Eles não estavam fazendo nada mesmo... Aliás, ninguém estava fazendo nada. Então eu sugeri uma brincadeirinha – mais uma vez, a Maggy aqui acordou inspirada!

Anna e Sunie saíram para comprar umas coisinhas que eu pedi, enquanto eu ficava em casa para organizar tudo. Ah é, estou numa casa sozinha, com cinco garotos empolgados para saber a finalidade da brincadeira. A única coisa que disse foi que a brincadeira teria três fases. O que só piorou, eles ficaram mais empolgados e agora me seguiam aonde quer que eu fosse me enchendo de perguntas do tipo “o que é isso?”, “pra que isso?” para exatamente tudo em que eu tocava ou pegava – só não me seguiram quando fui ao banheiro, mas ficaram na porta me esperando.

E sabia que eles têm uma sala de dança – uma sala enorme, com um espelho enorme que vai do teto até o chão de madeira envernizada – e uma sala de música toda equipada com caixas de som, piano, guitarra e violão? Nem eu. E isso não perdoaria nunca.

– Qual de vocês sabe tocar piano? – perguntei quando nós já estávamos saindo pela porta dos fundos da sala.

Taemin e Jong ergueram a mão.

– Sério? – Olhei para o Tae – Anna também sabe... Quer dizer, os pais dela obrigaram ela fazer aula de piano quando ela era pequena, mas ela nunca gostou por ser algo forçado.

Taemin fez um biquinho de decepção.

– Ei, ela pode passar a gostar – disse sorrindo.

Agora eu estava olhando para o quintal. Só faltava uma coisa.

– Vocês têm lona?

Eles se entreolharam com olhares questionadores por um segundo.

– Acho que temos – disse Key.

– Se for aquela coisa enorme e pesada  e azul que nós nunca usamos para cobrir a piscina, então sim, nós temos – falou Jong.

– Então, vocês como são meninos fortes e gentis, vão pegá-la para mim e esticá-la aqui – disse gesticulando para o espaço que havia de sobra naquele quintal dos fundos. 

Não demorou muito. Eles são meninos bem eficientes. O tamanho da lona era dez por seis, o que significa que ela era muito pesada e grande o suficiente para... fazer o que é preciso. Agora tudo o que eu precisava era...

– Algo que sirva de barreiras. Vocês têm algo largo e grande o suficiente para cobrir uma pessoa?

– Nós temos a lixeira – disse Taemin.

– Mas é só uma e... é nojento. – Franzi o cenho ao me lembrar da lixeira da Gong’s. – Eu preciso de quatro ou oito.

– Onew, você jogou aquelas mesas fora? – perguntou Key.

– Não, elas ainda estão lá ao lado da lixeira, intactas. E nós também temos portas velhas...

– Cheias de cupins – murmurou Key.

– Vamos lá pegar! – incentivou Taemin.

E eles foram.

– E você? – perguntei ao Key que ainda estava em pé, parado na minha frente.

– Tenho coisa melhor para fazer – Ele deu dois passos na minha direção.

Eu não recuei, apenas sorri e abaixei a cabeça.

– A ficha ainda não caiu – sussurrei.

– Sobre a parte de eu ser famoso ou a parte em gosto de você mais do que deveria?

Eu ri.

– Você é tão convencido – Eu ainda estava de cabeça baixa fitando os meus pés quando vi os dedos dos pés do Key encostarem-se aos meus.

Eu soltei um suspiro antes de erguer a cabeça e encontrar seus olhos negros.

– Você realmente gosta de mim? – me vi perguntando. Era para ser uma pergunta particular, uma pergunta que deveria estar apenas rondando na minha cabeça e não saindo pela minha boca, como aconteceu.

– Gostar não é a palavra certa – disse Key colocando seus braços em volta de mim.

– E qual seria? – E precisava ouvir isso dele.

– Aqui estão as portas! – anunciou Jong assim que o Key abriu a boca para me responder.

Ok, eu ainda não odeio o Jong.

– Err... – fez Jong – A gente pode voltar outra hora – Ele já estava se virando quando eu e Key soltamos uma risada e fomos ajudar eles com as portas.

Eu vi Ann e Sun abrirem o portão com os braços cheios de sacolas – dentro dessas sacolas haviam pacotes e pacotes de bexigas de ar e baldinhos de tinta. Taemin e Minho encostaram as portas na parede e foram correndo ajudar elas enquanto eu e os outros nos virávamos para levar tudo pro quintal dos fundos.

Não demorou muito e os dois casais de pombinhos já estavam no quintal nos ajudando. Sun e Ann trocaram as calças por shorts jeans – eu sugeri. É bem melhor para se movimentar.

– Hein – fez Onew colocando a porta na lona – Qual a finalidade disso tudo? O que a gente vai ganhar?

– Dignidade – respondi – E diversão – Sorri. – Primeiramente, nós vamos nos dividir em dois times.

– Garotas versos garotos? – sugeriu Key.

– Mas nós somos três – falou Anna.

– Isso é injusto! – Sunie cruzou os braços.

– Com uma condição – intervim – Um de vocês, de preferência um que tenha ótimo condicionamento físico, vem para o nosso time.

– Taemin e Minho são os únicos que praticam esportes aqui – falou Onew.

Eu olhei para Ann e Sun erguendo uma sobrancelha.

– Taemin – Anna.

– Minho! – Sunie.

– O Taemin tem mais agilidade – falou Anna jogando seus cabelos castanhos e azuis para trás.

– O Minho tem mais força – Sunie estreitou os olhos.

– Certo, eu escolho! – exclamei.

O único problema era qual escolher. Minho tinha a força, Taemin tinha agilidade, e nós precisávamos mais de...

– Taemin – falei. Aliás, nós também somos meninas bem fortes, mas para substituir a lerdeza da Sun eu escolho o Tae.

Anna foi a que ficou mais feliz, Sunie se limitou em cruzar os braços e fazer beicinho. Taemin veio correndo para o nosso lado.

– Agora está tudo certo. Onew oppa – cantarolei –, pode ler para nós? – disse entregando a fixa da primeira fase.

Ah é, eu fiz fixas, uma para cada uma das três fases. Pois é, também nunca fui tão organizada, mas conviver com a Anna ajuda bastante. Eu passei quase a noite toda fazendo isso, eu estava sem sono, todos estavam dormindo, e fazia tempo que eu não digitava um texto.

– Fase um: Warink – leu Onew em bom som enquanto eu, Anna e Sunie tirávamos as bexigas dos pacotes e as espalhávamos na mesa que os meninos pegaram – ou simplesmente Guerra de Tinta. Bexigas de ar serão parcialmente enchidas com tintas. Cada time terá uma cor, e serão distribuídas uma quantidade considerável para cada um de cada time.

– Preciso de um funil – sussurrei perto do ouvido do Jong que estava mais perto de mim.

– Durante o jogo – continuou Onew – ninguém poderá limpar a tinta do corpo já que os pontos serão contados pela quantidade de cobertura de tinta. E claro, valerá mais pontos em lugares estratégicos. A cabeça vale cem pontos, o tronco vale oitenta e braços e pernas valem cinqüenta.

Assim que Onew terminou de falar Jong surgiu no meu lado com um funil.

Em quinze minutos enchemos bexigas o suficiente. Bom, terminamos com os dois baldinhos de tinta – uma era vermelha e outra era azul – e depois dividimos quantidades iguais para cada time.

As duas mesas foram colocadas em cada lado da lona formando barreiras, enquanto as portas seria um caso um pouco complicado já que uma pessoa teria de segurar para se defender.

– Vocês têm algum plano? – perguntei me juntando ao Taemin, Anna estava ao lado dele, e no lado dela estava Sunie.

– Temos duas portas, certo? – falou Taemin, nunca o vi falando tão sério. – Por um acaso o jogo tem alguma regra de campo? – Ele olhou para mim.

– Sempre detestei regras de campo.

Taemin sorriu e se ajeitou ao meu lado, Anna descansou o braço no ombro dele enquanto ele falava e Sunie estava com as pernas em borboleta.

– Então será um de cada lado. Mag e Sun podem atacá-los pela lateral enquanto eu e Ann ficamos aqui distraindo eles.

Eu ri.

– Tae, isso é só uma brincadeira, não estamos em Call Of Duty. Não vamos levar isso a sério, ok?

Ele riu relaxando os ombros. Já disse que toda vez que ele sorria os olhos da Anna brilhavam como a lua? É, a Sunie não é única por aqui que está perdidamente apaixonada. Bom, eu também estou apaixonada. Confesso! Mas ainda não estou perdida. Ainda.

– Preparados? – ouvi Key gritar do outro lado.

– No três! – gritei de volta – Um...

– Dois... – falou Key.

– Pega, pega – sussurrei para eles pegarem no balde quantas bexigas coubessem em suas mãos – Três! – gritei tacando a primeira bexiga.

Mais duas foram tacadas de volta.

Taemin tacou três de uma vez só, uma foi parar na barriga do Jong e as outras duas no braço e na perna do Onew. Eu me levantei para tacar mais uma quando Key conseguiu acertar meu peito, e a que eu joguei foi direto na cara do Minho. Anna conseguiu acertar duas no Onew, e Sunie acertou uma – apenas uma – no Key.

– Vocês já podem ir – sussurrou Taemin para mim e Sun.

Sunie foi para o lado esquerdo e eu fui para o lado direto. Você não tem idéia do quanto é difícil engatinhar e ao mesmo tempo tentar se proteger de bexigas cheias de tinta azul com apenas uma porta sem apoio nenhum e ainda por cima ter que arrastar um balde de bexigas cheias de tinta vermelha.

Eu tenho quase certeza que eles não prestaram atenção na gente, pelo menos a porta até agora não foi atingida por nenhum splash. Então tive certeza assim que ergui a cabeça o suficiente para vê-los. Como o Taemin disse, eles estavam mais concentrados nele e na Anna.

Taquei o máximo que cabia em minhas mãos e então logo me abaixei. Em seguida ouvindo batidas abafadas de bexigas estourando e tintas se colidindo ao sólido, quer dizer,  à madeira.

Além dos splashes, eu só ouvia risadas.