Changing Lifes escrita por Maty


Capítulo 13
Bailarina




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       Levantei-me ainda ranzinza com a decisão de Beatrice de não chamar os seguranças. Eu mal podia me lembrar da última vez que sai em algum lugar público sem nenhum orangotango de 2 metros e meio de altura me seguindo.

-Tom, enquanto eu troco ela desça até a garagem e coloque o bebê conforto no carro. – pediu. - Acho que sua mãe comprou e deixou nos fundos, perto da lavanderia.

      Troquei de roupas rapidamente optando por algo simples e fresco já que o dia estava quente e extremamente ensolarado. Escovei os dentes e agarrei a chave do Cadillac após chegar á conclusão que o Audi era muito pouco espaçoso para enfiar aquele negócio enorme no banco de trás, um bebe, duas pessoas e aquela mala gigante que Beatrice havia preparado para passarmos o dia.

    A garagem estava silenciosa e eu não resisti se não ligar para o David e pedir que ele mandasse 5 seguranças disfarçados para o parque. Beatrice não podia ficar brava comigo depois deles salvarem ela e a Tessie do ataque de alguma stalker lunática.

    A ida ao pediatra foi... Uma ida ao pediatra. As pessoas que encontramos lá não estavam muito interessadas na minha banda ou em mim, e eu acabei me sentindo confortável estando em um ambiente público sem nenhum alvoroço. Talvez isso signifique que apesar de ser famoso mundialmente eu continuava sendo um pai como qualquer outro.

     Após a consulta paramos em casa para pegar a Biene e aquela coleira rosa de strass, que a Beatrice comprou para me deixar ainda mais másculo depois da mala rosa bebê que eu teria que carregar, sem contar o carrinho com detalhes em Pink, e seguimos em direção ao parque. Era um lugar realmente agradável, fiquei surpreso por ser tão perto de casa eu nunca nem ter prestado atenção. Tinha um enorme gramado, que era cercado por árvores e que no fundo deixava disponível alguns brinquedos para crianças. Em volta havia também uma pista de cooper e algumas mesas para se fazer piqueniques. O movimento era relativamente grande, espalhados pelo lugar estavam algumas famílias, casais ou adolescentes que desfrutavam da tarde de sol.

     Fomos andando pelo gramado procurando pela sombra de alguma árvore. Tentava não chamar atenção, mesmo assim eu sabia que o óculos de sol não era o bastante para esconder minha identidade. Eu sei, por experiência, que posso ser reconhecido de qualquer jeito e em qualquer situação. Só me restava procurar pelos seguranças e rezar para que respeitassem minha privacidade quando próximo á minha filha.

   Beatrice tirou uma enorme esteira da bolsa e a estendeu sobre o gramado se sentando com Tessie em seu colo. Aos 5 meses ela ainda não sabia fazer lá muita coisa a não ser ficar mexendo as pernas para cima e para baixo quando a segurávamos de pé. Ela também ficava sentada sozinha, mas só por alguns segundos, depois começava a tombar para frente.

-Deixe-me ver... – Beatrice estreitou os olhos olhando ao redor como se procurasse alguma coisa. – Não! Nenhum serial killer até agora! – riu debochando da minha cara. Optei por ignorar seu comentário, sentando-me ao seu lado.

-Eu gostei do pediatra... Achei-o simpático. – puxei o primeiro assunto que me veio á cabeça. Enquanto falava ia despedaçando pequenos pedacinhos de biscoito para cachorro com a mão e dando para Biene.

-Como se sentiu lá? A primeira vez que ele me atendeu foi quando primeiro me caiu a ficha de que eu era mãe.

-Para mim foi... Normal. – Beatrice rolou os olhos. – Minha ficha já caiu á algum tempo... – dei de ombros.

-Todos os dias quando eu acordo e fico olhando ela eu preciso de alguns segundos para assimilar que ela é minha filha, que eu sou mãe e que vai ser assim para sempre. Espero que isso não faça de mim uma péssima mãe. – fez careta.

-Depende... Depois que você assimila o sentimento é bom? – questionei-a prendendo a coleira de Biene ao carrinho para que ela não fugisse.

-Ás vezes eu fico assustada, ás vezes fico com uma sensação de responsabilidade enorme, mas na maioria das vezes é uma sensação boa. – ela ajeitou a Tessie deitada em seus braços sorrindo com o modo que ela balançava os bracinhos em sua direção. – Olhar para ela me faz ter certeza de que apesar do mundo ser frio e injusto na maioria das vezes, ele também tem espaço para muito amor... Não acho que tenha como eu amar ninguém do jeito que a amo. – sorri de leve com a frase.

     Talvez eu não sinta do mesmo jeito que Beatrice sinta, mas pensar na Teresa me trazia um sentimento estranho. Não sei se o que sinto é amor. E se for é um amor diferente do que eu sentia pelo Bill ou pela minha mãe, não digo mais forte ou mais verdadeiro, só é diferente. É um sentimento que me faz ter vontade de protegê-la de tudo e tê-la para sempre comigo. Deitei na esteira me espreguiçando e fechando os olhos, sorri ao sentir que Beatrice havia colocado a Tessie em cima de mim. Podia sentir seu peso em meu peito e o jeito que ela fazia força para manter sua cabeça levantada.

-Outro dia eu sonhei que nós íamos a uma apresentação de balé dela... A cortina se abriu e nós estávamos na primeira fileira. – Beatrice sorriu e pareceu até mesmo emocionada com minha confissão. Sentei-me, tomando o cuidado de segurar a Tessie antes. Ajeitei-a em meu colo, segurando-a sentada. – Ela estava linda vestida de bailarina.

      Beatrice olhava para mim de uma maneira profunda, como se um turbilhão de pensamentos passassem pela sua cabeça, como se mentalmente ela estivesse me analisando e fazendo um novo julgamento sobre mim. E em meio àquele silêncio eu torcia para que fosse exatamente isso que acontecia, e que a fizesse perceber o quanto a minha mentalidade havia mudado. Aqueles olhos azuis iam aos poucos se enchendo de uma alegria inusitada e iam inspirando minha admiração. Beatrice podia ser uma pessoa extremamente bela quando sua beleza não era ofuscada por tristeza e cansaço.

-Quer comer alguma coisa? Tem uma padaria logo ali. – quebrei o longo silêncio, deixando Tessie nos braços de Beatrice. Ela sorriu de uma maneira um tanto confusa, como se tivesse sido acordada de um transe e pediu que lhe trouxesse apenas um suco.

     Notei os olhares e percebi alguns celulares apontados para o meu rosto enquanto fazia meu pedido, algumas fãs pediram fotos e autógrafos e ficaram fazendo carinho na Biene. Tentei agir normalmente, sorrindo, sendo simpático e atendendo á todos os pedidos. Fazendo meu caminho de volta sorri ao observar Beatrice jogando a Tessie para cima fazendo-a soltar gargalhadas. A risada dela era provavelmente o melhor som de todo o planeta. Parei de andar, alarmado pelo homem desconhecido que corria na direção das 2, ele agarrou Beatrice pelas costas com força fazendo-a cambalear alguns passos para trás, senti meu coração parar de bater por alguns segundos. No instante seguinte todos aqueles seguranças disfarçados surgiram do nada e avançaram sobre o homem desconhecido derrubando-o no chão. Foi tudo tão rápido que meu corpo precisou de alguns segundos para raciocinar tudo aquilo e correr em direção a elas.

- Está tudo bem?! – exclamei finalmente as alcançando. Tessie fazia uma careta chorosa devido á toda aquela confusão. Notando que Beatrice estava em completo estado de choque eu achei melhor pegá-la em meus braços, chacoalhando-a e a abraçando para que ela entendesse que estava tudo bem.

     Beatrice permaneceu estática, pareceu nem ao menos ter notado que havia tirado a Teresa de seu colo. Lentamente sua expressão foi mudando de confusa para surpresa e então emocionada.

-Adolph... – sussurrou.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:

" Eu podia ver o quanto revê-lo era bom para ela, podia ver Beatrice agindo de uma maneira completamente nova, ela se sentia bem junto dele, muito melhor do que junto de mim pelo menos. "

" Eu pisava fundo no acelerador, queria velocidade, queria minha velha vida de volta. "