36.

— Todo mundo tem um jeito, Rae... A gente só precisa... Achar a frequência.

Danilo e Rachel se encararam. Ele sabia que ela entendeu a frase toda, porém, Rachel só queria ter certeza de que Danilo a falara de propósito.

***

— Você tem alguma proposta pra isso? – A morena se virou de frente para ele.

— Depende do que você me dispõe... – Danilo entrou na jogada e sorriu de um lado só.

— Hum... O banquinho da alegria? A salinha? O jardim? São várias as propostas!

— O banquinho?

— Você ama esse lugar né?

Danilo riu e deu de ombros. Eles seguiram para o outro lugar.

— Tem boas lembranças!

— Como na vez que Stark pintou uma mecha sua de rosa quando você estava cochilando... Como quando Vickie conheceu Alan pela primeira vez... E eu colei pela primeira vez também... – Rachel riu.

— Pois é né... Que vergonha, senhorita Rachel! – Danilo estreitou os olhos. — Mas também foi a primeira vez que eu falei com você!

Rachel corou e Danilo riu ao perceber.

— É. Você: aquele garoto playboy, todo cheio de marra, chegando com as mãos enfiadas no bolso e dando esse seu OI descarado!

— Oi descarado? Desde quando meu Oi é descarado?

— Ora, desde sempre!

— E pode me explicar como meu oi pode ser descarado? – Danilo ergueu uma sobrancelha e se sentou no banquinho com cara de inquiridor.

— Você põe a mão no bolso e chega com esse seu sorrisinho de galanteador barato, aí...

— GALANTEADOR BARATO! Essa doeu!

Rachel riu dele.

— Pois é, pra você ver. Daí, você se aproxima... – Ela falou imitando o jeito dele. Uma versão feminina de um perfeito playboy. — Então você para há poucos centímetros... Passa a mão pela cabeça, com seu charme de “eu finjo que sou um bom garoto”, - Rachel fez o que dizia enquanto Danilo reparava meticulosamente. — Depois você pressiona um pouco os lábios antes de dar seu sussurrante Oi. Vai me dizer que não tem descaradice aí!

Danilo ria enquanto Rachel o imitava. Cínico, ele cruzou as pernas e pôs as mãos apoiando a nuca.

— Olha, eu não sei se foi descarado, mas você me seduziu! Então... Acho que está valendo!

Rachel riu da cara-lisa dele e deu um tabefe em seu joelho, se sentando ao lado.

— Então é mesmo essa sua intenção: seduzir? – Perguntou boba.

— Claro! A final, a gente nunca sabe quando pode sair ganhando, não é? – Danilo falou todo pretensioso e Rachel o empurrou de leve.

— É. Mas com certeza você não conseguiu me seduzir naquele dia!

— AH NÃO?

— É. NÃO.

— Nossa... E eu jurando que você era doidinha por mim! – Danilo choramingou.

— HAHAHA. Sonha, querido, sonha! Por outro lado... – Rachel se virou para ele. — Eu te seduzo quando quero!

— Que mentira!

— Você admitiu isso ainda há pouco!

— Claro, você estava seguindo os passos do mestre! – O garoto piscou convensidamente.

— Então você é seduzido por você mesmo?

— Não... Mas até que meu jeito em você te caiu bem!

Rachel riu sonoramente.

— Seu jeito em mim? Mas e se fosse o inverso?

Danilo parou, ficando sério de repente, e depois ergueu um canto dos lábios de forma marota.

— Se fosse o inverso, eu me acanharia todas as vezes que você investisse e surtaria com você só por que eu sou incapaz de admitir que eu te amo!

Ok, Danilo realmente planejou dizer isto. Rachel parou por uns segundos completamente confusa. Ele disse isso inversamente... Mas por que então pareceu tão o contrário? O inverso do inverso... (Ok deu nó no cérebro agora!).

Rachel viu Danilo sorrir, gostando da confusão que causou. Na verdade, quem sempre era incapaz de admitir era ele, e por isso mesmo foi mais fácil inverter a situação. Porém, em sua cabeça, de alguma forma o que disse fez sentido, e ele só quis que Rachel pudesse entender também.

Ela, se aproveitando da situação, chegou perto de Danilo perigosamente. Mais perto... E mais perto...

— Eu... – Murmurou. — Eu nunca omito minhas verdades!

— Então por que você nunca me diz de uma vez? – Danilo prosseguiu.

— Espero que você tenha essa atitude.

— Por quê? Se é você quem tem que me dar essa certeza?

— Se você tem dúvidas, então eu não sei o que posso fazer... – Rachel recuou e se encostou ao banco. Danilo se inclinou para ela.

— Mas eu sempre vou ter dúvidas, Rae... Você não tem ideia de quem você é! – Disse Danilo por impulso.

Era engraçado como eles sabiam que estavam falando deles mesmos todas às vezes, mas nunca davam o braço a torcer.

— Como assim? Quem eu posso ser? – Rachel rebateu, intensamente ligada à conversa.

— Alguém do qual eu não tenho o mínimo controle... – Ele admitiu seriamente, tocando de leve o rosto de Rachel como se tentasse entendê-la de verdade.

— Então... Você tem receio de que eu não...?

“De que não me corresponda...” – O cérebro de Danilo atalhou, mas ele não pôde dizer.

Rachel tentou entender a dificuldade empacada de Danilo, mas ele estava perigosamente próximo o bastante para confundi-la ainda mais. Sabia que ele era um grande galanteador. Ela não podia, em hipótese alguma, ser uma conquista apenas.

De outro lado, Danilo não queria ser vencido. Ceder a ela e depois poder descobrir que foi apenas uma “meta alcançada”, um gelo que foi quebrado ou algo do tipo. Rachel era auto-suficiente demais para não precisar dele, como ele estava acostumado...

— GLÓRIA IRMÃO! ACHEI VOCÊS! – A voz de Stark berrou à distância.

Danilo e Rachel descongelaram e se viraram para ver Stark se aproximando enquanto Vickie tentava inutilmente refreá-lo. Mas já era tarde, ele já havia interrompido.

***

— Desculpa, eu interrompo? – O loiro se aproximou todo sorridente, com Vickie pendurada em sua mão, ainda tentando afastá-lo.

— Interromper? Imagine! – Danilo ironizou e fez Rachel sorrir, encabulada.

— AFF! Desculpa, eu tentei impedir esse desengonçado! – Vickie disse desistindo e se jogando na outra ponta do banquinho da alegria.

— Relaxa. Rae e eu... Acho que... Decidimos conversar mais tarde mesmo! – Danilo atalhou fazendo Rachel engolir em seco.

— Ah é? – Stark ficou com os olhos tinindo. — Vocês vão conversar é? Safadinhos...

— STARK! – Vikcie o chutou.

— O que é que tem? Eu estou só constatando os fatos! A Rae venceu o jogo e agora vai passar as estratégias pro Dan! É ESSA CONVERSA QUE EU ESTOU FALANDO, SENHORITA!

— AHAM! Sei... E eu nasci ontem!

— Sério? – Stark brincou. — OTI-MÃE! NENÉM!

Danilo e Rachel se encaram assustados, Vickie rolou os olhos.

— Vocês vieram pra cá só pra tagarelar besteira? – Danilo perguntou.

— Não.

— Sim!

Vickie e Stark responderam respectivamente.

— NA VERDADE... – A loira cortou. — Viemos por que o carro está nos esperando!

— Carro? Que carro? – Rachel perguntou.

— Dona Aline pensou que a gente poderia querer ver o Alaninho depois do jogo e ela pediu pra um táxi vim buscar a gente!

— Sério?!

Rachel ficou de pé num salto. Danilo ergueu uma sobrancelha que só Stark viu.

— Aham. Foi por isso que a gente veio! – Stark resumiu brilhantemente.

— Eu já falei pra eles, gênio!

— Eu sei, mas não custa apontar.

— Ai Stark, às vezes eu não sei se eu te calo ou se eu...

Vickie estancou ao perceber que todo mundo de repente estava ligado no que ela ia dizer.

— Ou? – Rachel inquiriu.

— Ou... Ou se eu mato ele!

— Matar? Quem você quer enganar Vickie? – Stark falou convencidamente. — Nenhum de vocês vive sem mim. Agora vamos que o táxi não é motorista particular!

— É. Boa ideia. To louca pra ver o Laninho! – Rachel falou num impulso, pegando a mão de Vickie e a levantando do banco.

— Então não vamos perder mais tempo falando besteira, não é? – Disse Danilo. Stark olhou para o amigo de forma solidária, notando que o humor do moreno esmaecera.

— Certo, Dondoca: Ao Infinito E Além!

Stark pegou Danilo pela mão e se pôs a correr, puxando-o a contragosto, fazendo as meninas rirem.

— Eles são tão lindos juntos, não é? – Rachel suspirou.

— Verdade...

Rae olhou de esguelha e a viu com um sorriso totalmente débil no rosto de Vickie, admirando Stark correndo.

— Vickie!

— O que?

— Enxuga a baba amiga!

A loira se tocou e deu um empurrão de leve em Rachel.

— Nem vem, Rae!

A morena riu da vermelhidão de Vickie e as duas decidiram seguir atrás dos meninos.

***

Alanis desceu para festa depois de ter chorado um pouco. Fazia tempo que isso não acontecia. Ela tinha certeza: era Danilo. Não precisava de muito, bastava passar uns minutos perto dele e ela se sentia bem. Desta vez, ele conseguiu atingir em cheio a emoção dela. Era quase como voltar a ser humano. Era um choro que tinha o poder de jogar água no passado, limpar as coisas. Era como se ela pudesse contar de novo em ter a companhia de Danilo de volta, com ou sem Rachel.

A festa estava movimentada, cheia de faixas do time e muitos aglomerados de alunos por toda parte. Contudo, um movimento entre a multidão chamava atenção. Parecia até um furacão abrindo passagem.

Alanis foi até ela.

― Luana! EI! – Como a garota parecia não ouvi-la, Alanis esticou o braço e alcançou o pulso de Luana, a fazendo virar com uma rajada de cabelo ruivo. ― Luana?

― Vai pro inferno, Alanis! – Sua voz estava embargada.

Foi tudo o que a ruiva disse antes de voltar para seu caminho e desaparecer pela escada que dava para o lado de fora do salão. Alanis engoliu em seco. Pelo visto, a ficha tinha caído para Luana: Jam não executara o plano, Vickie e Stark estavam próximos, pelo que dava para ver, e Danilo agora estava falando com Alanis... Luana deveria estar fula da vida.

― Droga! – Alanis xingou e se virou abruptamente, batendo de cara nas costas de alguém.

Deu um passo pra trás, atordoada, e reparou em quem era. Conhecia-o malmente de vista, e pela sua fama de boçal. Eric Natan, um garoto do terceiro ano.

― Distraída, gata? – Eric perguntou com seu típico sorriso dotado de deboche.

― Não. – Alanis rebateu num tom de poucos amigos.

A rodinha onde Eric estava se virou para a morena com olhares especuladores e metidos.

― Está tudo bem aí? Olha... Cuidado da próxima vez, amorzinho! – Advertiu o garoto piscando um olho de forma cínica.

― Não vai ter próxima vez, querido, e amorzinho é a mãe! – Alanis ajeitou a blusa. ― Com licença.

Eric e sua trupe deram risadinhas que foram parar nos ouvidos de Alanis quando a morena virou as costas. Isto a fez parar e voltar.

― Perdeu alguma coisa? – Eric a enfrentou cruzando os braços de propósito, para parecer maior que já era.

― É. Acho que perdi minha sorte por hoje... – Alanis ironizou. ― Algum problema ou eu posso ir m paz?

― Por mim, você pode ir com Deus!

Os amiguinhos de Eric riram e apoiaram o rapaz. Alanis sentiu o sangue ferver, mas respirou fundo, a final, isso era ridículo demais!

― Bando de patéticos! Tenho mais o que fazer!

A morena decidiu ignorar, já que eles não iam parar de dar risadinhas, e seguiu para longe do meio das pessoas.

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pessoas o que acham da Luana?

comentem e eu vejo se deixo ou se mudo!

(no decorrer da história posto outras fotos de outros pernoagens ok?)