Ilusões, Tentativas e Recomeços escrita por gataportuguesa, Darknana


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo 7

A garota ficou mais vermelha que um pimentão.

- Eu só estava sendo educada. Não sabia que você era tão ciumenta.

Naná olhou para o chão procurando um buraco para se enfiar.

- Foi apenas uma brincadeira. Não precisa ficar com essa cara. Vem, vamos continuar o passeio.

As duas pegaram outro bondinho e foram para a outra parte do Pão de Açúcar.

- Muita gente vem escalar esse morro. – comentou a vocalista e sem dar tempo para a outra falar, já a saiu puxando.

- Ei, guria, pra onde tu tá me levando?

Manu riu do sotaque da mais nova.

- Eles vendem umas lembrancinhas maneiras, guria! – respondeu começando a rir pela sua imitação.

- E você quer comprar? – falou Colombina imitando o “carioquês”.

- Claro! A gente tira foto e eles imprimem num prato.

- Ah, não!

- Que foi?

- Não quero tirar foto! – resmungou. – Não gosto de tirar foto, nunca saio bem.

A mais velha riu.

- Você está me devendo uma ou esqueceu que fiquei sem foto com os macaquinhos?

A catarinense revirou os olhos.

- Anda, Naná! Não seja má. O que custa? Só quero ter uma lembrança nossa.

Colombina estava quase cedendo.

- Por favor! – a garota insistiu com um olhar de cachorrinho abandonado.

- Ai!!!!!! Tudo bem. Mas é só uma.

A vocalista sorriu.

- Obrigada! – disse dando-lhe um longo beijo na bochecha.

Meia hora mais tarde as garotas deixavam o primeiro destino do passeio. Uma ia tentando manter a salvo o prato que a outra decidira quebrar logo que vira a foto.

Pierrot abriu o baú da moto e guardou seu tesouro ali, onde a outra não conseguiria colocar as mãos.

- Isso é sacanagem! Eu saí horrível! – reclamou Naná.

- Eu falei pra gente tirar outra, você que não quis. – a outra retrucou.

A catarinense pensou e decidiu que daquele jeito não teria êxito. Precisava arranjar outro meio de “malocar” o prato.

- Desistiu? – a carioca perguntou após ligar a moto.

- Não antes de lutar! – foi a resposta que escutou.

Manu a olhou e sorriu.

- Adoro garotas misteriosas. – comentou enquanto colocava o capacete.

A escritora parou para abastecer a moto e ficou olhando para a amiga.

Nunca sentira atração por pessoas muito branquinhas, mas Colombina tinha charme e a garota reconheceu isso. A cor de seu cabelo combinava com a cor de sua pele e apesar de não curtir muito o visual da mais nova, concluiu que aquele estilo lhe caía bem.

Helena notou a maneira como era analisada e ficou curiosa para saber se a outra gostava do que via.

Pierrot pagou a gasolina e ligou a moto. A catarinense subiu, porém não segurou a mais velha com força. A carioca estranhou aquele afastamento, entretanto não comentou. Apenas parou de correr tanto e continuou pensando na surpresa que preparara.

Depois de algum tempo a paisagem foi mudando e Naná começou a ver grandes arcos.

- Bem vinda a Lapa! – a vocalista disse quando saiu da moto. – Esse bairro é muito tradicional por causa da boemia.

- Já vi umas reportagens dizendo que é bem violento. – comentou a mais nova meio assustada.

- Não. Quem faz a baderna são os marginais de outros bairros. – resmungou a outra parecendo triste. – A gente só vai dar uma volta e aí almoçamos. Ainda quero te mostrar umas coisas na Zona Sul. Vem! – chamou dando o braço para que a outra lhe acompanhasse.

Após uma volta pelas ruas mais conhecidas, as duas foram almoçar numa pensão.

- Como uma garota da Barra da Tijuca conhece isso aqui tão bem? – perguntou Naná curiosa.

- Dinheiro não é tudo para mim. É claro que gosto de ter sempre que preciso, mas também gosto das coisas simples da vida. Muitas pessoas que vivem aqui são mais honestas do que as de lá. Você vê as mansões, os belos apartamentos, porém, no fundo, é tudo podre! – a garota falou em tom indiferente.

- Mas tu é uma deles...

- Não. Estou entre eles, mas não sou uma deles.

Helena riu.

- Essa é a frase da tatuagem do Jack de Lost. Pode arranjar outra resposta.

- Eu sei, só que essa frase é a resposta mais verdadeira que posso te dar.

Colombina a olhou desconfiada.

- Ok! Talvez eu seja um pouco. – confessou sorrindo. – Não faço o que eles fazem. Vivo a vida como quero e não como a sociedade acha certo. – emendou.

- Hum... Resposta aceita! – brincou a mais nova.

Manu sorriu e pediu outra laranjada. Vendo que a Coca-Cola da amiga tinha terminado, pediu uma limonada também.

- Como tu sabia que adoro suco de limão?

- Porque você tem cara de limão! – respondeu séria.

A guitarrista lhe olhou chocada e a carioca deu uma sonora gargalhada.

- É brincadeira! Eu sabia porque você comentou noutro dia, pirralhinha cabeça de vento. – respondeu rindo.

- Ei, não me chama de pirralha! – rebateu Colombina zangada.

Pierrot sorriu.

- Você fica bonita quando está brava. – comentou fazendo a outra corar. – E quando fica vermelha também. – emendou.

Helena estava começando a acreditar que a mais velha adorava implicar com ela e lhe fazer ficar envergonhada e não soube se aquilo lhe agradava ou não.

- Que foi? – Manu perguntou.

- Por quê?

- Você ficou quieta de repente.

- Tava pensando.

- Isso é bom? – perguntou em tom de brincadeira.

- Não sei.

- Tava pensando em quê?

Seus olhos a fixaram e a garota não teve como mentir.

- Em ti.

- Interessante. Especifique mais!

- Tava tentando entender se tu adora implicar comigo ou se faz isso inconscientemente.

A vocalista riu.

- Por que não me pergunta diretamente?

- Porque tu riria de mim e mudaria de assunto. – respondeu tristemente fazendo a outra parar de sorrir.

- Experimente! – falou de maneira doce.

- Tu gosta de implicar comigo, Manuella?

- Sim! – respondeu dando um meio sorriso.

- Por quê? – perguntou curiosa.

- Porque você é engraçada e me faz rir, então gosto de te provocar. Porque gosto de você e quero ver a tua reação quando está brava. E porque é divertido implicar contigo, você sempre fica com vergonha. – ela comentou.

- Que maneira estranha de gostar... – falou a mais nova irônica.

Manu a olhou confusa. Não entendera o motivo da ironia. Resolveu que da próxima vez não seria tão sincera assim.

Uma hora e meia depois, elas já estavam na fila do cinema no Rio Sul.

- Não acredito que você me convenceu a ver um sucesso de bilheteria. – resmungou a mais velha.

- E qual o problema? Se faz sucesso é porque é bom.

- Naná, eu sou uma artista! Só vejo filmes cult! – exclamou se sentindo importante por isso.

A catarinense deu uma gargalhada.

- Caraca, mas tu é metida, hein, guria.

Pierrot a olhou sem saber o que fazer. Não sabia se ficava feliz por finalmente ter visto uma gargalhada da mais nova ou se ficava zangada por fazer tão pouco caso de sua face intelectual.

Ainda na dúvida, resolveu ficar em silêncio.

Colombina vendo a indecisão da carioca riu ainda mais. Finalmente descobrira o ponto fraco de Manu e agora ela teria armas para revidar as provocações da mais velha.

Dois garotos que estavam na fila começaram a lançar olhares para as duas.

- Confessa que tu adora esses olhares. – Helena pediu ao ver a amiga sorrir e retribuir o olhar dos garotos.

Manuella se virou para a guitarrista.

- E quem não gosta de ser admirada? Não saio com todos que me passam uma cantada, se é isso que você quis insinuar.

- Eu não... – tentou falar.

- Na verdade faz tempo que não sei o que é beijar alguém. Apenas acho os olhares engraçados e me divirto com eles. – falou parecendo ofendida.

- Pierrot, eu não... – não conseguiu continuar.

A vocalista lhe olhou como se estivesse vendo o fundo de sua alma e sorriu.

- Sei que você não quis me ofender, Helena. Não se preocupe.

A mais nova suspirou aliviada.

- É a nossa vez. Estão chamando naquele guichê.

Colombina adorou o filme. Achou a atuação do Bruce Willis perfeita, enquanto a outra garota achou o filme engraçadinho.

Como já estavam bem perto da Praia de Copacabana, elas resolveram dar um pulo até lá. Manu amava aquele lugar e logo correu para a areia, tirando o seu tênis e molhando os pés. Aos poucos, o espírito brincalhão apareceu e ela começou a pular e a jogar água na outra.

- Pára, guria! Tu tá me molhando toda. – resmungou.

A mais velha riu.

- Cadê o teu espírito aventureiro?

- Não nasci com ele.

A escritora lhe olhou em dúvida.

- Chegou a hora da grande surpresa do dia. Vem, quero te levar a um local. – a garota disse após colocar novamente o tênis e começar a puxar a outra.



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