Amigos - a Melhor Aliança escrita por camila_guime


Capítulo 38
Ciúmes e massagem na perna! Ui!




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38.

Rachel, Danilo, Vickie e Stark estavam se encaminhando para a saída da escola. Rachel, em particular, não via a hora de ver Alan. Nunca sentira tanta vontade de estar com o amigo, e parecia que as horas em que não o viu tinham se passado como séculos. Já avistava o táxi que os levaria quando de repente:

— VICKIE! HEI! VICKIE!

Os quatro estranham e viraram ao mesmo tempo para ver quem era, apesar de aloira já ter adivinhado pela voz.

Jam vinha se aproximando do grupo parecendo apreensivo, mas, de alguma forma, bem feliz. Danilo apertou os lábios e olhou para Rachel. Rachel assumiu bochechas vermelhas, ficando preocupada com Vickie. Stark ergueu uma sobrancelha e não saiu de seu lugar, parecendo o mais natural possível, com as mãos nos bolsos e os ombros largados. Vickie ficou rígida, segurando a respiração até que Jam parou em frente ao grupo.

— Desculpa, eu... Atrapalho? – O garoto puxou o ar e esperou a resposta, que foi um silêncio esquisito. Meio sem jeito, olhou para Rachel e um sorriso mais confiante apareceu em seu rosto, lembrando da força que ela dera a ele. — Ok, eu... Vickie, eu posso falar com você?

A loira deixou a respiração sair, e acabou tossindo um pouco. Stark arranhou a garganta sem que ninguém tenha reparado e passou a mão pela nuca, desconcertado.

— Ahn... Agora? – A loira hesitou.

Havia uma voz pequenininha no seu subconsciente dizendo “vai, vai logo! Você estava esperando isso, não é? Vai, boba!”. Porém, outra voz gritava “Tonta! Reaja de uma forma logo! Tem gente te olhando! O Stark tá te olhando!”. Uma terceira consciência (se é que isto é possível) ainda falava “finja um desmaio, gata, esta é a hora!”.

Vickie sacudiu a cabeça depois que Rachel deu uma apertada em sua mão.

— Ahn... Eu acho que... – Ela olhou para os lados. Danilo parecia imparcial; Stark estava insondável; Rachel balançou discretamente a cabeça dizendo sim. — Oh, eu acho que... Ok. Mas e...

— Tudo bem, Vi! – Rachel acudiu. — A gente manda lembranças suas pro Alan!

— Sério? Mesmo? – A loira não se referia ao caso do Alan. Rachel entendeu a verdadeira preocupação dela.

— É sério, Vickie. Sem problemas, vai lá!

Vickie lembrou de ver Rachel abraçando Jam, e a forma com que ela disse que foi por “agradecimento”. Ela estava coma pulga atrás da orelha. Se Rachel estava insistindo tanto...

— Ok. Vão sem mim. Se der, eu vou depois!

— Certo. Vamos! – Danilo foi determinante ao ouvir o som das buzinas do taxista.

O moreno segurou Stark pelo ombro de forma natural, mas por dentro ele sabia que era o único jeito de arrastar Stark dali. Rachel colocou as mãos nos bolsos e seguiu os rapazes.

— Que tal a gente ir... Para... – Jam hesitou.

— Eu acho que sei onde!

Jam ergueu um lado dos lábios num sorriso terno, quebrando o gelo.

— Certo. Conduza! – Brincou.

Vickie demorou a sorrir, com um pouquinho de medo, mas... Alguma coisa resplandecia de Jam. Era a mesma tranquilidade que sempre tornou tudo fácil com ele. Uma das coisas que ela mais gostava nele. Sentindo esta vibração, Vickie se permitiu abrir um sorriso tranquilo. Foi como um peso tirado da consciência. Ela ofereceu o braço para ele como um cavalheiro, ou... “Cavalheira” no caso.

— Tá legal. Vem comigo!

***

— Tudo bem, meu fofo? – Rachel perguntou se esticando pro banco da frente e abraçando Stark por trás, junto com o encosto do banco.

Stark sorriu para ela pelo retrovisor. Estava no banco do carona, enquanto Rachel e Danilo iam atrás.

— E por que não estaria?

— Hum... Por nada! – Rachel decidiu tirar por menos, mas deu uma piscada para o amigo, e um beijo na bochecha dele.

Danilo riu e balançou a cabeça. “Quem é que está querendo se enganar agora?” – Pensou ele.

Rachel voltou a se sentar no banco de trás, mas, quando foi cruzando as pernas, acabou batendo no machucado.

— FDP! CACETE! FIHO DA MÃE! FILHO DA AVÓ! ... – Ela foi insultando até vigésima segunda geração.

— Nossa, Rae, cuidado! – Danilo se preocupou. — Caramba, eu nem sei como não perguntei sobre isso! Como é que ficou sua perna?

— Bem Rae? – Stark também falou.

Rachel abraçou a canela enquanto bufava de raiva. A dor persistia, era só mexer um pouquinho que parecia que ela lembrava do quanto doía.

— É só um p-t- de um hematoma ridículo! – Ela falou.

— Aquela ogra que te atacou, ela merecia um cartão vermelho! – Stark disse indignado.

— Ora, muitas delas mereciam! – Danilo afrouxou seu cinto de segurança e se virou para Rachel. — Deixa-me ver. Eu faço a dor passar! – A morena abriu os olhos e o encarou descrente. — Eu falo sério, confia, vai!

Danilo piscou e deu seu sorrisinho irresistível. Stark prendeu o riso ao ver sua amiga corar e ceder a perna para cima do colo de Danilo.

— Se eu sentir dor eu mato você! – Rachel ameaçou e o Danilo realmente se sentiu amedrontado.

— Mas eu sei que vai passar! – O moreno engoliu pesado e meio sem jeito ao segurar a perna da amiga. Sorte de ela estar de short.

Com cuidado, Danilo pressionou um ponto a cima de onde as ataduras com gel estavam, fazendo uma espécie de passagem circular. Na parte de baixo do curativo, fez outro tipo de movimento com a mão, mais vertical.

Rachel cobriu o rosto com as mãos com medo. Quer dizer, primeiramente com medo. Depois sentiu cócegas. E aí mesmo que tapou o rosto. Depois, a dor foi amenizando e a massagem foi ficando mais prazerosa.  Realmente tranquilizante. As mãos de Danilo faziam o local ficar mais quente, e o músculo relaxava, ao contrário da dona dele, que estava ficando nervosa e constrangida. Em contrapartida, seria insanidade pedir para parar, pois a dor estava se indo toda.

Danilo, por sua vez, nunca se sentiu tão esquisito. Não é como se nunca tivesse deixado Rachel apoiar as penas em seu colo, mas de alguma forma, naquele momento pareceu meio estranho. Talvez fosse por que ela estava machucada, ou por que ainda estava impressionado com a forma que ela atuou no jogo... Como ela parecia diferente no campo, deixando de lado a boneca que era, e passando a parecer uma atleta. Também malmente via Rachel com as pernas de fora... Quer dizer, mesmo o uniforme sendo saia, ela e Vickie sempre usaram calças e...

“Cacete, Luxer! Para de pensar isso!” – Danilo brigou mentalmente.

Rachel sentiu a mudança repentina de pressão da massagem, mas isso não a alterou, continuando muito eficiente, então, não reclamou.

Depois de um tempo, Danilo nem reparara que já havia feito o número programado de fricções, e que a massagem técnica estava acabada. Na verdade, só se tocou que deveria largar a perna de Rachel quando o motorista do táxi o olhou pelo retrovisor descaradamente.

Rachel tirou as mãos do rosto quando não sentiu mais o toque de Danilo. A ficha caiu de que ela deveria ter interrompido a massagem muito antes. Claro que ela estava pior que um pimentão.

— Obrigada... – Falou puxando sua perna de volta.

— De boa! Quer dizer... De nada! – Danilo passou a mão pelo cabelo, desajeitado.

Stark ria para a janela, descaradamente tentando se manter discreto. Rachel também virou o rosto para fora, sentindo a pele quente. Quando avistou o hospital, pareceu cair de volta na realidade e seu coração deu um salto. Logo veria Alan! Ela, por alguma razão, mal esperava por isso!

***

Quando chegaram ao hospital, os pais de Alan receberam os amigos com toda atenção, mas com um carinho especial com Rachel. Depois que a enfermeira saiu do quarto, os três entraram.

— E aí preguiçoso! – Rachel berrou ao abrir a porta. — Quando vai tomar coragem e sair dessa cama?

Alan se endireitou preparando para receber o abraço de Rachel. Afagou o cabelo dela e lhe plantou um doce beijo na bochecha.

— Ah, hoje à tarde eu estou voltando...

Rachel recebeu a notícia como um prêmio. Sorriu feliz e novamente abraçou o amigo. O ar do hospital o deixava mais pálido, e ela não via a hora de tirá-lo logo dali.

— ALANINHOOOOO! – Stark berrou correndo e praticamente pulando em cima do amigo. Rachel por pouco não foi espremida.

—Fala Irmão! – Alan riu.

— Nossa, que gay! – Danilo caçoou e deu esfregão na cabeça de Alan, desarrumando seu cabelo.

— MERMÃO O QUE FOI AQUILO? – Stark prosseguiu. — Toda aquela fúria e velocidade. E que queda. Uh... Aquilo deve ter doído. Fala aí: qual a sensação?

— Ah, a corrida é muito louca, cara, só estando lá pra...

— NEM PENSE NISSO! – Rachel interferiu. — Não dá ideia senão o Stark vai ser o próximo amigo que eu vou ter metido em rachas!

— EU RAE? Não...

— Aham, sei que não... – A morena censurou.

— Mas de toda forma, eu não vou mais poder correr mesmo... – Alan suspirou, e Stark murchou.

— AH não... Nem deu pra aproveitar direito com toda aquela tensão... – Disse o loiro. — Queria ver você correndo de novo. Já pensou? Você virando corredor profissional!

— O mais perto que o Alan vai passar de um corredor é aqueles lá da escola, e olhe lá!

— OK, RAE! Por que esse estresse todo? Só estamos falando! – Alan disse.

— Mas daí para fazer é um pulo! Eu já disse: não quero mais nenhum de vocês perto de um autódromo outra vez!

Stark e Alan baixaram o rosto fingindo que obedeceriam.

— Mas e você Dondoca, está tão quieto! – Alan notou.

Danilo estava de braços cruzados no canto da porta, com a cara séria e o pensamento longe.

— Ah, eu... Eu não tenho muito que dizer! – O moreno deu de ombros. Rachel teve que engolir essa em seco. Algo a alertou de que Danilo estava com algum problema. — Mas por que você não fala pra ele do jogo heim Rae? Enquanto isso eu vou dar uma andada por aí!

— Andada Dani? – Rachel inquiriu.

— É. A gente pode ir à lanchonete do hospital? – Stark se meteu notando a jogada de Danilo. — Sabe... Com toda a coisa do jogo e a vinda pra cá eu nem comi na festa!

— Ah, minha mãe falou que tem uma torta doce light lá na lanchonete. Ela provou e disse que é muito boa! – Alan comentou despretensioso.

— Light? – Danilo e Stark se intrigaram.

Alan riu.

— Sabe... É bom vocês não abusarem do açúcar!

— HAHA. Muito engraçado Alaninho! – Stark mostrou a língua enquanto Danilo esboçava um sorriso. — Vem Daniquinho. Vamos nos acabar nos doces da lanchonete, vamos!

Rachel também tentou sorrir enquanto Stark saia do quarto com Danilo fingindo estar ofendido.

— Então minha artilheira, como foi o jogo? – Alan prosseguiu com Rachel.

***

Stark foi seguindo Danilo que ia mauado à frente, a passos largos. O moreno seguiu direto para o banheiro masculino e Stark entrou logo atrás. Danilo ligou a torneira e lavou o rosto como se estivesse pegando fogo. De fato ele estava rubro.

— Tudo bem irmão, pode falar agora? – Stark disse autoritário, cruzando os braços e encarando Danilo pelo reflexo.

O moreno ergueu o rosto e expirou cansado.

— Eu não sei irmão...

— Sabe sim!

— Não, não sei!

Danilo se virou de frente para o amigo e esperou que o único homem estranho no banheiro saísse para os dois poderem falar.

— Você está muito estranho, Dan, e realmente não adianta fingir!

— Ah, que bom, então você já sabe o que é!

— É né, sua lerdeza é bem perceptível.

— Lerdeza? Não diria isso se fosse você na minha posição! Você não sabe como é...

— Danilo, é até um pouco patético sabe... – Stark ponderou.

— Patético? Como pode...

— Veja bem, se estamos falando da mesma Rachel, o máximo que você pode conseguir é um “não”, e eu ainda duvido muito disso!

Danilo saiu do banheiro bufando, contrariado e se sentou num banco do corredor, secando o rosto com uma toalha de papel.

— Não é fácil, Stark. – Danilo soou quase derrotista, cansado. — Eu... Eu...

— Já tentou falar com ela?

— Hoje eu tentei.

— Você não está falando daquele ataque de ciúmes antes do jogo, na arquibancada, por que se for, aquilo não...

— Não. Stark, não. Eu falei com ela. Fora aquilo. Depois do jogo, quando... Você chegou berrando! – Danilo levantou o rosto para Stark, estreitando os olhos.

O loiro deu um sorriso bobão.

— Foi mal!

— É. Está tudo meio mal... – Danilo expirou pesadamente.

— Sinto muito, Dan, mas a única forma é dizer pra ela o que você sente. Olha... Viemos aqui pelo Alan, e você não pode ficar mordido só por que eles têm uma relação mais...

— Íntima? – Danilo completou com um sorriso sem humor.

— Eu ia dizer aberta. Sério, eles são tão claros um com outro... Sempre que eu preciso da Rachel, ou quando ela tenta me ajudar mesmo sem eu pedir, a única forma de se dar com ela é sendo o mais franco possível!

Danilo olhou de novo para o amigo e um algo pesado se formou em sua garganta. Era mesmo Stark ali? Falando seriamente? Stark era um amigo e tanto, e isso ele nunca ia poder questionar.

— Sabe Stark... Pode parecer a coisa mais idiota, mais ridícula e machista... Pode ser que eu pareça um perfeito canalha ou playboy, mimado e riquinho, mas...

— Pare de se descrever e fala logo! – Stark brincou e Danilo só o encarou torto. — Tudo bem, vai lá.

— Ok. Posso parecer tudo isso, mas a verdade é que eu acho que... Não quero receber um “não”. Eu NUNCA recebi. Eu nunca nem passei perto de uma rejeição, ao contrário, às vezes eu é quem renegava as garotas. – Danilo recostou e largou a cabeça pra trás. — Isso é tão ridículo, mas é isso! Sabe... Eu nunca vi a Rachel como uma garota que eu quisesse, sei lá! Ela sempre foi minha garota de certa forma. Toda fofa, gata e minha melhor amiga. Acho que eu estou pirando...

Stark mordeu a bochecha por dentro pra não rir e acabar com o momento. Conseguiu ficar sério de novo e recomeçou:

— É, parece que ela te pegou de jeito!

— O pior eu já ouvi tantas vezes ela dizendo: “eu nunca gosto desses palermas que gostam de mim!”. Entende, Stark? Eu sou o palerma!

— Eu não discordo dos fatos, mas... – O loiro disse fazendo Danilo rir meio cansado. — Vai ver a Rachel mudou de teoria!

— E no que você se baseia?

— Eu já te disse que a conheço. Na verdade, qualquer um pode conhecer a Rachel, ela é tão simples, tão fácil de se gostar... Perto da Vickie, a Rachel é um livro aberto. Aberto não: ESCANARADO!

— A grama do vizinho é sempre mais verde!

— É, mas a Vi é uma mata fechada! – Stark riu e passou a mão pelo cabelo, meio sem jeito. — Só que, independente disso, a gente precisa dar um impulso...

— A gente viu o impulso que você deu! – Danilo comentou, maroto, e Stark corou involuntariamente.

— De uma forma ou de outra, sempre há um meio. Por enquanto isso está dando certo com a Vi... Eu acho...

— Eu também!

— Mas com a Rae... Tente a tática dela: seja franco!

Stark concluiu dando um aperto fraternal no ombro de Danilo, que abraçou o amigo, complacente.


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Notas finais do capítulo

Inhaí?
Como foi de Natal?
Comentários , recomndações?
Beijocas Galera!
Mila.