimento. Eu mesmo nunca tinha sofrido tanto por causa de uma pessoa que conhecia há tão pouco tempo. Bem, na verdade, Alice tinha me deixado desconcertado desde a primeira vez que eu a vi... Mas isso não tinha nada a ver, tinha?!

-A casa dele é a algumas quadras daqui, podemos ir andando... Acho que é mais fácil – Alice respondeu, me despertando de meus pensamentos. – A essa hora o trânsito está feio aqui por perto do parque.

-Eu posso tentar ir com a minha moto. – Emmett se prontificou rapidamente. – Só me diga onde é o lugar.

Alice concordou e explicou para ele o endereço do meu ex-cunhado, o que não era muito difícil de fazer. Emmett não esperou muito tempo e não disse nada ao sair em disparada em direção ao hospital, onde a sua moto estava, certamente.

-Vamos também, Jazz. – Alice sorriu de canto para mim e começou a andar na direção oposta que Emmett tinha acabado de tomar. Eu somente fiquei no mesmo lugar de antes, observando-a caminhar lentamente com os braços cruzados por causa do vento gélido. Ela era tão pequena; parecia tão frágil quanto uma criança.

Meu coração falhou uma batida, e eu nem consegui me importar. Estava a encarando com cara de bobo. Como uma pessoa tão pequena podia mexer tanto comigo, a ponto de me deixar entorpecido?

Eu a amava tanto, mais do que eu podia imaginar. E eu sabia que ela sentia o mesmo por mim, Alice fazia questão de demonstrar todo santo dia o quanto se importava comigo.

Maria era uma pessoa completamente diferente, sem rumo; daquelas que só quer saber de farrear e ignorar o passo a dar a seguir. Alice queria uma família, seu sonho era um casamento duradouro e filhos com a pessoa que ela amava.

Como eu podia sequer ter cogitado negar isso a ela?

Como se ouvisse meus pensamentos, Alice virou-se para trás com um sorriso mínimo.

-Vamos? – ela perguntou em um tom que demonstrava a sua dúvida quanto a minha escolha de ter ficado para trás.

Eu não respondi de imediato, apenas dei um sorriso de lado e corri um pouco para alcançá-la. Peguei em sua mão, como se nunca tivesse brigado com ela, e a admirei com carinho no olhar.

-Vamos.