Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 14
Frustração




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-Adolph?? Aquele Adolph?? É ele? – perguntei confuso olhando dela para o homem igualmente confuso e estático que era segurado pelos seguranças. Suas roupas eram simples e de péssimo gosto em minha opinião, bermuda de praia e regata branca. A sensação que eu tinha era que ele se perdeu no caminho para a praia e veio parar num parque no meio da cidade sem querer. Ele tinha a pele bronzeada e seus cabelos tinham aquele tom de loiro típico de quem toma sol demais.

-É claro que sou eu! Que palhaçada está acontecendo aqui? – o mesmo exclamou tentando se desvencilhar dos seguranças.

-Podem soltá-lo, acho que está tudo bem. – pedi aos seguranças. Após se recompor Adolph respirou fundo e aproximou-se de Beatrice devagar, seus olhos verdes a olhavam de uma maneira carinhosa e um pequeno sorriso ia aos poucos se formando.

-Bem... Não era desse jeito que eu imaginava que seria quando eu te reencontrasse, mas mesmo assim é bom te ver de novo. – ele riu de leve. – É seguro eu te abraçar agora? – olhou ao redor para os seguranças que permaneciam sérios e atentos aos seus movimentos.

    Não foi necessária a permissão para que ele pudesse abraçá-la. No instante seguinte á sua pergunta Beatrice já tinha se jogando em sua direção, afundando o rosto em seu ombro. Normalmente os olhos de Beatrice funcionavam como um portal, mostrando tudo que ela sentia ou pensava, mas mesmo ela estando com os olhos fechados era fácil identificar em sua expressão o carinho que ela sentia por ele, e a emoção que era revê-lo. Adolph pareceu surpreso com o abraço repentino por alguns segundos, mas então suspirou e a abraçou de volta. Beatrice se segurava a ele cada vez mais forte, mostrando uma necessidade estranha, como se dependesse dele de alguma forma. O abraço que ela me dera aquele dia no balanço passava longe desse. Eu podia ver o quanto revê-lo era bom para ela, podia ver Beatrice agindo de uma maneira completamente nova, ela se sentia bem junto dele, muito melhor do que junto de mim pelo menos.

-Então você insiste em manter o cabelo curto? – perguntou ao tomar uma pequena distância e observá-la. Tocou a ponta de seus cabelos e fez uma careta. – Sei que faz isso só para me irritar... Você precisa perder essa mania, sabe?

-Você... Não está bravo comigo? – ela perguntou baixando a cabeça, insegura se queria ou não ouvir a resposta.

-Pelo que? Por ter cortado o cabelo ou ter sumido?

-Por ter sumido. – Adolph a observou por alguns segundos e então soltou um suspiro que era acompanhado de uma risada.

-Você sabe como sou desligado para essas coisas de fofocas de famosos. Seu nome estava em estampado em todas as revistas e eu continuava sem ter idéia do que tinha acontecido com você. Depois de uma semana sem nenhum telefonema seu eu liguei na sua casa e falei com seus pais. Eles me contaram sobre a gravidez, quem era o pai do seu filho e como tudo aconteceu depois que isso caiu na mídia. Eu até tentei, mas não podia ficar bravo com você por isso. Só fiquei chateado por não ter me procurado todo esse tempo... Faz mais de um ano. Eu senti tanto sua falta! – ele sorriu abraçando-a de novo, Beatrice abriu um sorriso enorme e eu não pude deixar de notar suas bochechas corarem de leve. – Aliás... – virou-se, pela primeira vez dedicando sua atenção á mim. – Prazer em conhecê-lo. Meu nome é Adolph, sou um amigo de infância da Beatrice.

-Tom. – segurei sua mão.

-Posso... ? – perguntou apontando para Tessie. Ele a pegou no colo e sorriu. – Puxa, Bê... Ela é maravilhosa! – pegou de leve na sua mãozinha gorda, rindo enquanto a balançava em seus braços, o movimento fez com que Tessie arregalasse seus grandes olhos azuis. – Ela teve sorte de puxar seus olhos... Apesar de praticamente todo o resto ser do pai. – ele analisou-a por alguns segundos. – Talvez a boca seja da sua mãe...

-Eu também acho que parece um pouco. – Beatrice riu.

-A promessa que fizemos quando tínhamos 14 anos ainda está de pé? Eu vou poder ser o padrinho dela?

-Desculpe, cara. A vaga de padrinho da Tessie está reservada ao meu irmão – olhei com o canto de meus olhos para Beatrice crente de que meu comentário a havia incomodado, mas ela nem ao menos se deu ao trabalho de virar seu rosto em minha direção. Era como se eu não estivesse lá e todas as minhas palavras fossem apenas sussurros insignificantes. Aquilo me causou um desconforto enorme.

-Ah... Que pena. – Tessie pareceu cansada de desfrutar do colo desconhecido e esticou seus bracinhos e seu corpo em minha direção. Beatrice podia preferir o bronzeado, mas eu continuava sendo o pai da filha dela.

     E então eu vi tudo indo por água abaixo. Toda a tarde que havia planejado, toda aquela merda de parque com minha filha e minha “noiva” e a maldita cachorra escandalosa. Toda a minha patética e ridícula tentativa de ser útil e fazer o que minha mãe tantas vezes pediu. Esforçar-me e fazer alguma coisa pela família que eu criei, mesmo que contra minha vontade. E apesar de todo aquele dia soar como apenas uma obrigação, eu estava nervoso e frustrado por ele não ter dado certo.

-Eu vou voltar para casa. – decidi por fim. – Está na hora dela mamar e dormir. Você vai ficar? – perguntei a Beatrice, surpreso por ela ter me ouvido dessa vez.

-Eu não sei... Você vai fazer alguma coisa agora? – ela perguntou a Adolph.

-Não, tenho a tarde inteira livre hoje... – ele sorriu ao responder. – Jennifer está fora trabalhando e eu estou temporariamente desesmpregado.

-Ótimo!! Então você fica com ele que eu vou voltar para casa e cuidar da nossa filha. Alguém tem que o fazer, certo? – tentei soar calmo, quando na verdade meu sangue estava prestes a entrar em ebulição. – Fique com a cachorra. – foi a última coisa que proferi antes de agarrar a bolsa da Tessie, colocá-la no carrinho e seguir até o carro.

     Ajeitei-a em seu cadeirão e, apesar de estar estressado e frustrado, sorri com o jeito que seus grandes olhos me encaravam, pareciam estar curiosos e confusos. Era como se de alguma forma ela pudesse sentir meu nervosismo.

   Cheguei em casa e deixei-a em seu berço enquanto fazia sua mamadeira. Podia ouvi-la reclamando e choramingando, deixando-me ainda mais inquieto.

-Já vou, já vou! – exclamava enquanto tentava acertar nas medidas em meio ao turbilhão de emoções que tomavam conta de mim aos poucos. E então eu me senti patético. Senti-me patético por estar sozinho em casa preparando uma mamadeira enquanto minha suposta noiva estava em algum lugar com seu maravilhoso amigo de infância. Sem perceber eu mesmo inverti os papéis, era para ser o contrário. Era para ela estar em casa preparando mamadeiras enquanto eu estaria fora me divertindo com uma mulher qualquer.

     Fechei a porta do carro, o tempo havia fechado e aquele maravilhoso dia ensolarado agora não passava de mais uma tarde nublada em Hamburg. Aquela súbita mudança no tempo me fez pensar em como ás vezes o clima muda de acordo com nosso humor. Na minha cabeça não tinha como o dia estar mais feio. Tirei o cadeirão do carro contendo minha filha adormecida, a enorme mala com tudo que ela precisaria até o dia seguinte e entreguei tudo ao Bill.

-Obrigado por cuidar dela. Passo amanhã para pegá-la. – agradeci depositando um beijo na testa de Teresa antes de voltar a me enfiar no carro.

-Hey! O que aconteceu? – Bill questionou, me olhando preocupado da porta da frente.

-Outro dia te conto... Preciso de um tempo agora.

-Você vai ficar bem? Quer que eu vá com você? Britney pode ficar com a Teresa... – sua expressão estava tão preocupada que eu forcei um sorriso para acalmá-lo.

-Pare de agir como se fosse a mamãe. Já não sou mais criança, Bill. Vou ficar bem, fique em casa e vá treinando para quando você também for papai. – Bill fez uma careta e eu sorri, dessa vez de verdade. – Até amanhã, irmãozinho.

    Acelerei devagar e esperei até o portão se fechar para respirar fundo e deixar a raiva tomar conta de mim. Eu pisava fundo no acelerador, queria velocidade, queria minha velha vida de volta. Não quero uma noiva, não quero pensar em minha filha, em fraldas sujas, vômitos ou choros. Estou cansado de toda essa merda. Esse não sou eu. Eu nunca gostei de mudanças, e de que adianta tentar mudar mesmo assim se no final quem acaba ficando sozinho sou eu?

    Parei em frente ao bar que eu tantas vezes usei para esquecer que meu nome é Tom Kaulitz, ou para esquecer que amava uma vadia chamada Katharine e que foi onde encontrei Beatrice pela primeira vez. Desfilei pelo lugar deplorável, tão perdido que eu raramente era reconhecido, e me sentei em frente ao balcão.

-O de sempre.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

" Ela estava me ajudando e ao mesmo tempo chorando pelo que eu havia feito. Até eu tinha consciência de que estava deplorável, e o modo como Beatrice chorava não me fazia sentir nem um pouco melhor. "

" Apertei minha mão direita fortemente em torno de sua cintura e a esquerda em sua nuca prensando seu corpo ao meu e aproximando nossos rostos. Beatrice ofegou e seu hálito tocou meu rosto, ela não desviou seus olhos dos meus nem um segundo sequer.

—O que está fazendo? "