Remember Yesterday escrita por Shaarp


Capítulo 3
Capítulo 3 - Beautiful


Notas iniciais do capítulo

Acabei de escrever mais um pouco. Por enquanto parei no capítulo 12 e estou ficando bem empolgada *-* Anyway, enjoy



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/101480/chapter/3

Beautiful

(Flash Back Mode on)

Ville Valo.

Eu não podia acreditar, era aquela garota de novo, a garota que tentei paquerar no parque e fui atrapalhado pela ligação de Bam. Não, eu não menti quando disse que estava perdido, mas quando olhei nos olhos daquela garota tive uma idéia a mais... Enfim, a garota do cabelo roxo estava certa: Lucky day. Eu havia ficado decepcionado por não poder ouvir a voz daquela garota, quando nos encontramos debaixo da arvore ela não me disse uma palavra, estava ansiando para ouvir sua voz. Sou obsessivo por voz de mulher.

Apresentei-me pra garota fazendo uma breve reverência.

_Ville! –Bam chamou-me a atenção.

_Ah, desculpa, eu esqueço que aqui vocês se apresentam de outra maneira. –Então me encurvei e dei um beijo no rosto da garota que sorria pra mim. –Quem diria, então você é a Katherine da qual eu ouvi tanto falar. –Finalmente, eu ouviria a voz daquela garota. Mas, quando ela abriu a boca para falar Bam a interrompeu.

_Mas... Como vocês se conhecem?

_Estávamos perdidos então eu encontrei ela e aquelas outras garotas e tentei me achar, mas elas também estavam perdidas, né? –Respondi com pressa, queria ouví-la falar. Ela sorriu e abriu a boca, mas foi interrompida novamente.

_É, essa idiota estava esperando eu ligar, só pra não gastar os créditos do seu celular –Bam fez uma careta e riu, eu juro que tentei rir também, mas por dentro estava estressado pela voz daquela garota ser interrompida tantas vezes.

_Well, se eu soubesse antes, foi bem naquela hora que você me ligou -Respondi sorrindo falsamente, por sorte apenas Lily e Migué reconhecem meu sorriso falso.



As amigas de Kate se aproximaram então, cumprimentei e conheci todas elas, Cassie era bem falante, alta e encorpada, possuía um piercing na narina esquerda e belos cabelos cor de uva, cortados rente à nuca em forma de Chanel. Ela parecia tentar jogar algum tipo de charme americano pra cima de mim, mas eu não estava interessado em seus cabelos cor de uva nem em seu belo corpo; Não estava interessado na garota do cabelo laranja e um corte de David Bowie, Roxane, vestida em uma bata incontestavelmente hippie e usando um colar com o símbolo da paz; Também não estava interessado pela loura de pele tão branca quanto a minha, com cabelos incrivelmente lisos e quase brancos, olhos num tom verde-escuro, vestida em uma baby look dos Beatles, com certeza o sonho de consumo de muitos ali. Eu estava interessado simplesmente na morena baixinha com um piercing na narina esquerda, na Kate, com seus grandes e redondos olhos castanho-avermelhados, os cabelos pareciam ter sido pintados de preto há um tempo, pois possuiam luzes nas pontas e na raíz em tom castanho escuro apenas perceptível quando tocados pela luz do sol, seu comprimento era quase o meu, meio liso, meio enrolado, repicado em todas as pontas, uma franja arredondada brotava pelo lado esquerdo, caíndo levemente até a sombrancelha, uma jaqueta preta e desgastada de couro levemente larga para seu tamanho e no pescoço mostrava-se um colar de cadeado preso à uma corrente comum, como o de Sid Vicious. Eu estava completamente instigando pra ouvir uma sequer palavra saindo de sua boca. Meu deus, será que ela é muda, por isso nem dão chance pra ela falar?

Ri comigo mesmo de meus próprios pensamentos.

Quando todas elas saíram para cumprimentar os outros, Bam segurou meus ombros e olhou nos meus olhos:

_Eu vi o jeito que você olhou pra Ashley, se liga cara, ela é meu partido!

Eu ri.

_A Ashley, a loira? Não. Quer dizer... Ela é bem bonita... –Voltei a rir com o soco que levei no ombro. –Brincadeira, champs. –E expliquei na verdade tinha ficado interessado em sua amiga Kat, coloquei as mãos na cintura, ironizando uma pose de pegador... Quem me dera, um cara que prefere livros e um bom cigarro à companhia de qualquer ser humano não devia ficar se gabando assim.

_Nem pense em zoar com a Kat, ta ligado?

_Zoar? Quem disse zoar? Eu não sou igual seus amiguinhos que só querem sexo... Não que eu não queira... –Eu ri. –Mas eu respeito, e você devia saber disso.

_Eu sei, e não to falando disso, a Kat é pegação ou namorada do Bert, sei lá. –Apontou com a cabeça para a cena atrás de mim: Kate abraçava Bert, sorrindo. –E eu sei que você não gosta de brigas, então é melhor não se meter com esse cara, quando ele fica puto ninguém agüenta.

_Hm... Ta bom então. –Resmunguei meio decepcionado, pensando em perguntar se a garota era muda, mas achei ridículo de mais.



Depois de meia hora já estávamos dentro do trailer da turnê, tentando nos acostumar com as câmeras em todos os cantos. Era um ônibus muito bem equipado, e tenho certeza que deve ter custado uma grana alta para os organizadores do evento. Possuía quatro cômodos: O Painel de Controle, onde ficavam os motoristas e os controladores das câmeras; O lobby, que era a entrada, com dois sofás laterais de cada lado, televisor e aparelho de som; A cozinha, onde ficavam as comidas, uma pequena mesa redonda e o frigobar, e por ultimo um pequeno corredor com retângulos acolchoados que poderíamos chamar de camas, um sob o outro como beliches de cadeia, mas confortáveis. Tudo aquilo dentro de um ônibus, parecia o pandemônio, ainda mais para mim, com minha asma e milhões de alergias.

Estávamos todos juntos sentados nos sofás do lobby, bebendo cerveja e conversando, tentando se conhecer bem, já que passaríamos quatro meses olhando um pra cara do outro dentro daquela casa sobre rodas. Uma casa um tanto claustrofóbica, devo dizer. Eu vi de longe Kate conversando com suas amigas, pelo menos ela fala... Mas não pude ouvir sua voz.



Larguei minhas mochilas em cima de uma cama que aparentemente não tinha dono ainda. Estava tentando arrumar algumas coisas dentro das gavetas daquele cubículo-retângulo quando Kate veio a mim.

_Essa é a ultima cama? –Perguntou timidamente. O mundo pareceu ficar em câmera lenta. Sua voz era de uma garota da idade dela... Uns 19 anos, eu chutei. Era uma voz um tanto inexplicável, era doce e ingênua, num tom baixo e fino, suave como o de um flauta, levemente rouco como o de Brody Dalle, vocalista do The Distillers. Não era nada parecido com o que eu imaginava, mas eu apreciei a delicadeza de suas palavras.

_Acredito que sim.

_E a de baixo?

_É a do Lily, o guitarrista da minha banda.

_Ah, sei... O albino. –Deu um risinho.

_Não sobrou cama pra você?

_Parece que não... A contagem das camas devia estar certa... Vou falar com o Bam.

_Boa sorte. –Dei uma piscadela, a rapariga logo ficou vermelha e sorriu pra mim, dando as costas.

_Finalmente ouvi sua voz. –Disse num tom mais alto para que ela voltasse, queria ouvi-la falar mais.

_Hã?

_Finalmente ouvi sua voz! –E então ela se aproximou.

_Hã?

_Eu disse que finalmente ouvi sua voz.

_Ha... –Ela sorriu, ficando ainda mais vermelha. –Desculpe, não me deram a chance de falar direito com você aquela hora, e eu tava tentando acreditar na conhecidencia ainda. -Respondeu um tanto abobalhada.

_Eu não acredito em conhecidencia, eu acredito em destino –Sorri pra ela, um sorriso não tão inocente, e então lembrei que ela não estava ao meu alcance, e havia ficado um tanto sem graça. –Desculpe... Hãn...

A garota deu um riso rouco e eloqüente, num tom um pouco mais alto.

_Que isso, não se importe.

_Sua voz é linda.

_Obrigada –Ela sorriu, dando as costas pra mim. Tinha um andar apressado, passos curtos, mas era sensual, para meu ver.

A garota se foi, me deixando sozinho com meus pensamentos, ainda com a euforia de ouvir sua voz de repente. Eu devia ser algum tipo de doente que tem tesão por voz... Deve haver uma doença assim, pensei.



De tarde, o ônibus fez uma pequena parada para repor a gasolina, e nos permitir ar fresco. Todos desceram empolgados, era obvio que aquele ônibus estava uma zona, com Bam e sua trupe, e sem falar em Bert McCracken e Frank Iero que também não deixavam a desejar. Eu precisava de ar, não agüentava mais ficar olhando Kate aos beijos com Bert o tempo todo.



_Eaí Katherina, arrumou uma cama? –Consegui pegar a garota sozinha por alguns momentos, finalmente longe de suas amigas ou dos braços de Bert McCracken e de outros engraçadinhos do trailer.

_Sim, na verdade a contagem tava certa, Bert avisou o Bam que dormiríamos juntos... Mas eu provavelmente vou dormir com a minha prima. –Ela sorriu amarela. -E aliás, é Katherine, com e.

_Não quer dormir com seu namorado? Isso é preocupante, hein. –Sorri, colocando as mãos no bolso, um pouco sem graça. -E eu sei que é Katherine, mas acho que Katherina tem um som mais bonito, mais parecido com você.

Sua bochechas ficaram rosadas e ela pareceu sem graça, virava os olhos com frequência, como se nao quisesse fitálos em mim.

_Eu e o Bert não estamos namorando. –Ela me sorriu sem graça, então se colocou nas pontas dos pés, curvando o corpo levemente e deixando seu rosto ao lado do meu cochichou em meu ouvido –Mas não conta pra ele, ta? –Sua voz baixa, doce, suave, rouca e sedutora, e seu hálito quente me arrepiaram por um instante, suspirei fundo, dei um risinho e logo senti meu rosto corar, junto com dela, que corava em seguida.

_Continua sendo preocupante. –Eu ri desajeitado, tentando não parecer idiota.

_É... É um pouco difícil explicar, e eu mal te conheço pra já ficar reclamando sobre meu relacionamento.

_Hey, eu sou bom em dar uma de psicólogo as vezes. Pode falar, se quiser, é claro.

_Bom... –Foi andando, tentando ficar longe da massa que poderia ouvi-la falar, eu a segui. –Eu gosto do Bert, gosto mesmo. Mas não queria estar numa relação, e ele acha que estamos, o que me preocupa. Tem muitas coisas no Bert que me incomodam de mais, então não queria nem tentar algo serio, mas acabou acontecendo e agora não sei como simplesmente dar um fora nele... Você não conhece a peça. –Ela riu, fez silencio por uns instantes e se desculpou, sem graça, por ficar “te enchendo com meus problemas”

_Não tem problema nisso... Bom, eu não sei que conselhos te dar... Na verdade eu sou péssimo como psicólogo. –Sorri

_Ei, você está me enganando! Propaganda enganosa, isso não vale! Você disse que era bom como psiquiatra. –Ela riu, era a fala pela qual eu esperava.

_Não sou mesmo, só queria ouvir mais a sua voz.

A rapariga logo ficou sem graça de novo.

_Obrigada, mas a minha voz não é tão bonita assim, já ouvi a voz da Ashley? Ela daria uma ótima cantora.

_Você também daria uma ótima cantora, acredite. Eu estudo musica dês de muito pequeno, sei o que eu to falando.

_Você estuda musica? –Ela pareceu animada e sua voz chegou a mudar de tom. –Que bacana, nenhum dos amadores aqui estudaram musica na vida... Por isso estão participando da Warped... Aliás, eu ouvi falar que sua banda é bem famosa na Europa e principalmente na Finlândia.

_É, digamos que sim... –Dei um riso me sentindo bem envergonhado, não gosto de simplesmente falar de mim mesmo, soa um tanto hipócrita. Contei como tinha vindo para nos EUA por culpa de Bam e de sua idéia de promover a banda no continente Americano. Contei que Lily, o guitarrista, e Migé, o baixista, também tinham cursado música comigo dês de pequenos. Contei só para que a fama de músico profissional não caísse apenas sobre mim. Kate pareceu cada vez mais interessada naquilo, me empolguei e contei que cursava a faculdade de percussão para me especializar, mas tinha trancado por falta de verba.

-Nossa, que bacana... Duas faculdades, já... Quantos anos você tem, afinal? Eu ri, e tentei explicar.

Não era faculdade, era um colégio normal, mas especializado em música, e estudamos lá dês dos 4 anos de idade. Era legal já ter no currículo a palavra “musicista” aos 21 anos, fazia com que nos gabássemos um pouco mais.

Todo o tempo enquanto o ônibus havia ficado parado, ficamos conversando, longe das outras pessoas, até que os motoristas deram sua chamada.

______________________________________________________________________

Beautiful _ HIM


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Remember Yesterday" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.