Sorrisos de Guache escrita por IsaS


Capítulo 17
CAPÍTulo 16º


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que faz mais de um ano que não posto aqui. Infelizmente, minha vida deu uma reviravolta que não soube nem por onde começar para encontrar inspiração. Pois bem, aqui está mais um capítulo. O bom é que eu tinha uma perspectiva sobre esta história e agora, anos depois, eu já sei como finalizá-la.
Obrigada a todos que ainda queiram acompanhá-la. Eu prometo não decepcionar mais vocês.
Beijos,

A Autora. ♥



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CAPÍTULO 16º

 

                Depois de um banho, deitei-me na cama com as mãos cruzadas no peito, e observei o mosquiteiro que me cobria. Como eu era dondoca, pensei. As prateleiras eram repletas de livros e filmes. Já desde a juventude pensando em conforto, principalmente quando se tratava de um refúgio tão importante quanto a cama. Lembrei-me de Anabelle. Reconheci – com pesar – que desde sempre eu me preocupava com detalhes ridículos sobre o meu refúgio porque, desde sempre soube que era fraca e que me esconderia de baixo do mosquiteiro, lençóis de seda, e essa caralhada toda.

                Mas eu não era mais assim! Não poderia ser!

                Como resposta a minha pergunta, escutei batidas em minha janela. Acordei de meus devaneios em um estalo, assustada e procurando saber as horas. Três horas da manhã, e tinha algum filho da puta tacando pedras em minha janela. Ia acordar meus pais!

                Levantei-me como uma louca, tropecei no meio do escuro e desviei de um pedra que veio em minha direção. Mas que diabos...?

— Hey, girl. – disse Edward. Cruzei os braços no peito e tirei proveito daquela sensação de orgulho que a altura me fazia sentir. Eu o olhava de cima – literalmente -, enquanto ele parecia perdido e sem graça, balançando-se de uma perna a outra no meio da rua.

— Oi. – não pude evitar de sorrir mentalmente para aquela situação. Ele estava ali para se desculpar, eu tinha certeza.

— Vim trazer seu presente de aniversário. – bufei, com raiva. Já não bastava aquela bosta de festa?, pensei, amaldiçoando-me logo depois por ser tão ingrata.

— Não é necessário, visto que me aniversário foi ontem.

— Aniversário é todos os dias. – ele sorriu de lado, e eu voltei a me focar em minha raiva logo depois disso.

— Dane-se. Eu não quero. – eu estava curiosa mas não admitiria nem por decreto.

— Desça de uma vez. – seus olhos ficaram sérios como eu nunca havia visto. E por um momento, pensei ter visto medo passar por eles, misturando-se àquela dureza.

                Saí da janela e sentei-me na cama. Eu sabia que deveria descer, mas eu estava tão chateada... e nem sabia dizer o motivo da minha chateação. A festa? Sim, com certeza aquilo me fez pirar em desgosto. Minha velhice? Sim, isso era outro ótimo motivo. Edward e seu ‘não-pedido’ de desculpas...? Essa era meu principal motivo de chateação. Porque, pela sua postura, pelo seu olhar, ele não havia se arrependido. Havia vindo até me entregar um presente! Perguntei-me, enquanto descia as escadas, se não estava exagerando.

— Boa noite. – ele me cumprimentou, sem beijo, sem abraço, sem demonstração de afeto. Apenas seu olhar duro, por mais que eu pudesse ver o medo ali, também.

— O que quer?

— Quero apenas que saiba que não vou me desculpar por ter feito uma festa pra você.

— Não quero suas desculpas, fique tranquilo. – na verdade, eu queria muito.

— Ótimo. – seu olhar pareceu amolecer um pouco. Ele me estendeu uma caixinha aveludada preta e eu senti um arrepio passar pelas minhas costas. – Pra você.

— Já disse que não é mais meu aniversário.

— Dane-se. – ele deu de ombros e abriu a caixinha, parecendo ansioso.

                Era um anel. Parecia bem caro. Na verdade, era um verdadeiro diamante brilhando para mim, incrustrado na prata, como se simplesmente fossem assim desde sempre. Eu olhei aquela obra de arte com receio e levantei meu olhar aos olhos verdes de Edward, que brilhavam como aquele anel. Me perguntei se ele havia chorado, ou se estava chorando, e me senti uma insensível. Eu tinha que falar alguma coisa.

— O que devo fazer agora? – perguntei.

— Deve aceitar o anel para que oficializemos nosso compromisso. – eu ofeguei. – Seja minha noiva, Isabella Marie Swan. Eu te amo demais para esperar que você esqueça seu medo de compromissos.

— O que eu devo fazer agora? – repeti, como uma retardada. Ele pegou minha mão e colocou o anel em meu dedo, beijando-o em seguida.

— Deve ser o que sempre foi. Minha única exigência é que seja minha, e somente minha. Pra sempre. – quando vi as lágrimas escorrerem pelos olhos de Edward, percebi que havia entrado em estado de choque.

                Estávamos no meio da sala, olhando um para o outro. Ele chorava, os olhos verdes parecendo mais claros; e eu, sentindo que vomitaria a qualquer instante. Comecei a analisar tudo que havia feito desde o dia anterior e minha fatídica festa de aniversário. Já havia admitido a mim mesma que estava sendo uma ingrata. Então decidi que deveria falar alguma coisa. E, quase cinco minutos depois de seu pedido de noivado, eu respondi a Edward.

— Isso eu posso te garantir, querido. – dei-lhe um sorriso e temi que parecesse muito falso, mas na verdade, estava chocada demais para sentir algo além do próprio choque. Mas eu o amava, então deixei que ele me abraçasse e chorasse em meu ombro. E quando dei por mim, já estava o acompanhando.

 

— Conte-me, Edward, o que você faz? – meu pai bebericou o café e eu percebi que nem eu mesma sabia. Pra mim, Edward era mágico, e só. Por um momento, temi estar amando um bandido.

— Sou dono de uma companhia de seguros. – disse tranquilamente. Tentei não pensar em Jacob, que trabalhava para uma dessas empresas inúteis. Teria, também, que me lembrar de não dizer a Edward o quando eu achava inútil aquele tipo de serviço, já que eu tinha dinheiro e se batessem em meu carro, eu simplesmente compraria um melhor.

— O ex de Bella trabalhava para uma. – meu pai respondeu, e não pude evitar de bater com a mão na cara.

— Pai, acabamos de noivar. Não deveria estar falando de Jacob agora.

— Se o coitado estivesse vivo, você teria o direito de reclamar. – ele deu de ombros e tive vontade de dar a língua. – O falecido trabalhava como um condenado... não é a toa que morreu, coitado!

— Devo informar que Jacob Black era meu empregado. E um dos melhores. – Edward mexeu seu chá com uma colher, despreocupado, e bebericou como um verdadeiro cavalheiro.

                Naquele instante, um silêncio constrangedor invadiu a sala de jantar. Meu pai ficou vermelho, minha mãe, paralisada. E eu a mistura das duas coisas, porque era filha dos dois, o que é perfeitamente natural e aceitável que eu fique vermelha e paralisada.

— Você esqueceu-se de mencionar, ou...? – minha voz saiu sem minha permissão.

— Na verdade, eu descobri há pouco tempo. – ele sorriu minimamente. – Desculpe, querida. Eu nem o conheci, pra falar a verdade. Tenho alguém que toma conta de tudo para que eu possa ficar longe da empresa o quanto puder, então só soube quando recebi o relatório do rendimento dos funcionários nos últimos anos. Então...

— Então nada! – respondi, queimando a língua com o chá. – Não tenho motivos para ficar chateada por isso. E outra, papai... – inclinei-me ao senhor que continuava meio corado. – Jacob morreu de leucemia. O trabalho simplesmente não tem nada a ver com isso.

— Claro, claro. – tomou seu café e remexeu em seu bigode em seguida, como se estivesse resmungando baixo. Renée voltou a sentar-se conosco.

— É claro que uma confraternização com toda sua família seria o apropriado. – minha mãe sorriu abertamente. – Esme adoraria, digo isso porque sei do que uma mãe gosta!

— Estão autorizadas a fazer uma confraternização do tamanho que quiserem.

— Estão?! – fuzilei Edward, e ele sorriu.

— Querida, é um momento especial... seja flexível!

— Flexível, sei! – resmunguei, duvidando se havia feito a coisa certa ao aceitar noivar-me com Edward.

                Não era pelo meu noivo, porque eu o amava, e sabia disso. Era pela festa, pelo vestido, pelos gastos, pelos convidados, pelo chá de cozinha e todas essas coisas das quais eu fugia. Parecia até algo distante, mas eu sabia que chegaria e meu pesadelo começaria quando Alice soubesse e insistisse em cuidar de tudo e, Deus, já estava sofrendo por antecedência como um peru em sua dieta de engorda antes da ceia de Natal.

— Eu tenho absoluta certeza de que Alice irá te ajudar, Bells. – minha mãe sorriu e eu evitei gemer de desgosto.

— Aposto que sim. – segurei-me para não dar um tapa no braço de Edward quando ele engasgou-se com seu chá, enquanto disfarçava o riso da minha desgraça.

               

Voltei pra casa no dia seguinte tentando superar, secretamente, a vergonha que passei na madrugada anterior. Quando Edward entrou no meu quarto, quis me esconder em baixo da cama. Primeiramente porque, em toda a minha infância e adolescência, a imagem de um homem passando pela porta daquele cômodo sempre fora diferente. Era apenas meu pai indo me cobrir antes de dormir, ou um namoradinho que evitaria me beijar na frente de meus pais. Depois, porque ele se empolgou e vibrou quando viu meus ursinhos, e minhas fotos, e meus pôsteres do Backstreet Boys colados nas paredes.

— Nos vemos mais tarde? – ele roçou os dedos em meu rosto enquanto fitava meus lábios.

— Claro. – sorri, tentando disfarçar a vergonha que sentia quando ele parava pra me admirar de alguma forma. Beijei-o rapidamente e saí de seu carro, entrando na portaria do meu prédio.

                Passei rapidamente pelo porteiro, que me cumprimentou com um sorriso enquanto eu levantava rapidamente a mão para ele e mostrava o anel. Dei risada quando ele fechou os punhos e fez um movimento de ‘Yes!’ com os braços. Entrei no elevador e mordi os lábios me controlando para não surtar.

                Abri a porta e Branca não veio me receber. Devia estar com Alice, claro. Não me importei muito. Estava surtando por outra coisa. Joguei minha jaqueta na cama e abri os braços, imitando o Cristo Redentor:

 – ESTOU NOIVA! – berrei. Ouvi o vizinho bater com o cabo de vassoura do andar de baixo.


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Notas finais do capítulo

Obrigada novamente. Com orgulho, posso dizer com todas as palavras: eu voltei! ♥



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