-Tom, você vai afogá-la!! – Beatrice gritava em meu ouvido.

-Não vou!! Já disse que estou tomando cuidado!

-A cabeça dela! Está muito perto da água! – rolei os olhos e a levantei um pouco. – Agora vire ela de bruços para lavar as costas, com cuidado!

-Beatrice! Que droga! Já disse que estou tomando cuidado! Não vou enfiar a cabeça dela na água! – virei a Tessie de bruços na pequena banheira. Biene não parava de latir. Nossa casa era um completo caos.

     Aquelas pequenas lições continuaram e agora já duravam 2 meses. Beatrice me ensinara a fazer praticamente tudo, preparar a mamadeira, trocar a fralda, fazer aquelas massagens quando ela tem cólica, fazê-la dormir, arrotar, trocar sua roupa. Sabia sobre todas as vitaminas que ela tomava, e agora também sabia dar banho. De madrugada Beatrice acordava, mas da segunda vez eu sempre levantava, trocava sua fralda e a dava para Beatrice amamentar. Eu estava me esforçando, me saia bem nas lições e estava orgulhoso disso.

-Pronto. – levantei-a já trocada. – Viu só? Eu não a afoguei e também não quebrei o braço dela enquanto colocava a roupa. – rolei os olhos. – Para de latir, cachorra dos infernos! – gritei para Biene que olhou para mim, se calou por meros 5 segundos e voltou a latir.

-Você precisa treiná-la. Arranje uma escola ou algo assim. – pegou Tessie de meus braços. Estava na hora de dar de mamar. Tessie mamava de 3 em 3 horas. Talvez por isso estava com aquelas bochechas enormes.

-Por que? Eu mesmo consigo fazer isso. – A peguei do chão e a segurei bem alto. Biene tinha medo de altura e por isso parou de latir olhando para mim. – Vou mostrar quem é que manda nessa casa. – disse sério. Beatrice começou a rir.

    Ela foi até o quarto de Tessie e se aconchegou na enorme poltrona e eu andei até a sala. Sentei no sofá fazendo carinho na cabeça de Biene e suspirei.

-Sabe... Eu estava pensando e... – parei de falar. Senti minhas bochechas queimarem. “ Anda, Tom... Deixe o orgulho de lado pra variar um pouco. “ pensei.

-E...? – Beatrice perguntou do quarto de Tessie. Sua voz estava arrastada, ela sempre tinha sono e sede quando amamentava. Eu achava isso engraçado.

-Amanhã, á tarde tem consulta com o pediatra, certo? – não podia esquecer. Era a primeira á qual eu me dava ao trabalho de ir. – Então, depois nós podíamos passar aqui em casa, pegar a Biene e sairmos para algum lugar. È claro que para isso eu teria que pedir para o David chamar os seguranças, mas...

-Sem seguranças. – a voz dela era firme.

-O que? – larguei Biene no tapete. Ao chegar no quarto de Tessie encontrei Beatrice com os olhos fechados. – Eu não posso sair sem seguranças, Beatrice.

-Eu não quero que a minha filha cresça cercada de seguranças. – abriu os olhos e olhou séria para mim. - Você é só um guitarrista, não o presidente dos Estados Unidos. Seguranças são necessários em eventos importantes ou concertos, não em um passeio com uma bebê de 5 meses e uma cachorra.

-Mas é a minha filha de 5 meses e a minha cachorra! Há milhares de pessoas por aí que me odeiam! Eu não vou correr nenhum risco!

-Então você fica aqui. – sorriu, apoiando Tessie em seu ombro para fazê-la arrotar.

-Você não pode me impedir de sair com a minha própria filha! E eu me recuso a sair em um lugar público com um bebê e sem seguranças!!

-Eu não vou andar em um parque com 15 seguranças me cercando como um muro humano! Eu me recuso a viver do jeito deplorável que você vive! – gritou colocando Tessie no berço.

-Deveria ter pensado nisso antes de aceitar ser minha noiva, ter minha filha e se mudar para o meu apartamento!

-Você deveria estar me agradecendo por ter feito tudo isso por você! Deveria me agradecer por, diferente de você, estar me esforçando para tornar nossa convivência suportável!

-Você fala como se fosse a única se esforçando aqui... – me aproximei. - Se faz tanta questão nós vamos sem seguranças, se ela se machucar a culpa é sua.