Ilusões, Tentativas e Recomeços escrita por gataportuguesa, Darknana
A Pedra da Gávea estava magnífica como sempre e Helena adorou a vista, que com certeza era ainda mais bela do que a do Pão de Açúcar.
Manu foi conversar com um rapaz que parecia organizar vôos de asa-delta e deixou a catarinense sem entender nada.
"Ela não tá pensando em..." nem concluiu o pensamento pois aquilo seria absurdo e resolveu admirar ainda mais a vista.
- Naná, está pronta? - perguntou a vocalista aparecendo de repente.
- Pra quê?
- Como pra quê? Acorda, pirralhinha!!! Nós vamos pular!
O.O
- Que foi?
O.O
- Helena? - chamou Pierrot já ficando preocupada.
- Eunãovoupular! - falou a garota de uma vez só.
- É claro que vai. Te seqüestrei, esqueceu? Vai fazer tudo o que eu quiser. - comentou.
- Não tenho coragem!
- Você vai comigo, não precisa se preocupar.
- Até onde sei menores de idade precisam de autorização. - Naná queria fugir de qualquer jeito.
- É verdade. Mas foi por isso que te pedi a foto 3x4. Meu primo fez uma carteirinha de faculdade falsa pra você. Pra todos os efeitos você tem dezoito. - a garota falou baixinho.
- Tu falsi... - não terminou devido ao beliscão que levou.
- Cala a boca, sua maluca! Quer que todo mundo escute? - a outra parecia irritada.
- Falsificação é crime! - Colombina falou baixinho e passando a mão no braço porque o beliscão tinha sido bem forte.
- Não se preocupe. Meu primo faz carteirinhas pras faculdades. A gente só vai usar dessa vez, eu prometo. Agora vamos?
- Manu, tenho medo.
- Não precisa. Eu fiz o curso, posso voar!
A outra lhe olhou incrédula.
- E como você fez isso?
- Eu sou maior de idade. Pode não parecer, mas tenho dezoito anos. Confia em mim, Helena. Vai ser maravilhoso!
"Por que ela tem que falar assim, me olhando desse jeito?" a garota pensou já cedendo.
- Tudo bem. Mas eu vou ficar agarrada em ti.
A vocalista sorriu.
- Eu já imaginava isso. - falou num tom indecifrável.
As garotas colocaram os capacetes e os outros utensílios de segurança. O coração de Naná estava disparado, a emoção, o medo, enfim, a adrenalina tomava conta do seu corpo.
E foi com curiosidade e aflição que ela começou a correr junto com Pierrot em direção ao céu.
A primeira reação ao ver que seu pé não estava mais em terra firme foi a de se agarrar à Manu, que sorriu. Depois ela olhou a vista que estava diante de si e seus olhos ficaram cheios de lágrimas. A vista era linda! Sensacional! Indescritível!
Quando percebeu já gritava de euforia. Todo o medo acabara e ela só queria ficar ali o resto dos seus dias, ficar voando ao lado da vocalista mais perfeita que Deus já criara.
A escritora preparara aquilo tudo para ela, para Colombina. O coração da catarinense parecia que ia sair do seu peito. Não cabia em si de felicidade. Aquela era a prova de que a carioca sentia algo por ela. Aquela surpresa era a prova de que podia ter esperanças. Fechou os olhos e agradeceu. Finalmente sua vida estava tomando um rumo.
- Então? Está gostando? - Manu quebrou o silêncio.
- Muito! Tu é incrível! Não sei como agradecer...
A vocalista sorriu. Também estava adorando aquele passeio.
Após mais alguns minutos as duas aterrisaram na Praia do Pepino, onde um rapaz já as esperava para pegar os equipamentos.
- Como foi o vôo? - ele perguntou.
- Magnífico. O céu está lindo então a visibilidade foi perfeita.
- Foi maravilhoso ver o Cristo Redentor lá de cima. - emendou a catarinense.
- A vista da Lagoa Rodrigo de Freitas também é muito bonita! - o rapaz completou. - Agora preciso ir. Espero rever vocês em breve! - ele disse se afastando.
A carioca aproveitou e foi dar um mergulho no mar.
- A água está maravilhosa! Vem nadar comigo! - gritou vendo a outra sentada na areia.
- Não gosto muito de praia. - respondeu quando Pierrot saiu da água e foi até ela.
- Deixa de ser boba! - disse puxando e levantando a garota. - É só um mergulho. - emendou tirando a blusa da garota e fazendo-a corar. - Seu corpo é bonito. Essas suas roupas que não o valorizam... - falou em tom indiferente. - Preciso tirar a bermuda ou você faz isso?
- Eu tiro. - a garota respondeu sem saída.
A água realmente não estava muito fria e Helena percebeu que estava gostando de estar dentro do mar. A mais velha tentou lhe afogar.
- Cadê a tua força? - perguntou brincalhona quando a soltou.
- Sou fraquinha. - ela disse com uma voz de criança.
Manuella lhe olhou e começou a jogar água em seu rosto.
- Deixa de ser metida! - exclamou enquanto jogava ainda mais água.
Helena resolveu fugir e começou a voltar para a areia. A carioca foi atrás dela e segurou o seu braço.
- Não me deixa sozinha, Naná! Quero ficar contigo aqui. - pediu.
Sem se dar conta do que estava fazendo, a catarinense colou os lábios das duas.
- Não foi esse tipo de ficar que quis dizer. - a mais velha falou separando seus corpos.
- Desculpa. - murmurou com o rosto em brasas. - Entendi tudo errado. Eu vou embora! - disse começando a correr.
A escritora foi atrás dela novamente e segurou o seu braço. As duas se olharam fixamente e então Manu colocou a mão no pescoço da mais nova e lhe puxou, colando seus corpos novamente.
- Não estou pronta, Helena. - sussurrou em seu ouvido. - Ainda... - emendou dando-lhe um beijo leve.
- Eu espero o tempo que for necessário. - a catarinense disse quando o beijo acabou, fazendo a outra sorrir.
- Vem, já está ficando tarde. Ainda quero te levar no meu esconderijo secreto.
A carioca pegou a moto e foi até a Pedra do Arpoador.
- Bem, não é tão esplendoroso como os outros lugares que te mostrei hoje, mas mesmo assim adoro esse cantinho do Rio. - disse tentando se desculpar.
- É lindo, Manu.
- Gosto de vir assistir o pôr-do-sol aqui. Já está começando. Ah, mas antes vamos colocar nossas iniciais naquele cacto.
A vocalista riscou o M do seu nome e o H de Helena e colocou a data.
- Nosso passeio está marcado aqui para sempre. - gracejou.
A catarinense sorriu. Aquele passeio parecia um sonho e ela faria tudo para não acordar.
Elas desceram um pouco e se sentaram na pedra. Ainda tinha algumas pessoas pela areia e as garotas ficaram tentando decifrar seus nomes e profissões.
O sol já estava começando a morrer e Manu deitou, pondo sua cabeça na perna da amiga, que resolveu acariciar seu cabelo.
- A Beta fazia aniversário hoje. - a carioca disse "quebrando" o confortável silêncio que se instalara entre as duas.
- Quer falar sobre ela? - perguntou.
- Acho que você já sabe de tudo... - comentou.
- Mas se quiser falar vou te ouvir com atenção. - incentivou.
A escritora pensou por um instante.
- Me sinto bem ao seu lado, Naná. Não quero estragar o teu dia falando de outra garota.
- Hoje tu me fez a pessoa mais feliz desse mundo, Pierrot. Nada pode estragar isso.
- Que bom! Fico muito feliz!
- Tu tem papel e caneta nessa tua bolsa?
- Sim. Pra quê? - perguntou lhe entregando.
- Fiquei com vontade de escrever.
A mais velha se levantou para não atrapalhar e ficou tentando ler o que a outra escrevia.
- Pára, Manu! - a catarinense brigou. - Assim não consigo escrever.
- Só quero olhar. - retrucou.
- Mas eu já disse que não quero mostrar. Tenho vergonha!
- Eu leio e te digo se está bom.
- Tu é minha amiga. Se ficar ruim vai dizer que está bom.
- Ei, isso não é verdade. - falou ofendida.
- De qualquer forma prefiro não arriscar. - encerrou categórica, guardando o papel no bolso da bermuda.
- Já anoiteceu. É melhor irmos. - Manu disse ficando de pé e pensando num jeito de pegar aquele papel.
As duas subiram na moto e voltaram para a Barra da Tijuca.
- Tem certeza que não vai me mostrar? - tentou a carioca mais uma vez.
- Tenho!
- E se eu te desse o prato com a nossa foto? - era sua última tentativa.
Naná sorriu. Resistira a tentação de mostrar esperando uma oportunidade para falar sobre a troca.
- Não sei... - falou se fazendo de confusa.
- Por favor. - pediu.
- Tudo bem. Tu me dá o prato e eu posto o poema no Nyah!. Que tal?
- Você vai postar mesmo ou só quer me enganar?
- Tem minha palavra. - respondeu séria.
Manu pegou o prato que estava no baú da moto e lhe deu.
- Quando chegar em casa vou correndo ler. Espero que esteja lá. - falou. - Agora preciso ir. Manda um beijinho pra sua mãe. - pediu dando-lhe um beijo demorado na bochecha.
Foi com um enorme sorriso que Helena entrou em casa. Se sentia no céu. Olhou para o prato com a foto das duas e correu para o quarto.
Pegou uma pequena caixa onde guardava tudo que achava precioso, como seus poemas e letras de músicas favoritas, e guardou o objeto ali dentro.
- Gostou do passeio, filha? - Heloísa perguntou entrando no quarto.
- Sim, foi maravilhoso! Conheci o Pão de Açúcar, o Cristo Redentor, a Lagoa Rodrigo de Freitas, a Lapa, a Praia de Copacabana, o Arpoador...
- Nossa, então o passeio foi bom mesmo.
- Foi sim. - a garota disse sorrindo.
- Então vai tomar banho enquanto preparo o jantar. - a mãe disse indo embora.
Naná ligou o computador, digitou o poema e postou no site. Torcendo para que Manu gostasse, a catarinense foi tomar o seu banho.
Bárbara parou de andar ao ver Helena sair da moto de Manuella.
"Elas parecem felizes!" pensou sentindo uma onda de tristeza. A atração que sentira quando conhecera a guitarrista só tinha aumentado durante a semana e a baterista já começava a acreditar que estava apaixonada.
Sentiu uma pontada de ciúme ao ver a vocalista dando um beijo demorado na catarinense e percebeu que naquela história não poderia se meter. Manu precisava refazer sua vida e Naná era uma ótima escolha. Não poderia tentar conquistar a menina e isso a entristeceu mais ainda.
Entendeu que no máximo poderia ser Arlequim, nunca Pierrot e aquilo a magoou profundamente.
Viu a vocalista se distanciando e a guitarrista acenando em despedida. Pensou em se aproximar, mas não teve coragem. Precisava tirar a catarinense do pensamento e, por isso, resolveu ligar para a ex.
- Vanessa, tudo bem?
- Babi! - a garota exclamou feliz. - Quero tanto falar contigo!
- Tou indo na tua casa então.
- Vem logo! Estou te esperando!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E agora? O que será o poema? Qual sera o jantar? O que será que a Babs ira fazer na casa da namorada?( ta, essa é fácil de responder..)Descubra a resposta dessas e de outras perguntas, no próximo capítulo de Ilusões, Tentativas E Recomeços, muito melhor do que qualquer novela das 6...