Amigos - a Melhor Aliança escrita por camila_guime


Capítulo 37
*Por que o melhor Natal é o que se faz junto


Notas iniciais do capítulo

Capítulo especial de Natal!
Aproveitem!



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Rachel estava sentada rente à janela do quarto que a pertencia naquela casa alugada. A noite chegara levemente fria. O vento era que estava mesmo gelado. Contudo, tudo tendia para ser uma noite quente e aconchegante. Era Natal. E se isso por si só ainda não bastar, havia pessoas caminhando pela rua, atarefadas ou simplesmente passeando. Pessoas em casais, ou em grupos. Até mesmo aquelas que não estavam com ninguém não estavam sozinhas, pois todos carregavam o mesmo espírito naquela noite. Rachel podia sentir isso no ar.

Do lado de dentro da casa, Rae poderia até estranhar as paredes, os móveis e a arrumação, mas por algum motivo, mesmo não sendo sua casa, aquele quarto era totalmente aconchegante. Isto por que sua família estava na parte debaixo, e ela podia ouvi o som das suas vozes, das suas risadas e, com todos eles ali, o lugar acabava parecendo tão particular, tão dela.

Todavia, dentro da própria Rachel havia um desfalque. Uma grande e importantíssima parte faltava para completar a magia da sua época preferida do ano. Esta parte estava em algum lugar agora, dividida em quatro pedaços, cada um num lugar diferente, provavelmente. Mas de alguma forma... Rachel sabia que eles estavam unidos.

— Rae! Posso entrar? – Uma voz doce e cativante chamou à porta, fazendo Rachel despertar de seus pensamentos.

— Pode mãe! Entre! – Respondeu saindo da janela.

Uma senhora distinta e jovem chamada Maitê entrou no quarto cautelosamente, e parou de frente para a filha.

— Rae, já está na hora de você ir se arrumando... A ceia vai começar em duas horas. Deixei seu vestido na suíte.

— Está ok, mãe... Eu vou indo então.

Duas horas poderia parecer muito, mas não para quem ia descer à praia e cear perto do mar. Era o Natal mais especial da vida de Rachel, em vista que sua mãe descobrira a recente gravidez.

Dona Maitê deu um singelo beijo no topo da cabeça de Rachel e se retirou do quarto. Rachel voltou para a janela e espiou a rua outra vez. Aquela rua que lhe era nova e diferente, onde, porém, as pessoas carregavam todas as mesmas emoções...

A morena suspirou e em seguida puxou o ar frio e doce. Acabou por sorrir, como era iminente, e pensou naqueles que ela mais gostaria que estivessem ali agora:

“Vickie, minha melhor amiga, e quase irmã! A melhor companheira que eu poderia ter pedido um dia!”.

“Stark, a coisa mais fofa do meu mundo! Meu menino, meu maluco-beleza! A estrela do meu natal, sempre e pra sempre!”.

“Alan, o melhor cara do mundo! Meu melhor amigo e companheiro fiel. Parte insubstituível de mim!”.

Rachel fechou a janela e encostou um pouco a cabeça no vidro frio, se deixando levar pela última pessoa na sua lista.

“Danilo, o rapaz mais decente que eu poderia ter conhecido. O amigo indispensável para todas as horas. Quem eu sempre vou querer, estando bem ou mal. Sempre!”. – Ela pensou e depois olhou para fora, para o céu. “Feliz Natal. Queria poder estar aí, onde que quer seja...”.

Fechou os olhos por alguns segundos, repetindo o pedido para os outros amigos. Tornou a abrir os olhos e então seguiu para o banho.

Quando ficou pronta, Rachel saiu do quarto e foi ao encontro dos pais. Todos já estavam prontos para irem em direção à praia. A noite estava ficando mais fria, porém, o céu estava salpicado de estrelas.

― Mas que linda filha! – Augusto elogiou a filha assim que ela apareceu.

― Como diria o Alan: genética é tudo! – Respondeu ela.

― Está perfeito o vestido! Eu sabia que ia servir! – Falou Maitê indo ao encontro de Rachel, para levá-la pela mão até o carro da família.

― Até parece que você recebeu dica da Vickie, mãe! Acertou em cheio! – Rae se admirou mexendo na saia do vestido.

Dona Maitê olhou de canto para a filha e piscou um olho.

― É. Quem sabe ela não acabou me dando uma dica...

― Ah! Tinha que ser! – Rachel sorriu e apertou a barra do vestido na mão discretamente, tentando sentir alguma proximidade a mais à amiga.

Mãe e filha se abraçaram por um tempo na porta de casa. Augusto foi à frente para o carro e ligou o motor.

― Garotas! Vamos logo! Temos uma surpresa pela frente!

― Surpresa? – Rachel questionou. ― Qual?

― Ora, como você poderia querer que nós contássemos algo que é surpresa? – Maitê falou.

― Vocês dois por acaso estão armando pra cima de mim?

Os pais de Rachel se entreolharam de forma cúmplice e ela acabou ficando sem resposta, o que, mais que qualquer palavra, já dava a entender que sim, eles estavam de armação para ela!

***

Em algum outro lugar, Vicktoria ouvia a música que lhe inspirava naquela noite, dentro da sua cabeça. Penteava seu cabelo tentando deixá-lo o mais certinho possível, mas ele teimava em continuar todo cheio de ondas. Ela desistiu depois de dez minutos de tentativas frustradas.

Levantou-se e foi até a janela do quarto. A música na realidade não poderia ser mais natalina. Todo o la-la-la e as notas idílicas preenchiam o jardim da sua casa. Era tudo tão grande... Tão enfeitado bonito e vazio. O brilho de todas aquelas milhares de luzes refletiam nos olhos e nas lágrimas dela. Estava tudo tão imperfeito. Tão incompleto.

Não demorou muito, ela pôde ouvir o toque de uns sininhos. Mas ainda não era o natal, e sim apenas o chamado para a festa lá embaixo. Então, Vickie secou as lágrimas antes que elas manchassem seu rosto, arrumou o vestido no lugar e saiu do quarto.

O salão de sua casa contava com a presença de alguns parentes, conhecidos e colegas de seus pais. Seus chefes também estavam por lá. Era um evento e não um natal em família, como ela gostaria que fosse. E era assim todo ano.

— Sorria um pouco, filha! – Verônica, sua mãe, disse trazendo Vickie para uma foto.

Vickie sorriu, mas queria apenas poder ter sorrido com um pouco de espontaneidade ao menos. Do noutro lado do salão, enquanto isso, seu pai brindava com uns homens, sócios, que ela nunca tinha visto.

Quando teve a oportunidade, se retirou do meio do salão e saiu se esgueirando até o jardim dos fundos, e foi se refugiar na parte mais distante dele. O vento uivava por cima das árvores e ela desejou com força que seus amigos pudessem estar ali naquela hora. Com eles sua vida não ficava vazia, e nunca havia tristeza, pois ela sempre poderia contar com o consolo deles.

“Se Rae estivesse aqui, provavelmente estaríamos ainda no quarto, brincando de nos arrumar!” – Pensou ela tento se fazer sorrir.

“Se Danilo estivesse por aqui, ela poderia estar tirando sarro da cara dele por causa de Rachel ou o fazendo piadas junto com ele para deixar Rachel sem graça. Estaríamos nos divertindo de algum jeito!”.

“Sem esquecer que, se Alan estivesse aqui, nós poderíamos estar falando sobre todas as músicas do momento, e eu poderia brincar dizendo que ele sabia dança como Michael Jackson, ou qualquer coisa para encabulá-lo, o que não é tarefa fácil, por isso é tão legal!”.

Vickie suspirou sentindo a tristeza se dissipar, a imergindo em seus próprios pensamentos. Olhou para a extensão de grama à sua frente...

“Se Stark estivesse aqui...” – Ela se levantou e andou até o meio do gramado, se deitando de frente para o céu estrelado. “... Bem, se ele estivesse aqui... Eu simplesmente estaria sorrindo!”.

A loira fechou os olhos e deixou o vento rasteiro trazer o cheiro da grama para sua respiração. De alguma forma ela sobreviveria esta noite, pois, mesmo distante, seus amigos estavam impregnados dentro dela, numa proximidade que ninguém pode alterar.

Passaram-se então alguns minutos silenciosos, onde as lembranças das pessoas que mais amava preenchiam Vickie de uma paz frágil e suave, que foi quebrada por uma voz que vinha a chamando:

― Senhorita Vicktoria! Senhorita!

Era a voz de uma das empregadas da casa, Karen.

Vickie se levantou do gramado e, mais por respeito que por vontade, respondeu para a senhora.

― AQUI!

E foi em direção a ela, que chegou estendendo um telefone sem fio para a garota.

― Telefone para a senhorita!

Vickie pegou o aparelho, ansiosa na esperança de ser Stark ou Rachel ou outro amigo. Para sua surpresa, Jam a atendeu.

― Estou na frente da sua casa. Vem aqui comigo! – Chamou ele.

― Mas... – Ela hesitou. ― Meus pais estão no salão e o evento não acabou...

― Seus pais sabem que você vem comigo. Vamos Vi! É uma surpresa...

Vickie ficou um pouco indecisa. Chegou até o salão onde os pais se encontravam numa roda de comerciantes e amigos. Eles a olharam de longe e ela pôde detectar um piscar de olho do pai, como se permitisse. Vickie sorriu para ele e foi ao encontro de Jam.

***

Alan terminava de se arrumar em sua camisa nova, que ganhara da mãe de véspera. A casa toda estava barulhenta e perfumada. O natal não poderia ser mais agitado este ano para os Castellan, mesmo que, para aquele pequeno membro da família, a noite ainda podia ficar melhor... Se algumas pessoas estivessem por ali...

Ele desceu ao encontro dos demais. A família era imensa: cinco tias, dez primos, dois afilhados e mais três namoradas de três dos oito tios dele. Sem contar seus pais e seus avós. Não cabia todo mundo dentro da modesta casa, então o jeito foi arranjar tudo no espaçoso, porém simples quintal que eles tinham. E era só rezar para não chover.

— Mas que menino bonito! – Um das tias disse assim que avistou o sobrinho. Alan sorriu para todos que o olharam simultaneamente.

— Como vai garanhão? Bonito igual o tio! – O irmão mais palhaço de Renato, pai de Alan, falou puxando o sobrinho para um abraço.

— Genética é tudo, General! – Alan respondeu.

— Caro, do meu lado da família, não é? – A mãe falou ao passar com uma bandeja de salgados.

— Feliz Natal, mãe! – Alan gritou para ela.

— E essa velha aqui não merece um abraço desses? – Uma distinta senhora idosa disse se metendo entre Alan e tio General.

— Vovó! Vovô! – Alan se virou para eles. Abraçou primeiro a senhora depois o senhor grisalho e idoso atrás.

— Já é um homem esse meu menino! Vejam só! – O velhinho gabou.

— Claro, vovô! E o senhor é um menino!

— Claro, neto!

Um coro de risos foi ouvido, ensurdecendo as outras vozes de conversas. Priminhos pequenos de Alan correram para ele quando o viram e foi uma festa à parte, com abraços e brincadeiras.

A noite em família se seguiu agitada. Mal dava para dar atenção a todos. Era difícil manter uma conversa por mais de cinco minutos com alguém, que logo outro aparecia e a atenção voltava a se dispersar. Os primos mais velhos contavam suas novidades e iniciava conversas para arrancarem de Alan alguma novidade que pudessem espalhar pela família. Típico!

— E as gatas? – Um dos primos mais boêmios, Carlos, perguntou.

Alan sorriu oblíquo e bebeu um gole do refrigerante, virando o rosto para a rua. Estavam na varanda da casa.

— Acho que ele não vai falar, mano! – Felipe, irmão de Carlos zoou, empurrando o braço de Alan.

— Quem cala consente! – Carlos prosseguiu. – Não é Alaninho?

— Você é quem está dizendo! – Alan desconversou e deixou os primos fazendo piadas para trás. Seguiu até a cerca da casa e se apoiou nela com os cotovelos, apreciando a sua rua pacata.

“Se Stark estivesse aqui... Ele ia ter uma boa resposta pra esses malucos que eu chamo de primos!” – Alan pensou rindo. “Feliz Natal, cara, onde você estiver!”.

E então, Alan se lembrou de Vickie quando viu uma menininha loirinha entrar na casa vizinha. Certo que aquela garotinha tinha uns cinco anos, mas ainda assim lembrou sua amiga.

“Vickie, a espertinha. Coisa mais fofa não existe! Queria poder fazer graça com o cabelo dela agora, do jeito que ela é paranóica com ele! Feliz natal pra você também pestinha!”.

“E Danilo... O cara mais idiota que eu conheço!” – Ele sacaneou e sorriu. “Vai ser olho junto assim não sei onde! De toda, forma, que ele tenha sorte. Um feliz natal também pra esse meu amigo lentinho...”.

Alan abaixou a cabeça e encostou a testa na madeira gelada da cerca. Ouviu o grito e os risos das crianças na festa e uma agradável risada feminina se sobressaiu no meio dos sons, fazendo Alan lembrar...

“Ah, Rae... O que eu seria sem você? O coração mais puro que eu conheço. A garota mais valiosa da minha vida! Que você esteja tendo o melhor natal de todos, onde quer que esteja!”.

Alan sentiu algo bater em suas costas e virou de sobressalto para ver o que foi. Deu de cara com uma de suas priminhas pequenas, que lhe acertara com um laço de fitas. Era uma menininha radiante. Seu sorriso lembrava o de Rachel (possível motivo por Rachel ser tão querida pela família Castellan). Assim, Alan voltou sua atenção para a pequena e retornou para todo o pessoal.

Continuou a se divertir no meio dos parentes. Cantaram e dançaram rindo o tempo todo, até que o som de buzinas fez o pessoal parar. Quase não cabia mais ninguém naquela super reunião de família. Que parente poderia ter chegado?

― Alan, filho... Vá lá ver! – Aline mandou tão tranquila como se já esperasse alguém.

― Está bem. – Disse ele intrigado.

Deu a volta pela casa e chegou à frente dela, ficando assustado com quem viu sair de um táxi.

― OOOOI! – Vanessa o cumprimentou com um sorriso radiante e uma voz doce e agradável.

― O-oi. – Alan embasbacou com a garota bonita na cerca da sua casa.

― Eu sei que, assim que encontrar sua língua, você vai me chamar para entrar, por educação, mas eu tenho uma proposta melhor. A final, eu vim aqui por outra coisa! – A morena disse abrindo o trinco da cerca e indo até Alan, totalmente bobo.

― Que outra coisa? – O garoto inquiriu.

― Como não sou boa com suspense: falei com seus pais e eles me deram permissão para te levar daqui esta noite.

― Ah é?

― É. Mas... – A morena hesitou olhando para a rua. ― Meu táxi foi embora, e eu vou precisar de um motoqueiro. Está disponível?

Alan se surpreendeu quando ela ergueu a chave da moto DELE no seu dedo indicador.

― Meu pai de teu a chave da MINHA moto?

Vanessa ergueu um canto dos lábios num sorriso maroto, fazendo Alan se desconcentrar.

― O endereço é esse. – Ela deu um papel que o moreno pegou e olhou brevemente. ― Chega lá em uma hora?

― Com certeza. – Alan respondeu um pouco besta encarando a garota.

― Então vai pegar nossos capacetes e vamos bater em disparada! – Vanessa sorriu e voltou para o lado de fora da cerca, deixando Alan sem outra opção.

***

Danilo estava todo largado no sofá da sua casa, onde um círculo familiar se formava. Daniel conversava com o irmão que não via há alguns meses, Damião, e se divertia ao ver os sobrinhos, Gabriela e Pedro, brincando no chão. Enquanto isso, a mãe de Danilo, Rosaline, brindava com a avó do filho, sua mãe, senhora Lucinda. O avô de Danilo, Demetrio, beliscava os salgados na mesa perto do balcão.

― E meu neto anda bem nos estudos? – Lucinda perguntou.

― Sempre vovó! – Danilo respondeu todo garboso.

― Estudos, estudos... Para que? – Demetrio se intrometeu na conversa com seu tom de avô palhaço. ― O menino é rico! A pousada é nossa! É dele! Estudar pra que?!

― Que mau exemplo, pai, ainda bem que eu não te ouvi! – Senhor Daniel falou fazendo a família rir.

― Meu Danilo é muito estudioso, senhor Deme, - Rosaline falou indo até o filho e plantando um beijo no topo de sua cabeça.

― Aprenda a melhor lição que eu posso te dar, meu rapaz... – Demetrio prosseguiu com Danilo: ― Nunca leve a sério as besteiras que fala esse seu velho!

A família desatou mais risos até que os primos pequenos de Danilo começaram a correr pela casa fazendo bagunça.

― Parem, filhos, por favor! – Damião falou, mas as crianças não deram ouvidos.

― Isso aí, maninho, moral é tudo! – Daniel caçoou do irmão.

― Não subestime meu poder de controle: você só teve um filho! – O irmão rebateu.

― Danilo deu trabalho por três! – Rosaline acrescentou.

― MÃE!

A família riu de novo enquanto as crianças ameaçavam algum possível acidente ao correrem pela escada. Foi hora de Rosaline intervir.

― GABRIELA, PEDRO PAREM AGORA! – A voz potente da mulher fez as crianças pararem estáticas com sorrisinhos travessos no rosto. ― Já para a varanda, se querem tanto correr! – Ela ordenou e os pequenos esvaíram porta afora.

― Valeu, nora! – Damião sorriu para a esposa do irmão.

― De nada. Pelo menos em alguém se encontra o pulso forte desta família... – Rose alou fazendo Danilo rir da cara do pai e do tio.

― Mas que bonito pra vocês heim! – Ele brincou. ― Só moral!

― Mas ainda sou eu quem te dá mesada! – Daniel rebateu fazendo o filho retroceder.

― Ok, você venceu!

Danilo foi um pouco para a janela da sua casa e olhou o jardim lá fora.

“Stark adoraria todos esses guinomos... Esse meu amigo maluco! Tomara que esteja se divertindo, cara...”.

“Feliz Natal pra você também, Alan! Ele é lento, mas merece um feliz Natal!” – Danilo riu.

“E a Vickiezinha... Será que minha pimentinha está bem? Tomara! Feliz Natal Vickie!”.

Danilo se apoiou no parapeito e olhou para baixo, uma fileira de arbusto florido no rodapé. Rosas: a paixão de sua mãe. As flores preferidas também de...

“Rachel... Onde ela deve star agora?” – O garoto olhou para o céu como se esperasse vê-la por lá. “Queria estar aí, não sei onde, mas queria. Feliz Natal Raquetinha!”.

A família continuou descontraída até que houve alguns toques de campainha. A governanta da casa apareceu, segundos depois, com a visita timidamente ao lado. Danilo sobressaltou e se pôs de pé:

― ALANIS?

― Boa-noite... – Disse a garota com uma voz alegre.

Danilo ficou bobo por uns segundos até, depois de se re-concentrar, apresentou a garota aos demais. Seus pais já a conheciam, menos os avós e o tio.

― S-seja bem-vinda, então... – Danilo continuou. ― Sente-se.

― Ahn... Na verdade eu não vim aqui para ficar esta noite! – Disse a garota olhando cúmplice para Daniel e Rosaline eu sorriram e piscaram um olho para ela.

― Bem... Se você não veio para passar a noite... Desculpa perguntar, mas...

― Quer saber o que eu vim fazer aqui? – Alanis adivinhou. ― Buscar você!

Danilo demorou a entender.

― HE-EIM?

***

— TOMA ESSA! – Stark berrou

— NÃO! MINHA RENA! – O irmão caçula dele berrou em seguida. Bruno, de dez anos.

— É HOJE QUE PAPI NOEL COME A RENA! HAHAHAHAHA! – Stark continuou com voz de vilão.

— CACETE! MAIS UMA NÃO! SEU NOEL FILHO DE UMA...

— BRUNO! – Melissa, a mãe deles, interveio, trazendo os brigadeiros numa bandeja.

— Eu ia dizer filho de uma árvore, mãe! – Bruno falou de fingindo de inocente e largando o controle do game.

— Aham, sei... Pensa que me engana mocinho?

— Mamãe, do jeito que ele é, eu acho que te engana mesmo! – Stark falou desligando o jogo “Noel X Renas!”.

Bruno mostrou língua para o irmão e correu para se sentar no chão em frente à mesinha do centro, babando pelos doces lá dispostos.

— Pode tirar todos esses planos sujos da cabeça, mocinho, - Melissa dizia a ele, — esses doces são para DEPOIS do jantar!

— MÃE! Como pode duvidar da pureza de meus pensamentos? – Bruno assumiu um tom indignado.

Stark se esparramou no sofá e se intrometeu.

— Ela duvida de sua pureza do mesmo jeito que EU duvido!

— E o que você sabe da minha pureza?

— Que há mais de sete horas você não toma um banho!

— BRUNO! – A mãe se assustou.

— ORA, PENSEI QUE EXISTISSE BANHO A SECO! – O pequeno se defendeu.

— Moleque desgrenhado! Puxou ao pai! – Melissa falou direcionou a voz para o cômodo ao lado.

Logo, um homem de barba mal-feita, porém bem charmosa, apareceu enfiando a cara pela porta, como se tivesse culpa no cartório.

— Alguém falou de mim? – Ethan, pai de Stark, falou.

— Ainda bem que você sabe que é você! – Sua esposa disse indo até ele e o puxando pela gola da camisa. O homem apareceu com cabos enrolados pelos braços e pelo pescoço. — Ethan! Já está na hora de largar o laboratório!

— Acho que o papi já está confundindo onde deve enfiar os USBs! – Stark caçoou rindo da cara do pai.

— Acontece que meu auxiliar nunca mais deu as caras! – Ethan retrucou, como se fosse tão moleque quanto o filho.

— É que eu ando estudando muito, papi...

— Sei... Estudando as matérias da escola ou as das garotas?

— Ah, a gente tá um jeito de conciliar! – Stark disse cínico, piscando um olho. — Mas a mamãe tem razão pai: JÁ PRO BANHO!

— O que? Você não manda em mim! – Ethan deu de ombros.

— É! GREVE DE BANHO POR AQUI! – Bruno correu para o lado do pai e fez uma mini posição ameaçadora.

— HAHA! – Melissa fingiu rir. — Quero ver que é que vai ousar me desobedecer! JÁ PRO BANHO!

— SIM SENHORA, SENHORA! – Ethan e o filho disseram obedientemente e fingiram marchar em direção ao banheiro.

— É assim que se fala, mãe! Mostrou poder! – Stark cruzou os braços convencidamente.

Melissa o olhou estreitando os olhos.

— Por acaso eu já não te mandei pendurar a guirlanda na porta? Ou você é outro desobediente por aqui?

— Tenho escolha?

— O que você acha?

— Valeu. To indo mãe! – Stark sorriu sem-vergonha e pegou o enfeite da mesinha. — Mãe! Já disse que você está um chuchu hoje?

Melissa gargalhou, surpresa.

— Chuchu? Não tinha nada melhor não?

— Ok. Um... Panetone!

— PANETONE?

— OK, OK, TÁ BOM! Uma uva-passa então!

— De onde tirou isso?

— Ora, comida de natal! Melhor que eu te chamar de peru ou de ensopado de carne... Aceita, mãe! Você é uma uva-passa! Com todo o respeito!

— Ô menino, eu não te mandei ir...

— Pendurar a guirlanda? Calma, eu estou indo! – Disse cinicamente Stark.

Stark ajeitou o chapéu de papai Noel na cabeça e seguiu cantarolando enquanto ia abrindo a porta:

— Gingo-bel, gingo-bel! Acabou o papel! Não faz mal, não faz mal! Limpa com jornal! O jornal tá caro, caro pra chuchu! Tudo que eu quero...

— É viajar pro Sul! – Luana, parada à porta, terminou a música para ele. Stark paralisou. — Não gostou do improviso?

— Gostei... – Disse ele debilmente avaliando a moça da cabeça aos pés.

— Ótimo! Que tal uma fugida? – Propôs ela de repente, pegando o loiro pela mão.

— M-m-mas...

— Vai com ela filho! – Melissa falou atrás dele, o pegando desprevenido.

— É filho: vai! – Ethan gritou da janela em cima deles.

— M-m-mas... – Stark continuou embasbacado.

— DÁ O FORA LOGO SEU BESTA! – Bruninho berrou aparecendo só de cuequinha na outra janela.

— Não se mete pirralho! – Stark mostrou a língua.

— Pois é, Stark... É uma surpresa! – Luana falou indicando um táxi parado em frente à casa.

— Feliz Natal, filho! – Melissa disse praticamente pondo o menino para fora.

— DIVIRTA-SE! – Ethan gritou novamente.

— EU NÃO JÁ TE MANDEI IR PRO BANHO SENHOR ETHAN STARK?

— Tô indo benzinho, eu estou indo!

Luana pegou Stark pela mão e o puxou ainda abobalhado para dentro do táxi. O motorista arrancou sem precisar de comando. Ele já sabia para onde ir.

***

Rachel desceu do carro dos pais e sentiu a areia sob seus pés. Por um triz se arrependeu de ter vindo de vestido, pois o vento era forte demais. Para sua sorte o vestido tinha um bom comprimento, ao menos.

Seu pai, Augusto, pegou uma grande cesta de a levou até uma tenda montada na areia, um pouco distante do mar e perto de umas rochas. Maitê pegou alguns outros utensílios e foi com o marido, deixando a filha ficar a vontade pela praia.

Rachel então foi até a beira da água e sentiu a terra molhada e o cheiro se desprendendo das ondas. O céu relampejou um pouco e o ar esfriou ainda mais. Nuvens vinham do horizonte como se fossem formadas do encontro do mar com o céu. Enquanto isso, Rae fazia pedidos.

***

Jam saltou do táxi com Vickie e ia a levando pela mão: ele caminhando e ela em cima de seu skate, passando por cima da orla.

— Meus pais sabem mesmo que você me sequestrou pra uma praia? – A loira perguntou sorridente pela beleza da paisagem.

— Não tem como ser sequestro se eles sabem! Eu tenho uma permissão assinada! – O rapaz brincou.

— Tudo bem, vou confiar em você! – Vickie nem ligou mais para o vento desfazendo seu penteado. Tratou de admirar o lugar. Foi quando avistou... — Jam? Aquele ali é o Alan?

***

— É esse o ponto, gata? – Alan perguntou desligando a moto.

— Aham. Parabéns, motoboy, você conseguiu chegar á tempo! – Vanessa respondeu abraçando Alan e dando um singelo beijo em seu rosto.

— Eu sou quase SEDEX, baby! – Alan piscou um olho com um sorriso maroto no rosto, sem perder a pose. Por um breve momento, olhou o lugar. Foi quando viu um carro conhecido entrando numa vaga no estacionamento da orla. — Vanessa?

— Diga?

— Aquele ali, saindo do carro do Danilo é o...

— Danilo, amor! – A morena respondeu como se fosse óbvio, como se já esperasse. Alan a olhou inquiridor, e ela sorriu marota em troca.

***

Danilo saiu do carro e Alanis logo em seguida.

— Sério, Lanis, viemos parar numa praia! – Disse o moreno surpreso.

Alanis riu.

— É, Dani, é uma praia mesmo! Veja as ondas! – Ela brincou.

— Não é aqui que você pretende me assassinar, é?

— Só se você tiver medo do mar, por que é pra lá que a gente vai!

A morena apontou para um pedaço da praia onde só havia uma tenda armada. Danilo, porém, percebeu algo por sua visão periférica, ficando surpreso e incrédulo:

— Laninha, aquele ali, saindo do táxi, por acaso é o Stark?

Alanis sorriu de lado como se já esperasse.

— Por acaso não, Dani. De propósito!

***

— RACHEL! RACHEL! – Um monte de vozes gritaram de uma vez.

Rachel olhou por cima do ombro e não acreditou. Seus pedidos foram realizados: seus amigos corriam para ela. Descalços e desarrumados pelo vento. Radiantes e felizes. De várias direções.

Vickie foi quem a alcançou primeiro. As duas deram um longo abraço. Foi o tempo em que Alan chegava e, em seguida, abraçou Rae também, erguendo-a do chão. Vickie passou para Stark e, pelo impulso do momento, os loiros deram um longo e apaixonado beijo de Natal, o qual Vickie tapou com o gorro de Noel de Stark.

Depois, Stark deu um tempinho para abraçar Rachel também e encheu a amiga de beijos pelo rosto. Alan abraçava Vickie. Foi o tempo em que Danilo chegou, puxando Stark de brincadeira e deixando sua Rae só para si. A ergueu do chão e também a beijou, enquanto ela o abraçava com toda força que podia, totalmente entregue à alegria e ao beijo profundo e apaixonado.

Alanis abraçou Luana e Jam primeiro, depois a Vanessa. E todos eles se cumprimentaram e, com mais alguma demora, abraçaram Vickie, Stark, Alan, Rachel e Danilo.

— Eu não acredito que tramaram isso! – Rachel disse surpresa para seus pais e para Alanis, Luana, Jam e Vanessa.

— Todos os nossos pais se uniram na verdade! – Alanis falou sorrindo para os demais.

— Feliz Natal, crianças! – Maitê e Augusto disseram ao mesmo tempo.

— Aproveitem a noite... Voltaremos para buscá-los em uma hora! – O pai de Rachel prosseguiu.

— Obrigada (o) – Todos os amigos disseram juntos enquanto o casal Marie Fox ia para a tenda que armaram.

Um piquenique, a esta altura, já fora preparado para os Amigos, que, agrupados em si, se deitaram ou se sentaram pela areia e tiveram um dos melhores Natais de todas suas vidas.

Amigos: por que o melhor Natal é aquele que se faz junto!


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Notas finais do capítulo

Gente eu preciso de indicações!
Vale a pena dar uma? se "sim", me ajudem nessa!
Amo vocês! Feliz Natal a todas!

Mila.



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