Coração Satélite escrita por Ayelee


Capítulo 18
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Bem gente, como estava demorando muito para postar o capítulo 17, decidi dividi-lo em duas partes, pois ele ficaria enorme. Então, para não deixá-los tanto tempo esperando, aqui vai o que seria a "primeira parte" do capítulo.
Espero que gostem. Não deixem de comentar, seus reviews me dão mais ânimo para escrever. Às vezes fico um pouco desestimulada por achar que não vai fazer diferença se postar caps rápido ou não, pois quase ninguém comenta.
Mas sempre tenho em mente o pessoal que está sempre comentando. Fico muito agradecida e feliz. Os comentários de vocês são muito estimulantes!
Vamos acompanhar o desenrolar do Carnaval da Ally e do Davi. :)
Obrigada e boa leitura.



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A perspectiva de poder falar com mais freqüência com Roger foi uma das idéias que povoaram meus pensamentos nos dois dias que se seguiram, ocupando talvez o segundo lugar no meu top 10 de pensamentos obsessivos, perdendo apenas para a expectativa de minha primeira vez com Davi, que estava secretamente determinada por mim para acontecer no Carnaval. Davi não sabia disso, mas o conhecendo como eu conhecia, posso quase dizer com toda certeza que faz parte dos planos dele também.

Sentia uma vontade imensa de compartilhar minha felicidade com alguém, especialmente com Anita e Helena, minhas amigas de Euro trio, que sabiam da minha obsessão admiração por Roger. Mas se eu falasse, nunca mais teria paz. Elas iriam querer saber todos os detalhes, quando e como tudo havia acontecido. E eu conheço minhas amigas, especialmente Anita: tudo ainda não é o suficiente para ela. Também não sabia até que ponto da história deveria contar, afinal, agora tinha o Davi e, por mais inocente que minha conexão com Roger fosse, não sei como seria interpretado por outras pessoas. Decidi não me preocupar com isso, afinal, ainda era cedo demais para se poder definir o que estava acontecendo.

A sexta-feira amanheceu chuvosa, como costuma acontecer em época de Carnaval. Levantei cedo pois queria finalizar algumas traduções para enviá-las aos clientes antes do meio dia, para assim garantir um dinheirinho extra para levar para o Carnaval. Sempre acerto com os clientes o pagamento de metade dos meus honorários antecipada, e o restante contra entrega do trabalho. Fazendo isso ainda de manhã, os clientes teriam tempo de depositar o dinheiro na minha conta ainda esta tarde.

A grande vantagem do meu trabalho é que, onde quer que eu levasse meu notebook, era ali meu escritório. Não precisava me preocupar, por exemplo, de não trabalhar esta tarde para poder arrumar minhas coisas para viajar, pois levaria o notebook e poderia compensar a tarde perdida em algum momento de calmaria durante o feriado, de repente após o almoço.

A chuva pesada não cessou. Ao contrário, intensificou, deixando o céu cinza em uma cortina de água constante, fazendo com que a tarde mais parecesse noite, tão escuro estava a cidade.

Davi me ligou no meio da tarde para avisar que seria impossível viajar à noite naquele tempo. Por mais que as estradas tivessem sinalização reforçada neste período de feriado, os riscos de acidentes eram grandes. E sua mãe o havia proibido de pegar no carro com aquele tempo fechado.

Ficou acertado de sairmos bem cedo na manhã seguinte, para evitarmos o horário de engarrafamentos. Muita gente não podia viajar na sexta por causa do trabalho, e, com a chuva pesada, sem dúvida a maioria das pessoas deve ter adiado a partida para o sábado.

Por um lado achei a chuva conveniente. Não estava muito segura em relação a viajar à noite. No final das contas não faria tanta diferença ao chegarmos lá. Dificilmente haveria alguma movimentação quando chegássemos lá. Davi pensava um pouco diferente. Estava irritado por ter que adiar a viagem, gostava de ser o primeiro a chegar, não queria perder um minuto da folia do Carnaval.

Na manhã seguinte, às cinco da manhã eu já estava de pé. O céu estava aberto e, apesar da cidade ainda estar molhada e o ar estar úmido, não havia sinal de chuva. Fiquei mais tranqüila. Chequei minha bagagem para garantir que não faltava nada. Por volta das cinco e meia, Davi me ligou para me acordar. Estava ansioso e ficou satisfeito ao saber que eu já estava quase pronta. Tomei um banho tranquilamente e fui tomar café da manhã.

Precisava falar com minha mãe antes de sair, mas preferia esperar até depois do café, para não acordá-la tão cedo. Este ano não passaria o Carnaval com minha família na serra, o que era quase uma tradição que eu adorava e já a alguns anos se repetia. Não seria a primeira vez que passava no Morro Branco. Já havia curtido outros carnavais com Daisy e sua família, incluindo Davi, mas desta vez seria diferente. Daisy não estaria lá, não ficaríamos passeando nas praias, paquerando, dançando, pegando sol – graças a Deus, diga-se de passagem – e encontrando amigos. Eu ficaria com Davi e seus amigos e namoradas, em um esquema mais calmo, bebendo, conversando dentro do condomínio, sem muito desgaste físico.

Terminei de tomar o café e fui até o quarto de Ísis. Bati de leve na porta e, para minha surpresa ela já estava de pé.

- Entra, filha.

- Oi mãe, já está de pé?

Caminhei até ela e beijei-lhe na bochecha, em seguida sentei-me em sua cama, observando-a arrumar suas coisas.

- É, estou terminando de me preparar para a viagem. E você, que horas você sai?

- Estou esperando o Davi. Ele vai chegar a qualquer momento. Está ansioso para chegar logo. Parece até que quer inaugurar o Carnaval.

- Ally, tome cuidado, não deixe o Davi cometer excessos, você sabe que ele às vezes bebe que passa da conta. Lembra quando o Max estava solteiro? Eu não tinha paz, todo fim de semana com esses dois aprontando nas festas. Nem gosto de pensar!

- É, eu sei... Mas dessa vez ele vai comigo né, vai manerar mais.

- Assim espero. E os pais dele vão também?

- Não, só a turma de amigos, mas são poucas pessoas, fica tranqüila.

Ouvi um som vindo da rua muito alto, era a música favorita do Davi do Asa de Águia, ele costumava acordar todo mundo com essa música a três anos quando passamos o feriado com a família dele no Morro Branco.

Meu celular tocou, era Davi.

- Só um minutinho mãe! Oi Davi? Sim, já to pronta, vou descer. Aquele som absurdamente alto era você, não era?

Dei uma risadinha e desliguei.

- Mãe, preciso ir. Boa viagem, cuide-se também e divirta-se!

- Tudo bem, não deixe de me ligar para dar notícias, todos os dias, certo?

- Pode deixar. Tchau!

Nos abraçamos e eu corri até a sala, peguei minhas coisas e desci.

Quando desci encontrei Davi todo sorridente, escorado na lateral do carro, que estava estacionado de frente para a portaria do meu prédio. Ele veio até mim, me deu um beijo, cheirou meu pescoço e comentou ao meu ouvido:

-Cheirosa! Está pronta? Deixa eu te ajudar.

E pegou minha bolsa de viagem, e a frasqueira de minhas mãos e se encaminhou para a traseira do carro. Fiquei com minha bolsa do notebook na mão.

-Poxa vida! – Exclamou.

- O que foi?

Eu mal conseguia escutar o que ele dizia, parecia que tinha um trio elétrico dentro do carro.

- Dá para você baixar um pouco o som do carro? Não consigo te ouvir direito.

Pedi quase gritando.

Davi colocou as coisas no chão, tirou o controle do som do bolso e baixou o volume até um nível que podíamos conversar sem precisar gritar.

- Tem um probleminha.

- O que é?

- O porta malas do carro está lotado. A caixa de som ocupa metade do espaço e a outra metade está repleta de engradados de cerveja.

Encarei Davi meio incrédula, tentando adivinhar o que passou por sua cabeça quando organizou as coisas dentro do carro.

- Certo, e suas coisas estão no banco de passageiros?

- É. E as compras também.

Dei a volta no carro e olhei o banco de trás. Estava cheio de sacolas de supermercado e com a mochila e outros objetos de Davi. Ainda havia espaço para minhas coisas.

- Ah, mas tem espaço suficiente para minhas coisas aqui atrás. É até melhor por que assim equilibra o peso. – Sorri confiante.

Davi ficou pensativo e respondeu arrastado, como quem estivesse procurando a melhor forma de contar alguma coisa.

- É... mas eu prometi dar carona para dois amigos meus que também vão para o Morro Branco.

Fiquei ainda mais intrigada, achando que ele estava inventando uma desculpa esfarrapada.

- E o que você vai fazer então. Não cabe ninguém aqui atrás. Até por que, seus amigos devem levar a própria bagagem também. E aí, o que você vai fazer?

- Não sei. Putz, ficaria muito chato agora. Eles não devem ter outra carona. – Hesitou.

- E qual a outra opção? A menos que eu fique para dar lugar para os seus amigos... – suspirei rezando para que ele não aceitasse a idéia - É isso que você quer?

Meus olhos encheram de lágrimas só de pensar na hipótese de ser largada dessa maneira. Trocada pelos ‘amigos’. Depois de todos os planos que fiz para nossa primeira noite.

- Claro que não! Que idéia!! Só tô meio sem graça de dispensar os caras...

Sorri aliviada.

(...)

 Chegamos cedo ao Morro Branco, era umas sete e meia da manhã. O condomínio não havia mudado nada desde a última vez que estive lá. O apartamento do Sr. Alves, vizinho de baixo do apartamento da família do Davi, ficava no térreo, e já estava todo decorado com temas carnavalescos no jardim da frente. Havia algumas redes armadas na varanda e uns garotos, provavelmente os sobrinhos do Sr. Alves dormiam lá. Ele costumava reunir a família inteira durante os feriados, e no Carnaval especificamente, o apartamento ficava abarrotado de jovens. Não sei como ele consegue acomodar cerca de 30 pessoas em um cafofo de três quartos!

Subimos com nossa bagagem – foram necessárias três idas e vindas para conseguirmos levar tudo para o apê. Colocamos logo as garrafas de cerveja no congelador, era a prioridade do Davi, ele queria que já estivessem no ponto quando seus amigos chegassem. Depois que tudo na cozinha estava em ordem, voltei até a sala, peguei minhas bolsas e frasqueira que estavam amontoadas em cima do sofá e as levei para o quarto principal. Era o maior dos três quartos do apartamento, porém ficava de frente para o grande jardim do nosso bloco, onde as pessoas costumavam se reunir para fazer a festa. Todas as caixas de som, mesinhas e a maior parte das pessoas se concentravam lá. Era lá que Davi pretendia se instalar com seus amigos para curtir o Carnaval.

Coloquei as bolsas sobre a cômoda de madeira antiga, e minha case com o notebook em cima da cama. Caminhei até a janela para ter uma visão mais precisa do local. Fiquei imaginando que dentro de poucas horas o inferno iria se instalar lá. Sacudi a cabeça para afastar os pensamentos negativos.

Mentaliza, Ally, mentaliza. Vai ser divertido, vai dar tudo certo. Você vai ter os momentos mais felizes com Davi aqui, neste quarto, nesta cama. Por quê pensar nas pequenas inconveniências?

Olhei para a cama e sorri, sentindo um calor subindo pelas minhas bochechas. Fiquei alguns minutos pensando em qual lingerie escolheria para a primeira noite. Meus devaneios foram interrompidos por vozes na sala.

Era o primeiro casal de amigos do Davi. Eu já os conhecia, tínhamos saído uma vez para o pré carnaval na praia de Iracema, no mês passado. O João era um cara bem legal, meu santo bateu com o dele. Temos alguns interesses em comum, por isso conversamos bastante quando saímos. Ele, assim como meu irmão, é amigo de infância de Davi, porém da escola. Nunca perderam o contato, mesmo sendo pessoas bem diferentes, sempre se deram muito bem. E claro, por causa disso, João ganhou muitos pontos comigo. Compartilhamos a mesma experiência de gostar de Davi, mesmo com suas excentricidades e aceitar que mesmo sendo um cara difícil de conviver, ele também era um bom amigo, uma pessoa generosa, de boa índole e divertido.

Por todas essas qualidades do João, eu não conseguia entender como ele foi arranjar uma namorada tão desagradável como a Natália. Ele é um cara bonito, bem resolvido, não é tão lindo como o Davi, mas com sua simplicidade e bom caráter pode ter a namorada que quiser. E ele achou de escolher uma garota que mais parece aquelas piriguetes participantes de reality show.

Não vou negar, Natália é muito bonita. Mas é aquele tipo de menina que só conversa o óbvio, não tem opinião própria e se preocupa com aparência muito mais do que deveria. Apelidei secretamente seu grupo de amigas como ‘As Paquitas’, por que elas são todas iguais, só muda a cor do uniforme. Para agradar o Davi e o João, sempre tentei interagir com ela quando saíamos, mas a conversa simplesmente não fluiu por que nossos mundos são completamente diferentes. Acabamos super constrangidas, sem assunto, eu naturalmente desviei minha atenção para a conversa dos rapazes, enquanto Natália tentou travar amizade com Carina, namorada do Leo, outro amigo do Davi, que eram mais sociáveis do que eu e estavam mais dispostos a dar atenção às futilidades dela.

Senti seu perfume enjoativo vindo da sala. Fui até lá cumprimentar os recém-chegados e ajudá-los com suas bagagens.

Natália já estava com seu visual “Carnaval”, biquíni e entrada de banho moderninhos – lindos, eu confesso – óculos escuros enormes daquele modelo “sou perua e adoro”. João abriu um sorriso sincero quando meu viu e veio me cumprimentar.

- Olá, dona Ally, como está a senhorita?

- Oi João, estou ótima. Acabamos de organizar as coisas. Como foram de viagem?

Perguntei me dirigindo a Natália, para cumprimentá-la também. Os dois responderam juntos.

- Foi tranqüila.

- Foi bom termos vindo mais cedo, evitamos o engarrafamento. – João completou.

- E eu vou poder pegar um solzinho na praia antes de esquentar! – Comemorou Natália, batendo palminha. – Onde fica nosso quarto?

Perguntou apontando para sua bagagem, que mais parecia para uma viagem de um mês.

- Ah sim, me acompanhem. Deixa eu ajudar.

Peguei uma das bolsas da Natália e segui para o quarto deles. Ficamos os três no meio do quarto conversando sobre a viagem, o local, etc. Percebi que Davi não estava por perto.

- Ué, cadê o Davi? – Questionei - Você cruzou com ele quando subiu? Ele estava aqui agora há pouco.

João respondeu.

- Ele está conversando com o pessoal aqui do térreo. Quando vinha subindo o pessoal apareceu na varanda e o chamou.

- Ah, tudo bem.

A essa altura os primeiros ruídos começaram, e já dava para ouvir o burburinho das pessoas no pátio do condomínio conversando animadamente. Pedi licença e fui colocar uma roupa mais apropriada, com cara de praia.

Claro que me besuntei de protetor solar dos pés à cabeça, peguei meu chapéu que mais parecia um sombrero e joguei um vestidinho fino de manga longa por cima do biquíni.

Descemos e ocupamos logo uma das mesinhas no grande jardim, com nosso cooler com bebidas e refrigerantes e colocamos os pratinhos com petiscos e tira-gosto para os rapazes.

Quando me viu na mesinha com o casal, Davi se despediu do vizinho e veio até nós. Me abraçou, me beijou e disse que eu estava linda. Abri um sorrisão e segurei sua mão, puxando-o para sentar-se ao meu lado.

Mal conseguíamos conversar por causa do paredão de som que os filhos do vizinho de baixo instalou bem de frente para o jardim onde estávamos. Havia grupos de meninas com seus biquínis minúsculos, dançando aquelas coreografias ensaiadas, se sentindo as próprias “Paniquetes”, enquanto os marmanjos ficavam rondando o grupinho, babando feito cachorro na porta do açougue.

De vez em quando eu flagrava Davi dando umas olhadas, mas fingia que não percebia, afinal, homem é homem, não consegue ficar indiferente quando tem um monte de garotas seminuas fazendo movimentos provocantes por perto.

Mesmo assim, não deixava de me incomodar. Mas acho que consegui segurar a onda e disfarçar bem. Tomei uns goles da cerveja do Davi para descontrair um pouco e ver se, pelo menos assim conseguia interagir melhor com a tal da Natália.

A manhã correu tranqüila. Eu estava satisfeita por conseguir fazer o papel de namorada ‘anfitriã’, e para minha surpresa, Natália mostrou um lado mais maduro, que eu ainda não tinha tido oportunidade de conhecer.

Lá pela hora do almoço, subi para preparar uma refeição mais elaborada, não dava para ficar o Carnaval inteiro à base de tira-gostos. Davi, quando estava se divertindo esquecia de comer, e eu acabava fazendo aquele papel ridículo de ficar correndo atrás dele, implorando para ele comer algo decente.

A porta do apartamento se abriu e ouvi a voz animada de Léo reverberando pela sala do apartamento:

- Ô de casa! Chegamos na hora boa, hein? Cadê essa dona de casa prendada?

Caí na gargalhada e gritei da cozinha.

- Entra, pessoal, to aqui na cozinha!

Léo e sua namorada Carina foram deixando seus pertences pelo chão do apartamento até chegar na cozinha, onde eu estava terminando de assar uns filés na chapa.

- Desculpa não ir recebê-los na porta, olha só meu estado!

Estendi as mãos engorduradas diante deles e fui lavar as mãos para poder cumprimentá-los.

- Fizeram boa viagem?

Abracei Carina e depois Léo.

- Sim, foi tranqüilo, só estava mais movimentado na entrada da cidade, muita gente, carros, mesas e cadeiras espalhadas pelas ruas. – Respondeu Carina.

- É, o pessoal começou cedo! É bom é assim! – Comemorou Léo

Carina deu-lhe um tapinha no braço, repreendendo-o bem humorada.

- Já terminei aqui – falei caminhando em direção à sala – Deixa eu mostrar o quarto de vocês.

Depois de acomodados, com suas coisas no devido lugar, Léo perguntou onde os rapazes estavam e resolveu descer para encontrá-los. Pedi que chamasse Davi e os outros para almoçar. Carina ficou conversando animadamente comigo, contando as peripécias do Léo no meio do caminho até chegar até o Morro Branco. Ele trazia uns rojões de confete e serpentinas no carro. Quando parava no sinal, acionava o rojão sobre as pessoas que caminhavam na rua, fazendo uma chuvinha de papel sobre as pessoas.

Léo era o tipo de companhia perfeita para toda hora, estava sempre de bom humor e era muito extrovertido, gosta de tirar onda até com desconhecidos. Às vezes acaba se metendo em encrenca por causa disso. Mas os amigos sempre estão por perto para salvar sua pele.

Esperamos cerca de meia hora no apartamento, ninguém subiu almoçar. Decidimos descer com umas bandejinhas e servir o almoço lá no jardim mesmo, já que ninguém queria deixar a mesa livre.

Quando chegamos na mesa, Léo estava sentando conversando animadamente com João, Natália bebia distraidamente, sem prestar atenção na conversa dos dois, olhando para o lugar onde as “Paniquetes” estavam dançando. Davi não estava na mesa. Olhei ao redor e quase deixei escapar um “que que é isso?” quando vi Davi dançando no meio das garotas. De frente para ele estava uma garota que eu conhecia, era Suellen, uma amiga da Natália, tão perua quanto a própria. Ela nunca perdia uma oportunidade de se oferecer para o Davi, e ele mal conseguia disfarçar o quanto dava bola para ela.

O sangue foi subindo à minha cabeça, senti as bochechas pegando fogo, meus pensamentos ficaram embaraçados, eu não sabia como reagir diante daquilo. Não queria fazer uma cena, nem mostrar que estava chateada e acabar sendo taxada de ‘a namorada antipática’ que não deixa o Davi se divertir.

Me deu vontade de jogar a bandeja com os filés na cara da Natália, que observava a cena fixamente, com um sorriso de canto de boca, satisfeita com a amiga.

Engoli em seco, dei um sorriso sem graça e sentei ao lado de João, dando um grande gole de coca cola, como se aquilo fosse me deixar entorpecida. Depois de muito tempo Davi percebeu não só que Léo e Carina haviam chegado, mas que eu também tinha descido e estava na mesa com a turma.

Ele já estava um pouco ‘feliz demais’, veio muito confiante me dar um beijo e me abraçar por trás da minha cadeira. Fiquei rígida como uma estátua, e ele começou com aquela conversa chata de quem faz besteira e se faz de inocente. “O que foi? Por que você tá tão séria? Tá com raiva de mim?”

Não respondi, e rapidamente ele se distraiu e foi conversar com os amigos, esquecendo completamente o que acabara de fazer e não dando a mínima se eu estava chateada ou não. João percebeu minha chateação e me ofereceu gentilmente um pouco mais de refrigerante, procurando me dar atenção, como que para me consolar. Carina também havia reparado na cena com a Suellen, e ficou observando minha reação, pronta para entrar em ação, caso eu desabasse no choro ali diante de todos.


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Notas finais do capítulo

Bem, o que acharam?
Como eu disse antes, esta é apenas a primeira parte do Carnaval da Ally e do Davi. Muita coisa ainda vai rolar nesse Morro Branco!
Não deixem de comentar, ameeeei os reviews do capítulo passado!
Obrigada e beijos para todos.