Sorrisos de Guache escrita por IsaS


Capítulo 11
CAPÍTULO 10º


Notas iniciais do capítulo

NÃO DEMOREI HEIN... *-*



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CAPÍTULO 10º

 

         Nunca pensei que transar num tapete era tão bom. Quando os raios de sol começaram a surgir no cômodo bagunçado e frio, olhei para minha cama com ar de desculpas. Ela deveria estar decepcionada por tudo aquilo não ter acontecido em sua macia superfície. Mas se ela soubesse a intensidade de ‘tudo aquilo’, preferiria deixar para lá, e até me agradeceria. Enfim, qualquer arrependimento depois daquela noite seria pura sacanagem. Eu não estava arrependida, porque havia sido a melhor noite da minha vida. Sim, da minha vida.

Então, seria melhor recomeçar tudo de novo? Do tipo ‘era uma vez, e blá blá blá’? Talvez não, porque eu ainda sentia um peso em meu peito, sentia que faltava algo para ser resolvido. Eu não estava curada, porque apesar de tudo, amava Jacob. Mas minha alma sabia que eu amava muito mais Edward.

Suspirei, aquilo era tão confuso.

 

– Arrependida? – ouvi a voz dele atrás de mim. E falando no diabo, o capeta se manifesta, era incrível. Ri sem humor algum.

 

– Porque deveria estar?! – fui virada bruscamente e murmurei algum palavrão inteligível quando me choquei de frente com Edward. Passei as mãos pelos seus braços, seus músculos naturalmente sólidos e modelados e quis morder os lábios.

 

– Arrependida? – perguntou-me de novo. Olhei em seus olhos, sentindo coisas que eu ao menos deveria sentir, ou que ao menos sabia que existiam.

 

– Não. – deixei a verdade aparecer em meus olhos.

 

– Por que? – eu que me perguntava o porquê dessa pergunta.

 

– Porque não, Edward. – dei de ombros, e senti seus lábios nos meus, depois de alguns segundos me analisando. Enquanto as carícias acabavam, e a etapa das preliminares começava a surgir, minha consciência sã voltou e eu o empurrei fracamente, mas ele reagiu, como um cavalheiro. – Acho que você tem que ir.

 

– Tem razão. – ele suspirou. – O que vamos fazer?

 

– Ninguém precisa saber de nada. – vi sua expressão franzir, colei meus lábios em seu ouvido. – Mas também, não precisamos parar de nos encontrar. Somos grandes o suficientes para ter o tipo de relação que quisermos.

 

– Tudo bem. – sua expressão se suavizou, e seus lábios se modelaram num sorriso de lado. – E que tipo de relação é essa.

 

– É dum tipo... – hesitei e sorri. – do tipo indefinido.

 

– Pode ser. – ele deu de ombros, como de costume, e sorriu, acariciando meus cabelos. – Posso ficar mais um pouquinho?

 

– Hm... – fingi que pensava. – Se você quiser...

 

         Levantei-me e vesti a camisa, enquanto ele continuou deitado no tapete, como um gato cochilando ao sol. Acendi um cigarro e traguei, andei pela janela de um lado para o outro, sentindo os raios luminosos que entravam me esquentarem, o que era raro para um outono. Minha mente não parecia mais confusa, eu já havia tomado decisões, já havia pensado no futuro, e já sabia o que fazer. E fiz: tirei a camisa e deitei-me de novo, em cima das costas de Edward, e sorri quando ele gemeu.

 

– Eu sei, preciso de um regime. – disse mostrando a língua.

 

– Uhum. – concordou ironicamente. Fui puxada mais uma vez para seu lado, e tomada mais uma vez pelo seu cheiro, seu hálito, e toda a vivacidade que irradiava de sua pele em contato com o sol. – Precisa urgentemente.

 

 

 

         Desci do ônibus e caminhei feliz entre as pessoas. Eu parecia nova, e lembrei-me daquele ditado que dizia que tudo o que você precisa quando se sente infeliz, triste e de baixo astral é de uma boa noite de sexo selvagem e loucuras. Puxa, e não é que era verdade?! Eu estava bem melhor desde a noite com Edward. A manhã e a tarde também. Mas isso não vêm ao caso.

         A dor parecia ter se esvaído, e me imaginei abrindo aquele maldito baú que guardava em meu peito, arrancando a dor dali de dentro e a socando, a matando. Eu havia acabado com a raça da dor, e isso fazia de mim uma assassina e tanto. Prendam-me!, tive vontade de gritar quando aconteceu.

Fazia uma semana que eu e Edward tínhamos uma relação ‘indefinida’ e tudo estava visivelmente melhor. E lembrei-me mais uma vez de quando ele me disse que as coisas, as pessoas, a cidade e a vida era muito cinzas. Agora eu entendia, porque eu precisava de cor, eu precisava de flores, de sol. Mas, nós, londrinos, estávamos com o pezinho no inverno.

         Lembro-me que o show de mágica de Edward, no hotel, havia sido numa sexta. Também me lembro daquele sábado tentador, e no domingo, senti alguma coisa como dor, mas não era o que eu sentia realmente. Domingo havia sido meu terceiro aniversário de casamento. Enquanto eu fui ao túmulo de Jacob colocar flores, esperava pelo vazio aterrorizante que viria em seguida. Mas ao fechar a porta do apartamento, apenas Branca me recebeu, fazendo festa como sempre. E pela felicidade que eu senti ao não sentir aquele rasgo, caí no chão, e chorei, acompanhada por Branca, que me acariciava com seu focinho. 

         Mas agora eu já estava recuperada. E tudo isso havia sido há uma semana, e agora, eu estava completa. O que um havia sido uma grande dor, agora era uma saudade incômoda que aparecia de vez em quando. E por isso, eu estava muito satisfeita.

 

– Bom dia! – cumprimentei as atendentes e vesti meu avental, afinal, estava de volta à ativa. E naquela segunda-feira, fora um movimento absurdo. Eu estava agitada demais para me aborrecer com o horário extra de trabalho que tivemos de fazer. Agora éramos seis: Angela e suas duas primas, Jane e Alexis; Jessica, Rachel e eu. As seis mosqueteiras com canecas de cafés para todos os lados, e enquanto servia as pessoas, via minha conta bancária crescer. Mas para ser sincera, eu havia para de ligar para isso.

 

– Querida, cheguei. – virei-me com a mão no peito, de susto.

 

– Droga, Edward! – apoiei-me no balcão do café para lhe dar um beijo. – Quantas vezes vou ter que te dizer para não aparecer assim?!

 

– Sou um mágico. – ele deu de ombros. – Amanhã você não virá para cá.

 

– Não? – perguntei, um pouco confusa e um pouco irritada por receber ordens. – E posso saber o por quê, sargento?

 

– Porque tenho uma surpresa pra você. – o cliente de trás reclamou. – Calma aí!

 

– Edward, - completei sorrindo, dando-lhe a chave de meu apartamento. – já sabe o que fazer.

 

– Sim senhora.

 

– Cacete, tem como, meu?! – disse o senhor irritado.

 

– Ah, claro. – respondeu Edward com um sorriso simpático. – Só mais uma coisa.

         Fui puxada e beijada fervorosamente, enquanto as pessoas aplaudiam, gritavam e o cliente barrigudo e careca começava a ficar vermelho de raiva.

 

– Pronto. – disse simplesmente ao cliente, e Edward saiu, direto para meu apartamento.

 

– O que vai desejar, senhor? – perguntei, vermelha, envergonhada e com calor.

 

 

         Entrei no elevador. Fechar o café foi uma proeza quase impossível, principalmente entupido de gente. Tivemos de fechar primeiro com todos ali dentro, para impedir que mais pessoas entrassem, e depois, esperarmos todas elas saírem, falando alto, com seus amigos, depois de um cansativo dia de trabalho. Quando dei por mim, já eram quase onze horas da noite, e eu estava atrasadíssima para meu encontro com Edward. Não que estipulássemos horários, mas eu odiava deixar alguém esperando.

         Me surpreendi quando vi meu vizinho do andar de baixo, o japonês. Mordi os lábios para esconder um sorriso, enquanto ele ficava o mais longe possível de mim. Pensei até que ele entraria na parede metálica daquela caixa sufocante, apenas para imitar um espelho, ou coisa assim. Medo, sério.

 

– Boa noite, senhor. – cumprimentei, e ele acenou temeroso. – Sabe se alguém esteve por aqui me procurando? Algum policial, ou coisa assim? – perguntei, com uma das sobrancelhas levantadas.

 

– Não, não. – disse com sotaque, e saiu correndo quando o elevador abriu em seu andar.

 

– Cuidado, hein! – gritei de onde estava e sorri o caminho do apartamento inteiro. Pensei em quem assistia aos vídeos gravados pelas câmeras de segurança que ficavam estaladas naquela quadrado apertado e refinado, e de como acharia estranho essa atitude do senhor, e eu gritando do elevador. Bizarro.

 

         Como se estivesse pisando em ovos, andei em casa. A porta da frente estava aberta, e tranquei-a assim que entrei. Tirei o casaco pesado e joguei-o na cama, tirei os all stars aos chutes e desamarrei os cabelos, bagunçando-os com os dedos, como de costume. Onde estava Edward?

 

– Boa noite, madame. – e mais uma vez no dia, levei minha mão ao coração de susto.

 

– Droga, Edward. – murmurei de novo, sendo jogada na cama.

 

– Feliz por estar em casa? – sussurrou em meu ouvido.

 

– Muito. – respondi, enquanto era beijada e despida por ele. – E qual é a desculpa de hoje?

 

– Bom, eu disse que faria um show lá na Recreação. – ele parou e me olhou. – Puxa, eu deveria estar me sentindo mal em ter usado o nome das crianças no orfanato para ficar com você. Mas não consigo me arrepender... – eu o puxei, deitando-o sobre mim.

 

– Vem cá, que vou fazer você esquecer todos os arrependimentos. – sussurrei em seu ouvido e tirei sua camiseta, sentindo seu cheiro entrar em meu sistema, e criar a sensação na qual eu já estava acostumada, êxtase.

 

 



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Notas finais do capítulo

...portanto, reviews seria ótimos. :D E gostaria de agradecer a todos que lêem e comentam. São muito especiais para mim. Mesmo. ♥