Ilusões, Tentativas e Recomeços escrita por gataportuguesa, Darknana


Capítulo 5
Capítulo 5




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– Tu toca muito bem, Babs! – comentou Naná puxando assunto. – Aquela música foi para alguém?

– Foi para a minha ex, a gente terminou na sexta.

A catarinense ao escutar o “minha ex” levou um choque e lembrando a música que Pierrot cantara no dia seguinte resolveu perguntar se era a mesma garota.

– Não, a minha ex se chama Vanessa. A Roberta era namorada da Manu.

Colombina estancou. A carioca era lésbica!

– Algum problema? – perguntou Bárbara preocupada.

– Não... – balbuciou Helena. – E por que elas terminaram? – perguntou depois de algum tempo de silêncio.

– Olha, Naná, não sei se devo te contar. Quer dizer, uma hora você vai mesmo saber. – comentou pensativa e logo se decidindo: - A Beta morreu num acidente no início do ano. Resumindo, ela e a Manu tiveram uma discussão, a Roberta atravessou a rua sem olhar por causa da raiva e foi atropelada, ficou uns três dias internada e depois faleceu. A Mamá nunca te disse nada?

– Não, a gente nem se conhece tanto assim. – respondeu tristemente.

– Ah, pensei que vocês estavam tendo um caso...

– Não! – Helena respondeu rapidamente. – Só a chamei de Pierrot porque é o nick dela no site em que nos conhecemos. Foi apenas o costume.

– Entendo. – murmurou Babi mais feliz.

– A Manu deve ter sofrido bastante, né?

– Sim. Foi uma época muito difícil pra todas nós. Crescemos juntas então foi muito doloroso. Não conseguíamos ensaiar sem ficar chorando. Até que um dia a Mamá pediu pra dar um tempo na banda, pelo menos até a gente se recuperar. Depois de uma semana voltamos a tocar. Com a música ficávamos mais próximas da Beta... Desde então a gente vem reaprendendo a conviver sem ela. Pra Mamá é mais complicado, mas essas histórias que ela escreve ajudam a diminuir a dor. Parece que ela fez alguns amigos nesse site e até conversa regularmente com eles.

– Eu sou um exemplo disso – comentou Helena.

– É. Posso te fazer uma pergunta pessoal, Naná?

– Faz.

– Você é lésbica?

A garota engasgou.

– Não precisa responder se não quiser... – Bárbara falou rapidamente.

– Gostei de ti, Babs. Vi que é bem parecida comigo e acho que posso confiar em ti. – disse a catarinense pausadamente e depois de um tempo de reflexão.

– Pode sim. O que você me disser aqui morre aqui. – comentou incentivando-a.

– Na verdade nunca me apaixonei. Nunca gostei de nenhum garoto nem de nenhuma garota.

– Mas? – perguntou Babi sentindo que a garota perdera a coragem.

– Não sei explicar, porém gosto muito de conversar com Pierrot. De ouvir suas piadas e brincadeiras. Sinto vontade de estar sempre falando com ela. Tu me entende?

A baterista fez que sim com a cabeça, contudo tinha uma feição triste.

– Será que estou me apaixonando? – perguntou confusa.

– O que o seu coração diz?

– Que estou completamente encantada por ela, mas não sei se é amor ou apenas entusiasmo... Ou talvez apenas tenha medo de descobrir a verdade. – falou pensativa.

– É aí que você mora? – perguntou Bárbara vendo a garota parar.

– Sim, é. Quer subir?

– Não, obrigada. Quem sabe outro dia... Foi um prazer conhecer você. Até o próximo ensaio. – se despediu.

– Obrigada por me escutar.

– Disponha sempre que precisar. – murmurou infeliz enquanto ia embora.

Helena entrou em casa e foi logo ligar o seu computador.

– Ei, guria! – a mãe chamou. – Nem vai me contar como foi o ensaio?

– Desculpe, mamãe! – falou entrando na cozinha. – Hummm... A comida está cheirando bem.

– É lasanha e está cheia de queijo e presunto, do jeito que você gosta. – a senhora comentou contente.

– O ensaio foi muito bom. Estou animadíssima.

– Depois quero conhecer essas garotas, saber quem são...

– Ah, mãe! – cortou Naná. – Que coisa mais antiga!

– Aqui não é o Sul, filha.

– Ok! Qualquer dia desses, eu as convido pra virem aqui.

– Fui nesse colégio que tu me disse.

– E? – perguntou Helena ansiosa.

– Não queriam aceitar, ainda mais em ano de vestibular. Aí expliquei a situação e lhes mostrei o teu histórico escolar. Quem não aceitaria uma aluna com o histórico como o teu? – perguntou orgulhosa.

– Não acredito, mãe! – falou a outra entusiasmada e dando-lhe beijinhos.

– Tu começa amanhã, Naná!

A garota correu para o MSN a procura de Manu, porém ela estava off. Então abriu o Nyah! e ficou contente ao ver uma mensagem privada da vocalista.


“Oi, Colombina!

Gostou do ensaio? Todas nós estamos muito felizes em te ter na banda, hehe...

Só tou escrevendo pra saber se você tem medo de altura.

Boa noite e até amanhã!

Pierrot!”


Helena sorriu. Manu estava feliz em tê-la por perto e isso era muito importante.

Pegou o telefone e discou o número da vocalista

– Alô?

– Oi, Pierrot! – cumprimentou a catarinense.

– Olá, querida Colombina! – falou a outra no mesmo tom e fazendo o coração de Naná acelerar devido à palavra “querida”. – Tudo bem?

– Sim, estou ótima! – respondeu deitando em sua cama. – Acabei de ler a tua mensagem. Respondo por aqui ou por lá?

– Se você responder por lá a gente não continua falando no telefone, né?

– Se quiser a gente conversa das duas maneiras. – respondeu Helena.

– Hum... Vamos falar das duas maneiras. – falou a carioca. – É mais divertido! – comentou sorrindo e fazendo a mais nova sorrir de felicidade. – Só que em outro dia. Hoje estou meio ocupada.

– Ah, me desculpe. Não quis atrapalhar. – o tom de tristeza era evidente.

– Ei, você não está me atrapalhando. Adorei que tenha me ligado, Naná. O problema é que estou digitando a minha fic e só posso falar por telefone porque não conseguirei te dar atenção na net.

– Ah, entendi! – falou Helena mais contente. – E como está esse capítulo?

– Está bom, eu acho. Quer que eu te conte o que acontece?

– Não! – respondeu imediatamente. – Prefiro esperar que tu poste.

– Tá, ok! E então, você gostou do ensaio?

– Sim, foi muito bom apesar daquela minha mancada.

A vocalista riu.

– Amanhã enfrentarei um interrogatório por causa disso. As meninas vão querer saber de tudo. – comentou sorrindo e lembrando que de manhã só fora salva de um batalhão de perguntas pois o sinal tocara naquele mesmo momento.

– Desculpe, não quis trazer problemas.

– Ih, relaxa, Colombina!

– Se quiser eu explico pra elas. – falou solícita.

– Quem dera que elas agüentassem até a hora do ensaio. – resmungou a garota em tom indecifrável.

– Então eu explico de manhã, na aula.

– Não entendi, Helena. Tá falando de quê?

– Amanhã começo a estudar no Ph! – respondeu contente.

– Sério?

– Sim!

– Caraca! Que maneiro!

– Pois é. Talvez a gente estude na mesma sala.

– Ia ser bem interessante. Vou ficar jogando bolinha de papel na tua cabeça.

– Credo! – respondeu a outra horrorizada.

Manu riu a beça.

– Você é muito engraçada, Naná! Estou feliz por ter te conhecido.

– Eu também estou feliz por isso. – comentou a outra ficando em silêncio.

– Você não me respondeu se tem medo de altura. – falou a mais velha mudando de assunto.

– Por que tu quer saber? – perguntou desconfiada.

– Porque não posso ter uma guitarrista com medo de altura! O que vou fazer quando a gente for famosa e você não quiser voar?

A catarinense riu.

– Tu é estranha! – falou.

– Estranha? Não! Apenas prevenida. Mas afinal, você tem medo ou não?

– Um pouco...

– Viu? Doeu responder? Já te disse pra confiar em mim. Não faço coisas erradas! – disse caindo na gargalhada.

– Tá vendo porque te acho estranha? Tu tá sempre rindo e fazendo piada de tudo.

– Eita! Não vou mais brincar contigo! Agora vou ser uma garota séria! – resmungou magoada.

– Séria o cacete! Ai de ti! – falou a outra em tom ameaçador.

Dessa vez Manuella não se conteve e riu durante um bom tempo. Helena ficou feliz ao ver que a garota já esquecera de se tornar séria. Gostava da carioca daquele jeito, meio maluca, mas completamente encantadora.

– Anota aí na tua agenda que no sábado você vai sair comigo. – disse após parar de rir. – Ah, e é o sábado inteiro.

– E vamos aonde, Pierrot?

– Você não me pediu pra mostrar o bairro? Então, vou te mostrar o bairro e a cidade maravilhosa!

– Sério? – perguntou com os olhos brilhando.

– Claro. Avisa pra tua mãe que vou te seqüestrar. – falou rindo.

– Ela quer te conhecer, e as meninas também.

– Hum.. Então no sábado vou arrumada. Não queremos que ela implique com a banda, né? – comentou marota.

– Tenho certeza que ela vai gostar de ti.

– Você acha?

– E tem alguém que não goste? – perguntou logo se arrependendo. “Meu Deus, não acredito que estou flertando com ela! Por favor, que ela não tenha percebido!”

– Gostei do elogio. – a outra falou sem deixar transparecer se tinha percebido o tom da mais nova.

– A Bárbara me contou sobre a Roberta. – falou a catarinense querendo mudar de assunto.

– Hum...

– Merda! Desculpa falar disso, Manu... – se desculpou envergonhada.

– Sem problemas, Helena. Uma hora você tinha que saber. Se quiser cancelar o passeio de sábado é só falar. – disse em tom indiferente.

– E por que eu faria isso?

– Sei lá. Por eu ter namorado uma garota...

– Não me importo, Manuella. Preferia ter ficado sabendo por ti, mas tudo bem. Compreendo que deve ser muito dolorido.

– É. – respondeu a outra ficando em silêncio.

– A sua guitarra era dela? – perguntou a catarinense querendo “quebrar” o clima chato.

– Sim. Ela me deu quando estava internada. – respondeu ficando quieta novamente.

Colombina sabia que a resposta magoaria seu coração, porém precisava perguntar:

– Tu ainda a ama?

– Ela foi meu primeiro amor, Naná! Jamais vou esquecê-la. Até agora não tive vontade de ficar com mais nenhuma garota. Ela preencheu meu coração de tal forma que somente uma pessoa muito especial poderá entrar novamente. Mas até agora essa pessoa muito especial não apareceu.

Apesar de estar com o coração destruído, a catarinense achou forças para comentar:

– Talvez já tenha aparecido e tu apenas não percebeu.

– Será? – perguntou incrédula.

– Naná, filha, vem jantar. – a mãe chamou.

– Droga, preciso ir. A gente se fala amanhã.

– Ok, Colombina. Beijão.

– Outro pra ti.



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Notas finais do capítulo

Demorei a postar porque fiquei esperando a Darknana aparecer com as suas frasinhas, XD... mas parece que a net lá na roça não anda boa, XD~~ então vou postar assim mesmo... No próximo capítulo as coisas começam a acontecer e o passeio promete fortes emoções...Bjks
Ah, cap dedicado à YumiHikaru que ficou pedindo pra postar logo,^^