Nightfall escrita por Lieh


Capítulo 2
Parte II - Sangue


Notas iniciais do capítulo

Músicas:

→ By Myself - Linkin Park (http://www.youtube.com/watch?v=A0aBmghidzI)

→ Tell Me Why - Cold (http://www.youtube.com/watch?v=mk1fUHpnuPo&feature=related)



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Parte II

Sangue

Alasca, 1918

O meu fim estava próximo. As águas negras da morte já estavam me levando. Melhor assim, a dor iria embora e eu finamente descansaria.

Senti algo macio frio e afiado roçar o meu pescoço.

De repente uma dor insuportável passou-se por todo o meu corpo, como em chamas. O fogo se espalhou rapidamente e as batidas do meu coração ficaram descontroladas. Parecia que alguém estava passando uma chapa quente no meu coração. Por que não apaga o fogo? Involuntariamente eu gritei. Aquilo não era a morte, era? Havia dor demais, aquela sensação horrível não passava, e a queimação só se alastrava, fazendo-me contorcer de dor e agonia.

“Quero morrer me deixe morrer, me mate, me mate, não agüento mais!”

Eu suplicava, mas não sei se alguém me ouviu. Meu coração estava quase para pular para fora do peito, e sons estranhos como um rosnado estourava da minha garganta, misturado aos meus gritos.  Algo frio apertou minha mão fechada em punhos, numa tentativa clara de me acalmar.

No meio da escuridão, tentei abrir os olhos para ver quem estava comigo. Num pequeno deslumbre, vi o rosto de um anjo, lindo, sereno, onde olhos cor de topázio me fitavam como que pedindo desculpas, cheio de tristeza.

Não sei quanto tempo fiquei com a queimação dentro de mim, mas meu coração não se acalmava, batia mais rápido a cada segundo, me fazendo sofrer mais ainda. A mão fria e macia continuava a me segurar, e a escuridão me invadia.

Não sei quanto tempo durou aquele martírio, a dor era tão agonizante que pareceu anos que fiquei naquela situação.

Até que em um determinado momento eu consegui escutar alguma coisa.

Sons de pássaros, um grilo, uma mosca voando e pousando, cheiros de vegetação, um aroma floral, algum perfume.  E a escuridão foi se cessando e o meu coração se acalmando, mas o fogo não apagava. Em curtos segundos, as batidas frenéticas do meu coração voltaram, e a queimação ficou pior ainda, dei outro rosnado de dor, e então o meu coração deu o seu último galope como um cavalo, e se aquietou numa batida fraca, e o fogo se apagou.

A mão fria apertou a minha, e aos poucos, a minha visão foi voltando ao normal.

Tudo ficou muito confuso no início. Abri os olhos e num movimento rápido e involuntário eu estava em pé em frente a um espelho. Era um quarto, muito bonito, com paredes brancas e grandes janelas, onde as frestas lampejavam os finos e delicados raios de sol, mas nada era comparado ao estranho no espelho.

A pele era branca, como marfim, onde brilhava como diamantes, refletido o peitoril, musculoso, como uma escultura pintada por um artista do século passado. O rosto era angelical, perfeito, onde uma camada roxa se deslizava pela cavidade dos olhos, estes por sinal, vermelhos sangue, brilhantes, com o cabelo cor de bronze, alinhado perfeitamente com o rosto, dando o brilho em contraste com a pele branca de diamantes. Era uma beleza inumana, nada de mais belo no mundo poderia se comparar a aquele rapaz no espelho.

Atrás do rapaz belo do espelho, estava um belo rosto, encarando, com olhos cheios de perguntas. O rosto também era angelical, de uma beleza tão extraordinária quanto o rapaz do espelho. Os dois pareciam uma espécie de deuses de tão perfeitos.

“Ele deve estar confuso. Preciso ir com calma”

Olhei assustado. Quem disse aquilo? Pelo reflexo do espelho, o estranho atrás de mim nem sequer tinha aberto a boca.

Encarei-o que me fitava. Sua expressão ia da confusão para algum tipo de contentamento, observando-me atentamente.

- Eu sei que você está confuso, Edward – disse ele. A voz era terna e serena. – Eu já passei por essa situação. Não se preocupe logo você ficará mais calmo.

Continuei encarando-o. Aquele rosto não me era estranho. Eu o conhecia de algum lugar, porém a memória me falhava, a única coisa de que eu lembrava era de uma dor terrível e de ter acordado. Eu não sabia quem eu era, onde estava e muito menos do que aconteceu comigo. Provavelmente este estranho saberia. O que mais me intrigava era o fato de eu ter ouvido o que ele pensava.

- Quem eu sou? – Assustei-me com a voz baixa e aveludada que saiu de meus lábios.

“E agora? O que vou dizer a ele? A verdade?”

- Você se chama Edward Anthony Masen. Nasceu no bairro de La Granger em Chicago no dia 20 de Junho de 1901. Você tem 17 anos, filho de Elizabeth e Edward Masen e possuía uma irmã, Lucy.

Aquilo estava me deixando confuso. Um momento eu ouvia o que ele dizia a si a mesmo, e logo ele materializava o que eu não escutei em seus pensamentos. Era tudo muito sem nexo.

Fiquei surpreso por ele saber mais de mim do que eu mesmo, mas essa surpresa só ocupou uma pequena parte do meu cérebro enquanto a outra cogitava o que eu estaria fazendo ali e onde estariam essas pessoas. Entretanto todos os meus pensamentos foram invadidos por uma queimação insuportável na garganta. Era tão ruim como a dor de que eu me lembrava. Meus músculos ficaram rígidos, querendo se libertar e saciar aquela dor, mas uma parte racional de meu cérebro avisou que eu simplesmente não poderia sair de repente, sem antes saber quem era aquele homem e por que eu estava sofrendo tanto.

  

   “Sou Carlisle Cullen, médico, cuidou de você quando estava doente...”

- O que aconteceu comigo, Carlisle? Quem eu sou? Onde estão essas pessoas? – As perguntas saíram num jato, descontroladas à medida que iam se formando na minha mente.

- Como sabe meu nome? – Carlisle estava perplexo olhando-me intensamente.

- Não sei você mesmo me disse...

- Até agora eu não falei o meu nome – Ele parou, continuou me encarando – Será que você não possui um dom? Ler pensamentos talvez... – O que quer que essa idéia tinha não o agradou de início.

Não tive tempo para refletir sobre a conclusão que eu estava lendo sem querer seus pensamentos. Eu queria que ele respondesse minha pergunta.

- Você não me respondeu...

- Acho que você não se lembra de mim. Sou Carlisle Cullen como você já sabe, ou melhor, Dr. Cullen... – Ele parou respirando fundo, e sua expressão tornou-se de dor. O que quer que devesse me contar o estava fazendo sofrer, ele tentava não pensar nisso, percebi – Aquelas pessoas são a sua família. Infelizmente estão mortos, Edward. Todos eles. Foram atacados por uma terrível epidemia de gripe, inclusive você. Cuidei de você e fiz o máximo que pude para salvá-los, mas não consegui. Eu sinto muito...

Demorei mais tempo para refletir sobre aquela afirmação do que o normal. Família, eu tinha uma família...

Sem esforço consegui lembrar-se de cada um deles, apesar dessas memórias estarem vagas, falhas e distantes, como um borrão. Lembrei de tudo, da casa, do rosto de minha mãe, de meu pai e até da minha irmã. Outro garoto também se materializou nas lembranças, ele sorria para mim com afeto, e pelo que parecia estávamos rindo de alguma coisa, mas eu não conseguia me ver naquelas lembranças.

Elas se foram, dançando em minha mente, com as vozes apenas ecos distantes e sem querer senti uma dor estranha no peito, como se todo o meu corpo quisesse acompanhar aquelas lembranças, junto com os seus personagens.

Por um segundo fiquei a contemplá-las partir, no entanto, assim que minha mente voltou à realidade, percebi que havia algo errado: Carlisle disse que todos eles morreram inclusive eu fiquei também doente. Não era para eu estar morto também?

Acabei por cogitar a possibilidade de eu ter morrido também e estar no outro lado da vida e aquele homem ser uma espécie de anjo. Seus pensamentos continuavam confusos. Estava preparando um discurso interno, mas dessa vez não consegui escutar. Ele estava criando algum bloqueio nos seus pensamentos. Por que ele faria isso?

Tudo isso pensei rapidamente, já com a minha voz materializando outra pergunta:

- Se todos eles estão mortos, por que estou aqui conversando com você? Eu não deveria estar com eles também?

Por um momento deixei a esperança de ir para o local onde a minha família estava me dominar. Talvez ele quisesse apenas preparar-me para aquele reencontro seja lá onde for. Talvez ele fosse o meu anjo da guarda que eu sempre quis conhecer.

Não entendi por que eu estava pensando aquelas coisas, sabia apenas que era o que minha mãe dizia para mim.

Carlisle estava relutando em responder minha pergunta num debate interno. A expressão de seu rosto era infeliz, o que acabou com toda a centelha de esperança que eu tinha, continuando afastando os seus pensamentos de mim.

- Eu consegui salvar você. Só você. Mas foi um preço muito alto. Não sei se você vai entender...

Ele suspirou tristemente, abaixando a cabeça e fitando o chão, evitando meu olhar, tentando não pensar.

De início foi difícil entender o significado das palavras de Carlisle, mas não tive tempo para pensar nelas, porque a terrível queimação na garganta voltou com todas as forças e eu já estava fora de meu controle. Carlisle levantou a cabeça bruscamente olhando para mim com uma expressão de pânico no rosto. Naquele momento ele deixou a barreira dos seus pensamentos caírem por terra.

“Ele precisa caçar urgentemente”.

Nem ao menos dei tempo para falar nada e disparei janela a fora.

Eu não estava correndo, estava voando! Fiquei pasmo como as minhas pernas tinham velocidade e como a força da gravidade não atuava sobre mim. Passei rasgando sobre um pequeno bosque próximo ao lugar onde eu estava correndo como uma bala entre as árvores, vendo cada detalhe insignificante da natureza ao meu redor. Meus ouvidos e meu nariz estavam aguçados, procurando alguma coisa, qualquer coisa que saciasse aquela dor na garganta.

Foi quando percebi que eu não estava sozinho. Alguém me seguia. Eu podia ouvir os pensamentos de longe mesmo sem compreender.

E sem pensar, sem saber o que estava fazendo, parei bruscamente, virando-me para o meu perseguidor, soltando o mais horrível rosnado do fundo da garganta, agachando-me na defensiva. Um extinto animalesco tomou conta de mim, e a única coisa que pensava era se caso o perseguidor se aproximasse mais eu iria dilacerá-lo inteiro com os dentes. Não havia nada de racional ou humano em mim. Nada. Eu era uma besta assassina.

O perseguidor desacelerou sua corrida, andando cautelosamente até mim. Era Carlisle, porém nem isso fez com que eu desgrudasse os olhos dele. Ele levantou as mãos para cima como se fosse um delinqüente sendo pego.

“O que eu faço? Ele está completamente descontrolado!”

-Edward, acalma-se. Sou eu. Eu sei do que você precisa, mas se você não me deixar ajudá-lo, as coisas só irão piorar.

Encarei-o sem deixar afetar por suas palavras. Simplesmente, virei de costas e continuei minha busca.

Eu não sabia exatamente o que estava procurando, até sentir um cheiro adocicado. O melhor aroma que senti desde os cheiros das flores quando despertei. Só aquele cheiro fazia a minha garganta queimar mais ainda pedindo para eu conseguir aquilo por completo para saciar a sede infernal que eu sentia. E partir para onde o aroma estava me levando.

O aroma me dominava e nem mesmo o fato de Carlisle continuar me seguindo-me fez recuar. Eu só pensava no cheiro e na vontade descontrolada de ter o que quer que tenha aquele aroma tão delicioso me saciasse.

Continuei a correr com o nariz apurado para o curso do aroma, até que ouvi Carlisle gritar:

- Edward pare!

Não dei atenção ao apelo, muito pelo contrário, entreguei-me mais ainda ao extinto e ao caminho do aroma. Eu estava próximo, pois o cheiro estava mais forte. Carlisle gritava mais alto, tentando me alcançar, não dei ouvidos para os seus pensamentos muito menos quando ele gritou novamente:

- Edward, pare! Você vai matá-la! Pare!

Aumentei a velocidade, chegando entre duas árvores cobertas de ramagem, e atrás delas estava o meu aroma. A minha salvação.

Antes mesmo que desse o último pulo, Carlisle me segurou amarrando os meus braços nas costas, me fazendo cair de bruços no chão, imobilizando-me.

Soltei um rugido de raiva, jogando o meu agressor para trás com toda a força, com ele caindo de costas num estrondo ensurdecer.

Avancei para as árvores, mas Carlisle postou-se a minha frente, agachado e rugindo. Meu extinto animalesco aumentou gradativamente, e eu avancei para ele rangendo os dentes, justamente para o pescoço no qual meu extinto me dizia que era mais fácil dilacerar.

Eu poderia ser mais forte, mas Carlisle tinha mais experiência e técnica do que eu, e logo eu estava com o pescoço preso entre suas mãos, antes mesmo de eu dar o meu ataque. Ele cravou o olhar em mim, cuspindo as palavras, ofegante:

- Edward, pare e me escute! Você precisa se alimentar, mas não matando um humano. Venha comigo!

Parei como estátua. Humano? Eu ia matar a poucos segundos um humano como eu?

Naquele instante a ficha caiu. Voltei a minha racionalidade, mas de uma forma que eu não esperava. Carlisle falou bem claro: humano. Por que ele se referia à espécie? Por que não, você ia matar uma pessoa, que era mais aceitável?

A compreensão maligna estava se instaurando, porém tentei guardá-la na minha mente, enquanto seguia Carlisle que passou a correr em disparada pela floresta com eu em seu encalço, e os pensamentos dele escondidos novamente de mim.

Continuamos pela mesma trilha, porém do lado contrário onde estávamos, e no meio do caminho senti outro aroma: era quente e delicioso, mas não tão bom como o aroma anterior. Era mais selvagem.

Chegamos num pequeno penhasco onde logo a frente se via um riacho com água corrente e um leão da montanha bebendo água. Carlisle olhou para mim sugestivamente, olhando em seguida para o animal.

“Você sabe o que tem que fazer. Use o seu extinto”.

Então entendi.

Pulei sem qualquer tipo de aproximação sutil ou silenciosa, completamente entregue ao extinto que eu reprimi naqueles minutos. O leão não teve tempo de correr. Menos de um segundo eu já estava em cima dele procurando um ponto quente para cravar os dentes. O esforço do leão era inútil para se defender, as garras nem se quer me arranhavam, parecia algum tipo de carícia.

Instantaneamente eu cravei os dentes no dorso do leão, suprimindo todo o sangue do animal rapidamente.

Quando terminei, levantei-me me limpando, de costas para Carlisle que continuava no penhasco.

Ele desceu dirigindo-se para onde eu estava próximo a carcaça do leão.

- Carlisle, o que você fez comigo? – A pergunta saiu entrecortada e ríspida, sem nem ao menos eu fazer esforço para ter este tom. Os pensamentos deles foram pegos de surpresa e ele percebeu que eu o sondava. Sem perder tempo ele os bloqueou, mas deixou escapar um pedaço de frase:

“Como vou dizer a ele que ele é um...”

- Eu fiz o que pude, para salvar você. Não vi alternativa. Tive que transformá-lo...

-Transformar? – Virei encarando ele com ódio – Transformar em quê?! Num monstro?! Numa besta assassina que gosta de sangue?! Num... - A palavra fugiu. Eu não queria dizê-la, pois me era repugnante. Eu sabia a resposta por meio dos pensamentos dele, mas eu queria que ele mesmo dissesse.

- Em um vampiro, Edward. Assim como eu.

A tristeza assolou novamente no rosto de Carlisle. Ele não escondeu a repugnância daquela situação.

“Acredite, eu já odiei tanto isso quando você, mas tive que aceitar e fazer o melhor que puder com essa condição”.

Toda a fantasia da outra vida, de encontrar a família, de saber que aquele homem era o meu anjo da guarda, desapareceu. Tudo ilusão, tudo mentira! O meu anjo da guarda não passava de um vampiro nojento que me transformou em outro vampiro nojento que nem ele! A revolta se instaurou em todo o meu ser, me consumindo num sentimento de raiva explícita, que até Carlisle percebeu. Em segundos eu estava gritando, quase um rosnado:

- POR QUE VOCÊ ME TRANSFORMOU NUM ASSASSINO, NUM VAMPIRO ASQUEROSO?! POR QUE NÃO ME DEIXOU MORRER E IR PARA JUNTO DA MINHA FAMÍLIA?! EU ODEIO VOCÊ!

Carlisle permaneceu em silêncio, com um estranho olhar no rosto, novamente escondendo os pensamentos de mim. Eu conhecia aquele olhar das minhas memórias...

Então lembrei: era o mesmo olhar que ele dirigiu a mim quando o vi pela primeira vez... No hospital... Quando eu era humano.

Toda a minha raiva canalizou-se naquele olhar.

- Porque – ele começou bem devagar com as frases se formando como letreiro em sua mente – Porque desde a primeira vez que o vi, Edward, eu sonhava em ter você em minha companhia, como um filho.

O silêncio se instaurou por completo. Só havia o barulho dos pequenos animais da floresta ao longe.

Ele me queria como um filho. Não conseguia raciocinar direito depois daquela declaração, meus pensamentos iam do remorso para a raiva. Ele continuou:

- Sei que você deve estar pensando que eu sou um egoísta, que eu deveria ter deixado você morrer. Eu sei disso. Mas entenda que eu não suportaria ver você morto, Edward. Simplesmente não suportaria – sua voz falhou, ele olhou em direção a carcaça do leão – Entendo que você deva estar me odiando, principalmente pelo fato de você ter quase matado uma pobre andarilha perdida. Eu não o culpo, Edward. Você tem livre-arbítrio. Pode escolher o caminho que quer seguir: ser um assassino que matar humanos ou escolher esse estilo de vida – e apontou para o leão morto – Como você, no começo quando descobri o que eu era senti nojo e repugnância. Mas daí, descobri que eu não precisaria matar inocentes para sobreviver. O sangue animal também saciou a minha necessidade e vivo assim até hoje.

Um dilema se instaurou na minha mente. O que eu deveria fazer?

Carlisle me transformou por que me queria como um filho que provavelmente ele nunca teve. Eu deveria me submeter e segui-lo aonde fosse? Ou deveria seguir o meu próprio caminho sendo um assassino? Lembrei do que ele havia falado que eu quase matei uma jovem perdida na floresta. Onde está a minha humanidade naquela atitude? Onde está o garoto que eu fui? Eu não queria aquilo, não queria virar um monstro sem coração, sem humanidade. Eu queria o meu eu de volta, quem realmente eu era tão desesperadamente em troca de qualquer coisa. A única maneira que eu via de ter a minha humanidade de volta era seguindo Carlisle. Isso não queria dizer que eu o perdoei pelo o que ele me fez, mas vendo-o com tão autocontrole, tão humano, só ele poderia me ajudar naquela jornada.

“Não quero forçá-lo a nada, mas sentirei muitas saudades se ele partir...”

Aquele pensamento, sem nem um pingo de egoísmo, foi crucial para a minha decisão. Carlisle era um homem bom apesar de tudo.

- Preciso que você me ajude a me controlar... A ser tão humano quanto você.

Não sei se cheguei a realmente dar um sorriso, mas foi bem próximo de um. Carlisle sorriu serenamente, aliviado, e a sua alegria se materializava somente nos pensamentos.

“Prometo que sempre estarei ao seu lado, não importa a escolha que você faça Edward”.

Partimos juntos para a minha redescoberta e tentar mesmo que não seja totalmente, ser o mais humano possível. Carlisle não disse que a jornada seria fácil, eu bem sabia disso.

Só espero que tenha valido a pena todos os anos de privações e sofrimento, de ambas as partes.


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Notas finais do capítulo

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