Jantar de Artemis, parte 1

Capitulo Três

Apolo saiu me deixando com a caixa do vestido em mãos. O jantar seria daqui algumas horas então deva tempo de eu me arrumar para ficar digna de ser uma acompanhante de Apolo. Céus, o que eu estou pensando! Aquele deus irritante, arrogante, lindo, gostoso, babaca!

Deixei o vestido em cima da cama, não seria necessário tomar outro banho já que fazia algum tempo que eu havia tomado. Eu tinha então algumas horas livres ainda, para fazer o que eu quisesse. A questão era, o que fazer?

Decidi por fim dar mais um volta pelo acampamento, quem sabe dar um pulinho no campo de arco e flecha. Sai para dar a minha caminhada, tudo até que estava tranqüilo, tinha muita gente no refeitório arrumando as coisas para a chegada de Ártemis, fala serio! Percebi que Percy, Grover e Annabeth também estavam lá. Acenei para eles e eles acenaram de volta sorrindo, Annabeth fez sinal para mim se juntar a eles mas eu neguei, arrumar aquele jantar era tudo que eu não queria agora.

O campo de arco e flecha tinha poucos meio sangues, a maioria estava se arrumando ou então arrumando o refeitório. Peguei um dos arcos que tinha lá e algumas flechas  e me dirigi a um dos alvos que estava livre. Devo ter ficado uma hora lá, até que já estava noite e logo seria o jantar. Fui correndo até o meu chalé e me obriguei a tomar uma ducha afinal eu estava muito suada, coloquei o vestido que Apolo me dera, ele deixava a maioria das minhas marcas a mostra, provavelmente eu teria que responder muitas vezes a mesma pergunta, eu poderia também tapá-las com o creme, mas isso era algo que eu não gostava de fazer eu me orgulhava delas, me orgulhava de ser uma filha de Nyx. Não fiz uma maquiagem muito forte e fiz um coque no meu cabelo deixando alguns fios soltos. Estava pronta, peguei um dos livros que eu havia trazido comigo e me deitei na cama para lê-lo. 

Não demorou muito e eu ouvi baterem na porta, devia ser Apolo. Me levantei para abrir a porta deixando o livro na cabeceira. Não pude deixar de sorrir ao ver Apolo com uma rosa amarela na mão.

- Para a mais bela flor. – Disse me entregando a rosa, que eu havia amando mas ninguém merece a cantada mais velha do mundo. Revirei os olhos.

- Não tinha uma cantada mais velha, não? – Ele fez uma cara de ofendido e logo depois fez um biquinho.

- Poxa, eu tento ser romântico e é assim que você me trata?

- Tudo bem, você tem razão, eu fui muito grossa. Me desculpe?

- Só se você me der um beijo!

Bufei, ele não muda nunca? Fechei a cara e comecei a andar em direção ao refeitório, não dei nem dois passos e Apolo segurou meu braço.

- E o meu beijo?

- Quer ganhar outro chute? – Ele ficou branco, depois vermelho só não sei se foi de raiva ou de vergonha

   Eu senti a meia-lua tocar minhas marcas, e ai eu lembrei. Podia ter saído da Morada da Noite, mas, a minha maldição continuava comigo.

  Cai no chão, aos pés de Apolo, a dor que me invadia era forte demais, eu podia sentir a sede me consumindo.

  - Pallas... Você esta bem? – Apolo me pegou nos braços – O que você tem? Pallas...

  - Preciso... Preciso de sangue. – Minha voz não saia direito, a minha garganta ardia como fogo, eu sabia que a qualquer momento e iria desmaiar, isso se não acontecesse nada pior...

  - Precisa de sangue? – ele ajoelhou, mas não me soltou por um segundo, eu assenti com a cabeça, não tinha mais forças para falar.

   Ele desamarrou a gravata e soltou o colarinho da camisa. Era impressão minha, ou ele ia mesmo me deixar beber o sangue dele?

  - Não posso... – Eu sussurrei – Carimbagem... Forte... Demais.

  - Não esta dizendo coisa, com coisa. – ele fez uma pequena abertura no próprio pescoço, logo em seguida eu vi o liquido dourado escorrendo, eu queria beber, mas eu não tinha forças. – Tome. – ele me ergueu eu toquei meus lábios no Icor, o desejo me preencheu por completo e eu comecei a beber.

  Sabia que aquilo era perigoso, ficar carimbada com um deus era tudo que eu menos precisava no momento, mas eu não pude evitar. Icor era muito melhor que sangue humano, muito melhor que a comida e a bebida dos deuses.

  O gosto era peculiar, lembrava mel, mas era muito mais doce e muito menos pegajoso.

   Eu não sabia como aquela sensação era para um deus. Para humanos era incrível. Para vampiros também, mas para deuses...

  Não queria, mas tive que parar, senão eu ia matá-lo, se é que dá para matar um deus.

  - Por que parou? – ele me disse com aquela cara de quem andou se drogando. – Já esta satisfeita?

  - Nem perto disso, é só que se eu continuar você não vai ter força nem para respirar. – com um pouco de esforço eu me levantei.

     Apolo estava meio tonto, parecia um bêbado. O silencio entre nós dois já estava ficando constrangedor. Podia sentir pela nossa recente ligação que ele ainda estava tentando organizar ao pensamentos.

 - Você falou algo sobre carimbagem. O que é isso?

 - Bom... Vou resumir para você. Quando um vampiro bebe sangue direto de um corpo, não importa se for humano ou não. Ele fica carimbado com a pessoa. Os níveis de carimbagem mudam. A nossa foi tão forte que eu consigo sentir o que você sente e vice-versa.

 - Legal, tem mais?

 - Sim, quando você estiver longe, se me concentrar em você, posso ver o que você vê. Por exemplo. Se eu estiver em perigo, você pode ver o que esta acontecendo, entendeu?

 - Uhumm, e essa carimbagem não faz com que você me queira, não?

- Faz e vice-versa, se bem que você já me queria antes, o caso é que diferente de você. – eu apontei para ele. – Eu sei me controlar.

 - Isso veremos. –ele me virou para ele e eu encarei aqueles olhos, Sentia que Apolo me queria, podia sentir desejo, afeto. Eu o queria também, agora mais do que nunca.

 - Um único beijo. – eu disse.

   Ele me puxou e nossos lábios se colaram, era como se fosse automático, era fácil, fácil como respirar. Eu não sabia o quanto eu precisava dele. Mas de uma coisa eu tinha certeza, eu não o queria simplesmente por causa da carimbagem.