Full Circle escrita por Bella P


Capítulo 11
Capítulo 11




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Capítulo 11

O retorno para a Mansão Cullen foi feito em silêncio e Kaylee teve certeza que na metade do caminho Jacob havia caído no sono. Quando o Camaro passou pelos grandes portões de bronze, estacionando com um suave frear das pastilhas e erguendo um punhado de pedra brita que formava o caminho entre o grande jardim ladeado de árvores e a casa, Esme já se encontrava descendo as escadas de entrada com um ar preocupado no belo rosto.

- O que aconteceu? - perguntou, abrindo a porta de passageiro e surpreendendo-se ao ver um lobo adolescente adormecido sobre o banco do carona. Kaylee saiu do carro, batendo a porta do motorista com mais força que o necessário, e deu a volta pelo veículo, parando ao lado da mulher e lançando um olhar azedo para Jacob.

- Me ajude com este imbecil, por favor. - pediu, soltando o cinto de segurança que prendia Jacob e inclinando-se sobre ele, segurando em um dos braços e o puxando. Black resmungou alguma coisa e suas pálpebras tremularam, abrindo-se levemente e deixando exposto uma fina linha vermelha da lente colorida que ele usava.

- Deixe que eu o carrego querida, ele deve ser muito pesado para você. - Esme se ofereceu, mas Kaylee não queria que a noite de mais alguém fosse arruinada por causa de um lobo temperamental. Com certeza a mulher deveria estar fazendo alguma coisa típica de casal com o Carlisle, aproveitando que todos os “filhos” estavam fora e Nessie estava sob a guarda de Seth.

- Só me ajude a tirá-lo do carro, o restante ele faz sozinho. - e com isto o puxou em um tranco, despertando Jacob mais um pouco e incitando outro resmungo. Esme a ajudou o puxando pelo outro braço e o erguendo do banco do carona e com dificuldade o apoiaram sobre o corpo de Kaylee que quase foi ao chão quando todo o peso do transmorfo caiu sobre ela. Sem piedade ela o acotovelou em cima de um rim e isto pareceu acordá-lo de vez.

- Ai! - grunhiu Black. - Pombas Whitaker. - falou com a voz enrolada.

- Vamos imbecil, não vou fazer o trabalho todo sozinha. - ordenou, dando um aceno de cabeça para Esme e desejando boa noite para ela, entrando na casa carregando Jacob que caminhava aos tropeços e a usava como apoio. Com dificuldade ambos subiram as escadas até chegarem ao quarto do rapaz e com mais dificuldade ainda conseguiram tirar a lente de contato dos olhos dele e soltar a peruca que ele usava, assim com a prótese dentária.

Finalmente quando se livraram destes pequenos detalhes Kaylee o largou sobre a cama e ele quicou no colchão como um peso morto, estirando-se sobre os lençóis e fazendo a menina sacudir a cabeça. Pacientemente ela ergueu uma perna, retirando uma das botas e depois repetiu o processo com a outra enquanto murmurava todo o tempo sob a respiração:

- Não deveria estar fazendo nada disto, não depois dos desaforos que você me disse. - olhos escuros a miraram na pouca luminosidade do quarto.

- Então por que faz? - veio a pergunta rouca.

- Por que eu sou uma imbecil? Tanto quanto você. - largou as botas ao pé da cama. - Tire essa capa pelo menos. - pediu e ele se virou, encolhendo-se em posição fetal.

- Estou com preguiça. - resmungou, fechando os olhos novamente. Kaylee bufou.

- Jacob. - deu a volta pela cama, parando ao lado dele e pousando um joelho sobre o colchão, levando as mãos até as presilhas que prendiam a capa. Dedos se fecharam em seus pulsos e os olhos amêndoas foram para o rosto do nativo que agora parecia bem desperto e nada preguiçoso como clamou mais cedo.

- Sabe o que eu notei? - Kaylee inspirou e expirou longamente, rolando os olhos e soltando as presilhas, tentando retirar a capa de sob o corpo de Jacob. - Que você cresceu desde que nos conhecemos.

- É um processo natural do ser humano: crescer. Nem todos são transmorfos que têm uma crise de febre e da noite para o dia viram criaturas bombadas e de mais de 1.90 m de altura. - o rapaz deu um pequeno sorriso diante da resposta atravessada dela.

- Hum... Suas sardas ficaram mais claras. - ele levou um dedo a uma maçã do rosto da menina. - Seus olhos não parecem tão grandes, como os de uma criança. Até o seu corpo mudou. - Kaylee ofegou e desistiu de tentar soltar a capa dele, afastando-se lentamente mas não indo muito longe pois a mão de Jacob ainda prendia os seus pulsos. Aonde ele queria chegar com toda aquela ladainha sem sentido sobre as suas mudanças físicas?

- Isto se chama puberdade. Vá dormir Jacob que você não está mais fazendo sentido.

- Você também mudou. - estreitou os olhos para ela. - Parece que ficou mais esperta.

- Eu sempre fui mais esperta.

- Às vezes tenho a sensação de que não a acompanho mais. Quando penso que a conheço, surge uma nova faceta sua e eu não a conheço mais. Isto me frusta.

- Eu não entendo você. Há meia hora estava gritando comigo dizendo que já estava de saco cheio de mim e não queria saber mais nada sobre mim e agora diz que está frustrado porque não consegue me desvendar? Decida-se!

- Estou tentando! Mas você me confunde!

- Não! Eu sou bem simples. A bebida que te confundiu. Quer saber? Fique enrolado em sua capa de Drácula e tenha uma boa noite. Eu vou dormir. - tentou se soltar dele mas as mãos em seus pulsos não cederam. - Jacob, me solta!

- Gosto do seu cheiro. - murmurou e Kaylee rolou os olhos e abafou um grito quando em um puxão mais forte o rapaz a trouxe para cima do colchão, a fazendo se deitar ao seu lado e encarar o rosto dele bem de perto. - Cheiro de ervas, mata e terra. - a menina prendeu a respiração quando Jacob enterrou o rosto na curva de seu pescoço e ficou ali por alguns segundos. - Mas sinto cheiro de sangue-suga em você. - as sobrancelhas grossas franziram.

- Jake... - murmurou quase sem voz. O que diabos tinha naquele ponche além do vinho barato que usaram para batizá-lo?

- Precisa voltar a ter o meu cheiro.

- O quê? - ofegou quando braços fortes envolveram a sua cintura, a trazendo contra o peito largo de Black, e o corpo maior dele praticamente envolveu o seu como um casulo, a acomodando e a impedindo de se mover ou sair daquela posição. Novamente ele enterrou o rosto na curva do pescoço dela e lá ficou. - O que você está fazendo?

- Protegendo você, como um Guardião deve fazer.

- Pensei que não queria ser mais o meu Guardião. - falou, sentindo algo entalar na sua garganta e com a sua voz sendo abafada pelo corpo de Jacob.

- Eu sempre vou proteger você Lee, prometo... E não duvide disto. Não importa o que os outros digam, o que eu diga, eu sempre estarei aqui por você. - Kaylee suspirou diante da confissão, escondendo o rosto no peito de Jacob e fechando os dedos na camisa de seda que ele usava, colando mais o seu corpo ao dele. Se era assim então, era bom que ele não se esquecesse da promessa pois da próxima vez que o fizesse, ela iria parti-lo em mil pedaços como um vampiro e queimar os restos para ele aprender a nunca mais levantar a voz para ela.

oOo

Jacob acordou com o sol de dez para as três da tarde batendo em seu rosto, o fazendo franzir o cenho e apertar os olhos assim que em sua primeira tentativa de abri-los a claridade que vinha da janela fez eles doerem. Resmungou algo sob a respiração, sentindo a garganta arranhar e a mesma seca como se tivesse engolido uma bola de pelos. Com outro grunhido rolou sobre o corpo e praguejou quando o lençol embolou-se em seus braços e pernas. Debateu-se, tentando se libertar daquela prisão, e a sua visão embaçada conseguiu identificar um longo tecido negro com forro vermelho.

A capa de sua fantasia de Drácula era no que ele tinha se enrolado.

- Bom dia raio-de-sol! - Leah entrou no quarto de maneira espalhafatosa, abrindo a porta com força e causando barulhos altos com as solas dos seus sapatos chocando-se contra o chão e fazendo uma dor incomoda manifestar-se por detrás dos globos oculares de Jacob. - Ouvimos os seus resmungos, Peter Pan os seus pensamentos sem sentido e até mesmo alguns ganidos. O que me traz aqui neste momento. Esme disse que o almoço espera por você. - o estômago do rapaz roncou a menção de comida.

- Leah... - murmurou. - Para você estar tão feliz ou o mundo está terminando ou finalmente saiu do celibato. Qual das duas opções eu devo temer mais? - grunhiu, sentando-se vagarosamente na cama quando finalmente conseguiu se livrar da maldita capa e a arremessou do outro lado do quarto.

- Está um lindo dia de sol, os passarinhos cantam e a brisa sopra. Flores desabrocham...

- A segunda opção então. - resmungou, o que o fez receber um bom tapa na cabeça que pareceu sacudir o seu cérebro, o deixando zonzo por uns cinco segundos.

- Se quer saber, o seu sofrimento me alegra... - zombou a mulher.

- Pimenta nos olhos dos outros pra você é refresco.

- Pimenta nos seus olhos para mim é um banquete inteiro poderoso alfa. Vamos, desfaça esta cara de bundão, o que eu considero difícil, e desça. Esme já deve estar preparando a sua tigela. - Jacob piscou diante do trocadilho.

- Está andando muito na companhia da Barbie Vampiresca, pois anda soltando piadas caninas Leah. Está ofendendo a própria raça?

- Não querido, estou ofendendo você. - gargalhou e girou sobre os saltos, não dando uma chance de resposta para Jacob e saindo do quarto tão escandalosa como entrou.

Com dificuldade Jacob saiu da cama, protestando mais um pouco sobre betas piradas e se alguém repararia no sumiço de Leah. Ele poderia simplesmente despedaçá-la como faria com um vampiro e espalhar o corpo pela cidade, depois informaria a Seth e Sue que a mulher fugiu para ser a nova atração de um circo, ganhando vinte dólares por hora para se transformar em lobo na frente do público e soltar uns latidos.

Uma gargalhada vinda do primeiro andar o fez perceber que o seu plano não seria muito bem sucedido se tivesse o vampiro Peter Pan lendo a sua mente, e interrompendo as suas ponderações assassinas foi para o banheiro na esperança que um bom banho o livrasse daquela sensação de estar carregando a casa nas costas e o ajudasse a despertar de vez.

Dez minutos depois o lobo descia as escadas da casa, alcançando o primeiro piso e encontrando parte dos Cullen reunidos na sala. Por uma das portas de vidro que levava aos jardins dos fundos viu que Bella, Seth e Reneesme divertiam-se em um jogo de pega-pega que consistia na menina sobre as costas do enorme lobo multicor fugindo de Bella que tentava capturá-los enquanto a sua pele cintilava sob a luz do sol.

Edward lia um livro, ou fingia ler, não sabia dizer já que o vampiro estava imóvel, até mesmo as suas íris, como uma estátua, enquanto Rosalie e Emmett encolhiam-se no sofá assistindo um filme provindo da vasta coleção de DVD's da família. Leah não estava em nenhuma lugar da sala, assim como Carlisle e Esme, e Jasper e Alice também encontravam-se desaparecidos. Jacob até tentou farejar por eles, mas com tantos cheiros permeando a casa, alguns recentes e outros mais antigos, ficava difícil achá-los.

- E... - pausou, franzindo o cenho, e Edward se mexeu como se fosse uma estátua que acabou de ganhar vida.

- Está lá fora treinando com o Jasper. - foi a resposta dele para a pergunta não verbalizada do lobo. Jacob piscou e sacudindo a cabeça foi até a cozinha, encontrando sobre a bancada de metal escovado um prato com dois sanduíches enormes e um copo de refresco igualmente grande. Passou a mão em ambos e seguiu caminho para fora da casa, encontrando com Bella que agora carregava Reneesme no colo enquanto fugiam de Seth as gargalhadas e quando os seus olhares se cruzaram a vampira apenas apontou para o leste.

Jacob agradeceu a ajuda com um aceno de cabeça e seguiu o caminho de pedras, atravessando os jardins dos Cullen, passando pela área da piscina (o porquê deles terem uma ainda era desconhecido para o adolescente), pelo gazebo, o jardim de Esme e chegando a área onde várias árvores circundavam um enorme espaço aberto no grande terreno onde ficava a mansão dos Cullen e que o rapaz descobriu eles usavam para jogar beisebol.

- De novo! - a voz em tom de comando chegou aos seus ouvidos pouco antes de Jacob sair de entre as árvores, com um dos sanduíches já comido e iniciando o outro. Quando chegou a clareira quase deixou o seu lanche cair no chão.

Jasper correu na direção de Kaylee e com um girar ágil de corpo desferiu um chute sobre ela. A garota, que usava proteção de couro, borracha e espuma nos antebraços, o ergueu para bloquear o golpe, travando os pés do chão e o seu corpo tremeu diante do impacto. No entanto ela não ficou em pé por muito tempo, pois logo foi arremessada longe sobre a grama, caindo com um baque abafado aos pés de Leah.

- Onde está a força que herdou do Jacob? - a transmorfo colocou as mãos nos quadris, a mirando com repreensão.

- Acabou de fugir junto com o ar dos meus pulmões. - Kaylee respondeu atravessada, sentando-se com um gemido. Ainda bem que se curava rápido, senão estaria ou toda quebrada, ou toda dolorida.

- Deixa eu te mostrar como é que se faz. - falou Leah presunçosa, afastando-se dela e indo até onde Jasper estava, parando à poucos metros de distância dele com um sorriso sardônico no rosto. - Pode vir Anelzinho do Humor. - debochou e o vampiro apenas arqueou uma sobrancelha, trocando o peso do corpo dos pés e com um leve pulo tomou impulso, disparando na direção da mulher. O primeiro soco foi bloqueado pela palma de Leah que foi arrastada alguns centímetros pelo solo diante do impacto, mas Jasper não se abalou, pois antes de retirar o punho de entre os dedos da mulher, já virou a perna em borrão para acertá-la com um chute.

Leah novamente bloqueou o golpe e subiu o joelho, tentando atingi-lo na barriga, mas com um pulo o vampiro já estava longe do raio de ataque dela e sorria matreiro para a mulher.

- Bom... Mas a joelhada... Típica investida feminina. - comentou o loiro.

- Eu até tentaria te acertar nas bolas, mas não sei até onde a sua resistência de pedra vai e não quero causar prejuízos para a Roda da Fortuna. E aí? - virou-se para Kaylee com as mãos sobre os quadris. - Aprendeu como se faz? - Leah afastou-se de Jasper, retornando para onde estava enquanto a adolescente se colocava de pé novamente.

Inspirando profundamente Kaylee retornou para o “campo de batalha”, ficando frente a frente com o outro vampiro e erguendo mais uma vez os braços, franzindo as sobrancelhas em uma expressão de concentração e pondo-se a esperar pelo próximo ataque. Entretanto os segundos foram passando, com a brisa do início da primavera soprando e trazendo o aroma adocicado das flores que desabrochavam, mas nada do vampiro se mover.

- Estou criando raiz, Jasper!. - a menina resmungou.

- Paciência é uma virtude. - o loiro trocou o peso das pernas e nisto ela pensou que o ataque finalmente viria, mas nada aconteceu. - Jacob! Você está me dando vibrações negativas e me desconcentrando. - a reclamação pegou a jovem de surpresa que rodou o olhar pela clareira e logo as suas íris amendoadas caíram sobre a figura do adolescente que saía de entre as árvores. Ele terminava de comer um sanduíche e virava o último gole de suco enquanto vinha na direção deles e não parecia muito amigável.

- O que estão fazendo? - perguntou o transmorfo enquanto o seu olhar percorria de Jasper para Kaylee que abaixou os braços e arqueou as sobrancelhas, virando o rosto para não encará-lo.

- Treinando, se não percebe. - Jasper saiu de sua posição ofensiva de combate e suspirou. - Quer ajudar? - olhou de canto de olho para Alice que observava tudo em um silêncio divertido e a vampira rapidamente veio aos saltos até eles, retirando o copo da mão de Jacob e retornando para sob a copa da árvore onde estava acompanhada de Leah.

- O que eu preciso fazer?

- Simples... - Jasper apontou na direção de Kaylee. - Precisa bater nela. - Jacob retesou os ombros largos e ficou imóvel, com as suas sobrancelhas grossas franzindo aos poucos diante da proposta e os seus lábios contraindo-se só de pensar em levantar a mão para a garota. - Foi o que pensei. Você é como o Edward... - o lobo o mirou irado por ser comparado ao seu eterno rival. - Ainda não está pronto para confiar. Não tem coragem de atacar a Kaylee, mesmo que seja em treinamento monitorado, logo não tem como ajudar. Então se você puder se recolher ao seu canto junto com os outros e observar, além de parar de olhar para mim como se fosse me matar de vez, eu agradeceria.

Com um resmungo sob a respiração, Jacob se afastou do vampiro e seguiu para onde Leah e Alice estavam, tudo sob o olhar intenso de Kaylee. Não ser capaz de bater nela? Pensou a menina com escárnio. Ele não teve tamanha restrição na noite passada e agradecia por Jasper não ser capaz de ler as suas emoções ou Edward os seus pensamentos, assim como o fato de ao ter chegado em casa o seu rosto já estava completamente curado, de volta ao estado original. Quando percebeu que agora que estava sob a árvore Black a mirava com a mesma intensidade, a garota soltou um bufo e empinando o nariz virou o rosto bruscamente, o ignorando e voltando a sua atenção para Jasper.

Jacob arregalou levemente os olhos surpreso diante de tal atitude enquanto Leah e Alice se entreolharam com as mesmas perguntas estampadas em seus rostos tão diferentes. Alguma coisa tinha acontecido entre esses dois durante o período de tempo entre a saída deles do Baile e a chegada do restante dos Cullen a mansão. E elas iriam descobrir o quê.


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