A megera mostra seu lado bom.

Eu podia arrancar a cabeça daquela gansa se eu quisesse, mas eu não queria. Eu podia acabar com o carro do Apolo, mas algo dentro de mim não deixava. Só podia fazer uma coisa agora, correr para praia e olhar a lua, eu me sentia bem, eu me sentia completa quando olhava para ela.

   - POR NIX E SEU CONSORTE EREBUS, O QUE EU FIZ PARA MEREÇER ISSO?- eu gritei para lua, eu gritei para minha mãe, eu a odiava mais que nunca por não estar aqui para me ajudar agora.

  Eu vi uma fumaça prateada, como a lua e ela apareceu. Eu queria tanto que as coisas entre nós fossem diferentes, queria que ela estivesse sempre ao meu lado, queria a minha mãe, algo que eu nunca ia ter.

- POR QUE NÃO ME QUIS? – eu comecei a chorar- POR QUE? POR QUE ME DEIXOU? POR QUE QUIS ME MATAR?

- São muitas perguntas de uma vez filha. – ela abaixou os olhos. – Vou tentar respondê-las.

- Não quero respostas, não agora. Eu só quero matar o seu irmão, consequentemente meu tio, mas talvez mais...

- Não pode matar seu tio, mas pode sumir, fazer seus problemas desaparecerem.

- Não vou virar caçadora.

- Não isso, vá para a missão, esqueça que meu irmão cruzou sua vida filha, vai virar fácil esquecê-lo.

- Mas não temos nada, estou me odiando por estar com tanto ciúmes. – eu suspirei e sequei as lágrimas.

- Não se odeie filha, você só esta confusa, isso é normal, sabe quando eu conheci seu pai, eu me lembro de me sentir desse jeito.

  Não pude evitar de sorrir, eu sentia como se estivesse com Nix. Minha mãe podia ser uma megera, mas pelo que parecia ela também tinha seus momentos.

- Tenho presentes para você. Para te ajudarem na missão.

- Não posso aceitar, tipo, me virei a vida inteira sem nada.

- Insisto, afinal você é minha filha, e eu andei meio distante esses anos.

- Percebeu agora é?- eu resmunguei baixinho. – Certo, o que tem para mim. – Meus olhos devem ter brilhado como os de uma criancinha feliz, pois Artemis passou a mão em meu rosto, como só uma mãe carinhosa e amável faria.

- Primeiro, Nix tem um presente para você. – ela disse Nix como se aquele nome fosse uma doença e me entregou um cadeado prata.

- É o cadeado da noite! – eu olhei surpresa.

- Sim, ai dentro estão todos os monstros que a chave da noite sugam, se você os libertar eles serão obrigados a te servir. 

- Obrigada.

- Não agradeça em mim, e sim a Nix. – ela sorriu. – Agora os meus.

- Okay. – eu sorri e fiquei louca para saber o que era... O que é? Eu amo presentes, não importa de quem eles vêm.

- Primeiro isso. – ela me estendeu uma caixinha de veludo.

- E é... – eu abri a caixinha e encarei meu pior pesadelo. – Não vou usar um anel da promessa.

- Sei que não, mas isso é só um disfarce. Grite Sadir!

- Por que Sadir?

- Só grite. –ela ordenou.

- Okay! – eu suspirei e me preparei para gritar. – Sadir! – na hora o anel se tornou uma pequena mas muito bem afiada adaga prateada. – Legal...

- Essa é sua adaga, Sadir, ela foi feita na ilha onde a lua toca a terra, a ilha de Pallaciasess, sua adaga foi banhada pela lua, ela é pode matar monstros, humanos e semideuses, tome cuidado.

- Pallaciasess?

- Foi à ilha que você nasceu na época era só um monte de terra desvalorizado, depois que você se foi eu fiz a ilha.

- Legal... – eu queria dizer mais, queria agradecer pela ilha, e por ter aparecido na hora certa, no lugar certo, mas eu não podia, algo dentro de mim não deixava.

- Sempre que se sentir só, e quiser sumir do mundo e só pegar Sadir e abrir uma passagem que vai te levar para Pallaciasess.

- Como faço isso?

- Vai saber na hora que realmente precisar. – ela sorriu. – Agora o meu ultimo presente.

  Um monte de pó prateado surgiu na mão dela e ela soprou em mim.

- WTF? – eu perguntei, por que ela jogara aquele pó em mim?

- Pense em um animal que voe.

- Por que?

- Você vai ver.

- Certo. – eu pensei em uma águia, o animal voador mais livre que eu pude pensar. Tão lindo, tão poderoso, queria ser como uma águia.

- Linda, a águia prata mais linda que eu já vi.

- O que? – foi aí que eu vi o meu reflexo na água, eu não era mais eu, eu era uma águia, o animal mais deslumbrante de todos. – Como isso aconteceu?

- Eu te dei um dom. Agora você pode se transformar em animais, e se comunicar com eles também. – alguém vem vindo aí, eu tenho que ir. Se precisar de mim, é só você olhar para lua e me chamar.

- Tá.- antes que ela se fosse eu disse. – Obrigada mesmo.

- Não é nada, para voltar a ser humana é só pedir para lua.

- Okay. – eu sorri e ela se foi na mesma cortina prata que tinha aparecido. – tchau mãe. – eu sussurrei.

“Quero voltar a ser humana, por favor” eu olhei para lua e fechei os olhos.

- Pall, você ta bem? – meus amigos chegaram.

- Agora estou, não adianta ficar mal pelo ensolarado. – tenho que sair para uma missão, e tirá-lo da cabeça, mas antes eu preciso romper a carimbagem.

- Se carimbou com o Apolo? – Zoey me olhou perplexa.

- É, qual o problema? Minha maldição me pegou de surpresa, eu precisava de sangue e Apolo era o único que estava por perto.

- Pall, quando você se carimba com uma divindade. – Erin disse.

- Não da para romper a carimbagem – Shaunee completou e eu juro que quase pulei no pescoço delas, como assim não dava para romper a carimbagem?

 Tô ferrada! Minha mãe vai me matar, ou melhor, minhas mães vão me matar.