Sorrisos de Guache escrita por IsaS


Capítulo 12
CAPÍTULO 11º




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/93164/chapter/12

CAPÍTULO 11º

 

– Sim, Alice. – disse ao telefone. – Edward vai me levar num dos seus shows hoje. – menti e pisquei para ele, que colocava a calça jeans e sorria para mim.

 

– Nossa, não acha que ele está fazendo shows demais, Bella?! – ouvi a desconfiança em sua voz. – Quer dizer, se fosse assim, já era para ele estar famoso.

 

– Alice, essas coisas demoram. Sem falar que eu confio nele, e você deveria confiar também. – agora, eu que estava me sentindo mal, mas por ter mentido para minha melhor amiga, sem falar no relacionamento indefinido que estava vivendo com seu irmão, o qual era estritamente secreto. Vi Edward esticar a mão para pegar o telefone. – Olha, ele quer falar com você.

 

– Alice. – disse. – Vou levar Bella para ver um show. Aquele no qual tínhamos falado, sabe?! – levantei uma das sobrancelhas. – Sim, anã! – disse irritado, bagunçando os cabelos com uma das mãos. – Ela vai se comportar, - ele me olhou. – tenho certeza. Mais tarde nos vemos. Até.

 

– Se Alice sabia desse show, o porquê da desconfiança, hein?! – cruzei os braços no peito, ainda com o telefone na mão.

 

– Ora, até parece que não conhece Alice, a anã assassina. – deu de ombros, enquanto eu voltava a vestir meu jeans.

 

– É, você sempre me convence com esse comentário. – penteei os cabelos com os dedos.

 

– É, eu sei. – ele sorriu, e depois de alguns minutos, nós saímos. Caminhamos pelo saguão do prédio e descemos as escadas da entrada, e logo em frente, um carro novinho em folha estava estacionado. – Comprei ontem.

 

– Nossa. – ainda estava surpresa demais, e entrei no carro com um cuidado ensaiado e expansivo, não ousava tocar nem no painel de controle. Senti algo cobrir meus olhos. – Quê isso? Edward Cullen, tire isso dos meus olhos! Agora!

 

– Calma. – disse e imaginei que estivesse dando de ombros, ou apenas sorrindo. – É uma surpresa, não é?!

 

– Ah, que ótimo! – reclamei irritada.

 

– Como você reclama! Parece uma velha. – senti uma de suas mãos passarem em minha coxa, sorri de má vontade.

 

– Ah, quer dizer que estou muito velha pra você?! – algo naquele assunto deixou-me extremamente histérica. – É isso?!

 

– Eu adoro mulheres mais maduras. – sussurrou em meu ouvido, dei de ombros, fingindo-me indiferente. – Não seja difícil, Bellita. Sabe muito bem que estou brincando. Você ainda vai fazer 25, e eu já tenho 27. Quem é o velho por aqui?! – senti o vento em meus cabelos, sinal de que o carro já estava em movimento.

 

– Tudo bem. – respondi rígida. Não sabia o porquê de tanto mistério se eu já havia ido outras vezes a suas apresentações, e nunca precisei tapar os olhos.

 

         Não sabia quanto tempo havia se passado depois desse pequeno diálogo, e aquele silêncio me era estranho, quase recíproco. Edward às vezes me intrigava com todo esse mistério, parecendo sempre esconder algo de mim. E eu pensava em quanto isso era – ou me parecia – errado, sem desculpas o suficiente para me fazer esquecer a dor. Por um momento, percebi que se eu ficasse sabendo de algo, o buraco iria se abrir, e só de imaginar a dor atacando meu peito, silenciei-me por todo o caminho.

         Se Deus bem quisesse, Edward não estaria me escondendo nada, nem me machucaria. Precisei repetir esse mantra em minha mente por toda a viagem, não tendo bem certeza de como eu havia chegado àquela conclusão. Talvez, fosse apenas intuição, mas mesmo assim, aquilo me assombrava.

 

– Chegamos. – senti o movimento a minha volta cessar e um sentimento brotou dentro de mim, o medo.

 

– Ora, que bom, não?! – disse irritada. – Agora pode tirar essa coisa dos meus olhos?

 

– Não, só quando estivermos na frente da surpresa.

 

– Arg! Edward, deixe de ser moleque! – quase gritei. Senti seu nariz aspirando a linha de meu pescoço.

 

– Tudo bem, senhora. Mas já disse que o velho aqui sou eu. – bufei enquanto era puxada do carro e guiada até o desconhecido. Caminhamos um pouco por um solo fofo e macio, que me pareceu ser grama, e logo estávamos pisando de novo em chão firme. – Chegamos.

 

­– Que ótimo. – bufei mais uma vez. Ele tirou a faixa de meus olhos, e eu os abri, fitando uma porta branca.

 

         Ela era linda, ornamentada em madeira maciça. Baixei meus olhos na maçaneta dourada e mordi os lábios. O que ele queria que eu fizesse mesmo? O que esperava que eu dissesse diante daquela porta? Eu olhei seus olhos que me fitavam desesperados, esperando e zelando por minhas reações. Edward levantou a mão suavemente e apertou a campainha da casa. Meus olhos se abriram ao ouvir o som.

 

­– Oh, meu Deus! – eu ainda o olhava quando meus lábios se abriram de incredulidade. Olhei disfarçadamente por cima de seus ombros antes de fitar a dona daquela voz e visualizei a rua na qual fui criada durante minha infância e juventude. Meus olhos perderam o foco na porta e fui fortemente abraçada.

 

– Oh, Bella! – minha mãe murmurava emocionada. Senti a ponta de meus dedos entorpecidas e formigando, senti meu braço rígido, desejando abraçar Reneé assim como ela fazia. – Minha filha querida! Eu esperei tanto por esse dia!

 

         Meus olhos ardiam, enquanto eu a abraçava, por fim. Afundei meu rosto na curva de seu ombro e senti seu cheiro. Eu sentia tanta falta daquilo. Eu havia me esquecido de como podia ser amada, e de como eu amava. Realmente, Jacob havia tido tudo de mim. Mas eu estava recuperando meus sentimentos, minha vida, meu ar, todos os meus bens.

         Reneé me separou de si para me olhar. Eu não pude ter reação alguma, apenas olhei para Edward, que tinha um brilho estranho nos olhos, e me perguntei se ele havia chorado.

 

– Bella. – voltei minha atenção para porta e me deparei com meu pai. Charlie ainda estava barrigudo, mais calvo do que antes, com a barba mais mal feita do que antes. Mas eu não sabia se deveria esperar outra coisa dele.

 

– Pai. – murmurei, um pouco encabulada, mas ainda sim, feliz por vê-lo. Caminhei até poder fitar seus olhos. Eles eram de uma tristeza profunda, mas os meus não deviam estar diferentes. Ele me avaliou e não disse mais nada. Eu não poderia mais agüentar aquela indiferença. Senti as mãos de minha mãe tentando me levantar do chão, enquanto eu abraçava os pés de meu pai, e chorava desesperadamente. – Me perdoe! – implorava enquanto as lágrimas caíam como cachoeiras. – Por favor, pai! Eu te amo. Desculpe-me.

 

– Bella, minha filha... – sua voz rouca era chorosa. Levantei meus olhos e fitei os dele. Estavam mais claros, mais expressivos, mais carinhosos. – Você não sabe a falta que me fez. Eu te perdôo... é claro que eu te perdôo.

 

         Fui levantada por seus braços carinhosos, e aninhada por estes. Minha mãe se juntou ao abraço coletivo e emocionante, e me perguntei se Edward também se juntaria a nós. Não que eu me incomodasse, claro.

 

 

– E agora, seu pai está aposentado. – concluiu minha mãe, enquanto servia a todos chá com biscoitos e bolinhos, às cinco. Misturei o açúcar com o líquido quente e cheiroso e tomei um gole. – Então, você e Edward são namorados? Noivos, talvez? – engasguei e pousei a xícara na mesinha de centro.

 

– Ainda não. – Edward sorriu, respondendo enquanto batia em minhas costas e eu levantava os braços, tentando respirar.

 

– Eu quero netos. – Charlie reclamou, parecendo uma criança mimada. Senti minhas bochechas queimarem, minhas mãos suarem e algo dentro de mim se remexer desconfortavelmente.

 

– Pai... – tentei repreende-lo. – Depois conversamos sobre isso.

 

– Depois?! – perguntou sarcástico e irritado, e me perguntei se deveria me sentir culpada. – Depois quando? Nem tenho certeza se vai sumir depois de passar por essa porta!

 

– Não vou sumir mais. – respondi engasgada e olhei Edward, que me encarava com orgulho nos olhos. – E quer que eu te dê um neto, aqui e agora?! – perguntei, parecendo incrédula e igualmente irritada, tomada também pela vergonha.

 

– Er, não... podemos conversar sobre isso depois, se for o caso. – respondeu sem graça, coçando os fios grossos, negros misturados aos grisalhos em sua cabeça. Minha mãe revirou os olhos, e eu a acompanhei.

 

– Ah, Edward. – Reneé sorriu satisfeita e lhe serviu mais bolinhos. – Convide sua família para nos ver. Vamos fazer um almoço!

 

– Mas é claro! – ele concordou animado e me controlei para não esgana-lo. Eu via a alegria que a idéia lhe proporcionava e respirei fundo alguma porção de vezes.

 

         Saímos da casa de meus pais depois do chá desconcertante e cansativo. Mas apesar de tudo, sentia que agora as peças arruinadas de meu coração começavam a se encaixar. Encostei os cabelos no vidro do carro, vendo as luzes da cidade passarem por nós, do outro lado da janela. Sentia-me feliz, como se um peso tivesse sido tirado de cima de minhas costas. Não falei durante a viagem. Mais uma vez, não era somente eu que pensava.

         O percurso pareceu simples e rápido sem a faixa cobrindo minha visão, e logo estávamos em frente ao meu prédio. Perguntei-me se Edward desceria, mas não precisei formular a dúvida em palavras. Olhei no relógio do carro, ainda era cedo. Ele abriu a porta do automóvel e me envolveu com seus braços por cima de meus ombros.

 

 



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yeah! É isso aí galera! Eu não demorei, e espero sinceramente que gostem. Espero também que se puderem, me mandem uns reviews locs, né?! *-*
ATÉ MAAAIS.