Preciso citar o resultado disso tudo? Porque eu sei que vocês não vão querer saber de muitos detalhes quando há tinta em lugares que arrepiariam os cabelos que Lord Voldemort não tem. Porém, era difícil de reconhecer alguém ali com clareza já que todos estavam cobertos de tinta – não estou exagerando!

Quem fez a contagem de pontos foi o Onew. Porque ele é um dos mais honestos, seguido do Minho, mas o Minho é meio lento – ele e Sunie nasceram um para o outro. Eu, Sunie, Anna e Taemin ganhamos por um dedo! Isso porque Anna teve o cuidado de não sujar os dedos – não sei com ela fez isso. E o resultado disso tudo foi gritos de “urra” e um abraço de equipe bem escorregadio.

– Ah, eu preciso tirar uma foto – declarou Sunie quando nos desfazemos do abraço.

E precisava mesmo. Não haveria outros momentos em que estaríamos ensopados de tinta.

Quem entrou na casa para pegar a câmera foi a Anna já que ela foi a única que teve a habilidade sobrenatural de manter os dedos limpos.

Assim que ela voltou, Sunie programou a câmera para bater a foto sozinha e a colocou em cima da mesa em um angulo que pegasse todos nós. Sunie voltou até nós correndo e subiu nas costas do Minho. Taemin abraçou a Ann por trás, e os dois curvaram o corpo para frente fazendo biquinho. Onew deu um de seus sorrisos maravilhosos colocando a mão na cintura. O Jong abriu os braços o que me fez lembrar da estátua do Cristo Redentor quando fomos ao Rio.  Eu e o Key ficamos um de costas para o outro, com os braços entrelaçados, e ele me ergueu do chão me fazendo soltar um gritinho na hora em que a máquina bateu a foto.

Agora, fase 2: Twister.

– Apenas um integrante de cada time poderá participar – lia Onew enquanto Jong alinhavam os círculos coloridos do twister. – Então todos sabem que eu estou fora – disse Onew jogando a ficha pro ar.

– Então... – falou Anna esperando que alguém se oferecesse.

– Eu não vou me embolar com nenhum deles – disse Taemin erguendo os braços.

– Sabe que flexibilidade não é meu forte – falou Sunie.

Eu olhei para Anna.

– Você sabe do meu trauma – resmungou Anna.

– Que trauma? – indaguei com as sobrancelhas erguidas.

– Você sabe – murmurou ela chutando o chão.

– Aquele trauma? – quis saber Sunie.

– Do que vocês estão falando? – perguntou Taemin.

– Não é um assunto muito agradável – falou Anna ainda de cabeça baixa.

– Então sobrou para Maggy – Taemin encolheu os ombros.

– Tá – Eu cruzei os braços e me virei para o time adversário, eles ainda estavam discutindo. – Então quem vai ser?

Jong ergueu a mão dando dois passos à frente.

– E aí?

Eu ergui a mão sorrindo.

Jong arregalou os olhos e voltou dois passos.

– Eu não posso fazer isso.

– Por quê? Está com medo de mim Jong? – quis saber.

Ele mordeu os lábios de nervosismo e olhou para o Key, depois olhou para mim.

– O Key é uma pessoa bem vingativa. Vai você Key!

– Ei! – interrompi – E se fosse a Sun ou a Ann? Você não esperava que fosse o Taemin, certo?

– Não – riu Jong – É que ninguém queria ir então eu me ofereci, eu estava desesperado!

Todos riram.

– Ok. Vem logo Key, estou doidinha para derrubar você.

– Vai sonhando, baby – retrucou Key vindo em minha direção.

Eu ergui uma sobrancelha e ele me sorriu maliciosamente.

– Quem vai rodar o ponteiro? – perguntei.

– Eu! – Sunie quase gritou – Por favor, eu estou quase me sentindo uma inútil.

– Por que, Sun? – Eu estava me ajoelhando perto do tapete do twister. – O Minho não tem feito bom uso de você?

Key abaixou a cabeça para rir em silêncio enquanto eu sentia o olhar cortante da Sunie. Só depois que eu consegui me recuperar do riso que eu voltei a olhar para ela.

– Podemos começar – disse.

Ainda comicamente séria, Sunie se abaixou para rodar o ponteiro dizendo:

– Maggy. Mão esquerda, vermelho – falou ela.

Eu coloquei minha mão no vermelho.

– Key. Pé direito, verde.

Key a obedeceu.

Até então tudo bem, mas nada fica tudo bem depois de dez minutos. Eu tentei o máximo que pude para não... me embolar com o Key. Mas o nome do jogo é twister então se embolar com a pessoa não é algo que você possa adiar por muito tempo.

Agora eu estava com a mão esquerda no azul, mão direita no amarelo, pé esquerdo no vermelho e pé direito no azul – dá para imaginar a posição em que me encontro? E o Key estava com as duas mãos no azul, pé direito no vermelho e pé esquerdo no verde.

Descrevendo nossa situação: seus braços estavam um de cada lado da minha cabeça, suas pernas estavam uma de cada lado da minha perna esquerda, meu joelho direito estava roçando na sua cintura e minha coxa direita de alguma forma estava perto da sua boca – em um momento ele ameaçou morder, só para constar.

– Maggy. Pé direito, verde... Key. Pé esquerdo, azul. – falou Sunie.

Agora eu estava numa posição de ponte, e Key estava numa posição de ponte invertida em cima de mim. Eu estava quase aliviada porque sua boca saiu de perto da minha coxa, mas agora seu rosto estava a menos de um centímetro do meu. Eu percebia pelo canto de seus lábios que ele guardava um riso.

– Não se mexa – sussurrei – Por favor, não se mexa.

Seus olhos negros estavam lacrimejando.

– Maggy...

– Oh my God! Você se mexeu – gritei perdendo a força nas mãos.

Key soltou uma gargalhada escondendo o rosto no meu ombro. Nós estávamos deitados do chão e o Key estava em cima de mim, e pela situação em que estávamos, ou melhor, ele estava, acho que não iríamos sair dali tão cedo.

– É melhor nós entrarmos – ouvi Anna falar – O que vai acontecer agora eu acho que ninguém vai querer assistir.

Ninguém conseguia conter o riso.

– Quem ganhou? – perguntou Key erguendo o rosto.

– Você ainda está pensando em quem ganhou depois disso? – Ergui o queixo para olhar para Sunie – Claro que fui eu, num é Sun?

Sunie ainda ria.

– Bom, tecnicamente, o Key se mexeu primeiro.

– Isso é injusto! – reclamou Key, eu sentia seu peito vibrar a cada palavra que ele pronunciava. Key abaixou seus olhos até os meus. – Isso é porque você não tem nenhum membro com vida própria.

Eu chorava de tanto rir.

– Ok, você já está... relaxado. Então pode se levantar.

Key se apoiou nas mãos e esticou os braços, ainda me encarou por um tempo e depois se levantou.

– Fase 3 – começou Onew.

– Eu não vou mais participar! – falou Key erguendo a mão.

– Vai nos deixar na mão, Key? – disse Minho.

– Não, é que todas as brincadeiras que faço com a Maggy nunca terminam... pacificamente. Vocês sabem o que aconteceu na cozinha! Eu não quero imaginar o que pode acontecer na próxima brincadeira.

Eu me curvava de tanto rir.

– Oh, Key. Vamos brincar! – chamei.

Key estava sentado em umas das cadeiras reclináveis no deque da piscina.

– Não, nunca mais – respondeu ele – Pelo menos não na frente deles.

Eu soltei uma gargalhada alta, relevando.